Às vezes, a vida é assim: Cheia de surpresas, sempre trazendo acontecimentos que você jamais imaginaria. O relacionamento dela com Roberto era como uma montanha-russa, repleto de altos e baixos, tanto antes como depois do divórcio. Ela não sabia dizer se aquilo era algo que simplesmente não conseguia cortar e resolver, ou se estava de alguma forma escrito no destino que eles permaneceriam entrelaçados daquela maneira. Jaqueline estava deitada nos braços dele, com os pensamentos embaralhados. Levantou a mão mais uma vez e limpou o suor da testa de Roberto. A respiração pesada dele foi se acalmando aos poucos. Roberto abaixou a cabeça, inalando avidamente o cheiro único que vinha da mulher frágil em seus braços. Aquele aroma tão familiar e reconfortante, que antes parecia estar sempre ao alcance, agora havia se tornado um luxo. Uma oportunidade como aquela não se repetiria. Naquele momento, ele parecia decidido a se permitir ir além. Seria a última vez que daria a si mesmo
— Não é o que vocês estão pensando! Este lenço realmente está molhado, mas é de suor. Se não acreditam, podem tocar! Jaqueline deu um passo à frente, estendendo o lenço encharcado para eles. Roberto abaixou a cabeça, massageando a testa dolorida, balançando repetidamente em um gesto de frustração. — Não se aproxime. — Fábio puxou Nádia para trás de si com um movimento rápido. O casal parecia ter visto uma fera selvagem. Com uma expressão séria, Fábio levantou a mão e declarou com firmeza: — Os assuntos pessoais de vocês dois, resolvam entre vocês. Não precisam nos contar. Nós vamos sair agora. — Não é isso! Nós realmente não fizemos nada! — Jaqueline tentou se explicar, ansiosa, enquanto dava mais um passo à frente. — Toquem e verão! É água, não tem nada pegajoso! Se ainda duvidam, olhem as calças do Roberto. Ele ainda está vestido, não tirou nada! Roberto parou por um instante. Ele queria desaparecer naquele momento, encontrar um buraco onde pudesse enfiar a cabeça. Nã
Fábio recuou a mão, constrangido e, ao avistar Jaqueline ao longe, esboçou um sorriso forçado, se afastando de Nádia. Jaqueline se aproximou e disse: — Presidente Fábio, Sra. Nádia, vocês vieram. Nádia franziu a testa, colocando a xícara de café sobre a mesa: — Que história é essa de Presidente Fábio e Sra. Nádia? Só porque não nos vimos por alguns dias, você já não nos reconhece mais? Jaqueline hesitou por um momento antes de responder: — Eu e Roberto nos divorciamos, então... Ao ouvir a palavra "divórcio", Fábio e Nádia trocaram olhares. Não havia muito espanto em suas expressões, como se já soubessem de antemão. — Já fiquei sabendo disso pela sua avó. — Comentou Nádia com indiferença. — Mas, mesmo divorciada, você continua chamando a Dona Catarina de avó. Por que, quando se trata de nós, a coisa muda? Está sendo parcial, é isso? — Ah? Eu... — Jaqueline ficou atônita. Vendo que Nádia parecia irritada, tentou se justificar apressadamente. — Não foi isso, eu não quis
— Eu e o Roberto, de fato, nos separamos. Não moro mais aqui. Hoje só vim buscar minhas coisas e, de passagem, ver como ele está. — Explicou Jaqueline. Nádia ergueu uma sobrancelha. — É mesmo? Veio "de passagem" ver ele e, de quebra, deixou a porta aberta para algo mais... Íntimo com ele? O rosto de Jaqueline ficou vermelho. — Sogro, sogra realmente não é o que parece. Eu... — Chega, não precisa explicar. — Nádia a interrompeu, ríspida. — Seja como for, o que vimos foi vocês dois bem próximos. Já que não conseguem se largar, por que se divorciaram? — Eu... O tom de Nádia era levemente agressivo, deixando Jaqueline sem saber como responder de forma pacífica. — Por que ficou sem palavras? Ou será que gosta de adrenalina? Depois do divórcio, está livre para se divertir fora, enquanto ainda brinca com o Roberto? A entonação de Nádia carregava sarcasmo e ironia. Jaqueline se sentiu desconfortável. Franziu levemente a testa, se esforçando para manter a calma e a educação.
Jaqueline cerrou os punhos. — Eu não tenho a intenção de destruir a relação entre você e seu filho. Por que eu faria isso? Não sei o que aconteceu com você hoje, se está de mau humor ou se alguém te ofendeu, mas eu não fiz nada de errado, e acho que você não deveria falar comigo com essa atitude.— Então quer dizer que a culpa é minha? — Nádia se levantou e, com passos firmes em seus saltos altos, se aproximou de Jaqueline. Nádia já era um pouco mais alta que Jaqueline e, com os saltos de dez centímetros, parecia muito mais imponente. De cima para baixo, olhou friamente para ela e declarou: — Agora que está divorciada, acha que pode me desrespeitar como sua ex-sogra? É isso? Jaqueline mordeu os lábios, ergueu a cabeça e devolveu o olhar com firmeza, sem recuar: — Eu nunca pensei assim. Peço que fale comigo com respeito. — Com respeito? — Nádia deu uma risada irônica, como se estivesse incrédula. — Você está me ensinando como devo falar? Jaqueline, parece que você foi muito
Nádia rebateu: — Ela se divorciou sem dizer nada, esse foi o primeiro erro. Depois do divórcio, ainda veio fazer aquele tipo de coisa com você, esse foi o segundo erro. E agora está deliberadamente destruindo nossa relação de mãe e filho, esse é o terceiro erro. Me diga, por que eu não deveria dar uma lição nela? Ouvindo as palavras absurdas de sua mãe, Roberto, com o rosto frio e cheio de fúria, respondeu: — Primeiro, fui eu quem quis o divórcio, fui eu que trai. Segundo, esta casa agora pertence à Jaque, não a mim, nem a você. Para você, ela é apenas uma anfitriã, e nós somos os convidados. Eu é que estou morando na casa dela. Ela foi gentil o suficiente para cuidar de mim e passar remédio nos meus ferimentos. Não há nada entre nós. Terceiro, ela nunca destruiu nossa relação de mãe e filho! Foi você que, por causa do meu pai, foi fria e distante comigo desde que eu era criança. Depois, passamos anos sem quase nos ver. Foi você que se afastou de mim, foi você que nunca se import
Ela parecia nunca ter imaginado que um dia seu próprio filho diria algo assim para ela. Era evidente que, no fundo, ele estava profundamente triste.Nádia ficou em absoluto silêncio. Passou um longo tempo sem dizer uma palavra, apenas fitando Roberto, até que finalmente abaixou a cabeça, como se não soubesse como encará-lo.Apesar de ser mãe e de seu filho já ter mais de vinte anos, naquele momento ela parecia uma criança, completamente perdida e desajeitada.Depois de um longo tempo, Nádia finalmente abriu a boca para falar: — Você sempre foi tão independente, não foi? Além disso, há tantos empregados em casa para cuidar de você. Mesmo sem mim, você se sairia muito bem.Jaqueline franziu ligeiramente as sobrancelhas, exibindo uma expressão de desagrado.As palavras de Nádia eram difíceis de ouvir. Ter empregados em casa justificava ignorar um filho? Isso definitivamente não era desculpa.Jaqueline entendia que Nádia havia tido um casamento infeliz, mas, se decidiu trazer uma criança
Não importava o que acontecesse, ela já havia decidido que teria aquele filho em segredo. Dedicaria todo o seu coração à criança e jamais permitiria que ela crescesse para se tornar como aquelas pessoas. Porém, será que, no futuro, a criança a odiaria? Acusaria ela? "Se não tinha uma família completa, por que me trouxe ao mundo?" Jaqueline sentiu um frio na espinha. Apertou a barra da roupa com as mãos trêmulas, os seus pensamentos estavam confusos e o coração apertado. — Você... — Fábio tremia de raiva e deu um tapa no filho com toda a força. O coração de Jaqueline deu um salto. Ela correu para a frente imediatamente, se colocando entre Fábio e Roberto. Com os braços abertos, protegeu o jovem: — Papai, podemos conversar com calma. Não bata nele! Às vezes, quanto mais culpada a pessoa se sente, mais alta se torna sua voz e mais intensa sua ira. Fábio parecia ser exatamente assim. Ele estava furioso, mas sua raiva vinha acompanhada de um profundo sentimento de culpa. P