Fábio recuou a mão, constrangido e, ao avistar Jaqueline ao longe, esboçou um sorriso forçado, se afastando de Nádia. Jaqueline se aproximou e disse: — Presidente Fábio, Sra. Nádia, vocês vieram. Nádia franziu a testa, colocando a xícara de café sobre a mesa: — Que história é essa de Presidente Fábio e Sra. Nádia? Só porque não nos vimos por alguns dias, você já não nos reconhece mais? Jaqueline hesitou por um momento antes de responder: — Eu e Roberto nos divorciamos, então... Ao ouvir a palavra "divórcio", Fábio e Nádia trocaram olhares. Não havia muito espanto em suas expressões, como se já soubessem de antemão. — Já fiquei sabendo disso pela sua avó. — Comentou Nádia com indiferença. — Mas, mesmo divorciada, você continua chamando a Dona Catarina de avó. Por que, quando se trata de nós, a coisa muda? Está sendo parcial, é isso? — Ah? Eu... — Jaqueline ficou atônita. Vendo que Nádia parecia irritada, tentou se justificar apressadamente. — Não foi isso, eu não quis
— Eu e o Roberto, de fato, nos separamos. Não moro mais aqui. Hoje só vim buscar minhas coisas e, de passagem, ver como ele está. — Explicou Jaqueline. Nádia ergueu uma sobrancelha. — É mesmo? Veio "de passagem" ver ele e, de quebra, deixou a porta aberta para algo mais... Íntimo com ele? O rosto de Jaqueline ficou vermelho. — Sogro, sogra realmente não é o que parece. Eu... — Chega, não precisa explicar. — Nádia a interrompeu, ríspida. — Seja como for, o que vimos foi vocês dois bem próximos. Já que não conseguem se largar, por que se divorciaram? — Eu... O tom de Nádia era levemente agressivo, deixando Jaqueline sem saber como responder de forma pacífica. — Por que ficou sem palavras? Ou será que gosta de adrenalina? Depois do divórcio, está livre para se divertir fora, enquanto ainda brinca com o Roberto? A entonação de Nádia carregava sarcasmo e ironia. Jaqueline se sentiu desconfortável. Franziu levemente a testa, se esforçando para manter a calma e a educação.
Jaqueline cerrou os punhos. — Eu não tenho a intenção de destruir a relação entre você e seu filho. Por que eu faria isso? Não sei o que aconteceu com você hoje, se está de mau humor ou se alguém te ofendeu, mas eu não fiz nada de errado, e acho que você não deveria falar comigo com essa atitude.— Então quer dizer que a culpa é minha? — Nádia se levantou e, com passos firmes em seus saltos altos, se aproximou de Jaqueline. Nádia já era um pouco mais alta que Jaqueline e, com os saltos de dez centímetros, parecia muito mais imponente. De cima para baixo, olhou friamente para ela e declarou: — Agora que está divorciada, acha que pode me desrespeitar como sua ex-sogra? É isso? Jaqueline mordeu os lábios, ergueu a cabeça e devolveu o olhar com firmeza, sem recuar: — Eu nunca pensei assim. Peço que fale comigo com respeito. — Com respeito? — Nádia deu uma risada irônica, como se estivesse incrédula. — Você está me ensinando como devo falar? Jaqueline, parece que você foi muito
Nádia rebateu: — Ela se divorciou sem dizer nada, esse foi o primeiro erro. Depois do divórcio, ainda veio fazer aquele tipo de coisa com você, esse foi o segundo erro. E agora está deliberadamente destruindo nossa relação de mãe e filho, esse é o terceiro erro. Me diga, por que eu não deveria dar uma lição nela? Ouvindo as palavras absurdas de sua mãe, Roberto, com o rosto frio e cheio de fúria, respondeu: — Primeiro, fui eu quem quis o divórcio, fui eu que trai. Segundo, esta casa agora pertence à Jaque, não a mim, nem a você. Para você, ela é apenas uma anfitriã, e nós somos os convidados. Eu é que estou morando na casa dela. Ela foi gentil o suficiente para cuidar de mim e passar remédio nos meus ferimentos. Não há nada entre nós. Terceiro, ela nunca destruiu nossa relação de mãe e filho! Foi você que, por causa do meu pai, foi fria e distante comigo desde que eu era criança. Depois, passamos anos sem quase nos ver. Foi você que se afastou de mim, foi você que nunca se import
Ela parecia nunca ter imaginado que um dia seu próprio filho diria algo assim para ela. Era evidente que, no fundo, ele estava profundamente triste.Nádia ficou em absoluto silêncio. Passou um longo tempo sem dizer uma palavra, apenas fitando Roberto, até que finalmente abaixou a cabeça, como se não soubesse como encará-lo.Apesar de ser mãe e de seu filho já ter mais de vinte anos, naquele momento ela parecia uma criança, completamente perdida e desajeitada.Depois de um longo tempo, Nádia finalmente abriu a boca para falar: — Você sempre foi tão independente, não foi? Além disso, há tantos empregados em casa para cuidar de você. Mesmo sem mim, você se sairia muito bem.Jaqueline franziu ligeiramente as sobrancelhas, exibindo uma expressão de desagrado.As palavras de Nádia eram difíceis de ouvir. Ter empregados em casa justificava ignorar um filho? Isso definitivamente não era desculpa.Jaqueline entendia que Nádia havia tido um casamento infeliz, mas, se decidiu trazer uma criança
Não importava o que acontecesse, ela já havia decidido que teria aquele filho em segredo. Dedicaria todo o seu coração à criança e jamais permitiria que ela crescesse para se tornar como aquelas pessoas. Porém, será que, no futuro, a criança a odiaria? Acusaria ela? "Se não tinha uma família completa, por que me trouxe ao mundo?" Jaqueline sentiu um frio na espinha. Apertou a barra da roupa com as mãos trêmulas, os seus pensamentos estavam confusos e o coração apertado. — Você... — Fábio tremia de raiva e deu um tapa no filho com toda a força. O coração de Jaqueline deu um salto. Ela correu para a frente imediatamente, se colocando entre Fábio e Roberto. Com os braços abertos, protegeu o jovem: — Papai, podemos conversar com calma. Não bata nele! Às vezes, quanto mais culpada a pessoa se sente, mais alta se torna sua voz e mais intensa sua ira. Fábio parecia ser exatamente assim. Ele estava furioso, mas sua raiva vinha acompanhada de um profundo sentimento de culpa. P
Jaqueline Valente estava encolhida na cama, acariciando levemente sua barriga. Ela suspirou de alívio, feliz por saber que o bebê estava bem. Na noite anterior, Roberto Santana havia retornado e queria ter um momento de intimidade com ela. Eles não se viam há dois meses e ela não teve coragem de recusar ele.Roberto já tinha terminado de se arrumar. Vestido com um terno cinza feito sob medida, ele exibia uma figura alta e esbelta, elegante e atraente. Sentado em uma cadeira, ele trabalhava em seu tablet, deslizando os dedos na tela de forma lenta e preguiçosa, exalando uma aura de sensualidade.Ele notou a mulher na cama, enrolada no cobertor, com apenas a cabeça de fora. Seus olhos negros e brilhantes o observavam atentamente. Com um tom indiferente, ele disse: — Acordou? Levanta e vem tomar café da manhã.— Está bem. — Respondeu Jaqueline, corando enquanto se levantava da cama e vestia seu pijama.Na sala de jantar, Jaqueline continuava a cutucar os ovos no prato com seu garfo, enq
Ela abaixou a cabeça e deu um sorriso amargo.O que mais ela poderia desejar? Poder se casar com ele já havia esgotado toda a sorte que ela teria na próxima vida.Seus pais eram funcionários comuns do grupo SK. Em um incêndio, ficaram presos na sala de controle, mas antes de morrer conseguiram desligar um sistema importante, evitando a liberação de substâncias tóxicas e prevenindo mais mortes.Na época, a mídia noticiou o ocorrido por muitos dias e a última conversa dos seus pais com o mundo exterior ficou registrada.Com apenas 10 anos, ela teve que ir morar com sua tia.No entanto, a tia era fumante, alcoólatra e viciada em jogos de azar. Um ano depois, perdeu todo o dinheiro da indenização do grupo SK em apostas.Quando ela tinha 11 anos, sua tia a abandonou diretamente na porta da sede do grupo SK.Jaqueline ficou esperando na porta da empresa por dois dias, abraçada a sua mochila. Estava faminta e exausta, até que o presidente do grupo SK passou por ali e a levou para casa.Desde