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Por Marina Allen. 

Iluminado pelo abajur oposto a mim, podia vê-lo mais ou menos. Desfez o nó da gravata, retirou os sapatos e as abotoaduras.

— O quê isso significa? — Questionei-o ao vê-lo levantar parte da coberta na cama.

— Estou indo dormir.

— Aqui? 

— Sim. Onde mais seria? — Ele continuou se sentando na cama e em seguida enfiando-se em baixo das cobertas.

— Mas eu estou aqui! — Disse esticando meus braços impedindo-o de se ajeitar.

— Nesta cama cabem dois. — Ele me fez encolher os braços. — Além do mais, há uma senhora lá fora que acredita em que somos marido e mulher.

— Mas senhor...

A cara furiosa de meu chefe por eu ter usado o " Senhor" de novo foi o suficiente para me calar.

— É Aaron. A partir de agora use meu nome Marina. — Ele disse e desligou o abajur.

O quarto estava um breu e possuía um silêncio aterrador. Tentei até fechar os olhos e dormir, mas nenhuma posição ficava boa. 

— O quê você tem? Dá para parar de se mexer tanto. — Ele murmurou.

— Não consigo, não estou confortável. 

— Ah, o colchão não está bom? — A pergunta me fez rir.

— É por causa da barriga, não consigo uma posição boa. — E então na última parte disse para mim mesma.— Devia ter trago minha almofada...

— Sua o quê?

— É uma almofada em forma de gente, para eu encaixar a perna e poder dormir de lado. — Expliquei.

— Porquê precisa desse negócio? Não pode simplesmente dormir com o cara?

— Que cara? 

— O pai do bebê. — Ele relutou em dizer, como se odiasse o "cara".

— Ele não vive comigo e não temos nenhum relacionamento amoroso. — Não sabia o porquê, mas seguia explicando.

— Acho que entendi. 

Ficamos em silêncio por alguns minutos e até tentei achar a posição confortável, mas parecia cada vez mais impossível, mesmo com a ajuda dos travesseiros.

— Oh, chega por favor. 

Meu chefe já devia estar irritado com meu vai e vem, mexe e remexe, até eu estava.

— Desculpa, acho que não conseguirei dormir. — Digo me sentando na cama.

O sinto se sentar também, acender o abajur e me encarar com o cabelo desarrumado.

— Está falando sério? — Ele pergunta-me e eu não consigo conter um riso, por sua aparência desarrumada.

Assenti com a cabeça e em seguida o vi jogar a coberta para os pés da cama.

— O quê está fazendo? — Perguntei.

— Vêm. — Ele disse se deitando de costas para o colchão.

— Não é o quê estou pensando, é? — balancei a cabeça incrédula.

— Vamos, deita logo e encontra a tal posição que você precisa, mas não abusa. — Dizia ele e por mais que eu estivesse com um pé atrás, fui porque me pareceu divertido o gesto.

Deitei de lado, não queria ultrapassar ainda mais os limites, mas então ele mesmo puxou minha perna para cima de sua cintura, deitou minha cabeça em seu ombro e desligou a luz do abajur.

— Está bom assim? 

Não queria dar razão a ele, mas assenti com a cabeça. 

Não é preciso dizer o quanto dormi bem.

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