O destino tem um jogo irônico.

Natasha Castro

Meu celular despertando faz a minha cabeça doer levemente, droga porque eu fui sair ontem? Abri meus olhos e estou na minha cama, não lembro de ter chegado aqui e nem bebi tanto assim! Estou toda amassada e ainda usando as roupas de ontem, ri ao imaginar a situação da Ana Paula que estava caindo de bêbada.

Desliguei o despertador e me levantei para tomar um banho, não dá para aparecer no trabalho assim, peguei meu paletó feminino azul bebe e uma camiseta gola média preta. E o restante do conjunto seguido por um banho relaxante com a água morna… Depois da minha higiene e de me preparar com o cabelo secado por um secador, o prendi em um rabo de cavalo no tipo da minha cabeça, peguei meus óculos e o coloquei na minha bolsa e saí do meu quarto me deparando com uma Ana Paula quase se arrastando pelo chão.

— Diga que eu fui atropelada por um carro, e que hoje estou indisponível para o trabalho!! — Minha amiga estava jogada no sofá, com a bunda no encosto e a cabeça caindo no chão. — Quem inventou o despertador no celular! Eu estava tendo um sonho tão erótico com o gostosão da boate!

— Bom dia para você também amiga! — Coloquei minha bolsa sobre o sofá e a ajudei a se levantar — Eu poderia dizer o que você quiser, mas hoje teremos uma reunião importante e a sua presença é indispensável!

— Você é a diretora, sou apenas a vice. Minha presença é…

— Indispensável! — Sorri e ela revirou os olhos.

Ana Paula deu de ombros e foi com a minha ajuda para o banheiro do seu quarto reclamando muito. Liguei a temperatura do chuveiro em uma água mais fria, e sai para que ela pudesse tomar seu banho, separei um analgésico para ela e já tomei um também… Ela saiu mais desperta e se produziu com um palito feminino preto e uma camiseta branca, deixando seus cabelos secos soltos e tomando o remédio em seguida. No trabalho usamos uma maquiagem básica, porque a política da empresa é usar terno masculino homem e feminino mulher.

— Hoje poderia ser sábado! — Ana colocou a sua cabeça no encosto do banco do carro, enquanto suspira profundamente.

— Eu disse para você não beber tanto! E não ficar recebendo bebida dos outros! — falei enquanto dirijo em direção a empresa.

— Que mulher eu seria se não saísse para um rolê e não aceitasse bebidas dos cavalheiros…

— Que provavelmente fazem isso querendo te levar para a cama em seguida! — Olhei rapidamente para ela, para ver um sorriso e um jogar de beijinho.

— Tenho você para me impedir de chegar a esse ponto! — ela riu — Minha melhor amiga.

— Você sabe Ana! Que nada nessa vida supera o amor, os encontros, a paixão, o desejo de estar sempre com aquela pessoa, de ser sempre ela! — Sorri dirigindo, mas um rosto veio na minha mente e eu me senti enojada e balancei levemente para afastá-lo da minha memória.

— Eu sei Nat. Também sonho em ter alguém assim, só que com mais emoção, claro. — ela me deu um leve cutucão, enquanto entramos no estacionamento da empresa — Agora me conte mais sobre o bonitão que tentou dar em cima de você ontem. Nat você ficou tão furiosa que eu fiquei divertida! Imagina se em algum universo vocês acabam juntos.

— Deus me livre! — sai do carro rapidamente e a Ana veio logo atrás — Eu quero é distância de homens como aquele, pretendo não vê-lo nunca mais. — Ouvimos o alarme do carro sendo acionado e eu olhei para ela dando a volta no automóvel — E para isso acontecer eu deixo de frequentar aquela boate.

Ela riu divertida, sabemos que não tem como nos encontrarmos novamente, mesmo que ela tenha ficado encantada com o cara que chegou perto dele depois. Eu não sei nada sobre ele e ele não sabe nada sobre mim e que o universo nos mantenha afastados do jeito que está, ele é muito convencido. Agrr.

Subimos com o elevador do estacionamento direito para o último andar, onde as reuniões costumam ser feitas. No penúltimo as portas se abriram e a Ana Paula que estava ao meu lado, agarrou no meu braço com um aperto significativo. Um homem muito bonito entrou com um sorriso cativante, seu terno estava impecável e dava para ver que ele frequentava bem a academia, seus olhos escuros como a noite, nos olhou e parou na minha melhor amiga que parecia hipnotizada por ele.

— Bom dia meninas!

— Bom dia! — Ana respondeu e eu apenas acenei levemente com a cabeça.

Enquanto ele entrou e se virou para a frente eu vi, vi um sorriso diferente em seus lábios, o que me fez semicerrar meus olhos…

— É ele! — Ana sussurrou no meu ouvido, que eu quase não ouvi

— Quem? — apenas movi meus lábios, para ela que entendeu perfeitamente

— O bonitão que estava com o seu assediador! — ela tentou sussurrar, mas a sua empolgação fez ele ouvir, eu tenho certeza, porque ele moveu um pouco a cabeça para o nosso lado.

— Não viaja Ana! — cutuquei ela, franzindo minhas sobrancelhas, enquanto sussurro

Ela se endireitou, mas não parava de sorrir. Oxe o que deu nela? Ana suspirou ao ouvir o ding do elevador e as portas se abriram

— Por favor, senhoritas! — o homem estendeu a mão para que pudéssemos sair primeiro do que ele.

— Obrigada! — Ana passou devagar e sorrindo olhando para ele, que retribuiu.

Já eu aproveitei essa oportunidade para passar por eles e esperar ela do lado de fora, foi quase uma eternidade para ela sair, quando finalmente ela saiu a porta do elevador ia se fechar e ele colocou a mão saindo também. Segurei no braço da minha amiga e caminhamos na frente dele em direção a sala de reuniões. Já havia várias pessoas chegando e isso me deixou um pouco menos desconfortável.

A sala é ampla com uma mesa enorme de vidro no centro, contendo vinte ou mais cadeiras, sentamos próximo a cadeira do ceo, ele pede pois somos diretoras financeiras, para ele fica mais fácil se comunicar com nós duas. Mas aí o cara que a minha melhor amiga ficou fascinada sentou na nossa frente do outro lado e não parava de olhar para ela, nem era para mim e eu estava desconfortável, deve ser porque eu não curto esse tipo de coisa, já ela com um sorrisinho estampado em seu rosto estava adorando.

Todos já estávamos sentados aguardando o ceo, com um silêncio ensurdecedor, eu percebi a Ana trocando sinais discretamente com o rapaz. Eu quase ri, mas me segurei. Quando percebi o ceo entrando ao lado da sua jovem secretária.

— Obrigado pela presença de todos, senhoras e senhores! Hoje esta reunião é muito importante para mim. — ele já é um senhor grisalho, mas que ainda aparenta ter muitos anos pela frente, ele se sentou na cadeira mais alta e uma ao seu lado ficou vaga — Como todos já sabem, eu estava pretendendo me aposentar, mas — ele sorri nos observando — Meu filho tem um certo amor pelo exterior e me deu um pouco de trabalho para trazê-lo para assumir o meu lugar.

Algumas pessoas riem, já eu senti um aperto no peito, nosso ceo é muito gentil e educado, ele fará falta, ele é muito fácil de lidar e comanda a empresa muito bem…

— Por fim em consegui, e apartir de hoje ele estará assumindo o meu lugar e espero que tanto ele quanto todos vocês se entendam — ele dá uma pausa emocionado — Espero que vocês não façam uma festa por eu ser um chefe carrasco — todos rimos, porque sabemos que não é verdade — Mas espero que saibam que sempre estarei por perto, apenas preciso descansar dos longos anos de trabalho e tirar algumas férias. E por fim meu filho está atrasado! — ele olhou no relógio e a Ana me cutucou de leve.

— Ele deve estar muito ocupado! Vindo do exterior. — ela sussurrou, assim que me aproximei discretamente.

— Ou um irresponsável, cheg…

Minhas palavras ficaram presas na minha garganta quando eu o vi entrando, não! Não pode ser. O mesmo convencido da boate.

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