Os primeiros raios de sol invadiram o quarto de hóspedes, iluminando suavemente as caixas que ainda não estavam fechadas. Helena sentou-se à beira da cama, a cabeça apoiada nas mãos, sentindo o peso de sua decisão. Aceitar a proposta da GlobalTech parecia, ao mesmo tempo, um salto no escuro e a única escolha sensata. O envelope com a carta de Eduardo repousava ao seu lado, dobrado com cuidado, mas intocado. Ela havia passado a noite relendo aquelas palavras, ponderando cada frase escrita. A sinceridade crua que ele expusera era um reflexo do homem que ele podia ser — mas também um lembrete de quem ele vinha sendo até agora: frio, desconfiado, muitas vezes impenetrável. A conversa da noite anterior ainda ressoava em seus pensamentos. Ele finalmente dissera que a amava. Finalmente reconhecera que não queria perdê-la. Mas a questão não era mais só sobre o que Eduardo sentia. Era sobre o que ela precisava. E, pela primeira vez em muito tempo, Helena sabia o que isso significava: ela p
Os dias em Londres seguiam em seu ritmo habitual para Helena, mas ela se mantinha cada vez mais focada no trabalho. Era o refúgio perfeito para evitar pensar em tudo o que havia deixado para trás, especialmente Eduardo. A rotina na GlobalTech era intensa e desafiadora, mas, para Helena, era também uma oportunidade de mostrar a si mesma que estava no caminho certo. Cada dia que passava longe do Brasil parecia um passo em direção à independência que tanto buscava. Naquela tarde, enquanto revisava relatórios no escritório, Andrew Harper, o diretor regional, se aproximou com um semblante animado, um tablet nas mãos e uma ideia que, segundo ele, era impossível Helena recusar. — Helena, preciso conversar com você — disse ele, encostando-se na mesa dela. — Claro, Andrew. O que houve? — respondeu, fechando o arquivo e ajustando a postura. Ele gesticulou para que ela o acompanhasse até uma sala de reuniões. O entusiasmo dele era evidente e intrigante. Assim que fecharam a porta, Andrew co
Os dias em Londres seguiam em seu ritmo habitual para Helena, mas ela se mantinha cada vez mais focada no trabalho. Era o refúgio perfeito para evitar pensar em tudo o que havia deixado para trás, especialmente Eduardo. A rotina na GlobalTech era intensa e desafiadora, mas, para Helena, era também uma oportunidade de mostrar a si mesma que estava no caminho certo. Cada dia que passava longe do Brasil parecia um passo em direção à independência que tanto buscava. Naquela tarde, enquanto revisava relatórios no escritório, Andrew Harper, o diretor regional, se aproximou com um semblante animado, um tablet nas mãos e uma ideia que, segundo ele, era impossível Helena recusar. — Helena, preciso conversar com você — disse ele, encostando-se na mesa dela. — Claro, Andrew. O que houve? — respondeu, fechando o arquivo e ajustando a postura. Ele gesticulou para que ela o acompanhasse até uma sala de reuniões. O entusiasmo dele era evidente e intrigante. Assim que fecharam a porta, Andr
— Sente-se — a voz de Eduardo Vasconcelos cortou o silêncio como uma lâmina. Helena parou na entrada do escritório, o coração acelerando. Havia algo no tom dele que a deixava em alerta, mais do que de costume. Respirou fundo, ajustando a postura, e obedeceu. Eduardo não era o tipo de homem com quem se discutia — não se trabalhava ao lado dele por três anos sem aprender isso. Quando finalmente se acomodou na cadeira, ele não perdeu tempo. Com um movimento firme, empurrou uma pasta de couro em sua direção. — Leia isso. Ela olhou para o objeto sobre a mesa como se fosse uma bomba prestes a explodir. Seus olhos subiram para encontrar os dele, mas Eduardo já estava recostado na cadeira, os braços cruzados, observando-a com aquela intensidade fria e calculista. — O que é isso? — ela perguntou, hesitante, mas já desconfiando da resposta. — Um contrato — respondeu ele, a voz neutra como sempre. — De casamento. O impacto daquelas palavras a fez piscar, desacreditada. Um contrato
Helena despertou com o peso esmagador da decisão que havia tomado. A assinatura do contrato não era apenas um ato ousado — era uma rendição. Ao abrir os olhos, ela se sentiu em um campo minado, cada passo adiante prometendo mais instabilidade. Tomou um banho longo, como se a água pudesse levar consigo o turbilhão de pensamentos. Mas ao encarar o espelho, a mulher que via não parecia mais a mesma. Seus olhos refletiam incertezas e medos que ela não ousava admitir. Vestiu-se e prendeu o cabelo em um coque firme, como se a aparência impecável pudesse mascarar sua inquietação interna. Mas a cada movimento, sentia o fardo invisível que agora carregava: ser, mesmo que por contrato, a esposa de Eduardo Vasconcelos. No caminho para o trabalho, o celular vibrou com uma nova mensagem. Eduardo, em sua habitual falta de gentileza, enviara apenas uma ordem: **"Sala de reuniões 9h em ponto. Não se atrase."** Helena bufou e fechou os olhos por um momento. Ela nunca se atrasava, mas sabia q
O dia começou com o peso esmagador da decisão que Helena havia tomado. Após assinar o contrato, cada escolha parecia encaminhá-la a um destino inevitável, como uma peça de um tabuleiro que não podia ser movida de outra forma. Antes de seguir para o cartório, um impulso a fez desviar o caminho. Precisava visitar o pai. Era uma necessidade emocional que não conseguia ignorar. Queria vê-lo, ouvir sua voz e, de alguma forma, reafirmar sua própria coragem. Na clínica, o ambiente era acolhedor, mas carregado de uma tensão invisível. Helena caminhava pelos corredores com passos rápidos, ignorando os olhares dos enfermeiros que a reconheciam. Quando entrou no quarto, seu pai estava sentado na cama, com o semblante sereno e fragilizado. Os olhos dele se iluminaram ao vê-la. — Helena, que surpresa boa — disse ele, com a voz baixa, mas gentil. Ela se aproximou, sentando-se ao lado dele na cadeira de plástico. — Como o senhor está? — perguntou, segurando sua mão gelada. Ele sorriu, o
As luzes do apartamento de Dona Vera brilhavam contra o entardecer, emanando uma atmosfera sofisticada que Helena imediatamente percebeu ser o oposto da mansão Vasconcelos. Aqui, tudo parecia mais aconchegante e pessoal, um reflexo direto da dona do lugar. Helena ajustou o vestido enquanto seguia Eduardo pelo hall de entrada. Apesar de sua postura impecável, sentia o peso de todas as expectativas que recaíam sobre ela. O casamento repentino não era apenas um acordo entre ela e Eduardo — agora envolvia a família dele, que ela teria que convencer. Dona Vera abriu a porta com um sorriso caloroso, a elegância evidente em cada movimento. Vestia um conjunto discreto, mas sofisticado, e sua presença iluminava o ambiente. — Ah, então esta é a famosa Helena! — disse Vera, avançando para abraçá-la com espontaneidade. Helena ficou paralisada por um momento antes de corresponder ao gesto. — É um prazer conhecê-la, Dona Vera — respondeu com um sorriso nervoso. — Nada de “Dona”! Me cham
A primeira manhã na mansão começou com um silêncio incômodo. Helena despertou cedo, mas o corpo ainda se acostumava ao colchão macio demais e à ausência de sons familiares. Por alguns segundos, se permitiu esquecer onde estava. Mas, ao abrir os olhos, o quarto espaçoso, os móveis minimalistas e frios trouxeram a realidade de volta. Era o contrato. Ela se levantou devagar, ainda de camisola, e seguiu para a cozinha, na esperança de encontrar um pouco de normalidade na nova rotina. Mas normalidade não era uma palavra que combinava com a vida que havia aceitado. Eduardo já estava lá. Arrumado, impecável em um terno escuro, tomando café em pé como se o dia tivesse começado horas atrás. — Bom dia — murmurou Helena, hesitante. Ele a olhou de relance, pegou uma caneca extra e empurrou na direção dela. — Café? — Por favor. Ela aceitou, tentando não parecer desconfortável. O silêncio entre os dois era espesso, quase palpável. Eduardo voltou sua atenção para o celular, enquant