Ethan CarlucciO prédio do don era uma fortaleza de poder e opacidade, um lugar onde cada gesto e palavra eram pesados e calculados. Após minha conversa com o don, uma sensação de desconforto se instalou em mim. O olhar sedento por informações sobre Valentina, quase possessivo, me deixava inquieto. Eu sabia que precisava confrontar a situação de frente.Sair do prédio foi um alívio, mas as dúvidas persistiam em minha mente. A obsessão do don por Valentina não era apenas uma curiosidade, mas algo mais profundo e perturbador. O fato de que o consigliere nunca parecia estar no centro dessa questão me fazia questionar se havia algo mais escondido.Enquanto dirigia de volta ao hospital, uma determinação crescente tomava conta de mim. Eu precisava confrontar Desiré. O comportamento dela estava cada vez mais enigmático, e a minha necessidade de entender a verdade me impulsionava a agir.Cheguei ao hospital com uma sensação de urgência. O ambiente do hospital era um contraste gritante com o m
Valentina RavenscroftApesar de toda tristeza avassaladora que parecia consumir cada fibra do meu ser, o sol brilhava com uma intensidade impiedosa no céu, criando um contraste cruel com meu estado emocional. Era manhã, mas o sol já havia dominado o firmamento, lançando uma explosão de cores vibrantes e raios escaldantes sobre o mundo ao meu redor. O calor era palpável, envolvendo as pessoas nas ruas em uma nuvem de desconforto. Algumas se abanavam e reclamavam do calor abrasador, enquanto o suor escorria por seus rostos. Para mim, no entanto, o calor parecia uma ilusão distante; eu sentia um frio penetrante que não vinha do clima, mas da dor profunda e inescapável que se enraizara em meu peito.Ao me aproximar do portão do cemitério, percebi o peso dos olhares que se voltavam para mim. As expressões curiosas e furtivas, observadas através das lentes escuras dos óculos de sol, adicionavam uma camada de desconforto à minha imensa angústia.Com apenas quinze anos, eu carregava o fardo e
Ethan CarlucciNa penumbra do grande salão, onde o brilho das chandeliers criava um contraste quase surreal com a atmosfera densa e carregada, o murmúrio dos conselheiros reverberava, tingido de uma expectativa tensa. A notícia da morte de Robert Ravenscroft e de sua esposa havia chegado como um trovão inesperado, espalhando-se pelos meios de comunicação e gerando um vácuo de poder que agora dominava as discussões na sala.Eu observava a cena com um misto de frustração e cansaço. Sabíamos que o momento chegaria eventualmente, mas a realidade da perda ainda trouxe uma onda de inquietação. Robert e Valise haviam falecido em um acidente aéreo, e agora, a questão da fortuna dos Ravenscroft estava sendo debatida com a meticulosidade de um problema financeiro complexo.Os conselheiros, figuras proeminentes no mundo dos negócios e da política, estavam reunidos ao redor de uma mesa de mogno polido, cujas superfícies refletiam o brilho das luzes do salão. Seus rostos estavam marcados pela preo
Valentina Ravenscroft Na manhã quente e opressiva, os meus pensamentos estavam tão abafados quanto o calor que se infiltrava pela fachada austera da mansão dos Ravenscroft. A cerimônia que se aproximava não era algo que eu aguardasse com ansiedade; era mais uma formalidade, um cumprimento de um contrato silencioso que havia sido traçado por nossos pais. Cada passo que eu dava pela passarela era um lembrete da resignação que havia se instalado em mim, um eco do que deveria ser um dia de celebração, mas que, para mim, era apenas uma transição inevitável.Quando a porta se abriu e eu entrei no salão, o silêncio dos convidados era um manto pesado sobre a cerimônia. Senti a frieza da formalidade em cada olhar que me atravessava, e o sorriso que eu forçava era apenas um reflexo da obrigação, não da verdadeira emoção. O altar decorado com drapeados de ouro e prata parecia tão distante quanto o entusiasmo que eu havia esperado encontrar.Ethan, o meu recém-marido, estava lá na frente, uma fi
Ethan CarlucciEu me casei com Valentina Ravenscroft, uma jovem herdeira de milhões. Olhando para ela, seus olhos castanhos amendoados e sua fragilidade me pareciam tão inocentes, como se ela não tivesse ideia do que significava estar ligada à máfia, ou que seu pai havia sido um de nós. Sua característica meiga e sua aparente falta de compreensão sobre a realidade em que estava inserida me deixavam claro que todo o esforço de Robert havia sido em vão. Agora, Valentina estava em nossas mãos, junto com toda a fortuna dos Ravenscroft.A festa de casamento, embora formal e cheia de tradições, estava começando a esfriar. Os convidados se dispersavam, deixando para trás o brilho artificial das decorações e o eco distante de conversas desinteressadas. A atmosfera estava impregnada de uma expectativa fria, como se todos esperassem que algo mais, algo crucial, ainda estivesse por vir.Henry, o advogado da família Ravenscroft, havia começado a falar demais. Com uma voz alta e uma atitude desaje
Valentina Ravenscroft:Apesar do fervor e da crença que eu carregava no amor, eu me vi, a contragosto, vestida para um casamento com Ethan Carlluci. Eu sempre fui uma romântica incurável, apaixonada por histórias de amor, por finais felizes que me faziam acreditar que, em algum momento, a vida real se transformaria em um conto de fadas. Meu coração ansiava pela chegada do verdadeiro amor, adornado por aventuras e desventuras que culminariam em um desfecho grandioso e feliz. Contudo, ao aceitar casar-me com Ethan Carlluci, tudo que eu havia sonhado se desfez em uma realidade opressiva de obrigações e expectativas.Ao entrar no salão, envolta em um vestido de noiva que parecia pesar mais do que o próprio destino, percebi que meus sonhos estavam sendo enterrados sob camadas de formalidade e dever. A família Carlluci, com sua aura enigmática e frequentemente envolta em boatos de atividades obscuras, não era o cenário de romance que eu havia imaginado. Meu pai, em sua sabedoria e em seus s
Valentina RavenscroftO som abafado de vozes e o murmúrio de conversa interromperam meus pensamentos confusos. Com o coração acelerado, me aproximei cautelosamente das sombras que pareciam vir do fundo da adega.As prateleiras de vinho e as sombras de garrafas antigas bloqueavam a visão, mas, à medida que me aproximava, os sons se tornaram mais distintos. Eu vi um grupo de homens em meio à penumbra, e minha respiração estancou quando percebi a cena diante de mim. Ethan estava ali, acompanhado por dois homens robustos e severos, e o que me chocou ainda mais foi o homem pendurado no meio da adega, com cordas amarradas em seus pulsos e tornozelos, seu corpo se balançando levemente. Seu rosto estava coberto de hematomas, e o medo estampado em seus olhos era visível mesmo na fraca iluminação.Ethan estava de pé, com uma expressão dura e impassível. Ele não parecia o mesmo homem que eu conhecera na cerimônia. Seus olhos verdes, normalmente reservados e distantes, estavam agora fixos com uma
Ethan CarlucciNão havia mais possibilidade de vazar qualquer informação a respeito do testamento; toda a mudança morria com Henry naquela adega. Com sua morte, o assunto estava resolvido para mim e para Elliot. Não havia mais espaço para qualquer vazamento de informação, e o silêncio da adega agora carregava o peso das consequências inevitáveis.Enquanto os nossos homens se ocupavam de remover o corpo de Henry, a cena estava prestes a se tornar um triste, porém necessário, lembrete de como tratávamos qualquer forma de deslealdade. Eu me mantinha à margem, observando o cenário com uma frieza calculada. O ambiente carregava a marca do nosso trabalho, e o silêncio que se seguia ao tumulto revelava a nossa eficácia.Elliot, já visivelmente embriagado, aproximou-se de mim com uma garrafa de uísque. Ele virou a garrafa para a boca e, ao me tocar no ombro, tentou brincar com a situação.— A minha parte já foi feita, Ethan. Qual história você vai contar hoje? Chapeuzinho ou...Elliot começou