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Capítulo 2: Uma Escolha Sem Volta

Helena despertou com o peso esmagador da decisão que havia tomado. A assinatura do contrato não era apenas um ato ousado — era uma rendição. Ao abrir os olhos, ela se sentiu em um campo minado, cada passo adiante prometendo mais instabilidade.

Tomou um banho longo, como se a água pudesse levar consigo o turbilhão de pensamentos. Mas ao encarar o espelho, a mulher que via não parecia mais a mesma. Seus olhos refletiam incertezas e medos que ela não ousava admitir.

Vestiu-se e prendeu o cabelo em um coque firme, como se a aparência impecável pudesse mascarar sua inquietação interna. Mas a cada movimento, sentia o fardo invisível que agora carregava: ser, mesmo que por contrato, a esposa de Eduardo Vasconcelos.

No caminho para o trabalho, o celular vibrou com uma nova mensagem. Eduardo, em sua habitual falta de gentileza, enviara apenas uma ordem:

**"Sala de reuniões 9h em ponto. Não se atrase."**

Helena bufou e fechou os olhos por um momento. Ela nunca se atrasava, mas sabia que isso não importava para Eduardo.

Ao chegar na empresa, foi recebida pela atmosfera de sempre: séria, impecável, impessoal. Caminhou pelos corredores até a sala de reuniões, onde Eduardo já estava sentado à cabeceira da mesa. Pastas e documentos ocupavam boa parte do espaço, mas era a figura dele que dominava completamente o ambiente.

Ele levantou os olhos para ela, então olhou para o relógio de pulso.

— Está atrasada — declarou, sua voz tão cortante quanto sempre.

Helena sentiu o sangue ferver.

— Cheguei no horário — retrucou, mantendo a voz controlada.

Eduardo inclinou-se levemente para frente, os olhos semicerrados.

— Quem chega no horário já está atrasado. Pontualidade, Helena, é estar antes da hora marcada.

Ela mordeu a língua para não retrucar. Sabia que Eduardo se alimentava de confrontos, especialmente quando estava no controle.

Sentou-se ao lado dele, mantendo a postura ereta e o queixo levemente erguido, como uma barreira contra a intensidade do olhar dele. A tensão no ar era quase palpável, como se cada movimento carregasse uma ameaça velada.

— O contrato foi encaminhado ao meu advogado. Está tudo certo — disse ele, com a naturalidade de quem fala sobre o clima.

— Que ótimo — murmurou Helena, sem emoção, concentrando-se em manter o tom neutro.

— Amanhã cedo iremos ao cartório. Depois disso, você se muda para minha casa.

Helena arregalou os olhos.

— Amanhã?

— Está no contrato. A partir do momento em que você virar minha esposa, terá que morar comigo. Afinal, esposas moram com os maridos.

A naturalidade com que ele dizia aquilo era desconcertante. Parecia apenas mais uma cláusula, uma obrigação contratual, sem nenhum traço de humanidade.

Eduardo a observou com olhos semicerrados, como se analisasse sua alma.

— Não esperava que você fosse hesitar logo agora.

— Não estou hesitando. Só estou processando tudo — respondeu ela, lutando para não transparecer a insegurança.

— Então processe rápido. Não gosto de incertezas.

Helena desviou o olhar, encarando o tampo da mesa como se aquilo pudesse oferecer respostas. Sua vontade era sair correndo daquela sala, mas sabia que não podia. Era tarde demais para recuar.

Durante o resto do expediente, Helena se dedicou ao trabalho com intensidade redobrada. Cada tarefa era realizada com foco absoluto, quase como um anestésico contra os pensamentos que ameaçavam dominá-la. Ainda assim, Eduardo parecia estar por toda parte. Seu perfume amadeirado invadia o ambiente. Sua voz firme e precisa ecoava pelos corredores. Sua presença imponente a seguia como uma sombra.

Ele entrava nas salas como se o mundo girasse ao seu redor. E, de certa forma, girava. As reuniões seguiam seu ritmo. As decisões eram tomadas com uma palavra sua. Helena sempre soube que Eduardo era autoritário, mas agora, com o contrato pendurado sobre suas cabeças, a arrogância dele parecia maior, mais agressiva, mais... sufocante.

Na pausa para o café, Helena se encostou no balcão da copa, permitindo que sua mente vagasse por alguns instantes. Pensou em como as coisas haviam saído de controle tão rapidamente. O emprego que antes era seu porto seguro agora parecia uma prisão. E o homem que deveria ser apenas seu chefe agora era seu futuro "marido" — mesmo que por um ano.

O celular vibrou novamente. Mais uma mensagem dele.

**"Leve todos os seus documentos pessoais amanhã. Não esqueça."**

Helena encarou a tela por alguns segundos antes de guardá-la no bolso. Nem se deu ao trabalho de responder. Apenas fechou os olhos por um momento e respirou fundo. O peso da responsabilidade era avassalador.

Quando finalmente voltou para casa naquela noite, sentou-se na beirada da cama e permitiu que seus pensamentos tomassem forma. O quarto parecia mais frio, o travesseiro mais duro. Era como se o mundo ao seu redor a estivesse pressionando a desistir.

Mas ela sabia que já tinha passado do ponto de retorno. Eduardo deixara claro que não era um homem com quem se brincava. A partir do momento em que assinara aquele contrato, não havia volta.

Agora, a contagem regressiva havia começado.

Em sua mente, a imagem de Eduardo parecia crescer, dominando tudo. Ele era o oposto de tudo o que conhecia e valorizava. Um homem de gelo, enquanto ela ainda se agarrava aos resquícios do calor de quem um dia sonhou em ser.

Deitou-se e fechou os olhos.

— Só preciso aguentar um ano — sussurrou para si mesma.

Mas no fundo, ela sabia que o maior desafio não seria sobreviver a Eduardo. Seria sobreviver a si mesma.

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