Vingar-se de alguém nos traz aquele sentimento de poder, de superioridade, ou só pensamos estar dando uma lição para aquele que nos causou algum mal. Eu não tinha motivo para me vingar da Casey. Nem mesmo Brenda ficou chateada com ela, mas não nego que fiquei um tanto irritada por ter recebido uma informação falsa. Informação essa que me fez passar por ridícula. Até aceito que eu deveria ter sido um pouco mais atenta e não ter me deixado ir pelas ideias da Casey, afinal, eu também conhecia bem a Brenda e obviamente ela não iria namorar outra pessoa que não fosse a Riley. Assumi minha parcela de culpa pelo enorme desentendimento e assumi que queria, sim, dar o troco na Casey, que estava, nesse exato momento em minha frente, largada no sofá, com fones de ouvido sobre seus cabelos castanhos e perdida em outro mundo.

Espiei de longe pela janela da minha sala e pude ver Brenda estacionando no jardim. Por vararmos a noite com a companhia de um bom vinho, acordamos com uma puta dor de cabeça e ela havia saído para comprar algumas aspirinas. Nesse tempo, Casey apareceu, trazendo nossos cafés e dizendo que tinha certeza de que estaríamos de ressaca. Bem, ela estava certa! Tive tempo suficiente para explicar a confusão que fizemos com relação à Alexandra. Antes de Brenda entrar, atirei uma almofada em Casey e ela me olhou com cara de tédio. Fiz sinal para ela tirar os fones e prestar atenção em mim.

— Como soube, Casey? — Perguntei, animada com a ideia que acabara de ter.

— Como eu soube o quê? — Ela franziu o cenho.

— Como soube que estava apaixonada pela Brenda?

Brenda, que entrava nesse momento, parou próxima a porta e mesmo sem eu olhar para ela, sabia que estava me encarando e ouvindo atentamente.

— Nossa, Sarah, de onde veio essa pergunta? — Ela umedeceu os lábios. — É sério mesmo que é para responder isso? — Perguntou, olhando para o teto.

— Sério! Estou curiosa. Diga Casey, como você sabe que é apaixonada por ela? — Olhei de relance para Brenda, que prendia o riso e se aproximava cuidadosamente sem fazer barulho. Ela entendeu de imediato o que eu pretendia.

Casey suspirou e, ainda deitada, com os olhos fechados, começou a responder:

— Ah, Sarah, sei lá como se sabe que está apaixonada! — Ela fez uma pausa, procurando palavras. — Eu só sinto, entende? Brenda é... Ela é maravilhosa, ela e aqueles lindos olhos verdes. Ela me olha e eu sinto que fica mais fácil para respirar, sabe? Eu amo tudo nela. Amo os olhos, os cabelos, o corpo. Amo quando ela briga comigo, porque sei que ela está me vendo, tipo, me vendo de verdade, e odeio quando ela fica em silêncio sem me provocar. Não sei, parece que falta algo. Mas ela é estúpida e babaca o suficiente para eu não me aproximar e vou confessar uma coisa: Cansei desse joguinho, sabe, Sarah?

Nesse momento, percebi que Brenda não tinha mais humor, e que meu plano de vingança tinha falhado miseravelmente. Casey finalmente direcionou seus olhos castanhos para mim, antes de continuar:

 — Eu a amo, Sarah. Eu a amo demais! Enfim, por que está perguntando isso?

Sorri sem graça para ela.

A princípio, a ideia era pregar uma peça nas duas, mas não consegui continuar. Para minha surpresa, Casey estava mais do que emotiva. Talvez, por descobrir o falso namoro. Olhei para Brenda, parada atrás do sofá, e só então, Casey ergueu-se e entendeu o que eu tinha feito. Ela ficou de pé num piscar de olhos e o silêncio se instalou.

Brenda fechou os olhos e lágrimas pesadas desceram por sua face. Fiz um sinal com a cabeça para Casey ir até ela e pude presenciar uma linda cena de amor. Casey aproximou-se cautelosamente e estendeu a mão, secando a face da outra, que deixou a pequena sacola com as aspirinas ir ao chão.

— Eu também amo você! — Brenda confessou e isso foi o suficiente para Casey avançar e as duas se entregarem em um caloroso beijo.

Teria sido apenas mais uma cena clichê, e eu, que não sou dada a romance, nem teria notado. Mas eram as minhas amigas e, conhecendo a trajetória delas, eu fiquei emocionada.

Tive que pigarrear para as duas voltarem para a realidade e perceber que eu ainda estava presente.

— Finalmente! — Eu disse, arqueando as sobrancelhas, e nós gargalhamos.

***

Entramos na primeira semana depois da reunião com Alexandra e ela ainda não havia se manifestado. Bati com impaciência a caneta na mesa pensando em um plano B caso a resposta dela para a fusão fosse negativa. Mesmo após Brenda dizer que ela parecia ser muito profissional e que, com certeza, não iria confundir as coisas, fiquei apreensiva. Pensei diversas vezes em ir até a AYERS, mas isso mostraria insegurança. Sem ainda ter outra opção, eu estava de mãos atadas, e iria ter que esperar por ela!

Infelizmente, no começo da semana, Dr. Gartner ligou, informando que os resultados toxicológicos da minha mãe deram negativos e precisei voltar a Cleveland Clinic para autorizar a transferência dela para a ala psiquiátrica. Achei estranho quando a enfermeira Emily pediu para acompanhá-la, mesmo sendo em outra ala, mas também considerei que seria melhor. O estado de saúde da minha mãe, a advogada que não ligava sobre notícias do caso do meu pai e Alexandra que não entrava em contato eram coisas que não estavam sob meu controle, e isso me deixava angustiada.

Ouvi batidas na porta e ao dizer entre, rezei por boas notícias.

Uma belíssima mulher, alta e loira, entrou me deixando intimidada.

— Boa tarde, Senhorita Mitchell! — Ela veio de modo firme e simpático, estendendo a mão para um cumprimento. Fiquei de pé para recebê-la e para amenizar a intimidação.

— Boa tarde, Senhorita...? — Cumprimentei, indagando.

— April Wiley. Mas, por favor, somente April.

— Certo. April, em que posso ajudá-la?

Ela deu um largo sorriso e me analisou.

— Sou eu que pergunto! — Ela respondeu.

Balancei a cabeça sem entender, e ela se apressou em explicar:

— Passei por uma entrevista no RH para ser sua assistente. Disseram que o meu currículo é excelente, mas que precisava da sua aprovação. Então... — Ela semicerrou os olhos azuis e umedeceu os lábios, sugestivamente. — A Senhorita aprova?

Ela está se insinuando? Fiquei perplexa. Os longos cabelos lisos desciam, por cima da blusa vermelha, até a sua cintura fina. O quadril largo deixava a saia de cor preta comprida ainda mais charmosa. De fato, uma mulher linda e com certeza muito segura de si. No entanto, em um momento totalmente inapropriado. Adorei!

— Que merda Sarah, contenha-se!  — Me repreendi em pensamento.

— Bem, está aprovada! — Sorri, gentilmente, mas sem deixar de observar seus lábios vermelhos e carnudos.

April sentou-se a minha frente e conversamos por um momento. Fiquei aliviada em saber que teria uma secretária competente e preocupada por ela ser linda o suficiente para ter distrações. Também fiquei curiosa: era uma mulher com seus trinta e poucos anos, com uma experiência profissional magnífica. Ela conseguiria um cargo maior com facilidade, mas preferiu ser a minha assistente. Não soube dizer se por realmente gostar da profissão, como havia dito, ou se teve mesmo um interesse a mais em mim. Escolhi a primeira opção e a contratei.

O fato era que eu precisava muito dos seus serviços. Ela prontamente se inteirou de todos os assuntos, e, dizendo que não havia motivo para começar a trabalhar na semana seguinte, iniciou a organização da minha agenda. Pediu para conhecer a empresa e voltou minutos depois com um cappuccino, colocando sobre a minha mesa.

— Senhorita Mitchell? Deseja que eu informe os seus compromissos de amanhã? — Indagou.

Eficiência deveria ser seu segundo nome!

— Ah... Melhor no começo do dia, então, pode deixar para amanhã. — Expliquei.

— Ok. Mais alguma coisa?

— Sim. É imprescindível que todas, todas as pessoas sejam anunciadas antes de entrarem na minha sala. E isso inclui a Senhoria. — Deixei claro por ela ter entrado sem bater. Ela assentiu. — Haamm... Mais uma coisa: como sabe que gosto de cappuccino?

— Me informei sobre a Senhorita antes de aceitar a vaga. — Ela sorriu e deixou a sala.

— Menos um. — Disse em voz alta, lembrando todos os problemas que ainda tinha para resolver.

Tive novamente a impressão de que ela estava flertando comigo. Ou seria eu que não transava há muito tempo? Pensando sobre isso, recordei como fiquei excitada apenas com o beijo de Alexandra. Talvez, esse tenha sido o motivo e não que eu sentisse algo por ela. Havia terminado com Chris há quase um ano e eu não era do tipo que saía por aí me entregando para qualquer um! Não que eu fosse uma santa, entretanto, era mais confortável, ao menos, conhecer melhor a pessoa. Não é porque eu não era romântica que iria fazer sexo casual com desconhecidos. Mas, agora, as coisas começavam a tomar outro rumo e gostar do fato da minha nova assistente estar, possivelmente, flertando, fez com que eu entrasse em alerta. Sinto algo por Alexandra ou só estou carente?

Fechei meus olhos e me permiti divagar pelo nosso beijo. Por Deus, eu fora tão ridícula dispensando-a! Pensei realmente estar traindo a minha amiga, mas nós estávamos em um momento tão entregue. Imaginei quão frustrada ela saíra daqui.

— Deveria ir procurar por ela, essa espera está acabando comigo! — Continuei falando sozinha.

April interrompeu meus pensamentos quando ligou da sua sala, avisando a chegada de Brenda. A mesma adentrou e fechou a porta, com os olhos arregalados e gesticulando com a boca:

— Nossa! É a sua nova assistente? Que gostosaaa!

— Deixa a Casey ouvir isso. — Disse num tom baixo e gargalhei.

— Shiu. — Ela fez o sinal de silêncio.

Brenda veio para ter notícias sobre a fusão que, infelizmente, estava na mesma.

Perguntei a ela o quão grande era a sua intimidade com Alexandra e ela respondeu que, tirando o fato de ter dormido embriagada em sua casa, nenhuma. Por algum motivo, fiquei aliviada por saber, mas tive que eliminar a possibilidade de ela sondar.

Conversamos sobre o mais recente, e agora verdadeiro, relacionamento com a Casey. Ela assumiu que estavam em um momento esplêndido e que se arrependeu de não ter iniciado logo o namoro. 

— As duas merecem ser felizes; nasceram uma para a outra! — Mas que tipo de pensamento é esse? Droga, o que diabo está acontecendo comigo?

— Sarah? — Brenda chamou quando percebeu que eu não estava mais prestando atenção no que ela dizia.

— Sério mesmo, o que está acontecendo com você? E não me venha falar sobre estar preocupada com a empresa, ou a sua mãe... Ou a advoga...

— Alexandra Ayers! — Respondi e ela arqueou as sobrancelhas. — Simplesmente não sai da minha cabeça e não estou me referindo ao trabalho! — Desabafei.

Não gostava de falar sobre minha vida íntima, mas eu precisava colocar para fora como me sentia. Tinha necessidade de verbalizar, de assumir que a queria.

— Brenda, eu não faço ideia do que está acontecendo comigo! O que é? Estou carente, é isso? Preciso sair para uma noitada e dormir com alguém?

Comecei a andar pela sala, gesticulando, irritada comigo mesma.

— Não estou sabendo lidar com isso, entende? Está me incomodando! — Eu queria gritar, queria que alguma coisa acontecesse, mas não sabia o quê.

— Talvez, seja carência. Faz um tempo que você não... Você sabe...

E você disse que o Chris não era lá essa coisa toda. Bonitinho, mas com o pinto peque...

— Brenda! — Lancei um olhar de repreensão para ela.

— Ok, ok, sem brincadeiras! — Levantou as mãos, em defesa. — Sarah, você confessou que já transou com uma mulher. É verdade que poderia ter dito isso antes, mas, enfim... Eu passei alguns momentos com a Alexandra e puta merda, ela é muito atraente! Não há nada de errado em sentir-se dessa forma. Não sei se você está apaixonada, mas, sei lá! Talvez esteja com medo!

Encarei, franzindo a testa.

— É... Medo de se apaixonar! — Ela concluiu.

Ponderei. Talvez, Brenda tivesse razão. Poderia, sim, estar com medo de me apaixonar. Mas isso era um tanto irracional. Para mim, as coisas tinham que ter um curso: começo, meio e fim. Era assim que tudo funcionava e não poderia ser diferente quando se tratava de sentimentos.

Controle. É isso. Eu precisava ter o controle da situação e isso não estava acontecendo entre mim e Alexandra. Quando se aproximava, era ela quem dominava e, provavelmente, era esse o motivo do meu incômodo. Relatei minha nova teoria para Brenda e ela considerou que eu poderia estar certa.

— Só preciso lembrá-la de duas coisas, amiga: primeiro, que não existe "você e Alexandra"! Só aconteceram dois beijos, aliás, um beijo e meio, graças ao Chris. E segundo, definitivamente ela não é do tipo dominável.

— Bem, eu também não sou! — Me defendi.

— Sério? Pois eu deixaria ela me dominar de todas as formas! — Gargalhou.

Brenda tinha mesmo o dom de mudar o meu humor! Melhor ainda quando a Casey podia estar presente, mas, infelizmente, ela andava mais atarefada do que nós, o que causava reclamações intermináveis da parte dela.

Mais uma vez, mudamos o assunto quando Brenda começou a falar sobre a lista de convidados para o dia de Ação de Graças. Tinha esquecido completamente disso com tantos acontecimentos seguidos. Ela sugeriu convidar a Alexandra e imaginei que seria uma boa ideia. Ainda conversávamos sobre isso quando April deu leves batidas na porta, nos interrompendo. Com um pedido de desculpas, avisou que o meu namorado aguardava para entrar. Olhei para Brenda e ambas reviramos os olhos, sabendo de quem se tratava.

— Falando no diabo... — Brenda disse, preparando-se para sair.

No mesmo instante, April entrou e fechou a porta, vindo em nossa direção.

— Senhorita Mitchell, vai recebê-lo ou quer que eu o dispense? — Ela perguntou num tom baixo.

Eu e Brenda nos entreolhamos, pasmas.

— Haamm... Vou atendê-lo, sim, Senhorita April. Obrigada!

— Sabe que pode pedir qualquer coisa...

Brenda arfou do outro lado da sala e em seguida colocou a mão sobre a boca para abafar o riso.

Avisei a April que o expediente havia terminado e que ela já poderia ir. Ela assentiu e fez com que o Chris entrasse, antes de ir embora.

— Sua assistente flertou com você ou eu estou maluca? — Brenda perguntou baixinho enquanto me abraçava na despedida. Confirmei, rindo e ela, com a cabeça, fez um gesto na direção de Chris, querendo ter certeza de que estava tudo bem. Assenti e o observei dirigindo-se para a mesa ao lado do frigobar, preparando uma dose de Chivas Regal. Provavelmente, tinha aparecido para se desculpar pela a última vez que nos vimos.

Brenda saiu, deixando a porta entreaberta e encostei-me à mesa, cruzando os braços.

— Então, Collins, o que te traz aqui? — Indaguei desanimada.

— Eu vim pedir perdão, pessoalmente, pelo equívoco daquele dia. — Ele começou a se aproximar e eu pedi paciência aos deuses.

— Chris! De verdade cara, não estou mais chateada com você. Mas preciso que entenda que não quero mais contato. É simples isso. Está tudo bem entre a gente, eu só não quero mais conviver com você e gostaria muito que você respeitasse a minha decisão. — Falei com segurança.

Ele sacudiu a cabeça descrente e isso me causou uma grande irritação. 

Que filho da mãe insistente!

Suspirava furiosa, ouvindo mais uma vez as desculpas dele, o quanto me amava, que queria mais uma chance. Precisei me afastar das suas tentativas de toque. Comecei a me arrepender de tê-lo recebido. Lembrei-me da pergunta de April e considerei que talvez ela tenha percebido alguma alteração nele que eu não vi de imediato. Olhei pela janela, vendo que já era noite, e quando ele tentou me tocar outra vez, afastei-me, indo até o sofá e pegando o celular dentro da bolsa, pois queria ver as horas. Isso foi o bastante para ele perder o controle.

— Vai ligar para alguém? Está com medo de mim? — Seu tom saiu grave e rude.

— E por que eu teria medo de você, Chris? — Guardei o celular de volta e virei para fita-lo, esperando uma resposta.

— Você tem me evitado e fica nervosa quando me aproximo... — Ele passou a mão, num gesto nervoso, pelos cabelos castanhos claros.

— Collins! — Interrompi. — Pela milésima vez: acabou! E por favor, gostaria que você fosse embora. Tenho algumas coisas ainda para resolver. — Disse, olhando para o chão.

— Tudo bem, Sarah. — Ele suspirou. — Vou deixar você pensar mais um pouco. Posso ganhar um abraço?

O fitei com os olhos semicerrados e mordendo o lábio inferior. Precisava admitir que ele era perseverante quando queria algo. Suspirei mais uma vez, desanimada e imaginando quando ele iria desistir. Sorri sem humor e ele se aproximou, puxando minhas mãos para colocar em volta do seu pescoço. Teria sido inútil lutar contra e eu só queria que tudo aquilo acabasse. Ele me apertou em seus braços e eu senti desconforto.

— Amo o seu perfume, Sarah. Sinto tanto a sua falta! — Ele comentou em meu ouvido.

Revirei novamente os olhos e, em silêncio, dei o tempo que ele precisava para sua despedida.

— Não vai me dizer nada? — Insistiu.

— Alexandra!

Era ela! Parada próxima a porta de entrada da minha sala, vestida com uma calça preta, blusa branca e um lindo sobretudo aveludado com um tom vermelho escuro. O bom gosto para a roupa combinava com o belo salto alto.

— O que você disse? — Chris se afastou me encarando. Franziu a testa, totalmente confuso.

Soltei-me dos seus braços rapidamente quando vi Alexandra dentro da minha sala.

— Oh! Eu... Eu não sabia que... — Ela disse, balbuciando, visivelmente desconcertada.

— Não! Está tudo bem! — Falei, indo a sua direção — O Chris já está de saída.

— Eu não estou de saída! — Ele replicou.

— Está sim! Não temos mais nada para conversarmos, Collins, sabe disso. Então, por favor... — gesticulei com a mão, mostrando a porta para ele.

Chris demonstrou sua insatisfação ao se encaminhar para a saída. Passou ao meu lado, encarou Alexandra que, por sua vez, sustentou o olhar e, depois de falar com tom de ameaça que a nossa conversa ainda não tinha acabado, retirou-se finalmente.

— Realmente, eu não queria atrapalhar. Decidi vir aqui de última hora para conversarmos sobre a fusão, mas, podemos deixar para outro dia. — Ela disse, fazendo menção a ir embora.

— Não, não podemos! — Impulsivamente, segurei-a.

Ela desceu o olhar para nossas mãos e voltou a me encarar. Entrelacei nossos dedos e a trouxe para mais perto de mim.

— Precisamos conversar. — Pedi.

— Podemos conversar outro dia. É melhor eu ir. — Ela disse, mas não soltou a minha mão.

— Não. Precisamos conversar agora! — Insisti e ela franziu o cenho.

— Quero dizer... Eu preciso conversar com você, então... Por favor, Lexa, fica. — Minha voz saiu mais rouca do que eu esperava.

— Você quer que eu fique?

— Sim. É o que mais quero! — Confessei.

Não desviamos o olhar.

Ela concordou e o meu coração saltou uma batida. Minha oportunidade de corrigir as coisas havia chegado e não me importei com quem iria estar no controle.