— Você já conhecia o George há muito tempo, mas me disse que vocês se conheceram na escola. Não foi uma mentira sua? — Eu... — Assim que esse assunto foi mencionado, Jaqueline ficou sem palavras. Quantas vezes mais ele teria que trazer isso à tona? — Roberto, você precisa ser tão cruel assim? — Cruel? Sou eu quem sou cruel ou é você quem mentiu? Depois você mesma admitiu, não foi? Você já estava com ele antes de tudo isso! Foi você quem disse isso com a própria boca, eu não inventei nada! Jaqueline realmente tinha dito que ela e George já estavam juntos há tempos, mas foi por pura raiva, um desabafo impulsivo. Ela se levantou da beira da cama. — Então você quer dizer que aquilo que você disse à sua avó não era verdade? — Exatamente! Eu só disse aquilo para acalmá-la, para que ela pensasse que eu estava assumindo toda a culpa. Assim, ela não pensaria que eu sou um idiota. Mas, no fim das contas, ela ainda me deu uma bronca, e até me bateu. Se eu soubesse que ia acabar assim,
Com um estalo, Roberto agarrou o pulso dela. — Não vá. Por alguma razão, ele sentiu uma súbita insegurança no coração, um desejo intenso de que ela ficasse. Não importava o quanto ele tivesse sido teimoso antes, naquele momento, parecia uma criança indefesa. A dor podia enlouquecer uma pessoa, mas também podia torná-la vulnerável. Às vezes, o que doía mais do que o corpo era o coração. Jaqueline baixou os olhos e olhou para a mão do homem. Mesmo enquanto ele segurava o pulso dela, suas mãos tremiam. Ele certamente estava com muita dor, isso não era algo que pudesse ser fingido. O rosto dele estava pálido, e gotas de suor escorriam pela testa. — Vou te levar ao hospital agora. — Disse Jaqueline. — Eu dirijo, tudo bem? Sua voz soava como se estivesse tentando acalmá-lo. — Eu não quero ir ao hospital. — Roberto levantou os olhos, tão escuros quanto a noite, sem fundo. — Esse remédio foi receitado pelo médico. Em poucos dias vai melhorar, não preciso ir ao hospital. Jaq
— Eu... Jaqueline percebeu, de repente, que aquele homem realmente sabia como distorcer as palavras, a deixando sem resposta. Em vez de chamá-lo de manipulador, talvez fosse mais justo admitir que ela própria não tinha sido cuidadosa com suas palavras. De fato, ela mesma havia dito: "Se doer, me avise." Se ela não tivesse dito isso, nada disso teria acontecido. O que Jaqueline não esperava, no entanto, era que Roberto reclamasse de dor o tempo todo, como uma criança. — Então aguente firme. Preciso enrolar a gaze, ou o ferimento vai ficar exposto, o que não é seguro. Ela estava sentada atrás dele, enrolando a gaze ao redor do seu corpo, camada por camada. Sua respiração estava tão próxima que parecia envolver os ouvidos dele, ora se afastando, ora se aproximando. Quando suas mãos tocaram novamente o peito de Roberto, seu corpo se inclinou ligeiramente para a frente. Ela precisou usar a mão esquerda para ajustar a gaze que segurava com a direita. Naquele momento, Roberto de r
— Se você me disser isso mais uma vez, eu acredito. — Roberto fixou o olhar nela, seus olhos calmos carregavam uma pitada de expectativa sutil. Jaqueline permaneceu em silêncio por um longo tempo. Uma onda de emoções complexas e indescritíveis a invadiu. Ela deu um sorriso forçado, com um toque de resignação, e respondeu: — É isso mesmo, eu e ele somos apenas amigos. Roberto soltou um longo suspiro, como se estivesse tirando um peso dos ombros. Pelo seu rosto, era evidente que ele não escondia suas emoções. Eles já estavam divorciados, e Jaqueline não tinha motivo para mentir para ele. Mas, ao pensar no fato de que estavam divorciados, ele sentiu como se algo perfurasse seu coração. "De que adianta acreditar agora que ela e George são apenas amigos?" Mesmo que ele tivesse acreditado nela antes, isso não teria mudado o fato de que o divórcio aconteceria. Jaqueline o olhou com desconfiança. Talvez fosse impressão sua, mas ela parecia perceber um misto de alívio e tristeza
Às vezes, a vida é assim: Cheia de surpresas, sempre trazendo acontecimentos que você jamais imaginaria. O relacionamento dela com Roberto era como uma montanha-russa, repleto de altos e baixos, tanto antes como depois do divórcio. Ela não sabia dizer se aquilo era algo que simplesmente não conseguia cortar e resolver, ou se estava de alguma forma escrito no destino que eles permaneceriam entrelaçados daquela maneira. Jaqueline estava deitada nos braços dele, com os pensamentos embaralhados. Levantou a mão mais uma vez e limpou o suor da testa de Roberto. A respiração pesada dele foi se acalmando aos poucos. Roberto abaixou a cabeça, inalando avidamente o cheiro único que vinha da mulher frágil em seus braços. Aquele aroma tão familiar e reconfortante, que antes parecia estar sempre ao alcance, agora havia se tornado um luxo. Uma oportunidade como aquela não se repetiria. Naquele momento, ele parecia decidido a se permitir ir além. Seria a última vez que daria a si mesmo
— Não é o que vocês estão pensando! Este lenço realmente está molhado, mas é de suor. Se não acreditam, podem tocar! Jaqueline deu um passo à frente, estendendo o lenço encharcado para eles. Roberto abaixou a cabeça, massageando a testa dolorida, balançando repetidamente em um gesto de frustração. — Não se aproxime. — Fábio puxou Nádia para trás de si com um movimento rápido. O casal parecia ter visto uma fera selvagem. Com uma expressão séria, Fábio levantou a mão e declarou com firmeza: — Os assuntos pessoais de vocês dois, resolvam entre vocês. Não precisam nos contar. Nós vamos sair agora. — Não é isso! Nós realmente não fizemos nada! — Jaqueline tentou se explicar, ansiosa, enquanto dava mais um passo à frente. — Toquem e verão! É água, não tem nada pegajoso! Se ainda duvidam, olhem as calças do Roberto. Ele ainda está vestido, não tirou nada! Roberto parou por um instante. Ele queria desaparecer naquele momento, encontrar um buraco onde pudesse enfiar a cabeça. Nã
Jaqueline Valente estava encolhida na cama, acariciando levemente sua barriga. Ela suspirou de alívio, feliz por saber que o bebê estava bem. Na noite anterior, Roberto Santana havia retornado e queria ter um momento de intimidade com ela. Eles não se viam há dois meses e ela não teve coragem de recusar ele.Roberto já tinha terminado de se arrumar. Vestido com um terno cinza feito sob medida, ele exibia uma figura alta e esbelta, elegante e atraente. Sentado em uma cadeira, ele trabalhava em seu tablet, deslizando os dedos na tela de forma lenta e preguiçosa, exalando uma aura de sensualidade.Ele notou a mulher na cama, enrolada no cobertor, com apenas a cabeça de fora. Seus olhos negros e brilhantes o observavam atentamente. Com um tom indiferente, ele disse: — Acordou? Levanta e vem tomar café da manhã.— Está bem. — Respondeu Jaqueline, corando enquanto se levantava da cama e vestia seu pijama.Na sala de jantar, Jaqueline continuava a cutucar os ovos no prato com seu garfo, enq
Ela abaixou a cabeça e deu um sorriso amargo.O que mais ela poderia desejar? Poder se casar com ele já havia esgotado toda a sorte que ela teria na próxima vida.Seus pais eram funcionários comuns do grupo SK. Em um incêndio, ficaram presos na sala de controle, mas antes de morrer conseguiram desligar um sistema importante, evitando a liberação de substâncias tóxicas e prevenindo mais mortes.Na época, a mídia noticiou o ocorrido por muitos dias e a última conversa dos seus pais com o mundo exterior ficou registrada.Com apenas 10 anos, ela teve que ir morar com sua tia.No entanto, a tia era fumante, alcoólatra e viciada em jogos de azar. Um ano depois, perdeu todo o dinheiro da indenização do grupo SK em apostas.Quando ela tinha 11 anos, sua tia a abandonou diretamente na porta da sede do grupo SK.Jaqueline ficou esperando na porta da empresa por dois dias, abraçada a sua mochila. Estava faminta e exausta, até que o presidente do grupo SK passou por ali e a levou para casa.Desde