Inicio / Romance / Esposa por acaso, destino selado. / Capítulo 3 – Encenação e Frieza
Capítulo 3 – Encenação e Frieza

O dia começou com o peso esmagador da decisão que Helena havia tomado. Após assinar o contrato, cada escolha parecia encaminhá-la a um destino inevitável, como uma peça de um tabuleiro que não podia ser movida de outra forma.

Antes de seguir para o cartório, um impulso a fez desviar o caminho. Precisava visitar o pai. Era uma necessidade emocional que não conseguia ignorar. Queria vê-lo, ouvir sua voz e, de alguma forma, reafirmar sua própria coragem.

Na clínica, o ambiente era acolhedor, mas carregado de uma tensão invisível. Helena caminhava pelos corredores com passos rápidos, ignorando os olhares dos enfermeiros que a reconheciam. Quando entrou no quarto, seu pai estava sentado na cama, com o semblante sereno e fragilizado. Os olhos dele se iluminaram ao vê-la.

— Helena, que surpresa boa — disse ele, com a voz baixa, mas gentil.

Ela se aproximou, sentando-se ao lado dele na cadeira de plástico.

— Como o senhor está? — perguntou, segurando sua mão gelada.

Ele sorriu, o rosto marcado por linhas que contavam histórias de batalhas enfrentadas ao longo dos anos.

— Melhor agora que você apareceu. Está tudo bem? Você parece... diferente.

Helena engoliu em seco. Sabia que não conseguiria esconder completamente sua inquietação.

— Estou resolvendo algumas coisas importantes. E em breve vou conseguir o dinheiro para os exames e o tratamento no hospital particular.

Os olhos do pai brilharam, mas a preocupação logo surgiu em sua expressão.

— Helena, você está se sacrificando demais? Não quero que faça nada que vá contra quem você é.

— Não estou sacrificando nada, pai. Estou apenas me esforçando mais. Vai valer a pena.

Ele a olhou em silêncio por um momento, como se estivesse tentando decifrá-la.

— Filha, você não precisa provar nada para mim. Só quero que seja feliz. Se isso que está fazendo está te pesando, reconsidere. Nenhuma quantia vale sua paz.

Helena sorriu, mas era um sorriso triste, carregado de uma certeza amarga.

— Às vezes, pai, a paz é um luxo que eu não posso ter.

O pai apertou a mão dela com mais força, transmitindo uma energia que parecia vir da vontade de protegê-la, mesmo em sua condição frágil.

— Só não deixe que isso destrua quem você é.

Helena inclinou-se para beijá-lo na testa, sentindo o nó em sua garganta apertar. Levantou-se e ajeitou a bolsa, respirando fundo.

— Eu volto em breve, pai.

Ao sair do quarto, sentiu uma mistura de culpa e determinação. Precisava fazer isso. Precisava seguir em frente.

---

Quando Helena chegou ao cartório, já havia passado do horário marcado. Eduardo estava sentado na recepção, os braços cruzados e o semblante sério. Ele parecia esperar sem paciência, mas havia algo mais ali — algo que Helena não conseguiu identificar completamente.

— Meia hora atrasada — foi tudo o que ele disse quando ela se aproximou.

Helena parou e encarou o chão por um segundo antes de responder com simplicidade:

— Desculpe. Eu precisava visitar meu pai.

Eduardo estreitou os olhos, claramente irritado, mas não falou mais nada. Ela percebeu o leve movimento de alívio em seu postura, algo quase imperceptível, mas suficiente para despertar sua curiosidade.

Ele se levantou e gesticulou para que ela o seguisse.

— Vamos.

---

A sala do cartório era pequena, fria e funcional. Helena sentou-se ao lado de Eduardo e encarou os documentos que o oficial apresentou. Cada folha parecia pesar mil vezes mais do que o papel deveria.

Helena assinou com mãos firmes, mas o coração trêmulo. Eduardo, por outro lado, manteve sua postura calculada e recolheu os papéis com cuidado, verificando cada assinatura como se sua vida dependesse disso.

Quando o fotógrafo apareceu para registrar o momento, Helena se viu posicionada ao lado de Eduardo, sentindo-se como parte de um espetáculo vazio. Olhou para a câmera, tentando manter a postura, mas sua expressão melancólica era difícil de esconder. Eduardo, ao seu lado, manteve o semblante frio e distante, completamente impassível.

O clique da câmera capturou o contraste entre os dois — ela, envolta em tristeza, e ele, preso em controle absoluto.

---

O trajeto para a mansão foi feito em completo silêncio. Eduardo dirigia com os olhos fixos na estrada, enquanto Helena olhava pela janela, absorvendo a ideia de que sua vida acabara de mudar para sempre.

A mansão Vasconcelos era ainda mais impressionante do que ela imaginava. Linhas modernas, tons neutros e uma arquitetura impecável faziam a casa transbordar de poder. Mas, para Helena, era apenas uma jaula dourada.

Eduardo saiu do carro e abriu a porta para ela com a habitual formalidade.

— Seu quarto é o último do corredor. Não entre no meu sem permissão — disse ele, com a voz firme. — Suas malas já estão lá.

Helena assentiu, tentando controlar as emoções que ameaçavam transbordar.

— Certo.

Ele a observou por um momento antes de continuar:

— Arrume-se. Vamos visitar minha mãe.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP