Por Marina Allen.
Lá fora a lua está brilhante no céu, meu pescoço dói de tanto encarar as paisagens da janela do carro.
Não tenho vontade de olhá-lo, não quero olhar para ele. Sei também que ele me olha, minha pele arrepia com a intensidade de seu foco em mim e tento não perder minha sanidade.
— John, preciso de uma parada. — Digo faltando menos de uma hora para chegarmos a cidade.
— Sem problemas. — Ele responde gentil como sempre.
— Obrigada.
O silêncio é instalado outra vez, dez minutos à frente e paramos em um posto de gasolina.
Coloco o pouco que tenho em meu estômago para fora. E quando me dou conta, ele está atrás de mim segurando meus cabelos para trás.
— Senhor, esse é o banheiro feminino. — Digo correndo para pia e lavando o rosto.
— Há alguma coisa que eu precise saber? — A pergunta vê
Por Aaron D'AngeloAs coisas não parecem as mesmas, minha secretária está cada vez mais estranha.Já se passaram três dias desde que voltamos da última viagem e estamos perto de outra.Estou sempre a observando do escritório, não quero me aproximar e também me recuso a me afastar.Minhas malas estão no canto da sala e conto cada segundo para irmos ao aeroporto. Sinto que outra viagem nos fará bem, e se não fizer, farei com que este muro entre mim e Marina se desfaça sem importar como.O tempo passa até rápido e ao final do turno, como de costume a chamo para trazer os restantes dos papéis menos importantes que precisam ser assinados também.— Com licença. — Ela entra e deposita as pastas sobre minha mesa.— Obrigado. — Digo e a vejo arregalar os olhos surpresa.Então me lembro, a muito tempo não digo palavras como estas a ela. Não qu
Vai por bem ou por mal?Por Marina Allen.Em casa...Da última vez não quis deixá-lo entrar, estava incômoda com a ideia dele e eu em meu micro apartamento.Dessa vez... bem, para quem dividiu a cama inúmeras vezes, tê-lo dentro de meu apartamento não era a pior coisa do mundo.No entanto, enquanto fazia as malas, percebi que ele bisbilhotava pelo pequeno espaço.— Estes são os ultrassons? — Ele perguntou com as últimas imagens do bebê nas mãos.— Sim. — Respondi seca, pegando todas as fotografias e as guardando.Às vezes me pegava o encarando, queria saber se ele brincava comigo ou se realmente não fazia ideia das coisas.No fim, simplesmente não chegava a nenhuma conclusão objetiva.Voltei minha atenção para o quê fazia, não tinha ideia de quais roupas levar e decidi pesquisar sobre o clima de
Chegada ao hotel.Por Marina Allen.O que havia sido o voo?Bom, para ser justa. Ele não abriu a boca, mas cada minuto em que ele me observava dos pés a cabeça era como se quisesse gritar comigo.Tentei dormir, tentei me sentir confortável e nada me tirava daquele incômodo clima.Quando escutei que o avião iria pousar, foi uma das melhores notícias de minha vida, mas agora a caminho do hotel onde vamos nos hospedar, tudo o que quero é fugir.Fugir... algo que tenho feito tanto.Não tenho família além do bebê que carrego, no início quis fugir dele, não estava preparada para ser mãe. Mas então pensei, quem está? Ninguém nasce pronto pra nada neste mundo.Hoje esse pequeno bebê é tudo que tenho e tudo que mais amo, mesmo antes de conhecê-lo. Queria não ter que fugir do pai dele também.Olho então para Aaron D'Angelo,
Por Marina Allen.Depois de uma madrugada conturbada, o sol finalmente invadia as janelas do quarto.Confesso que não estava no clima para me levantar, mas meu estômago roncava e a falta de coragem de repente sumiu quando pensei no café da manhã cheio de frutas tropicais que estaria a disposição no saguão do hotel.Levantei-me disposta a tomar um banho, e assim o fiz, logo em seguida procurando por minha mala — que por acaso eu nunca trouxe comigo, porque o ridículo do meu chefe não quis esperar — mas enfim, tinha de vestir algo, não é?Naquele momento, decisões de necessidade foram tomadas. Engoli a raiva que sentia por Aaron D'Angelo e liguei para seu número na lista de contato do meu celular.— Senhor? Onde está? — Assim como ele, pulei o "bom dia".— Estou correndo. — A voz entrecortada pela retomada de fôlego comprovava o que ele dizia. — Por
Por Aaron D'AngeloMarina pareceu quieta demais, exibia um olhar perdido e sempre que lhe perguntava se lhe doía ou se estava bem, ela se resumia a assentir com a cabeça para sim ou não.— Ótimo, já não parece tão vermelho. — Disse tirando a compressa de gelo de sua testa.Levantei-me e peguei a mala que estava em um canto do quarto, a coloquei sobre a cama e tirei uma blusa social azul marinho de dentro.Olhei para o que mais poderia servir para deixar Marina confortável, em minha mente retorcida, não me importaria de admirá-la pra sempre no roupão de banho, era fofa e estranhamente atraente daquele modo e grávida. Um colete de um de meus ternos três peças me pareceu uma boa para esconder o fato de ela estar sem sutiã.Voltei minha atenção a ela e lhe entreguei as peças de roupa. Ela me olhou confusa, mas já era uma evolução depois da última meia hora em modo zumbi.
Por Marina Allen.Percebi durante as compras um Aaron D'Angelo sorridente que não conhecia, alguém capaz de compartilhar um papo leve e divertido. Mas tanta proximidade só nos levaria a um caminho. Problemas.Enquanto Aaron se abaixou para olhar um sapatinho de bebê azul, atrás dele no corredor, vinha Nicolas Moretto, nosso maior cliente e o motivo de nossa viagem.Meu chefe se levantou e até então não tinha se dado conta. Brincou com os sapatinhos os colocando sobre a curva de meu ventre e logo me sorriu sentindo o bebê chutar.— Que garoto esperto, sabe me reconhecer. — Ele diz com uma felicidade que me derrete.Cada momento podia senti-lo se aproximando mais, isso me queimava por dentro e ao mesmo tempo me sanava. Mentir e esconder era difícil, e sentia que a cada vez estava mais perto de estourar.— Hummr... — Pigarreio e faço sinais para que ele olhe par
Por Marina Allen.No almoço...Apesar de estarmos informalmente almoçando, as ideias e os traços que o novo projeto teria estavam sendo tratados de forma profissional.Sendo assim, não só estava comendo, como também auxiliando Aaron no que diz respeito a notas do assunto.— Isso é tudo. Agora devemos deixar sua esposa comer. — Moretto disse ao notar que mal havia tocado em um grão do meu prato.Mas não era necessariamente que não havia comido, o problema era que, entre uma ideia ou outra, Aaron me dava de comer um pouco de cada prato que estava disposto na mesa.Parecia criança recebendo aviãozinho, mas eu sabia que no fundo ele só estava me dando de comer porque me havia visto vomitar o café da manhã durante as compras e estava preocupado.— Não precisa se preocupar pai, o Sr. D'Angelo já a deixou empanturrada. — Alexia que estava ao
Por Aaron D'AngeloNunca havia desfrutado de uma tarde tão tranquila como aquela, mas a noite enfim chegou e voltamos da praia para o hotel.Meu dia já estava ganho com o tasquinho que tirei de Marina, ela por outro lado passou o resto da tarde vermelha toda vez que a tocava e adivinhem — e não era pelo sol — mas enfim, foi um bom dia.Agora já estávamos em nossos quartos e de fato lamentei não ter o poder de parar o tempo, queria ser um cara tão rápido quanto o flash para perceber o quanto os momentos bons acabam rápido. — quem sabe assim, não os desperdiçaria. — ou talvez esteja delirando.É difícil saber onde se manter para não ultrapassar a loucura e não se afundar no tédio do normal.Na minha cama, encarando o teto e com a insônia que persistia, eu sabia que me afundava no tédio do "normal".— Já são duas da manhã, cara, você tem que dormir. — Dizia a mi