Quando Aurora abriu os olhos, deparou-se com Andrews, Ele estava imparcial e não esboçava qualquer emoção, Ela entrou em pânico, mas não gritou ao cair sobre a cadeira, tremendo de medo do que ele poderia fazer.
Então permaneceu imóvel, os dedos ainda apertavam o telefone contra si, como se fosse um amuleto capaz de protegê-la, do que ele faria, em seguida sem nenhuma explicação ele se virou seguindo para a saida.
A silhueta de Andrews desapareceu pela porta, mas o frio que ele deixou para trás parecia impregnar o ambiente, a jovem sentiu as pernas fracas, mas não ousou se mover imediatamente.
Será que ele voltaria? O que ele faria? Por que simplesmente foi embora sem dizer uma única palavra? As perguntas fervilhavam em sua mente, mas nenhuma resposta parecia se formar.
Engolindo em seco, ela respirou fundo e tentou recompor-se, Com as mãos trêmulas, devolveu o telefone ao gancho e se levantou devagar,
Precisava sair dali antes que Andrews mudasse de ideia, Mas ao dar o primeiro passo, a visão da porta entreaberta fez seu estômago revirar, ele poderia estar à espreita, a observando e testando seus limites.
Fechou os olhos por um momento, buscando coragem, então, decidiu que não poderia agir como uma presa assustada, saiu do escritório da mesma forma que entrou, silenciosa e atenta.
Seu caminho de volta ao quarto pareceu durar uma eternidade, o corredor escuro, a madeira rangendo levemente sob seus pés... A sensação de ser vigiada era intensa, Quando finalmente entrou em seu quarto, fechou a porta com cuidado, pressionando a testa contra a madeira fria.
— Que homem louco... o que aconteceu? — ela se perguntou se deitando na cama com as mãos trêmulas, ela sabia que não podia pegar o celular ou tentar qualquer contato externo, mas ela não tinha ideia do motivo.
Adormeceu poucos minutos depois, ainda assim acordava a cada segundo com medo de Andrews invadir seu quarto a agarrando como sempre fazia, mas não foi assim, o dia começou como se nada tivesse acontecido.
Aurora foi acordada bem cedo e mal conseguia se manter de pé de tão exausta, Andrews estava ali de pé em frente a porta do quarto, isso a fez despertar com força esperando mais uma agressão, ele encara a governanta e ela pega um pequeno papel com algo escrito em seguida encarando Andrews,
— Parece que todos os empregados ficaram de folga por alguns dias e você terá que fazer as atividades da casa, faxina em todos os cômodos além de cozinhar cada refeição do dia para Andrews.
Aurora não relutou, apenas deu de ombros e se retirou batendo o pe demonstrando indiferença, mas por dentro seu peito queria escapar pela boca, afinal... Como assim ele não se lembra de nada?
O cheiro do café fresco começou a se espalhar pela cozinha enquanto Aurora se movia com precisão, apesar do cansaço, era uma tarefa simples, mas cheia de reprovação silenciosa,
Ela sabia que nada do que fizesse seria bom o suficiente para ele, No entanto, ela seguiu as instruções, tentando ao máximo não demonstrar sua frustração.
Ela colocou o pão para tostar, preparando uma mistura simples de ovos mexidos e bacon, Algo leve, algo que ele não poderia, teoricamente, reclamar, Ela observava o relógio enquanto a comida terminava de ser preparada, seus braços ainda doloridos de dias anteriores, mas ela não se atrevia a parar, Sabia que qualquer erro, por menor que fosse, seria apenas mais um motivo para ele lhe atormentar.
Quando finalmente colocou o prato diante dele, Andrews olhou para a comida com um ar de desdém, seus olhos se fixando nas fatias de bacon crocante e nos ovos dourados,
Ele deu uma olhada desinteressada antes de pegar o garfo e provar um pedaço, o movimento foi rápido, como se ele estivesse tentando não gastar muito tempo com aquilo.
Aurora observava atentamente, os dedos apertando a toalha sobre a mesa, aguardando a reação, mas logo ele cuspiu o pedaço de bacon com nojo, fazendo um gesto de repulsa.
— Isso está uma merda, Você não sabe nem cozinhar um simples café da manhã. — Ele empurrou o prato para o lado, quase derrubando tudo. — Jogue fora, vou ter uma infecção intestinal com isso porcaria.
Sem dizer nada, ela pegou o prato e o levou até a pia, limpando o que restava enquanto ele se afastava, indo para outro cômodo.
Meio-dia, Aurora ainda estava na cozinha, Andrews a havia mandado cozinhar novamente, esta era a segunda refeição do dia, e ela estavam começando a se sentir cansada demais para continuar,
Tentou ser rápida e precisa, mas sua falta de experiência com algumas das panelas de cozinha fez com que ela se queimasse acidentalmente ao pegar uma panela quente, Andrews hesitou por um momento dando um passo a frente para socorrê-la, mas hesitou voltando a sua posição e ela não reclamou disfarçando a dor,
Apenas mordeu o lábio e continuou com todo seus esforços, embora soubesse que nada disso seria suficiente para agradá-lo.
Quando ela colocou a comida sobre a mesa, ainda com a marca da queimadura em suas mãos e sentindo a ardência, ela viu o olhar de Andrews, novamente indiferente, mesmo que algumas vezes observasse a marca vermelha em sua pele pálida, e demonstrou ainda mais impaciência do que nunca,
Ele pegou o garfo, como se estivesse prestes a cortar o primeiro pedaço, e deu uma mordida, a expressão no rosto dele era de pura desconfiança, enquanto ela mantinha as expectativas de forma exagerada, e logo ele cuspiu o pedaço, irritado, em seguida se levantando de forma agressiva como se estivesse prestes a atacá-la, ela recuou encostando contra a pia esperando a próxima reação dele enquanto apertava os olhos com força.
Capitulo, 10: Facas para alguém perigosoAndrews sorriu com sua reação, naquele momento ele apenas a observava sem dizer nada e sorriu sutilmente em seguida desviando o olhar como se tivesse procurando algo ao redor da cozinha quando os olhos dela se abriram o observando ainda cética.— Isso não é comestível. — Ele olhou para ela com desdém, sua voz fria. — Refaça.Ela engoliu a raiva que se formava em sua garganta, mas obedeceu sem questionar,Foi até o fogão, preparou outra refeição, está mais simples, ela não sabia o que ele queria, mas mudou por pura provocação fazendo uma comida sem sabor, sem vida.Quando ela trouxe a nova refeição até ele, ele não deu sequer uma palavra, apenas levantou-se da mesa e jogou a comida no lixo, sem sequer tentar provar,A raiva de Aurora subiu, mas ela não fez nada, nem uma palavra.A governanta, que havia observado a cena de longe, se aproximou e provou as duas refeições, olhou para Aurora e sorriu, tentando reconfortá-la, embora soubesse que tudo
11: Ele está bem?— Não! — Aurora murmurou, antecipando a dor que achava que estava prestes a sentir a sensação era como se sua vida estivesse a acabar ali, mas, em vez disso, um som suave de movimento atrás dela a fez se congelar,A mesa onde ela estava encostada, repleta de legumes frescos, parecia ter sido deslocada, ela abriu os olhos e Andrews estava em sua frente, Ela tentou se afastar, mas a presença dele estava próxima demais.Ele estava tão perto que ela podia sentir seu calor, seu corpo quase tocando o dela, ele estava diante dela, sua mão passando por cima de seu ombro de forma natural, como se fosse algo rotineiro, com a faca na outra mão baixa e imóvel, quase como se estivesse em um transe, ainda assim as pernas de Aurora tremiam que nem bambus.Seus olhos, normalmente intensos, estavam apagados, com um brilho distante e um piscar lento, como se ele estivesse sonhando acordado ou fosse movido por algo além de sua própria vontade.Aurora ergueu o olhar, seus olhos se fixan
Capítulo 12 – De onde veio o corte?O sol mal havia surgido no horizonte quando Andrews despertou com um sobressalto, ele olhou ao redor, a sensação incômoda de que algo estava errado pairando sobre ele, Como nos dias anteriores, sua primeira ordem do dia seria encontrar Aurora e colocá-la para trabalhar.— Bom dia, senhor Andrews. — A governanta Jacy o cumprimentou assim que ele saiu do quarto.— Bom dia, Ela já está de pé? Aquela preguiçosa sempre quer dormir até tarde. — Resmungou, seguindo pelo corredor.— Por que não a trata com mais respeito? Além disso, é normal que durma até tarde, já que tem trabalhado tanto que mal consegue respirar.— Ela escolheu esse destino, Por que continua defendendo alguém que pensou que me enganaria?— Não estou defendendo, mas você deveria conversar melhor com ela, em vez de ficarem deduzindo um sobre o outro, Toda essa situação poderia ser diferente.— Nada vai mudar, Eu odeio tudo que tem a ver com Janete, e você sabe disso, Se a única ligação que
13: cuidados casuais apenas.Aurora arregalou os olhos ao ver Andrews diante dela, segurando sua mão com firmeza, seu olhar fixo no corte profundo e avermelhado que se espalhava pela palma dela, Por um instante, o silêncio pesou no ambiente.— O que é isso? — a voz dele soou baixa, mas carregada de algo desconhecido.Ela tentou puxar a mão, mas ele segurou com mais força.— Como você se machucou assim? — A voz dele estava diferente agora, menos afiada, mas ainda exigente. — Está tentando perder a mão? Como conseguiu uma ferida tão profunda? — ele suspirou pesadamente segurando a mão dela com cuidado.Aurora respirou fundo e ergueu o rosto para encará-lo, um sorriso amargo brincando em seus lábios pálidos.— Por que será? Não é? — Sua voz carregava ironia, um tom de provocação que o desafiava a pensar.Os olhos de Andrews se estreitaram, Ele não gostava de jogos e ela sabia, mas naquele momento, era tudo que ela tinha para se defender.Andrews soltou sua mão bruscamente e se virou, sac
14: Noite de VigíliaAurora ficou surpresa quando viu que não era o doutor, mas antes que pudesse pular da cama, Andrews fez sinal para que ela continuasse ali, caminhou silenciosamente até a cômoda colocando a receita e os remédios.— Decidi te entregar seu telefone, espero que tome cuidado com suas ações a partir de agora, e não pense que por causa de um machucado eu amoleci, nada mudou, mas se você tiver só uma mão eu não vou poder te punir. — ele avisou em seguida se retirando.— Encapetado e mesquinho! — ela asseverou sem que ele ouvisse.A reação deles sempre parecia tão estranha e distante não importa o que acontecesse.Após esse episódio ela passou o dia inteiro trancada em seu quarto, evitando qualquer contato, sua mão latejava de dor, mas a ferida não era nada comparada à confusão e ao medo que sentia.Ela não viu Andrews desde então, ele permaneceu no escritório o dia todo, sem sair para almoçar ou dar ordens.No entanto, dentro do escritório, Andrews estava inquieto, ele e
15 – A Cozinha em Caos.Andrews estava dormindo quando um barulho estrondeante o fez acordar em um solavanco, O amanhecer trouxe consigo um barulho ensurdecedor: panelas caindo, talheres se chocando e portas de armários batendo.Jacy, a governanta, franziu o cenho ao ouvir a confusão na cozinha, assim como Andrews, que também saiu correndo, descendo a escadaria até chegar ao local.— Mas o que diabos está acontecendo lá? — ela murmurou, saindo às pressas do corredor.Donovan, que já estava tomando seu café da manhã, ergueu as sobrancelhas e largou a xícara, Ele estava tranquilo em meio àquela bagunça, já sabendo por que ela estava fazendo todo aquele alvoroço, mesmo com a mão enfaixada, que mal conseguia mover.— Isso parece um furacão...Encontraram Aurora em meio a um verdadeiro campo de batalha.Panelas jogadas no chão, gavetas abertas, utensílios espalhados por toda parte, Aurora parecia um redemoinho, movendo-se rapidamente, pegando facas, tesouras e qualquer objeto cortante ou p
16: Fama que ele te deu.Aurora ficou ali, imóvel, sentindo o peso daquela nova missão, Ela sentia que aquilo poderia ser mais do que ela estava pensando.Ela olhou para a sacola de facas em suas mãos e, por um breve segundo, pensou que talvez fosse o momento de começar a devolver tudo ao seu dono.Mas não daquele jeito, Não ainda, até pensar no que fazer com Andrews.Após esconder tudo debaixo da cama, a governanta trouxe para ela uma farda, um vestido preto de volume, com uma tiara de babado e um avental branco, Ela olhou incrédula para aquilo, mas já tinha concordado.Após receber a roupa, ela desceu para a cozinha, Não tinha ideia do que fazer, então pesquisou receitas de alguns petiscos para fazer e se virou com o que tinha na cozinha, sem se importar muito com detalhes.— Ele não quer que eu cozinhe? Deveria confiar em alguém que te odeia, para cozinhar para você? Eu deveria era envenenar tudo! — ela berrou enquanto misturava os ingredientes.Ela não saiu da cozinha até o final
17: Reagindo ao menos uma vez.O silêncio era quase ensurdecedor ali, ela não tinha escolha a não ser o seguir até que ele parou próximo a mesa, Andrews soltou ela com um gesto brusco e cruzou os braços, os olhos sombrios fixos nela.— Você tem ideia do vexame que causou?Aurora massageou o pulso, a dor na mão ferida, voltando a incomodá-la.— Eu avisei que isso era um erro, Mas você me obriga a trabalhar como se eu fosse uma qualquer. — ela asseverou o encarando com dureza, tentando disfarçar sua verdadeira reação.Ele riu, mas sem humor.— Uma qualquer? Não, Aurora, Eu apenas espero que você conheça seus próprios limites, Se não consegue segurar uma bandeja, deveria ter dito, afinal você acordou bem disposta, não é? Fez toda a bagunça que quis sem minha permissão e ainda causou uma bagunça lá dentro.Ela levantou a voz, cheia de fúria.— E você teria me ouvido? Como quando me obriga a lavar roupas mesmo sabendo que estou machucada? Ou cozinhar para depois jogar minha comida fora?An