Eu ouvia vozes. Vozes familiares, mas que eu não conseguia definir ainda de quem eram.
Procurei abrir os olhos e, por um momento, tudo o que enxerguei foi uma névoa que, à medida que eu ia piscando, foi se desvanecendo.
- Ela está acordando. - Ouvi alguém dizer.
Me dei conta da dor de cabeça que sentia e, ao tentar me erguer, fiquei tonta.
- Filha??
A silhueta e logo depois a figura completa da minha mãe se fez visível diante de mim e eu procurei me situar.
- Onde eu estou? - falei, e acredito que minha voz saiu débil e rouca.
- Está no hospital.
Hospital?
Oh, céus! De repente me lembrei de tudo, e acho que isso fez minha cabeça doer ainda mais. Ou voltar a doer.
Minha mãe se sentou cuidadosamente ao meu lad
Os dias acabaram correndo rapidamente sem que, no entanto, eu encontrasse um jeito de sair de casa à noite, sem a supervisão da minha mãe. Ela ficou "meio" paranóica depois daquele incidente, e não me permitia mais sair sozinha.Sempre havia uma visita importante para nós darmos atenção, uma entrega de revistas em que ela me levava junto, ou simplesmente exigia que eu ficasse com ela na sala, assistindo tevê.E assim, vários dias se passaram. Praticamente quase um mês. Os pontos na minha têmpora foram retirados e agora tudo o que restava era uma pequena cicatriz de forma irregular.Até que por fim, certa noite, o trabalho exigiu que minha mãe se doasse um pouquinho mais, e ela ligou avisando que só chegaria bem tarde.Naquele mesmo dia, Steve ligou para marcarmos o nosso jantar. Finalmente daria certo.***Eu me
" É como se você tivesse chegado e despertado minha alma. "( Despertar ~ Colleen Hoover )Eu estava no céu.Nunca poderia imaginar que uma coisa tão boa poderia ser ainda melhor.Os braços fortes de Steve me rodeavam seguramente; suas mãos acariciavam minhas costas, meus cabelos e meu rosto, enquanto ele continuava a me beijar, sem parar.Eu mantinha minhas mãos ao redor de seu pescoço quente e cheiroso, desejando intimamente que aquilo nunca acabasse.Mas acabou, quando o ar se fez necessário. Eu respirei fundo repetidamente, tentando recuperar o fôlego. Steve fez o mesmo, mantendo nossas testas coladas.
Narração ~ JhonyMeus olhos continuaram grudados na soleira da porta, mesmo depois de Amber já ter saído dali.Eu me sentia machucado por dentro.Um aperto no peito, uma sensação amarga, como se eu estivesse sendo deixado de lado.Acho que o amor faz isso com a gente.Mas eu não podia culpá-la. Amber sempre tinha sido uma pessoa maravilhosa comigo. Atenciosa, amiga para todas as horas. E nós últimos meses tínhamos nos aproximado tanto...E então, de repente, apareceu aquele cara.Steve.Eu não fazia idéia de onde ele havia surgido e podia apostar que Amber também não.Mas, fosse lá ele
Saí do banheiro enxugando meu cabelo numa toalha e passei a desembaraçá-lo tão logo entrei no quarto.Eu tinha um pequeno sorriso no rosto, e meu olhar atravessava o espelho, pois eu via mais do que o meu próprio reflexo nele.O motivo do sorriso? Uma palavra. Uma pessoa.Steve.Não nos vimos muito desde aquela noite perfeita no hotel, mas as poucas vezes em que isso aconteceu, valeu a pena.Estar com Steve era o ganho do meu dia, por mais que por causa disso eu tenha me afastado um pouco dos meus amigos. Não por culpa minha, mas por escolha deles.Assim que coloquei a escova de cabelo sobre a cama, meu telefone tocou e eu atendi animada, pois era o meu pai.- Oi, pai!- E aí, filha? Tudo bem?Sentei-me na cama, cruzando as pernas, de costas para a porta.
" O que estou fazendo é me esconder da verdade. E a verdade é que eu estou com medo, medo de me deixar ser feliz por um momento, aí o mundo inteiro desaba.E... E eu não sei se vou conseguir superar. "( The Vampires Diaries )Eu me lembro que fui tomada por um estado de inércia total por cerca de um minuto pelo menos, e tudo o que eu conseguia fazer era olhar fixamente para Jhony.O que ele tinha dito mesmo?A frase foi passando aos pedaços na minha mente, enquanto eu o olhava, sem reação." Steve ", " assalto ", " casa ", " aniversário ".- Amber? - Acho que quem me chamou foi Jeff, que até então não tinha dito nada.
O grande dia havia chegado.Minha formatura.Não que eu tivesse esperado ansiosamente por ela durante todo o ano, mas todo mundo sabe que esse é um evento importante na vida de uma estudante.E, sentada na mesa da cozinha, eu ouvia a voz do meu pai através do telefone colocado no modo viva voz, enquanto eu e minha mãe conversavámos com ele.- Isso é sério, Paulo? - Minha mãe praticamente rosnava para o telefone, como se assim pudesse atingir a pessoa que estava do outro lado da linha, que no caso era o meu pai.Ouvi o suspiro dele.- Infelizmente sim.- Mas isso é um absurdo! Como é que você vai fazer essa desfeita de não aparecer na formatura da sua filha?!??- Não é desfeita, Marisa. Estou explicando há horas. Surgiu um imprevisto, eu
" Ô menina, veja bem...Ouça uma boa músicaLeia um bom livroE bola pra frente.Pode parecer clichê, mas funciona.Vá por mim. "( Caio Fernando Abreu ) Olhei a foto que Jeff havia tirado de mim no dia do meu aniversário, e que ele me dera, e a coloquei dentro do livro que levaria comigo para ler no avião.Era uma das pouquíssimas coisas que eu iria levar que lembravam tudo o que eu tinha vivido aquele ano.Minha mala grande de roupas já estava arrumada e fechada, e agora eu terminava de organizar uma malinha média com objetos de higiene pessoal e outras miudezas.Estava sozinha no quarto e ouvia música no fone de ouvido.
-Ei, Amber!Virei-me ao som dessa voz só para ter meus olhos ofuscados pelo brilho do flash de uma câmera digital.Coloquei a mão sobre os olhos, tentando me livrar do desconforto daquela luz toda em meu rosto.- Sorria, aniversariante! - exclamou Jeff, meu amigo, tirando várias instantâneas de mim.- Pare com isso. - Reclamei, saindo da mira dele.- Vem, Amber! Vamos cortar o bolo! - Uma outra voz, que eu discerni ser a da minha prima Nina, gritou de algum canto.Minha mãe apareceu de repente, e segurou minha mão.- Vem, filha - ela disse, enquanto me guiava em meio à pequena multidão de jovens e adolescentes que se aglomeravam