Valentina Ravenscroft:
Apesar do fervor e da crença que eu carregava no amor, eu me vi, a contragosto, vestida para um casamento com Ethan Carlluci. Eu sempre fui uma romântica incurável, apaixonada por histórias de amor, por finais felizes que me faziam acreditar que, em algum momento, a vida real se transformaria em um conto de fadas. Meu coração ansiava pela chegada do verdadeiro amor, adornado por aventuras e desventuras que culminariam em um desfecho grandioso e feliz. Contudo, ao aceitar casar-me com Ethan Carlluci, tudo que eu havia sonhado se desfez em uma realidade opressiva de obrigações e expectativas.
Ao entrar no salão, envolta em um vestido de noiva que parecia pesar mais do que o próprio destino, percebi que meus sonhos estavam sendo enterrados sob camadas de formalidade e dever. A família Carlluci, com sua aura enigmática e frequentemente envolta em boatos de atividades obscuras, não era o cenário de romance que eu havia imaginado. Meu pai, em sua sabedoria e em seus segredos, havia me unido a eles por razões que pareciam além da minha compreensão.
Os sussurros sobre os Carlluci serem mafiosos nunca haviam sido confirmados, mas o comportamento do meu pai ao evitar qualquer interação com eles, recusando-se a recebê-los em nossa casa e sempre encontrando desculpas para escapar de seus compromissos, me fazia questionar as verdadeiras intenções por trás desse casamento. A razão pela qual eu, a última sobrevivente da minha família, fui arrastada para esse destino obscuro estava oculta sob camadas de segredos e obrigações.
Enquanto a cerimônia avançava e eu observava Ethan, um homem que era mais um estranho do que um parceiro, o peso da realidade se estabelecia em meu peito. Meus sonhos de uma vida repleta de amor e aventura se afogavam lentamente na frieza e na formalidade do que se desdobrava diante de mim.
Eu me perguntava como meu pai poderia ter me levado a um caminho tão distante do que eu sempre esperara e desejara. O império que agora eu deveria governar parecia um fardo cruel, e a promessa de um futuro construído com base em dever e lealdade me fazia questionar se havia algum resquício de liberdade ou amor verdadeiro esperando por mim no horizonte.
Nesse momento, enquanto me ajustava ao novo papel que me fora imposto, eu sabia que precisava encontrar uma maneira de lidar com essa nova realidade. Meus sonhos de conto de fadas haviam sido substituídos por uma vida de obrigações e expectativas, e, apesar da dor e da confusão, eu precisava enfrentar o futuro com a dignidade e a força que a situação exigia.
Enquanto o sol se punha e a luz do dia se desvanecia, eu me preparava para a primeira noite de casados com um misto de nervosismo e esperança. No quarto luxuosamente decorado, com um enorme leito de dossel coberto por lençóis de seda e almofadas de veludo, tentava me convencer de que essa noite poderia marcar o início de algo que, apesar de tudo, poderia se revelar positivo. Vestida com um elegante robe de seda e com o cabelo cuidadosamente arrumado, eu verificava o espelho pela última vez, ajustando os detalhes com precisão. Meus olhos, que ainda brilhavam com a esperança de um desfecho romântico, estavam agora carregados de uma ansiedade crescente. A expectativa de que Ethan aparecesse e que, mesmo com o fardo que o casamento representava, houvesse algum tipo de conexão ou compreensão, me mantinha em suspense.
Cada minuto que passava parecia se arrastar com uma lentidão cruel. O som das batidas do meu coração era quase ensurdecedor na quietude do quarto. A cada novo ruído do corredor, eu me voltava na esperança de que Ethan estivesse prestes a entrar. O relógio, impiedoso, parecia marcar o tempo com um atraso calculado, e a expectativa transformava-se em uma sensação de desamparo cada vez mais aguda. Ethan não havia mencionado nada sobre o que se passaria após a cerimônia, mas eu esperava que a noite oferecesse algum tipo de aproximação, algum sinal de que havia uma possibilidade de criar algo positivo a partir daquela união forçada.
À medida que a noite avançava e as horas se arrastavam, comecei a perceber que Ethan não viria. O silêncio do quarto parecia um eco cruel dos meus próprios pensamentos e desejos não correspondidos. O peso da situação se estabelecia sobre meus ombros, e a sensação de abandono se fazia presente de forma intensa e dolorosa. Me perguntei se Ethan sequer havia pensado na noite que deveríamos compartilhar, ou se sua ausência era um reflexo da frieza que dominava nossa relação.
O vestígio de esperança que restava em mim começava a se desvanecer, substituído por uma sensação de derrota e tristeza. Deitei-me na cama, o vestido de noiva agora um lembrete da cerimônia que não se transformara em uma noite de celebração ou de intimidade.
O quarto, que deveria ser um espaço de novas memórias, sentia-se vazio e frio. Fechei os olhos, tentando me reconfortar com a ideia de que, talvez, o futuro pudesse trazer algo diferente, algo melhor. Mas, naquele momento, o único sentimento que eu conhecia era a cruel realidade de um casamento que parecia ser apenas uma formalidade.
eu estava inquieta e desolada. A sensação de frustração e tristeza era tão pesada que eu sabia que não podia permanecer mais tempo no quarto frio e silencioso. Envolta no meu robe de seda, que parecia mais um manto de desespero do que uma peça de vestuário elegante, deixei o quarto e comecei a explorar a mansão dos Carlucci, agora minha nova casa.
A mansão, com sua grandiosidade opulenta, parecia ainda mais imponente à medida que eu caminhava pelos corredores solenes. O piso de mármore brilhava sob a luz suave dos candelabros, e as paredes, adornadas com tapeçarias e obras de arte, refletiam o prestígio e o poder da família Carlucci. No entanto, para mim, cada passo pelo corredor era uma caminhada pelo labirinto de minhas próprias incertezas e desilusões.
Minha primeira tentativa foi no salão de festas, onde o eco dos eventos anteriores ainda parecia ressoar. Mas o espaço estava vazio, exceto por algumas garrafas de champanhe e taças deixadas para trás. Continuei minha busca pelos corredores adjacentes, o coração batendo mais rápido com a ansiedade de não encontrar Ethan. Cada sala que eu entrava parecia um espelho da opulência e da frieza que agora definiam minha vida.
A biblioteca, com suas estantes cheias de livros raros e uma grande lareira, parecia um refúgio tranquilo. No entanto, Ethan não estava lá. Abri uma das portas laterais, esperando encontrar alguma pista sobre onde ele poderia estar. Encontrei apenas o silêncio profundo e o cheiro de madeira polida.
Enquanto eu me movia pela mansão, os pensamentos sobre a ausência de Ethan começaram a pesar mais em minha mente. Por que ele não estava lá para compartilhar esta noite comigo? Era uma escolha deliberada ou apenas um reflexo da frieza e da distância que ele já havia demonstrado? O desamparo se tornava mais palpável a cada minuto que passava.
Finalmente, cheguei à adega, um local ainda desconhecido para mim. A porta estava entreaberta e uma leve fragrância de vinho envelhecido emanava do interior. Com a esperança de que Ethan poderia estar ali, talvez escondido entre as garrafas e as sombras, empurrei a porta e entrei.
A adega estava escura e silenciosa, com fileiras e mais fileiras de garrafas de vinho dispostas de maneira meticulosa. O ambiente era um contraste gritante com o meu estado de espírito. Enquanto caminhava entre as prateleiras, o som dos meus passos ecoava nas paredes de pedra. A ausência de Ethan era palpável, e eu me sentia cada vez mais como uma intrusa em um mundo que não era realmente meu, gemidos dolorosos me atraiam, misturadas a vozes baixas, a medida que fui andando.
Desci para uma área mais baixa, onde as prateleiras estavam repletas de garrafas mais antigas e valiosas, as vozes foram ficando mais altas, os gemidos também.
Valentina RavenscroftO som abafado de vozes e o murmúrio de conversa interromperam meus pensamentos confusos. Com o coração acelerado, me aproximei cautelosamente das sombras que pareciam vir do fundo da adega.As prateleiras de vinho e as sombras de garrafas antigas bloqueavam a visão, mas, à medida que me aproximava, os sons se tornaram mais distintos. Eu vi um grupo de homens em meio à penumbra, e minha respiração estancou quando percebi a cena diante de mim. Ethan estava ali, acompanhado por dois homens robustos e severos, e o que me chocou ainda mais foi o homem pendurado no meio da adega, com cordas amarradas em seus pulsos e tornozelos, seu corpo se balançando levemente. Seu rosto estava coberto de hematomas, e o medo estampado em seus olhos era visível mesmo na fraca iluminação.Ethan estava de pé, com uma expressão dura e impassível. Ele não parecia o mesmo homem que eu conhecera na cerimônia. Seus olhos verdes, normalmente reservados e distantes, estavam agora fixos com uma
Ethan CarlucciNão havia mais possibilidade de vazar qualquer informação a respeito do testamento; toda a mudança morria com Henry naquela adega. Com sua morte, o assunto estava resolvido para mim e para Elliot. Não havia mais espaço para qualquer vazamento de informação, e o silêncio da adega agora carregava o peso das consequências inevitáveis.Enquanto os nossos homens se ocupavam de remover o corpo de Henry, a cena estava prestes a se tornar um triste, porém necessário, lembrete de como tratávamos qualquer forma de deslealdade. Eu me mantinha à margem, observando o cenário com uma frieza calculada. O ambiente carregava a marca do nosso trabalho, e o silêncio que se seguia ao tumulto revelava a nossa eficácia.Elliot, já visivelmente embriagado, aproximou-se de mim com uma garrafa de uísque. Ele virou a garrafa para a boca e, ao me tocar no ombro, tentou brincar com a situação.— A minha parte já foi feita, Ethan. Qual história você vai contar hoje? Chapeuzinho ou...Elliot começou
Valentina RavenscroftAs ruas de Nova Iorque eram um labirinto de sombras e luzes frenéticas, um contraste cruel com a sensação de solidão e desespero que eu carregava. Eu havia fugido sem destino, meus passos levando-me por um caminho incerto, onde cada esquina parecia uma nova encruzilhada na minha jornada sem fim. A ideia de não ter ninguém em quem confiar, de ter visto a única pessoa em quem eu confiava ser brutalmente espancada, pesava sobre mim como um manto de tristeza e medo.Minha mente estava um turbilhão de perguntas e incertezas. Por que Ethan, o homem com quem eu deveria construir um futuro, havia se revelado tão cruel? O que eu havia feito para merecer tal destino? O que eu deveria fazer agora, sem família, sem amigos, e sem uma ideia clara de como escapar do pesadelo que minha vida se tornara?Fugir pelos dias seguintes foi um ato de pura sobrevivência. Meus passos eram guiados pela necessidade de escapar daquelas memórias cruéis e pela esperança de encontrar um refúgio
Valentina RavenscroftEnquanto a noite avançava e a escuridão envolvia a pequena área simples de Nova Iorque, eu, Valentina, encontrava abrigo no quintal da casa da senhora Matruska Sollis. Sentada entre as sombras, observando a casa que agora representava a minha única esperança de refúgio, não pude deixar de sentir um misto de alívio e ansiedade. Eu havia sido acolhida por uma mulher que, apesar de sua idade avançada e da solidão que a cercava, ofereceu-me um lugar para me esconder e, de certa forma, começar a reconstruir minha vida.Matruska Sollis, uma senhora de sessenta e dois anos, havia vivido sozinha desde a morte de seu esposo. A tristeza e a perda pareciam ter sido suas companheiras constantes, mas sua gentileza e a acolhida que me ofereceu foram um sinal de esperança em meio ao meu desespero. Suas netas, Eva e outra que raramente mencionava, moravam em um país distante, e a ausência de sua família imediata apenas acentuava o isolamento de Matruska. No entanto, a sua casa e
Ethan CarlluciApós meses de buscas infrutíferas, parecia que não havia mais lugares a serem explorados na tentativa de encontrar Valentina. Havíamos consultado todos os conhecidos, amigos de escola e pessoas com ligações com seus pais. A evidência de que ela recebeu ajuda externa após sair da mansão se tornava cada vez mais clara. Mas quem teria a ousadia e a capacidade de desafiar a influência dos Carlucci?A complexidade da situação era palpável. Valentina, com apenas quinze anos na época do desaparecimento, não havia desaparecido sem deixar rastros se ela tivesse alguém por trás dela. Havia algo que estávamos perdendo, uma peça crucial no quebra-cabeça. A suposição de que ela poderia ter um namorado ou alguém próximo que a ajudou a escapar parecia cada vez mais provável. Nenhuma garota fugiria com tanta eficácia sem a ajuda de alguém com recursos e motivação.O tempo passou, e com a perda de esperança sobre encontrar Valentina, comecei a considerar a possibilidade de declará-la of
Valentina RavenscroftHavia uma sensação de desolação e desespero em nosso novo lar, a mansão Muller em Caerleon. O ambiente que antes parecia promissor quanto ao encontro de Isabela, estava se transformando em um palco de conflitos e descontentamentos. A transição de Nova Iorque para cá não havia sido suave; a chantagem de Ezra havia nos forçado a abandonar nossa vida anterior para sua irmã cumprir o seu papel em acordo nupcial, que ela havia feito.Eu, Eva e Isabela estávamos lutando para nos ajustar à nova situação, a sensação de urgência a tensão era palpável. Ezra, com sua presença ameaçadora e seus métodos frios, havia deixado claro que suas ameaças não eram vazias. A forma como ela tratava Isabela,empurrões, puxões, e até mesmo tapas, com uma frieza desconcertante, fazia meu estômago se revirar. Ver a maneira como se dirigia a ela, quase como se sua condição fosse um ponto de vulnerabilidade a ser explorado, era um constante lembrete do quão frágil nossa situação era.Na mans
Ethan CarlucciO escritório da mansão Carlluci era um retrato de poder e controle. As paredes, adornadas com obras de arte refinadas e pesadas cortinas de veludo, ofereciam um contraste dramático com a austera mesa de mogno onde eu estava sentado. O espaço refletia a magnitude e a riqueza da família, com cada móvel e objeto cuidadosamente selecionado para exalar uma sensação de autoridade e domínio.Eu estava imerso em papéis, revisando documentos e traçando planos para os próximos passos das operações da máfia. O ambiente era silencioso, com apenas o som ocasional do riscar da caneta e o suave zumbido dos ventiladores ao fundo, tentando aliviar o calor que permeava o ar. Meu foco estava nas estratégias e nas decisões que moldariam o futuro dos negócios da família, quando o som da porta se abrindo interrompeu o meu pensamento.A governanta entrou com uma expressão que misturava surpresa e desdém. Seus passos eram calculados, e a forma como ela se posicionou à entrada do escritório mos
Valentina RavenscroftEu estava paralisada no corredor, a sensação de que uma tempestade se aproximava era quase palpável. O medo e a ansiedade se entrelaçavam, e o peso das minhas ações parecia ter ganhado vida própria. Havia sido tão difícil enfrentar Ethan e declarar meu retorno, e agora, ao sair daquele escritório, parecia que o medo estava me consumindo por completo. A mansão Carlluci era um labirinto de corredores silenciosos e frios, com o eco dos meus próprios passos ressoando de forma inquietante.A sensação de ser observada aumentou quando vi a Senhora Carlucci surgir de uma esquina. Seus olhos, frios e distantes, me fixaram com uma intensidade que era quase palpável. A expressão em seu rosto não escondia o rancor e a desaprovação. Eu podia sentir a tensão no ar, como se cada movimento dela estivesse carregado de um desprezo calculado.A Senhora Carlucci se aproximando me diz com um tom de comando — As suas roupas e coisas continuam no mesmo quarto, Valentina. Faça o favor d