Narração ~ Jhony
Meus olhos continuaram grudados na soleira da porta, mesmo depois de Amber já ter saído dali.
Eu me sentia machucado por dentro.
Um aperto no peito, uma sensação amarga, como se eu estivesse sendo deixado de lado.
Acho que o amor faz isso com a gente.
Mas eu não podia culpá-la. Amber sempre tinha sido uma pessoa maravilhosa comigo. Atenciosa, amiga para todas as horas. E nós últimos meses tínhamos nos aproximado tanto...
E então, de repente, apareceu aquele cara.
Steve.
Eu não fazia idéia de onde ele havia surgido e podia apostar que Amber também não.
Mas, fosse lá ele
Saí do banheiro enxugando meu cabelo numa toalha e passei a desembaraçá-lo tão logo entrei no quarto.Eu tinha um pequeno sorriso no rosto, e meu olhar atravessava o espelho, pois eu via mais do que o meu próprio reflexo nele.O motivo do sorriso? Uma palavra. Uma pessoa.Steve.Não nos vimos muito desde aquela noite perfeita no hotel, mas as poucas vezes em que isso aconteceu, valeu a pena.Estar com Steve era o ganho do meu dia, por mais que por causa disso eu tenha me afastado um pouco dos meus amigos. Não por culpa minha, mas por escolha deles.Assim que coloquei a escova de cabelo sobre a cama, meu telefone tocou e eu atendi animada, pois era o meu pai.- Oi, pai!- E aí, filha? Tudo bem?Sentei-me na cama, cruzando as pernas, de costas para a porta.
" O que estou fazendo é me esconder da verdade. E a verdade é que eu estou com medo, medo de me deixar ser feliz por um momento, aí o mundo inteiro desaba.E... E eu não sei se vou conseguir superar. "( The Vampires Diaries )Eu me lembro que fui tomada por um estado de inércia total por cerca de um minuto pelo menos, e tudo o que eu conseguia fazer era olhar fixamente para Jhony.O que ele tinha dito mesmo?A frase foi passando aos pedaços na minha mente, enquanto eu o olhava, sem reação." Steve ", " assalto ", " casa ", " aniversário ".- Amber? - Acho que quem me chamou foi Jeff, que até então não tinha dito nada.
O grande dia havia chegado.Minha formatura.Não que eu tivesse esperado ansiosamente por ela durante todo o ano, mas todo mundo sabe que esse é um evento importante na vida de uma estudante.E, sentada na mesa da cozinha, eu ouvia a voz do meu pai através do telefone colocado no modo viva voz, enquanto eu e minha mãe conversavámos com ele.- Isso é sério, Paulo? - Minha mãe praticamente rosnava para o telefone, como se assim pudesse atingir a pessoa que estava do outro lado da linha, que no caso era o meu pai.Ouvi o suspiro dele.- Infelizmente sim.- Mas isso é um absurdo! Como é que você vai fazer essa desfeita de não aparecer na formatura da sua filha?!??- Não é desfeita, Marisa. Estou explicando há horas. Surgiu um imprevisto, eu
" Ô menina, veja bem...Ouça uma boa músicaLeia um bom livroE bola pra frente.Pode parecer clichê, mas funciona.Vá por mim. "( Caio Fernando Abreu ) Olhei a foto que Jeff havia tirado de mim no dia do meu aniversário, e que ele me dera, e a coloquei dentro do livro que levaria comigo para ler no avião.Era uma das pouquíssimas coisas que eu iria levar que lembravam tudo o que eu tinha vivido aquele ano.Minha mala grande de roupas já estava arrumada e fechada, e agora eu terminava de organizar uma malinha média com objetos de higiene pessoal e outras miudezas.Estava sozinha no quarto e ouvia música no fone de ouvido.
-Ei, Amber!Virei-me ao som dessa voz só para ter meus olhos ofuscados pelo brilho do flash de uma câmera digital.Coloquei a mão sobre os olhos, tentando me livrar do desconforto daquela luz toda em meu rosto.- Sorria, aniversariante! - exclamou Jeff, meu amigo, tirando várias instantâneas de mim.- Pare com isso. - Reclamei, saindo da mira dele.- Vem, Amber! Vamos cortar o bolo! - Uma outra voz, que eu discerni ser a da minha prima Nina, gritou de algum canto.Minha mãe apareceu de repente, e segurou minha mão.- Vem, filha - ela disse, enquanto me guiava em meio à pequena multidão de jovens e adolescentes que se aglomeravam
" Ok, isso é um assalto. "Quando finalmente consegui pensar com clareza, eu me mexi. Apesar da ordem explícita para que eu ficasse quieta, eu me virei.A pouca iluminação da varanda me impedia de ver quem era o assaltante; apenas consegui vislumbrar um homem alto, com roupas escuras e uma touca preta na cabeça.Levei um susto quando vi que junto com ele também haviam outros dois. E já esses dois estavam com os rostos completamente tapados, com uma máscara que lhes deixava de fora apenas os olhos. Todos os três tinham uma arma na mão.E por falar nisso, a arma que eu havia sentido contra a minha nuca, agora estava apontada diretamente para mim, na minha testa. Fui soltando a respiração aos poucos, enquanto levantava as m&
O dia seguinte já era segunda feira, para o meu total desânimo.Acordei com aquela costumeira vontade de voltar a dormir, uma vez que havia tido uma péssima noite de sono. Me sentia cansada. E não era para menos. Minha festa de aniversário exigira muito de mim. Ficar cerca de sete horas andando de um lado para o outro, com um salto de 13 centímetros, me deixou com os pés moídos." Nossa, Amber, então você jamais serviria para ser modelo, pois elas vivem quase que o tempo todo de salto alto ", era o que diria Nina.Amém! Eu não queria mesmo ser modelo. Longe de mim. Estava muito bem com a minha decisão de ser médica, obrigada.Mas, voltando ao assunto, e
Entrei em casa sentindo o cheiro divino de bife sendo feito, e minha barriga roncou em alto e bom som. Diferente da hora do intervalo na escola, agora, quase uma da tarde, eu já estava com fome. E muita.- Oi, oi - cumprimentei Cida, a doméstica morena e gorducha que cozinhava para nós, três vezes por semana.Além de cozinhar, ela também arrumava a casa. Isso nos ajudava bastante, pois com a minha mãe muito ocupada com seu trabalho, assim como eu e Nina ocupadas com a escola e os cursos, não nos sobrava tanto tempo para cuidar da casa.Claro que a roupa era por nossa conta, e a organização da casa em todos os dias da semana também.Mas que era uma benção ter a Cida, isso era.- Oi, pequena! - Ela exclamou me acenando rapidamente, ocupada com as panelas.- Isso tá cheirando lá do começo da rua, Cida! - falei.- Daqui a pouco tá tudo prontinho, por que não va