Por Marina Allen.
Abrir os olhos nunca foi tão angustiante, eu não tinha ideia do quê havia acontecido. De pronto o foco de minha vista era ele, meu chefe, Aaron D'Angelo, tão próximo a mim.
Estava tonta e confusa, demorou um tempo até que me achasse na situação. Tentei me comunicar, mas ele me interrompeu em todas as vezes.
Percebo então a conversa entre ele e a Sra. Moore, procurando entender o que era dito me foquei e de repente eu soube ser eu mesma o assunto em discussão.
"Não chamar a atenção", era meu principal método de defesa contra a curiosidade alheia, mas naquele momento não estava funcionando.
As sensações e o controle de meu corpo voltavam aos poucos, e eu subitamente me dei conta de que me encontrava em seu colo.
Droga!
Pensei.
Isso até a Sra. Moore perguntar se eu tinha febre, pois do nada recebi um beijo em minha testa. Perdi boa parte do progresso sobre o obter meu controle.
Eu devia estar claramente aparentando a confusão e este deveria também ser o motivo pelo qual as expressões no rosto do meu chefe demonstravam divertimento.
Meu coração já não batia na ordem, segundo a outro pulando batidas ou trabalhando o dobro. Então senti o bebê inquieto, ele estava tão agitado quanto a mãe, ao senti-lo chutar e não pude conter o gemido.
— Humm.
Como de costume levei a mão ao ventre, podia sentir o bebê e também foi onde me dei conta de que estava exposta.
Fora de qualquer atitude que esperava vir dele, sua mão se pôs sobre meu ventre. Não tinha ideia de qual era sua intenção , mas a agarrei instintivamente.
— Está tudo bem. — As palavras saíram de sua boca, e como em um sonho, pareciam irreais.
Ouvi-lo dizer aquilo não se encaixava nas cenas que meus pesadelos mostravam.
Quando ele começou a acariciar meu ventre, todos os meus nervos entraram em choque. A única coisa da qual tinha certeza era de que o bebê se acalmava com seu carinho.
Eu o encarava boquiaberta, queria dizer algo mas as palavras não saíam.
Além de meus medos, ainda havia outro risco, a cada toque era como se não houvesse oxigênio o suficiente. Eu também não prestei atenção em que momento deixamos a cozinha, mas tomei consciência já no quarto.
Ao lado da cama ele falava ao telefone.
Andando de um lado a outro, negociando e jorrando ordens a algum pobre coitado do outro lado da linha.
— Não voltaremos amanhã, cancele minha agenda e não ligue se não for de extrema importância. — Foi a única parte da conversa em que realmente prestei atenção.
Mas se ele estava dizendo aquilo, significava que passaríamos a noite ali?
— Senhor, quero ir pra casa. — Disse tentando me sentar na cama, e acabei soando como uma garotinha assustada.
Era difícil, minha cabeça parecia pesada demais.
Ele me olhou, ajudou-me com os travesseiros para me sentar e não seguiu com nenhuma conversa, nem uma resposta.
— Senhor?
— Quieta Marina, foi um dia cheio, se quiser assista um vídeo, leia um livro e depois vá dormir. — Suas palavras pareciam secas demais, apesar de ele ainda usar meu primeiro nome.
— Entendido.
Peguei meu celular acima da mesa de cabeceira e comecei meu hobby preferido, jogar maldições sobre meu chefe.
Para um lugar remoto com aquele, a internet até que pegava bem e ao desbloquear o smartphone com minha digital, inúmeras mensagens brotaram no grupo.
Para meu azar, muitas delas eram áudios e não havia trago nenhum fone.
— Senhor, teria fones de ouvido para me emprestar? — Perguntei a ele que andava de um lado a outro também no celular.
Ele parou seu percurso de formiga e voltou sua atenção a mim, logo em seguida tirou do bolso lateral da mala uma caixinha com fones que pareciam ser via bluetooth.
— Pode usar estes. — Ele os entregou em minha mão. Logo se sentou ao meu lado na beira da cama e de frente para mim. — Se usar " senhor" mais uma vez, não garanto nenhuma gentileza a mais. Estamos entendidos?
— Claro. — Disse em um susto.
— Aquela senhora pode parecer boazinha, mas ela mede e julga cada passo nosso. Então se continuar dificultando tudo para mim, dificultarei para você também.
E lá estava meu verdadeiro chefe.
O cara que não facilita e que ainda exige os cem por cento diários.
Tendo entendido a mensagem do ditador, foquei nas mensagens do grupo e comecei a ouvi-las. As meninas estavam preocupadas com meu sumiço no trabalho.
— Não se preocupem, estou bem. Estou fora da cidade, mas chegaremos amanhã. — Disse enviando o áudio.
Elas dispararam com mais o dobro de mensagens e então tive de m****r outro áudio.
— Sim, eu e este menininho sapeca estamos bem. — Disse acariciando meu ventre e em seguida enviando o último áudio.
Deixei o celular de volta na mesa de cabeceira e então percebi que meu chefe me olhava.
— O quê foi?
— Um menino? — A pergunta me deixou surpresa.
— Sim. — Respondi me encolhendo na cama.
O dia tinha acabado com pessoas sabendo demais de mim e eu cada vez mais descoberta.
— Não vai ligar para o pai do bebê? Ele não se preocupa com vocês? — D'Angelo me interrogava com as mãos nos bolsos da calça, como se as perguntas não fossem intrometidas.
— Ele sabe que estamos bem. — Respondi me ajeitando para dormir.
Apaguei a luz do abajur e esperei que ele saísse do quarto, mas nada disso aconteceu.
Ele vai dormir aqui?
Por Marina Allen.Iluminado pelo abajur oposto a mim, podia vê-lo mais ou menos. Desfez o nó da gravata, retirou os sapatos e as abotoaduras.— O quê isso significa? — Questionei-o ao vê-lo levantar parte da coberta na cama.— Estou indo dormir.— Aqui?— Sim. Onde mais seria? — Ele continuou se sentando na cama e em seguida enfiando-se em baixo das cobertas.— Mas eu estou aqui! — Disse esticando meus braços impedindo-o de se ajeitar.— Nesta cama cabem dois. — Ele me fez encolher os braços. — Além do mais, há uma senhora lá fora que acredita em que somos marido e mulher.— Mas senhor...A cara furiosa de meu chefe por eu ter usado o " Senhor" de novo foi o suficiente para me calar.— É Aaron. A partir de agora use meu nome Marina. — Ele disse e desligou o abajur.
Por Aaron D'AngeloEra no mínimo estranho dividir a cama com alguém, mas com Marina foi mais confortável do que eu pensava.Quando acordamos pela manhã, fui o primeiro e por alguns minutos não pude evitar acariciar sua cabeça.Vê-la dormir ali, tão serena e calma, não parecia a mesma secretária que eu tinha no escritório.Em certo momento ela já não dormia mais tão pesado e achei melhor parar de mexer com o cabelo dela.Seus olhos se abriam aos pouquinhos e ela me surpreendeu com um " bom dia" acompanhado de um meigo sorriso, mas logo voltou a si e se afastou.Desci da cama e me espreguicei de pé.De repente Marina tampou a boca com a mão e se curvou pra frente.Preocupado atravessei a cama e me coloquei ao seu lado.— O quê foi?— Nada, apenas enjoos matinais. — Ela sorriu amarga.
Por Marina Allen.Nunca consegui dormir por tanto tempo, e tão bem, em toda a minha vida. No entanto, naquele dia foi diferente e acordei pela tarde abraçada meu chefe que me encarava sem expressão alguma em seu rosto.— Descansou bem?Eu não conseguia acreditar na pergunta dele.Saltei da cama, não devia estar tão próximo de meu chefe, não devia esquecer de me proteger dele.— Sim. Obrigada. — Respondi.Abri minha mala no canto do quarto, retirei algumas peças de roupas para tomar um banho e percebi uma sacola com peças minhas dentro.— Eu... eu estava vestindo essas daqui ontem, agora me lembro.— A Sra. Moore disse que era melhor dar um banho em você para abaixar a febre, por isso não está usando as mesmas. — Ele respondeu saindo da cama.— Pobre senhora, como ela conseguiu me dar banho s
Na estrada.Por Marina Allen.Na estrada...O carro balançando não tornava nada fácil.— John, não tem uma outra via? — Meu chefe perguntava para o chofer.— Infelizmente não senhor, a outra via está interditada.— Mas isso está esburacado demais.— Eu sei, no entanto é o único caminho agora. — O chofer respondeu voltando sua atenção totalmente para a estrada.Para ajudar a ficar pior, uma tempestade nos alcançou, a chuva só piorava e tivemos de parar em um trecho acidentado.— Senhor, creio que o melhor é buscar um abrigo por aqui, ou voltarmos. — Diz o chofer.— Sim, também creio ser o melhor. — D'Angelo concorda.— Então irei verificar se encontro algum canto aqui perto.— Vou também, a capas de chuvas aí no porta luvas, certo?
Por Aaron D'Angelo.A chuva lá fora era incessante, mas dentro do carro tinha tudo o que precisava.Antes de conhecer Marina Allen, meus dias no escritório eram uma completa dor de cabeça. Haviam pelo menos três secretarias para dar conta de todo o serviço.Especial, essa era a palavra que a descrevia. A mulher havia cometido muitos erros no primeiro dia, mas logo apresentou melhoras e consertou toda a agenda de meses.Sabia que ela era o que eu precisava, mas conforme seu esforço aumentava, mais admiração por ela eu tinha. Passávamos tanto tempo juntos que comecei a sentir uma queda por ela, seu jeito e sua personalidade me deixavam bobo.Como dizem " o proibido é mais interessante", no entanto, ainda continua proibido. Tive de adotar medidas contra Marina.Ser frio, viciado em trabalho e rígido eram máscaras usadas para marcar uma distância saudável e
Por Marina Allen.Eu estava em casa, era um dia chuvoso lá fora, estava com medo e podia pressentir que algo iria acontecer.Ouço batidas fortes na porta, levanto e caio. A porta se abre mesmo sem eu ter destrancado e vejo uma silhueta masculina cruzar a porta acompanhada de um clarão de um raio.— O quê é isso? — Minha visão é a pior.— Marina, não achou que iria conseguir escondê-lo pra sempre, achou? — A voz de meu chefe.Tentei me por de pé, mas ele passou por mim antes de eu firmar as pernas.— Vou levá-lo, você não poderá vê-lo nunca mais está me ouvindo.Ouvia um choro, um choro de bebê e ficava cada vez mais alto. Corri para tentar impedi-lo.No fim das contas não consegui, desejei voltar ao passado, ao dia em que descobri sobre minha gravidez.Como uma miragem branca, uma névoa tomou meu
Por Marina Allen.Lá fora a lua está brilhante no céu, meu pescoço dói de tanto encarar as paisagens da janela do carro.Não tenho vontade de olhá-lo, não quero olhar para ele. Sei também que ele me olha, minha pele arrepia com a intensidade de seu foco em mim e tento não perder minha sanidade.— John, preciso de uma parada. — Digo faltando menos de uma hora para chegarmos a cidade.— Sem problemas. — Ele responde gentil como sempre.— Obrigada.O silêncio é instalado outra vez, dez minutos à frente e paramos em um posto de gasolina.Coloco o pouco que tenho em meu estômago para fora. E quando me dou conta, ele está atrás de mim segurando meus cabelos para trás.— Senhor, esse é o banheiro feminino. — Digo correndo para pia e lavando o rosto.— Há alguma coisa que eu precise saber? — A pergunta vê
Por Aaron D'AngeloAs coisas não parecem as mesmas, minha secretária está cada vez mais estranha.Já se passaram três dias desde que voltamos da última viagem e estamos perto de outra.Estou sempre a observando do escritório, não quero me aproximar e também me recuso a me afastar.Minhas malas estão no canto da sala e conto cada segundo para irmos ao aeroporto. Sinto que outra viagem nos fará bem, e se não fizer, farei com que este muro entre mim e Marina se desfaça sem importar como.O tempo passa até rápido e ao final do turno, como de costume a chamo para trazer os restantes dos papéis menos importantes que precisam ser assinados também.— Com licença. — Ela entra e deposita as pastas sobre minha mesa.— Obrigado. — Digo e a vejo arregalar os olhos surpresa.Então me lembro, a muito tempo não digo palavras como estas a ela. Não qu