Cap. 102 guarde segredoDepois de assistir tudo, me sentei por alguns minutos na sala escura, tentando entender em que ponto exato perdi o controle de mim mesmo. Não só fisicamente. Mas moralmente. Psicologicamente. Emocionalmente.Passei a mão pelos cabelos, tentando conter a raiva de mim mesmo.Levantei.Sabia o que precisava fazer.Saí da sala e fui direto atrás deles — Rodrigo, Donovan e Jacy. Os três estavam na cozinha, rindo de alguma bobagem qualquer. Aquela leveza comum deles… Entrei, e o silêncio caiu como uma lâmina.Eles me olharam, sérios. Talvez até esperando que eu explodisse.Mas eu não explodi.— Preciso que vocês guardem segredo sobre tudo isso… por enquanto.Donovan foi o primeiro a falar, baixando o olhar como se aquele pedido não fosse nada.— Claro. Se é isso que você quer…Rodrigo assentiu. Jacy apenas fez que sim com a cabeça.Parei à frente deles, cruzando os braços. Meu tom foi mais duro agora.— E antes que pensem que isso é só sobre mim… escutem bem. — Respi
Cap: 103: porta trancada me dá raiva.À noite, esperei por ela no estacionamento. Avisei que estaria ali. Ela franziu o cenho ao me ver parado, recostado no carro.— Você estava mesmo me esperando? Pensei que só me traria... — comentou surpresa.— Claro. Só não te levei nos outros dias por estar um pouco ocupado, mas podemos — respondi, sorrindo como se fosse a coisa mais natural do mundo.— Hey! — De repente, ouvi um grito distante, e quando olhei — assim como Aurora, que já encarava assustada — um homem de boné e capuz avançou na nossa direção.— Não! — A puxei, virando para o lado oposto para que ela não fosse atingida pela lâmina. Esperei o golpe... mas o que veio foi diferente. Não sei como, mas Aurora jogou seu corpo para o lado, puxando o meu. Foi tão rápido que o homem passou direto, tombando para a frente, e parou com a navalha vindo em nossa direção.— Aurora! — gritei, tentando puxá-la quando ela tomou a frente, mas ela me empurrou com tanta força que bati contra a porta do
Cap. 104 Andrews acorda.Aurora Eu não queria saber.Não queria saber se ele estava sonâmbulo ou não.Não me importava, não agora. Porque… alguma coisa estava diferente. Não era só à noite.Era o jeito como ele me olhava durante o dia. O jeito como ele falava comigo, mesmo tentando manter aquele tom firme, distante… havia algo novo. Algo que antes não existia.E estava escapando pelo olhar dele, pelos gestos, até pelo silêncio. Estava ficando difícil separar o Andrews que dormia… do Andrews que estava acordado.E isso estava me deixando… animada. Esperançosa. Com o coração batendo no mesmo ritmo de um segredo prestes a ser revelado. Pela primeira vez em muito tempo, me permiti… sonhar que poderia me aproximar dele sem que ele estivesse inconsciente.Me arrumei devagar, como se cada gesto fosse um ritual sagrado.Escovei os cabelos com calma, penteando cada fio como se estivesse indo para um encontro. Eu desejava que ele não tivesse trancado a porta.Escolhi a camisola turquesa, de te
Cap. 105 Aurora golpeia Andrews.Meu mundo parou. Meus pulmões travaram, como se o ar tivesse desaparecido do quarto.— O quê…? — murmurei, paralisada, a alma se fragmentando.— Eu descobri há dois dias que isso estava acontecendo. Por que apenas aceitou? — ele perguntou com calma, enquanto eu ainda estava petrificada sobre a cama.E então, o choque explodiu dentro de mim com a força de uma tempestade. O medo, a vergonha… me atingiram todos de uma vez, numa onda avassaladora. Sem pensar, reagi. Meus braços se moveram por impulso e acertei ele com força no peito, bem no momento em que ele tentava se afastar. O golpe o pegou de surpresa. Andrews tropeçou, cambaleando, e… caiu da cama de vez. O som da cabeça dele batendo contra a mesa e no chão foi seco. Cruel. Insuportável.— ANDREWS?! — me levantei num pulo, tomada pelo pânico, o coração disparando em desespero.Ele não se mexia.— Não… não, não, não… — sussurrei, ajoelhando ao lado dele com as mãos trêmulas. — Me responde... por favor
Cap. 106 Discórdia mais amor.Acordei com a luz do sol atravessando as janelas do quarto, banhando meu rosto com um calor suave. Por um instante, achei que ainda estava preso em algum sonho, daqueles confusos, vagos, que parecem durar para sempre. Mas a dor na nuca foi rápida em me lembrar da realidade. Definitivamente, eu não estava sonhando. Nunca imaginei que existisse outra forma de me fazer dormir além dos meus remédios. Mas aquela… foi dolorosa demais. E, por mais absurdo que pareça… Valeu a pena. A lembrança da noite anterior ainda pairava sobre mim como um véu quente e denso, impregnado na pele, nas emoções, nos pensamentos. As palavras dela, os olhos assustados, o toque trêmulo, o jeito como me empurrou antes de tudo desmoronar... nunca pensei que ela poderia ser monstruosamente forte, mesmo eu sendo quase duas vezes maior que ela. Eu merecia. Cada centímetro daquele empurrão e golpe por não ter dito logo, quando já tinha a certeza. Talvez até mais. Mas, mesmo assim, não cons
Cap. 107: Resolvidos.Me assustei de verdade quando ele me jogou na cama daquela forma bruta e, de repente, estava por cima do meu corpo. Prendi a respiração com seu peso, enquanto suas mãos prendiam as minhas como se fossem algemas. Meus olhos se fixaram nos dele, sem conseguir dizer uma palavra. Eu nem sabia que ele poderia ser tão ágil. Mas Andrews… parecia até que sabia exatamente como me conter.De repente, ele soltou minhas mãos assim que me acalmei. Seus braços me envolveram com força, como se quisesse me manter ali, segurar com ele, como se eu fosse fugir. Por um instante, achei que era mais uma de suas reações absurdas… até perceber a forma como ele me apertava. Não com brutalidade, mas com uma necessidade urgente. Era um abraço denso, cheio de camadas. Um pedido mudo que me fazia querer ficar.Não resisti. Apenas deslizei os dedos, tocando o couro cabeludo dele, passando suavemente entre os fios. Senti seu corpo enrijecer por um segundo em resposta ao meu gesto. E então, dev
Cap. 108: Andrew entrega a aliança Aurora.— Pensei que ia me esperar lá embaixo… no carro — murmurei, sem saber bem o que fazer com as mãos, com o olhar, com nada.Andrews encostava na parede, com os braços cruzados e um sorriso discreto no canto da boca.— Eu estava esperando aqui… enquanto ouvia você gritar e correr de um lado pro outro no quarto.— Você ouviu?!Ele deu um passo à frente, e meu corpo automaticamente deu um passo pra trás, tropeçando nos próprios pés.— Só um pouco. Tipo… tudo.Ele riu.Revirei os olhos, morrendo por dentro.— Então… vamos? — murmurei, desviando o olhar e tentando controlar o rubor que provavelmente me deixaria rosa por uma semana.Andrews me surpreendeu estendendo a mão.Pisquei algumas vezes, sem entender de imediato.— Mão dada? — perguntei, hesitante.Ele sorriu, aproximando-se.— Acho que já fizemos coisas bem mais íntimas do que isso — disse, com aquela voz grave e deliciosa, deixando o ar ainda mais denso entre nós. — Só estou pedindo sua mão
Cap. 109: Discreto ciúme no elevador.Antes mesmo de nos aproximarmos da empresa, Andrews desviou o carro para uma rua arborizada, tranquila, com lojas refinadas e vitrines minimalistas. Eu franzi o cenho, olhando pela janela.— Onde estamos?Ele estacionou com calma e se virou parcialmente para mim.— Você não tomou café, E ficou tempo demais se debatendo no quarto. — Seus lábios se curvaram num meio sorriso divertido.— Eu não estava… debatendo. — protestei fraca, já imaginando o quanto ele ouviu.Ele apenas arqueou uma sobrancelha e saiu do carro sem responder. Fiquei ali por um segundo, respirando fundo, mas logo vi quando ele deu a volta no carro e abriu a porta para mim.Andrews, Abrindo a porta.Meu cérebro quase travou.— Você está tentando me enganar pra eu me apaixonar por você de novo, é isso? — brinquei, meio sem pensar.Ele apenas me estendeu a mão com um olhar firme e, de algum jeito, gentil.Engoli em seco, segurei sua mão e desci. e juntos caminhamos em direção à entra