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Por Marina Allen.

Nunca consegui dormir por tanto tempo, e tão bem, em toda a minha vida. No entanto, naquele dia foi diferente e acordei pela tarde abraçada meu chefe que me encarava sem expressão alguma em seu rosto.

— Descansou bem? 

Eu não conseguia acreditar na pergunta dele.

Saltei da cama, não devia estar tão próximo de meu chefe, não devia esquecer de me proteger dele.

— Sim. Obrigada. — Respondi.

Abri minha mala no canto do quarto, retirei algumas peças de roupas para tomar um banho e percebi uma sacola com peças minhas dentro.

— Eu... eu estava vestindo essas daqui ontem, agora me lembro. 

— A Sra. Moore disse que era melhor dar um banho em você para abaixar a febre, por isso não está usando as mesmas. — Ele respondeu saindo da cama.

— Pobre senhora, como ela conseguiu me dar banho sozinha.

— Não foi ela que te deu banho, fui eu... — Ele disse pouco antes de cruzar a porta do quarto e me deixar em choque.

— O quê?! 

[...]

Passei um tempo só, e quando terminei minha higiene o Sr. D'Angelo apareceu no quarto.

— Se estiver pronta, vamos. — Ele disse frio, o mesmo de antes eu diria.

E pensar que já começava a vê-lo de forma diferente.

— Sim, estou. — Disse fechando a mala sobre a cama. — Mas e a Sra. Moore? 

— Ela já assinou a venda da propriedade, então já podemos ir. 

Por isso ele já não era o cara atencioso, porque já não tínhamos que mostrar nenhuma gentileza entre nós. O quê ele queria, já havia conseguido.

Torci os lábios, como sempre fazia quando me sentia irada.

— Claro, já não tenho mais o senhor bonzinho ao meu lado... — Murmurei lamentando.

Ele agarrou a minha mala e antes que eu pudesse dizer algo, segurou-me ao redor da cintura.

— Para, não preciso disso. — Disse me afastando dele.

— Quer cair? — Ele perguntou e voltou a me apoiar pela cintura.

— Eu não sou um saco de batatas, posso andar. 

— Claro... — Ele pareceu duvidar. — Você ainda não parece nada bem, quer arriscar a saúde do bebê?

De pronto me senti mal, era como se ele tivesse razão e eu fosse a idiota da história toda.

— Você se importa? — Deixei ele no quarto e sai andando sozinha.

Percebi que não conhecia a casa, não conhecia a saída. No tempo que passei ali, foi do quarto para sala e da sala para o quarto.

— Droga... — Murmurei sentando em um banco no corredor. 

— E aí está ela. — A Sra. Moore parou frente a mim. — O quê faz aqui desacompanhada minha filha?

— Eu ...

— Ela precisava de um copo d'água, falei para esperar, mas ela saiu na frente. — Ele surgiu atrás de nós, tinha o dom para atuar.

— Ah, claro. — A senhorinha disparou mais a frente e um minuto depois voltou com o copo d'água.

— Obrigada Sra. Moore. — Ele a agradeceu. Voltou sua atenção para mim do nada e ajoelhou. — Tome isso, é para o enjôo. 

Boquiaberta aceitei o copo d'água e o comprimido. Não conseguia acreditar em tamanha atuação, ele merecia o Óscar, nenhum marido de verdade chegava aos pés dele naquele momento.

— Nosso menininho vai se comportar. — Ele disse acariciando minha barriga, o que me fez quase cuspir toda a água.

— Então é um menino? Parabéns. — A senhora pareceu feliz por nós.

Levantei-me, não queria mais um minuto estar perto do salafrário que era ele.

— Já estamos indo então, muito obrigado mesmo Sra. Moore. — Ele disse beijando a mão da idosa que sorriu para nós em despedida.

Voltou-se para mim, pegou em minha mão e praticamente saiu me arrastando para fora.

Céus, aquele homem conseguia ser terrível.

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