Natasha Castro Nunca havia dormido tão bem em dias. Ao abrir os olhos eu soube o motivo: Diego estava ao meu lado, seu rosto calmo e sereno me fez sorrir. Provavelmente ele ainda dormia em sono profundo. Não gosto de falar sobre meus pesadelos, mas na noite anterior, foi como se uma presença malévola estivesse no quarto, me sufocando, me aprisionando em um pesadelo que transcendeu o sono. A sensação de dedos gelados na minha pele me acordou em sobressalto, várias vezes. Ainda sentia o toque fantasmagórico em minha pele, uma lembrança que me deixava tensa. Isso está acabando comigo; essas noites terríveis, mal dormidas, pesadelos constantes estão deixando meu sono cada vez mais escasso. Acredito que a pressão da meia conversa que tive com Diego ontem, com tantas perguntas em aberto, tenha contribuído para o pesadelo. Não sabia onde ele estava nem quando voltaria. Ana tentou me acalmar, dizendo que eles estavam resolvendo um assunto importante, mas ela não sabia o que era. As
Natasha Castro.— Diego, aconteceu alguma coisa? — fechei a porta já sentindo minhas mãos ficarem trêmulas. Parece que viramos ao mesmo tempo, seu olhar veio sobre mim e um brilho de felicidade pareceu irradiar deles. Ele segurou o documento mais firme e parecia pensar nas melhores palavras por alguns segundos, foram os mais lentos da minha vida. Meu coração estava parecendo uma batedeira desgovernada. — Eu não sei uma melhor forma para lhe contar isso, querida! — Ele olhou para os papéis e em seguida para mim. — Que tal do início? — juntei minhas mãos na frente do meu corpo — Fala logo, por favor. Já estou ansiosa. — Mordi meu lábio inferior. Não saberia nem o que ele tem para me dizer, nada passa pela minha mente, por mais que eu pense, nada aparece. — O bebê que você espera é meu filho! Eu estava olhando para o chão, mas suas palavras fizeram o meu coração para por tempo suficiente para me causar uma leve tontura, olhei para ele sentindo meus olhos se arrega
Natasha Castro. — Você quer comer alguma coisa, amor? — Com um sorriso galanteador, Diego me olhou. O calor da sua mão na minha era reconfortante. Estávamos prestes a entrar no Jardim Botânico, meu lugar preferido em Curitiba, quando ele perguntou. Mas, do outro lado da rua, meus olhos se fixaram na nova sorveteria, toda colorida e charmosa, com um letreiro que dizia ‘Delícias Geladas’. Vi um cartaz, com uma casquinha de morango com calda de chocolate, e meu bebê chutou. Senti o gosto gelado do morango e do chocolate passando em meus lábios e a minha boca salivou instantaneamente. Um arrepio percorreu minha espinha e o segundo chute do bebê me fez sorrir ainda mais. — Me espera aqui? — Ele beijou minha testa e, enquanto fechava os olhos assentindo, senti um calor delicioso percorrer meu corpo. Diego começou a se afastar, e olhando suas costas, lembranças do passado surgiram na minha mente, tão vívidas que, se eu fechasse os olhos, poderia senti-las novamente… Meu coração ba
Natasha Castro. Segurei o anel no meu dedo e comecei a girá-lo lentamente, enquanto olhei para alguns casais entrando no jardim botânico com seus filhos, alguns de colo, outros segurando suas mãos e tinha até os que corriam na frente de seus pais alegremente. Isso me fez sorrir e voltar a olhar para minha aliança de compromisso, gravada está o início de tudo. A data em que nos conhecemos, naquela noite, naquela boate. Diego insiste em dizer que, a partir daquele momento, ele conheceu a mulher da sua vida e isso me deixa muito feliz, a ponto de olhar para a sorveteria e esperar ansiosa não pelo sorvete, mas por ele. Diego entrou na minha vida e ela virou de ponta cabeça, mas eu juro que se tirar a parte do Luiz Henrique, eu faria tudo novamente. Hoje posso dizer que sou uma das mulheres mais felize desse mundo, o tanto que esse homem me faz feliz não está escrito. Ainda passo por sessões de terapia, o ocorrido com o Luiz Henrique não foi irradiado definitivamente, às vezes te
Diego Cesarini. A luz suave do hospital iluminava o quarto, mas a ansiedade pulsava no ar. Era um misto de emoção e nervosismo enquanto eu observava Natasha, a mulher que transformou minha vida, enfrentando a maior batalha de todas: trazer nosso filho ao mundo. Quase uma hora de dores intensas e nada do nosso garoto vir ao mundo, foram momentos que me deixaram tenso, minha cabeça começou a doer, confesso que eu estava com medo de acontecer alguma coisa. Mas o médico me assegurou dizendo que era normal, que tem mulheres que ficam até mais tempo, isso me deixou um terço mais tranquilo, mas eu sabia que só iria respirar tranquilo depois que ver minha mulher e meu filhos juntos e bem. E eu estava ali, segurando sua mão, sentindo cada contração como se fossem ondas que nos levavam a um novo começo. Seus apertos eram surreais, não me lembro da Natasha ter toda essa força, meus dedos vão grudar um no outro, assim que ela soltar minha mão. Mas eu estava orgulhoso, ela estava
Natasha Castro Doeu muito; senti como se todos os ossos do meu corpo estivessem sendo espremidos de dentro para fora. A dor foi quase insuportável, e eu queria gritar, correr, implorar para que o Isac nascesse logo. O que me ajudou a me manter firme foi a presença do Diego. Ele foi o meu apoio, minha âncora. Nos minutos em que antecederam o nascimento do nosso filho, tudo mudou. Foi como se o mar de sentimentos se acalmasse à medida em que a dor começava a dissipar. Fiquei com Isac por alguns minutos até a enfermeira e a pediatra o levarem para os devidos cuidados, eu ainda estava boba, não conseguia acreditar, que aquele pequeno ser, havia nascido de mim, foi quase surreal que o Isac agora fazia parte de mim e do Diego. Éramos pais. Foram mais três melhores dias para a minha vida. Diego foi incrível, ele me deu todo apoio possível, mesmo quando eu estava usando o banheiro, com um fluxo maior de sangramento, ele cuidou de mim, talvez como nenhum outro cuidaria. O que me deixou
Natasha Castro Quem diria que hoje eu estaria sentada nesta cadeira, ocupando o cargo que muitos gostariam de ter?! É com muita honra que encho a boca ao dizer que sou eu quem dirige as finanças da Construtora Cesarini, uma das maiores empresas de engenharia civil de São Paulo, mas confesso que chegar até aqui não foi fácil. Em meu caminho encontrei muitos obstáculos e para ser mais precisa, tudo começou no colégio… Eu era uma menina humilde, muito acanhada e constantemente sofria bullying por conta dos óculos, aparelhos e até mesmo das roupas simples que usava, tudo era motivo de piada, mas nada disso me desmotivou! Meu desejo de vencer na vida falou mais alto e hoje, abro um sorriso ao ver essa armação prateada em minha frente, afinal, as lentes que tanto me fizeram sentir vergonha, hoje são usadas para me auxiliar nos cálculos da minha maior conquista. O retrato em família exposto sobre minha mesa, me causa um misto de emoções… Foi uma época boa, em partes! Sinto saudades de
Diego — No lixo da sua casa, porque para um homem abusado como você, não desejo nem ver o papel. Por apenas um segundo eu fiquei sem reação, eu nunca havia levado um fora na minha vida, ai o meu ego! O seu olhar de desprezo me deixou com um sentimento de diversão, porque uma gata como esta, não está afim de flertar comigo? Sorri ao vê-la se afastar, voltando sua atenção para a sua bebida. — Então você aceita currículos? — sorri divertido ao ver sua expressão de choque me olhando drasticamente. — Olha eu não estou interessada em currículos, muito menos em homens como você. — ela deu seu último gole e com uma expressão de frustração ela bateu o copo contra o balcão e se levantou me olhando feio. Eu apenas a segui com o meu olhar, enquanto ela se afastou sem se virar para trás, como uma mulher pode resistir a mim? Ela se encontrou com outra garota na pista de dança, ela se movimenta enquanto fala demonstrando estar irritada, eu sei que tenho vários efeitos nas mulheres, mas n