Natasha Castro
Quem diria que hoje eu estaria sentada nesta cadeira, ocupando o cargo que muitos gostariam de ter?! É com muita honra que encho a boca ao dizer que sou eu quem dirige as finanças da Construtora Cesarini, uma das maiores empresas de engenharia civil de São Paulo, mas confesso que chegar até aqui não foi fácil. Em meu caminho encontrei muitos obstáculos e para ser mais precisa, tudo começou no colégio… Eu era uma menina humilde, muito acanhada e constantemente sofria bullying por conta dos óculos, aparelhos e até mesmo das roupas simples que usava, tudo era motivo de piada, mas nada disso me desmotivou! Meu desejo de vencer na vida falou mais alto e hoje, abro um sorriso ao ver essa armação prateada em minha frente, afinal, as lentes que tanto me fizeram sentir vergonha, hoje são usadas para me auxiliar nos cálculos da minha maior conquista. O retrato em família exposto sobre minha mesa, me causa um misto de emoções… Foi uma época boa, em partes! Sinto saudades de estar com meus pais naquela cidadezinha no interior do Paraná, mas por outro lado, quero distância daquele lugar quando em minha memória regressam lembranças que eu gostaria de esquecer, e rapidamente meu olhar se torna sombrio ao me recordar daquele que tanto amei. Infelizmente eu era uma jovem inocente, que não se deu conta de que estava apenas sendo usada para que se concretizasse uma aposta, minha pele se arrepiar ao lembrar das imagens vividas no fundo da minha mente, das expressões de desapontamento nos rostos dos meus pais, nos anos seguintes que eu tive que conviver com vestígios daquilo até o meu último ano do ensino médio. O terror psicológico que vivi, por causa de uma paixão por um maldito playboy. — Não acredito que você ainda está sentada nessa cadeira, Nath! Estou há vinte minutos te esperando no estacionamento e você aí, desligada do mundo! — Fui tirada de meus devaneios com minha amiga entrando na sala, visivelmente incrédula. Olhei para o relógio em meu pulso e ao conferir as horas, entendi o porquê daquela pressa toda… Eu realmente perdi a noção do tempo. — Me desculpe, Ana! Eu realmente não me dei conta do horário. — Falei e ela me encarou. — Estou vendo! Do jeito que estava distraída, só teria notado ao anoitecer. — Expressou-se sorrindo e eu retribuí do mesmo modo. — É, eu acho que sim. — Concordei, então foi minha vez de interrogá-la. — Mas você não estava com pressa? — E muita! Já estou quase desmaiando de fome. — Eu gargalhei. — Mas é exagerada! Vamos logo para casa! — Desliguei o computador e ao sair, tranquei a porta. Descemos para o estacionamento, entramos no carro e seguimos pela rodovia, enquanto conversávamos. — Em que estava pensando tão concentrada? Estou te achando um pouco cabisbaixa. — Ela perguntou. — Nada importante! Eram apenas algumas recordações do passado. — Não precisa dizer mais nada, eu já entendi! Outra vez está assim por causa do que aquele imbecil fez, né?! — Eu assenti e ela continuou. — Amiga, esqueça isso, já passou e você deu a volta por cima. Foque no presente e no futuro! — Eu sei, mas não consigo aceitar o fato de não ter me dado conta das reais intenções dele. Como eu pude ser tão cega? — Olha, ficar se martirizando não vai resolver nada! Já fazem muitos anos que isso aconteceu e na época você era uma menina que não conseguia ver maldade nas pessoas, mas agora é uma tremenda de uma mulher foda, que não vai deixar isso te abalar e eu sou a amiga que vai contribuir para isso! Já sei exatamente o que vamos fazer para afastar esses pensamentos negativos. — Eu dei uma olhada rápida para ela e voltei a prestar atenção no trânsito. — Do que você está falando? — Indaguei curiosa e ela apontou para um outdoor que estava mais à frente. — Disso! Olhei para placa, que continha o seguinte anúncio: "Pré-inauguração Lótus Club, nesta quinta feira 05 de abril, não percam!" — De jeito nenhum! Estou cansada! — Falei e ela contestou. — Ah não, Nath… deixa de ser chata, vai! Vamos aproveitar um pouquinho. — Neguei mexendo a cabeça e completamente convicta. — Não estou afim, amiga! Vai você… Precisa mesmo se divertir. — Você também precisa! — Sim, mas são quarenta minutos de percurso até em casa, acha mesmo que vou voltar para ir a uma boate, sendo que amanhã ainda é sexta-feira e temos que trabalhar?! — Acho! Aliás, bem lembrado! Amanhã teremos aquela reunião que com certeza será estressante, então o melhor que temos a fazer é relaxar um pouco. Além disso, não é qualquer boate, estamos falando da filial do famoso e badalado Club Lótus de Nova Iorque! Vamos, por favor? — Sem chances, Ana! Me desculpe, mas desta vez eu não vou. — Ela revirou os olhos e eu ri ao ouvi-la enfatizar um "chata". Continuamos o percurso por alguns minutos e assim que chegamos no apartamento eu fui tomar banho, enquanto Ana Paula assaltava a geladeira. As horas foram se passando e de tanto insistir, ela acabou me convencendo. Coloquei um vestido brilhante com decote profundo, na cor prata, um salto agulha, seguindo os mesmos padrões de cor, cujo fecho é no tornozelo, fiz uma tiara de trança no cabelo e deixei o resto dos fios soltos, inclusive a franja. Como acessórios, optei por usar algumas pulseiras e deixar o pescoço livre, já que o vestido por si só já é bem chamativo, então hidratei meu corpo, me perfumei, peguei minha carteira de mão, preta e fui para a sala. Minha amiga já estava me esperando e usava um conjunto branco, composto por um um cropped e uma minissaia, nos pés uma sandália de tiras finas, preta e o cabelo estava completamente solto. — Nossa… Para quem não queria ir, você se produziu toda, hein?! — Brincou ao me ver aproximando-me e eu não perdi a oportunidade. — Eu não queria, mas já que você me convenceu, então não custa nada caprichar no look. — Nós rimos. — Bom, vamos indo? Temos alguns quilômetros pela frente. — Só se for agora! — Falou toda entusiasmada, nós rimos outra vez e descemos para pegar o carro. Mesmo que eu tenha decidido ir, ao chegar perto do automóvel tive uma sensação estranha. Senti um arrepio invadir meu corpo, mas sinto que não é algo ruim a ponto de me fazer desistir do passeio. Do nada fugi da realidade e voltei a mim somente quando ouvi Ana me chamando. — O que foi, Nath? — A encarei e só então percebi que ela já estava dentro do carro e eu apenas segurando a maçaneta. — Nada, eu estou bem! — Aleguei forçando um sorriso, entrei no veículo e perguntei. — Você está pronta? — Eu nasci pronta, amiga! — Sorri com seu comentário, então coloquei o cinto, dei partida e comecei a dirigir. Demoramos um pouco mais no trajeto, pois a rodovia estava muito movimentada e ao notar que a maioria dos carros seguiam rumo a Av. Pres. Juscelino Kubitschek, com certeza estamos todos indo para o mesmo lugar. Ao chegar na casa noturna, observei a empolgação de minha amiga, a qual era totalmente notável pelo sorriso cativante que não se desfazia de seus lábios e que se alargou ainda mais quando entramos amplo estacionamento subterrâneo. Busquei por uma vaga e ao estacionar, olhei no espelho retrovisor para dar uma última checada na maquiagem, peguei minha bolsa, descemos e então ativei o alarme do carro, enquanto caminhávamos para a escada rolante. Depois de comprar os ingressos na bilheteria, seguimos para a entrada, onde a fachada muito bem elaborada por imensos vidros escuros e o chão forrado por uma tapeçaria vermelha, prendem a atenção de todos e claro, sem deixar que passem despercebidos a fila de seguranças com o mesmo porte físico na porta de acesso. Adentramos no ambiente que por sinal é muito sofisticado e a música alta e vibrante que toca neste momento, me fez reparar que não se ouve nenhum barulho do lado de fora. Realmente este prédio está completamente vedado por isolamento acústico, o que impede o desconforto sonoro das instalações aos arredores. O engenheiro responsável está de parabéns. — Esse lugar é incrível! — Ana Paula comentou em tom alto enquanto mexia seu corpo no ritmo da música. — Realmente é impressionante mesmo! — Concordei observando os detalhes do ambiente e minha amiga reclamou. — Ai que desânimo, Natasha! Anda, melhore essas feições e vamos dançar! — Pode ir se adiantando, eu vou pegar uma bebida primeiro. — Está bem, te espero na pista! Ela seguiu toda animada e eu fui até o bar e pedi um mojito, que é um drink leve, gaseificado, gostoso e refrescante, feito com rum, suco de limão, água com gás e hortelã. É simplesmente delicioso e o meu preferido. Permaneci em pé aguardando o barman terminar o preparo e de repente notei que alguém se apoiou no balcão, chegando bem perto de mim e ao posicionar um cotovelo sobre o porcelanato da bancada, o atrevido inclinou o corpo, aproximando a boca de meu ouvido, e então algumas palavras roucas soaram de sua garganta. — Onde é que eu deixo meu currículo para concorrer à vaga de amor da sua vida?Diego — No lixo da sua casa, porque para um homem abusado como você, não desejo nem ver o papel. Por apenas um segundo eu fiquei sem reação, eu nunca havia levado um fora na minha vida, ai o meu ego! O seu olhar de desprezo me deixou com um sentimento de diversão, porque uma gata como esta, não está afim de flertar comigo? Sorri ao vê-la se afastar, voltando sua atenção para a sua bebida. — Então você aceita currículos? — sorri divertido ao ver sua expressão de choque me olhando drasticamente. — Olha eu não estou interessada em currículos, muito menos em homens como você. — ela deu seu último gole e com uma expressão de frustração ela bateu o copo contra o balcão e se levantou me olhando feio. Eu apenas a segui com o meu olhar, enquanto ela se afastou sem se virar para trás, como uma mulher pode resistir a mim? Ela se encontrou com outra garota na pista de dança, ela se movimenta enquanto fala demonstrando estar irritada, eu sei que tenho vários efeitos nas mulheres, mas n
Natasha Castro Meu celular despertando faz a minha cabeça doer levemente, droga porque eu fui sair ontem? Abri meus olhos e estou na minha cama, não lembro de ter chegado aqui e nem bebi tanto assim! Estou toda amassada e ainda usando as roupas de ontem, ri ao imaginar a situação da Ana Paula que estava caindo de bêbada. Desliguei o despertador e me levantei para tomar um banho, não dá para aparecer no trabalho assim, peguei meu paletó feminino azul bebe e uma camiseta gola média preta. E o restante do conjunto seguido por um banho relaxante com a água morna… Depois da minha higiene e de me preparar com o cabelo secado por um secador, o prendi em um rabo de cavalo no tipo da minha cabeça, peguei meus óculos e o coloquei na minha bolsa e saí do meu quarto me deparando com uma Ana Paula quase se arrastando pelo chão. — Diga que eu fui atropelada por um carro, e que hoje estou indisponível para o trabalho!! — Minha amiga estava jogada no sofá, com a bunda no encosto e a cabeça cain
Natasha Castro Observei ele entrando com o seu ego batendo no batente sobre a porta. Mas vendo ele sem a luz fosca da boate, ele é… Ele é, vou ter que admitir que ele é realmente um homem lindo, aparentemente ele é bem mais alto do que eu, seu terno deixa seu corpo quase que esculpido, provavelmente porque malha regularmente, seu cabelo escuro está aparado em um corte social lhe dando um ar de sofisticação, assim como a sua barba que está feita, realçando sua maçã de Adão e seus lábios levementes vermelhos. Ele caminha na direção da nossa mesa com um rosto sério, totalmente diferente do idiota piadista que eu conheci ontem à noite, ele sorri enquanto se aproxima e seus olhos escuros percorrem a sala rapidamente pousando nos meus. Sua intensidade quase fez o meu foco no trabalho se perder, então desviei o olhar rapidamente e tentei me manter o mais neutra possível, para que ele não me reconheça e se ele fizer isso, eu posso fingir não me lembrar dele. Porque eu fui falar sobre o uni
Natasha Castro — Nat!!!! Ana gritou, em uma posição terrivelmente comprometedora, eu pisquei algumas vezes e fechei meus olhos, ainda parada, enquanto tento lembrar onde estava a porta. Ana estava sobre a sua mesa com uma perna no ombro do cara e a outra sendo segurada por sua mão próximo a cintura dele. Ela estava nua e ele apenas com as calças abaixadas. — Oh! Meu Deus!!! — ela gritou novamente e eu percebi o desespero em seu tom de voz. Me virei bruscamente ainda com meus olhos fechados e bati em algo duro, será que eu errei a porta? Abri meus olhos e tive que erguer meu rosto um pouco para ver um Diego parado também com uma expressão de surpresa com o que acabou de ver, Deus que dia é esse? Eu o empurrei para trás, fechando a porta, não posso deixar minha amiga nesta situação, será que ele vai demitir ela? Mas o seu amigo e sócio também está metido nisso, tenho certeza de que ele seduziu ela. Eu me assustei com o baque que a porta deu. — Deus! — minhas mãos estão trêmul
Natasha Castro Revirei meus olhos e o encarei, ele acredita mesmo que eu não sei francês e em qual lugar é a referência da, 'cidade da Luz.' Para não alongar muito assunto com ele, subi no jatinho, tendo a certeza de que o nosso destino é Paris. Sentei no último banco suspirando dez horas de voo, contra a minha vontade e com um cara que acabou de se tornar o meu chefe, eu mereço. Ele me olhou, mas sentou na frente falando ao celular. Serviram almoço para nós, aqui dentro só estamos eu e ele, e os funcionários ninguém a mais. Isso me deixa tranquila, pelo menos posso me sentar distante dele… Eu acabei cochilando e acordei com o vibrar do meu celular, era uma mensagem da Ana. 'Oi Nat. Como está a viagem? Para onde vocês estão indo?' Respondi, minha melhor com uma ironia no final, pelo horário, ela já encerrou o expediente e está no apartamento. 'Até o momento está tranquilo, estou sentada a uma distância boa dele e até agora ele não veio me perturbar. Mas Ana eu não sabia que v
Natasha Castro Não conheço nada aqui, nem sei por onde começar, talvez eu saiba, pedir para trazer minha mala, chamar um uber se aqui tiver e pedir que ele me leve para um hotel que talvez esteja disponível. — Ok. Tudo bem, Natasha, você fica comigo na cobertura! — ele falou convicto de que isso iria acontecer. — Não. — Voltei a minha atenção para ele, surpresa com sua ideia absurda. — Natasha temos uma reunião a minutos daqui, não tem quarto disponível se você não ficar comigo o que pretende fazer? — ele me olhou e estava sério, com aquela seriedade que me faz pensar que ele tem um gêmeo ou dupla personalidade. O que eu pretendo fazer? É não, definitivamente não irei para o seu quarto. O que eu faço, em um lugar que mal conheço, talvez a ideia do uber dê certo. Posso chegar um pouco atrasada, mas que profissional eu seria chegando atrasada depois do ceo. Droga tô sem opções. E qual seria a minha moral estando no mesmo quarto que ele? Merda. O que a Ana faria? Ela iria. Quase ri.
Diego Cesarini Eu queria mesmo era envolver meus braços envolta da cintura esbelta que ela tem e puxá-la para essa cama e foder com ela a noite toda. Meu pau lateja dentro da minha calça e eu não consigo pensar em muita coisa a não ser no desejo desgraçado que essa mulher me faz sentir, sem nem me dar moral. Merda. Eu sei quem é ela desde que pisei o pé na empresa, Rafael já havia me avisado, me atrasei, porque estava pensando em uma maneira de fazer essa pantera ficar perto sem me atacar, a única alternativa foi trazer ela para essa viagem. Pelo menos o Rafael já ganhou um sexo na empresa, cara sortudo. Já eu fiquei com a arisca, mas ela ainda vai ser minha e não só por uma noite. - Um... - ela desviou o seu olhar, gosto quando ela fica perdida perto de mim, este é um efeito bom, mas ela sabe esconder rapidamente, ficando fria - Você é um garoto mimado, filho de papai que acredita que tudo e todos devem estar aos seus pés, mas você se engana. Eu não vou cair no seu jogo idiota! Su
Diego Cesarini Natasha me olhou sorrindo e falou entre dentes - Tire suas mãos de mim! - Apenas faça o que eu digo! - respondi baixo, enquanto observava o olhar daquele filho da puta nela. Ele poderia despi-la com o seu olhar. Se eu sou um pouco atrevido, ele é mil vezes mais do que eu. E eu odeio por ele estar nessa reunião, ele não tem respeito, acha que o dinheiro pode tudo. Nós nos aproximamos e ambos se levantaram, apenas cumprimentei eles com um aperto de mão e um leve aceno de cabeça. Enquanto eles ficaram esperando que eu apresentasse a Natasha, mas eu conheço muito bem aquele olhar no rosto do Henri. E não vou fazer isso. - Por favor, sente-se! - Puxei a cadeira para ela ao meu lado, Natasha se sentou agradecendo e eu a conheço pouco, mas sei que com aquele olhar ela poderia me assassinar a qualquer momento. - Henri, eu não sabia que você estaria aqui hoje? - me sentei o olhando. - Sou o sócio majoritário das empresas Sanches, então minha presença é indispensável!