Início / Romance / Esposa por acaso, destino selado. / Capítulo 4 – A visita e a primeira noite
Capítulo 4 – A visita e a primeira noite

As luzes do apartamento de Dona Vera brilhavam contra o entardecer, emanando uma atmosfera sofisticada que Helena imediatamente percebeu ser o oposto da mansão Vasconcelos. Aqui, tudo parecia mais aconchegante e pessoal, um reflexo direto da dona do lugar.

Helena ajustou o vestido enquanto seguia Eduardo pelo hall de entrada. Apesar de sua postura impecável, sentia o peso de todas as expectativas que recaíam sobre ela. O casamento repentino não era apenas um acordo entre ela e Eduardo — agora envolvia a família dele, que ela teria que convencer.

Dona Vera abriu a porta com um sorriso caloroso, a elegância evidente em cada movimento. Vestia um conjunto discreto, mas sofisticado, e sua presença iluminava o ambiente.

— Ah, então esta é a famosa Helena! — disse Vera, avançando para abraçá-la com espontaneidade.

Helena ficou paralisada por um momento antes de corresponder ao gesto.

— É um prazer conhecê-la, Dona Vera — respondeu com um sorriso nervoso.

— Nada de “Dona”! Me chame apenas de Vera — corrigiu ela, piscando. Em seguida, virou-se para Eduardo e arqueou uma sobrancelha. — Você finalmente trouxe alguém para eu conhecer. Já estava começando a achar que não tinha coração.

Eduardo bufou discretamente, mas manteve o controle.

— Helena é especial — disse ele, sem emoção, a frase soando como uma obrigação.

— Especial? Isso eu vou decidir — brincou Vera, voltando seu olhar perspicaz para Helena. — Venha, querida. Quero saber tudo! Como vocês se conheceram? E o pedido? Foi romântico?

Helena sentiu o coração acelerar. Apesar de ter ensaiado respostas para essas perguntas, a pressão do momento era avassaladora.

— Nos conhecemos no escritório — começou Helena, forçando um sorriso. — A convivência foi... natural.

Eduardo interveio, com sua habitual frieza:

— O pedido foi direto, como eu sou.

— Direto demais, imagino — respondeu Vera, estreitando os olhos para o filho como quem vê além das palavras.

Helena tentou conduzir o restante da conversa de maneira suave, inventando detalhes sobre pequenos momentos e encontros fictícios. Apesar de seu esforço, sentia como se estivesse caminhando em uma corda bamba, temendo que qualquer deslize pudesse expor a verdade.

Durante o jantar, Vera a observava atentamente, fazendo perguntas sobre seus gostos, hobbies e planos para o futuro. Helena respondia o melhor que podia, sempre mantendo a postura que Eduardo exigia dela.

Então veio a pergunta que mudou o clima na sala:

— Vocês estão pensando em crianças? Sempre quis netos!

O olhar de Helena vacilou, mas Eduardo respondeu antes que ela pudesse dizer algo.

— Não é uma prioridade no momento.

A resposta abrupta causou um silêncio desconfortável. Vera o encarou por um longo momento antes de mudar de assunto, mas o desconforto já havia se instalado.

---

De volta à mansão, o silêncio entre Helena e Eduardo parecia mais pesado do que nunca. Ele finalmente falou ao cruzar a porta da entrada:

— Você quase estragou tudo.

Helena girou o corpo para encará-lo, o rosto marcado por incredulidade.

— O quê?

— Sua atuação foi forçada. Nervosa demais. Minha mãe não é idiota.

Helena sentiu o sangue ferver.

— Foi a primeira vez que precisei mentir para alguém cara a cara, Eduardo. Desculpe se não atuei como uma atriz profissional.

— Isso não é desculpa. Você aceitou o contrato. Sabia exatamente o que teria que fazer.

— Eu estou tentando! Mas você não facilita! Como quer que eu finja sentimentos quando você nem tenta disfarçar que não tem nenhum?

Eduardo estreitou os olhos e deu um passo à frente. Sua presença tornou o espaço entre eles ainda mais sufocante.

— Porque eu não tenho sentimentos para fingir. E você sabia disso desde o início.

Helena recuou, mas manteve o queixo erguido, como se aquilo pudesse protegê-la.

— Eu posso ter aceitado esse acordo, mas não sou sua funcionária dentro de casa. Se quer que eu desempenhe bem meu papel, pare de me tratar como um estorvo.

Eduardo permaneceu em silêncio por um momento, o olhar fixo nela, como se estivesse tentando decifrar suas palavras. Então, sem dizer mais nada, ele subiu as escadas, encerrando o assunto.

Helena ficou onde estava, imóvel. Seu coração batia descompassado, e o peso do dia parecia finalmente cair sobre seus ombros.

---

Naquela noite, no quarto designado por Eduardo, Helena sentou-se na beira da cama. O silêncio ao redor amplificava seus pensamentos, cada um mais pesado do que o outro.

Ela pensou no pai. Pensou na mãe de Eduardo e em sua percepção afiada. Pensou em Eduardo e na muralha de gelo que ele havia construído ao seu redor.

Por mais que tivesse preparado o coração para aquilo, nada a blindava da dor de ser tratada como um objeto, como uma peça de xadrez em um jogo maior.

Deitou-se, encarando o teto enquanto as palavras dele ecoavam em sua mente:

**“Você está aqui por um contrato.”**

Mas Helena sabia que, por trás da frieza de Eduardo, havia algo mais. Ninguém era assim por completo. Ela poderia encontrar rachaduras naquela muralha.

E essa ideia, mesmo tentadora, era perigosa.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App