— É minha culpa, eu sou a mais desnecessária aqui. Se eu não tivesse me casado com a família Santana, nada disso teria acontecido. Eu sou a que sobra! Nádia se virou e saiu correndo. — Nádia! — Fábio tentou ir atrás dela, mas antes se virou, apontando furioso para Roberto. — Olha só o que você fez! Sua mãe veio aqui de boa vontade para ver você, e você ainda diz que ela não se importa com você! Se ela não se importasse, não teria vindo de tão longe! Eu errei, sim, mas você não deveria repetir os meus passos. Porém, agora você está fazendo o mesmo. Ainda bem que Jaqueline não tem filhos, senão eles acabariam se tornando como você, como uma maldição! Nos olhos de Fábio, não havia apenas raiva, mas também um traço de tristeza e, acima de tudo, impotência. Depois de terminar de falar, ele se virou e correu atrás de Nádia. — Nádia, espere por mim! Espere por mim! — Fábio alcançou Nádia, segurou ela pelo braço e puxou ela de volta. — Não corra mais! — Me solta! — Nádia tentou se li
Jaqueline disse calmamente: — Não existem pessoas perfeitas neste mundo. Todo mundo tem defeitos, e eu também cometo muitos erros. Não importa o que tenha acontecido, agora estamos divorciados. No futuro, devemos viver nossas próprias vidas e nunca mais ter qualquer envolvimento. Não precisamos ser como seus pais. Ao pensar nos pais, os olhos de Roberto ficaram ainda mais sombrios. — Meu pai estava certo. No final, eu acabei seguindo o mesmo caminho que ele. O coração de Jaqueline apertou, batendo dolorosamente. Ela abaixou a cabeça, permanecendo em silêncio. Neste mundo, as pessoas nunca aprendem com as lições do passado. Apesar de tantas coisas já terem acontecido, provando que certos atos estão errados e que levam a consequências dolorosas, as gerações seguintes continuam a cometer os mesmos erros. Talvez seja uma falha enraizada nos genes da humanidade. Às vezes, mesmo sabendo que algo está errado, as pessoas ainda insistem em fazer. Porque, na lógica delas, é o que d
Jaqueline sentia dor na garganta, mas assentiu com dificuldade. Roberto soltou de repente um gemido abafado, se inclinou para o lado e estava prestes a cair. Jaqueline se apressou a estender o braço para segurá-lo. — Vou te ajudar a voltar para o quarto. Não fique aqui. Roberto, tentando não preocupá-la, aceitou o apoio. Com a ajuda de Jaqueline, conseguiu se levantar, e os dois retornaram ao quarto, fechando a porta atrás deles. Permaneceram lá dentro por um longo tempo. O mordomo lançou um olhar rápido na direção da porta, hesitou por um instante e depois se afastou. Num lugar discreto, onde ninguém podia vê-lo, pegou o celular e discou um número. Em poucos segundos, a ligação foi atendida por uma voz idosa, mas carregada de autoridade. — Como está a situação? — Sra. Catarina, as coisas ficaram um pouco complicadas. O mordomo relatou todos os acontecimentos em detalhes para Catarina. Depois de ouvi-lo, Catarina não demonstrou aflição. Com um tom indiferente, respond
— Me deixe ajudá-lo. Jaqueline queria ajudá-lo a desabotoar os botões. — Não. — Roberto segurou a mão dela com firmeza e disse com um semblante decidido. — Eu consigo sozinho. É uma coisa tão simples, com certeza posso fazer isso. Ele levantou a mão com dificuldade e tentou tocar os botões da própria camisa, mas seus dedos tremiam incontrolavelmente. Depois de muito esforço, sem conseguir desabotoar sequer um botão, sua mão acabou caindo, sem forças. Jaqueline mordeu os lábios, teimosa, e novamente tentou levantar a mão para ajudá-lo. Ela estava com o coração apertado e rapidamente segurou a mão dele: — Me deixe ajudá-lo. Você está ferido agora, é normal não conseguir. Não precisa se sentir constrangido, já vi você de todos os jeitos. Eles já se conheciam há tantos anos e, depois de casados, haviam compartilhado momentos íntimos. Não havia razão para tanta reserva. Roberto suspirou suavemente, soltou a mão e acenou com a cabeça. Ele virou o rosto para o lado, com um olh
Roberto parecia uma criança que havia feito algo errado. Ele abaixou a cabeça em silêncio e murmurou baixinho: — Não vá. Com uma expressão abatida, ele colocou os talheres sobre o prato, uniu as mãos sobre as pernas e as segurou com cuidado. Jaqueline suspirou, resignada, se sentou ao lado dele, pegou os talheres e serviu um pouco de arroz. Aproximou a colher de sua boca e disse: — Abra a boca. Roberto obedeceu sem questionar, abrindo a boca. Jaqueline colocou o arroz na boca dele e, em seguida, deu a ele uma garfada de legumes. Ela cuidava dele como se cuidasse de uma criança. Uma mulher gentil e linda, um homem que parecia desamparado; a cena tinha algo de reconfortante e caloroso. Por um momento, todas as preocupações pareciam ter sido deixadas para trás, restando apenas o instante presente. ... Jaqueline ficou com Roberto até depois das nove da noite. Quando percebeu que já estava tarde, ela percebeu que precisava ir embora. Roberto notou que Jaqueline olhou
Ela deveria ter o impedido, deveria ter ajudado ele a voltar e a se sentar na cama. Depois, deveria ficar ao seu lado, preocupada e toda sensível. Mas por que seu olhar estava tão frio? Jaqueline deu de ombros. — Você não disse que ia embora? Jaqueline já tinha enxergado através das manobras dele. Depois de tanto tempo, se ela ainda não tivesse percebido, seria mesmo uma tola. No começo, ela realmente acreditou, achou que Roberto era digno de pena. Mas agora percebia que esse homem estava fingindo. Ele atuava melhor que qualquer ator. Os dois ficaram ali, em um impasse, separados por uma boa distância. Um encarando o outro.— Eu vou mesmo. — Roberto parecia incrédulo, como se não acreditasse que ela realmente não iria impedi-lo. Que mulher de coração tão duro! — Então vá. — Jaqueline manteve a decisão até o fim. Com os braços cruzados, sentada na beira da cama, olhava para ele com calma imperturbável. Roberto rangeu os dentes, deu um passo decidido para fora, mas a mulhe
"Realmente, não sei o que aconteceu comigo, como pude me tornar tão comedido? Não deveria ser mais desinibido após o divórcio? Parece que ainda tenho muito a aprender."Roberto bocejou. Ele não havia dormido bem na noite anterior.Jaqueline percebeu que ele estava exausto.— Você deveria descansar um pouco.— Quero tomar um banho. — Disse Roberto.— Então vou chamar um criado para te auxiliar, sua ferida não deve ser molhada.— Você quer que um homem veja meu corpo? — Roberto indagou, descontente.Parecia que ela estava tentando entregá-lo a outro homem.— Qual é o problema? Não podemos chamar uma mulher, não é verdade?Roberto permaneceu em silêncio, apenas observando ela.Ela finalmente compreendeu:— Você não quer que eu te ajude a tomar banho, quer?— Não pode ser? Não foi você quem já me ajudou antes?— Mas agora estamos divorciados.— E daí? Afinal, já nos vimos nus.Jaqueline suspirou:— Não se esqueça, Ângela ainda está no hospital.— Não fale dela. — A expressão de Roberto sub
"É claramente a voz de Jaqueline. Como isso pode estar acontecendo? Tão tarde da noite, como ela pode estar com Roberto? E ainda mais, ajudando a preparar o banho para ele? Será que os dois..."Os lábios de Ângela tremiam."Eles já estão divorciados, por que estariam juntos novamente? Estarem juntos a esta hora certamente não é nada bom! Não é à toa que Roberto não veio me ver nos últimos dias, ele estava com Jaqueline. Como Roberto pode me enganar, dizendo ainda que está trabalhando?"Assim como naquela época em que Roberto estava com ela, ele também dava desculpas para Jaqueline, alegando que estava ocupado com o trabalho.Naquele momento, Ângela se sentia triunfante, mas jamais imaginaria que passaria pelo mesmo que Jaqueline passou.Ângela respirou fundo, fingindo que não tinha ouvido nada. Ela definitivamente não poderia entrar em pânico.Roberto, ao ouvir a voz vindo do banheiro, percebeu que Ângela poderia ter ouvido.Ele não se esquivou e falou diretamente:— Ângela, agora eu