Na estrada.
Por Marina Allen.
Na estrada...
O carro balançando não tornava nada fácil.
— John, não tem uma outra via? — Meu chefe perguntava para o chofer.
— Infelizmente não senhor, a outra via está interditada.
— Mas isso está esburacado demais.
— Eu sei, no entanto é o único caminho agora. — O chofer respondeu voltando sua atenção totalmente para a estrada.
Para ajudar a ficar pior, uma tempestade nos alcançou, a chuva só piorava e tivemos de parar em um trecho acidentado.
— Senhor, creio que o melhor é buscar um abrigo por aqui, ou voltarmos. — Diz o chofer.
— Sim, também creio ser o melhor. — D'Angelo concorda.
— Então irei verificar se encontro algum canto aqui perto.
— Vou também, a capas de chuvas aí no porta luvas, certo?
Por Aaron D'Angelo.A chuva lá fora era incessante, mas dentro do carro tinha tudo o que precisava.Antes de conhecer Marina Allen, meus dias no escritório eram uma completa dor de cabeça. Haviam pelo menos três secretarias para dar conta de todo o serviço.Especial, essa era a palavra que a descrevia. A mulher havia cometido muitos erros no primeiro dia, mas logo apresentou melhoras e consertou toda a agenda de meses.Sabia que ela era o que eu precisava, mas conforme seu esforço aumentava, mais admiração por ela eu tinha. Passávamos tanto tempo juntos que comecei a sentir uma queda por ela, seu jeito e sua personalidade me deixavam bobo.Como dizem " o proibido é mais interessante", no entanto, ainda continua proibido. Tive de adotar medidas contra Marina.Ser frio, viciado em trabalho e rígido eram máscaras usadas para marcar uma distância saudável e
Por Marina Allen.Eu estava em casa, era um dia chuvoso lá fora, estava com medo e podia pressentir que algo iria acontecer.Ouço batidas fortes na porta, levanto e caio. A porta se abre mesmo sem eu ter destrancado e vejo uma silhueta masculina cruzar a porta acompanhada de um clarão de um raio.— O quê é isso? — Minha visão é a pior.— Marina, não achou que iria conseguir escondê-lo pra sempre, achou? — A voz de meu chefe.Tentei me por de pé, mas ele passou por mim antes de eu firmar as pernas.— Vou levá-lo, você não poderá vê-lo nunca mais está me ouvindo.Ouvia um choro, um choro de bebê e ficava cada vez mais alto. Corri para tentar impedi-lo.No fim das contas não consegui, desejei voltar ao passado, ao dia em que descobri sobre minha gravidez.Como uma miragem branca, uma névoa tomou meu
Por Marina Allen.Lá fora a lua está brilhante no céu, meu pescoço dói de tanto encarar as paisagens da janela do carro.Não tenho vontade de olhá-lo, não quero olhar para ele. Sei também que ele me olha, minha pele arrepia com a intensidade de seu foco em mim e tento não perder minha sanidade.— John, preciso de uma parada. — Digo faltando menos de uma hora para chegarmos a cidade.— Sem problemas. — Ele responde gentil como sempre.— Obrigada.O silêncio é instalado outra vez, dez minutos à frente e paramos em um posto de gasolina.Coloco o pouco que tenho em meu estômago para fora. E quando me dou conta, ele está atrás de mim segurando meus cabelos para trás.— Senhor, esse é o banheiro feminino. — Digo correndo para pia e lavando o rosto.— Há alguma coisa que eu precise saber? — A pergunta vê
Por Aaron D'AngeloAs coisas não parecem as mesmas, minha secretária está cada vez mais estranha.Já se passaram três dias desde que voltamos da última viagem e estamos perto de outra.Estou sempre a observando do escritório, não quero me aproximar e também me recuso a me afastar.Minhas malas estão no canto da sala e conto cada segundo para irmos ao aeroporto. Sinto que outra viagem nos fará bem, e se não fizer, farei com que este muro entre mim e Marina se desfaça sem importar como.O tempo passa até rápido e ao final do turno, como de costume a chamo para trazer os restantes dos papéis menos importantes que precisam ser assinados também.— Com licença. — Ela entra e deposita as pastas sobre minha mesa.— Obrigado. — Digo e a vejo arregalar os olhos surpresa.Então me lembro, a muito tempo não digo palavras como estas a ela. Não qu
Vai por bem ou por mal?Por Marina Allen.Em casa...Da última vez não quis deixá-lo entrar, estava incômoda com a ideia dele e eu em meu micro apartamento.Dessa vez... bem, para quem dividiu a cama inúmeras vezes, tê-lo dentro de meu apartamento não era a pior coisa do mundo.No entanto, enquanto fazia as malas, percebi que ele bisbilhotava pelo pequeno espaço.— Estes são os ultrassons? — Ele perguntou com as últimas imagens do bebê nas mãos.— Sim. — Respondi seca, pegando todas as fotografias e as guardando.Às vezes me pegava o encarando, queria saber se ele brincava comigo ou se realmente não fazia ideia das coisas.No fim, simplesmente não chegava a nenhuma conclusão objetiva.Voltei minha atenção para o quê fazia, não tinha ideia de quais roupas levar e decidi pesquisar sobre o clima de
Chegada ao hotel.Por Marina Allen.O que havia sido o voo?Bom, para ser justa. Ele não abriu a boca, mas cada minuto em que ele me observava dos pés a cabeça era como se quisesse gritar comigo.Tentei dormir, tentei me sentir confortável e nada me tirava daquele incômodo clima.Quando escutei que o avião iria pousar, foi uma das melhores notícias de minha vida, mas agora a caminho do hotel onde vamos nos hospedar, tudo o que quero é fugir.Fugir... algo que tenho feito tanto.Não tenho família além do bebê que carrego, no início quis fugir dele, não estava preparada para ser mãe. Mas então pensei, quem está? Ninguém nasce pronto pra nada neste mundo.Hoje esse pequeno bebê é tudo que tenho e tudo que mais amo, mesmo antes de conhecê-lo. Queria não ter que fugir do pai dele também.Olho então para Aaron D'Angelo,
Por Marina Allen.Depois de uma madrugada conturbada, o sol finalmente invadia as janelas do quarto.Confesso que não estava no clima para me levantar, mas meu estômago roncava e a falta de coragem de repente sumiu quando pensei no café da manhã cheio de frutas tropicais que estaria a disposição no saguão do hotel.Levantei-me disposta a tomar um banho, e assim o fiz, logo em seguida procurando por minha mala — que por acaso eu nunca trouxe comigo, porque o ridículo do meu chefe não quis esperar — mas enfim, tinha de vestir algo, não é?Naquele momento, decisões de necessidade foram tomadas. Engoli a raiva que sentia por Aaron D'Angelo e liguei para seu número na lista de contato do meu celular.— Senhor? Onde está? — Assim como ele, pulei o "bom dia".— Estou correndo. — A voz entrecortada pela retomada de fôlego comprovava o que ele dizia. — Por
Por Aaron D'AngeloMarina pareceu quieta demais, exibia um olhar perdido e sempre que lhe perguntava se lhe doía ou se estava bem, ela se resumia a assentir com a cabeça para sim ou não.— Ótimo, já não parece tão vermelho. — Disse tirando a compressa de gelo de sua testa.Levantei-me e peguei a mala que estava em um canto do quarto, a coloquei sobre a cama e tirei uma blusa social azul marinho de dentro.Olhei para o que mais poderia servir para deixar Marina confortável, em minha mente retorcida, não me importaria de admirá-la pra sempre no roupão de banho, era fofa e estranhamente atraente daquele modo e grávida. Um colete de um de meus ternos três peças me pareceu uma boa para esconder o fato de ela estar sem sutiã.Voltei minha atenção a ela e lhe entreguei as peças de roupa. Ela me olhou confusa, mas já era uma evolução depois da última meia hora em modo zumbi.