SoraiaRicardo precisou atender uma emergência no hospital e eu fiquei sozinha com a criança. Jantamos em silêncio e assim que a menina terminou, pedi que Áurea a levasse para o seu quarto. Leonardo e sua teimosia me colocam em problemas, fazendo com que eu tenha que ficar como babá de uma bastarda indesejada. Decidi beber um vinho, sentada numa das poltronas da varanda. A noite esfriou um pouco e enrolada em uma coberta fina, bebi pensando no que o futuro me reservava. A relação do meu filho com aquela mulher seguia firme e séria. Ricardo havia me dito que esperava pelo noivado em breve e até deu a entender que essa viagem a Ubatuba seria para que Leonardo oficializasse o pedido. No jantar que Jéssica organizou notei em seu olhar que ela não facilitaria as coisas e nem deixaria que eu opinasse. Nesses momentos eu me arrependia de ter tratado Viviane indiferente. Ao menos a minha primeira nora, sabia o seu lugar e como se comportar. Já essa garota...— Dona Soraia!Mara, a minha gover
LeonardoJéssica caminhava à minha frente, enquanto eu a seguia pensando no jantar e de como ela se desviou de cada pergunta que fiz. Minutos atrás, comentou sobre ter que avisar os lugares em que eu visitava. Será que ela não gostou de saber que os seguranças teriam que ir conosco? Era bobagem meu esse pensamento sem sentido. Alcancei Jéssica, abraçando sua cintura e beijando seu pescoço.— Vamos nos sentar um pouco — a coloco sentada ao meu lado na areia, peço que ela encoste sua cabeça em meu ombro. Ela fez o que pedi e ficamos sentados apreciando o mar à nossa frente.Momentos ao lado dela era o que mais desejava, porém, em breve eu teria que lidar com os compromissos da pré-campanha e passaria a trabalhar muito mais do que agora.Ficamos abraçados, aproveitando o frio que fazia. Namorando como nos velhos tempos. Jéssica se afasta de mim e me encara com um olhar preocupado.— Aconteceu algo? Perguntei tocando seu rosto com carinho.— Não aconteceu nada. Queria apenas olhar para vo
JéssicaJá não dava para esconder os anos que fiquei longe do homem que amo. Nem tentar mostrar que foi tudo bem, quando eu sabia que era totalmente o contrário. Apesar de agora Fernanda ter se afastado de mim, foi ela a minha amiga que me ajudou quando eu precisava de apoio. A pessoa que segurou a minha mão e me fez enxergar que estava me destruindo por algo que nem eu sabia se valia a pena.— Jéssica vamos voltar para a casa. Esqueça o que falei aqui e aproveitamos essa noite fria abraçados em nossa cama.Leonardo faz menção de levantar-se, mas não o deixo.— Depois que me ouvir, aí, sim, podemos entrar e seguir nossas vidas. Mas agora eu quero apenas que me escute.Leonardo assente, segurando minha mão com força me dando apoio.— Antes mesmo de te reencontrar, eu passava as noites bebendo para tentar dormir e não pensar em você. Até para pensar apenas em mim e esquecer tudo que vivi em Estrela Guia. A ambição da titia, perder você para Viviane, a quem eu não gostava e até mesmo a m
JéssicaLeonardo me carrega em seus braços até o quarto. O pedido de casamento, minha resposta que o momento que vivia ao seu lado era um sonho.— Senhora futura Martinez, espero que comece a providenciar os preparativos assim que voltar para São Paulo.Leonardo me fala, entrando em nosso quarto me deitando na cama.— Não sei se vou me acostumar a ser chamada assim. É estranho e nem acredito ainda que tudo é real.Respondo com sinceridade, Leonardo se deita por cima de mim, me enchendo de beijos enquanto tento conversar sério com ele.— Nada aqui é sonho. Nem o meu pedido que você aceitou e agora me faz o homem mais feliz no mundo, muito menos você em meus braços como agora.Me diz, sem parar de me beijar. A felicidade que sentia nesse momento, não poderia explicar se alguém me perguntasse. Amei esse homem por tantos anos, sofri com tudo que aconteceu, tive meus sonhos arrancados pela ambição da minha tia e agora... Eu estava noiva oficialmente do homem que me tratou com dignidade.—
LeonardoHoje, pela primeira vez desde que assumi um cargo de tamanha responsabilidade, me senti impotente. Fui obrigado a decidir que ia contra tudo que me foi ensinado. Porém, no meio em que agora eu fazia parte, coisas assim eram normais. Antes o nome e o dinheiro da minha família eram importantes e apenas isso satisfazia o interesse dos que se diziam aliados. Mas a partir de agora, percebo que isso não era suficiente para a ganância daqueles que eu desprezava. Fui coagido a aceitar o que me pediram ou acabaria lidando com coisas piores do que eu poderia imaginar. Fechar os olhos para o carregamento que chegaria nessa madrugada ou ter que passar pela primeira rebelião comandada pela maior facção do Estado. Eu poderia impedir? Claro que sim. Mas entre passar por isso e ter o nome da minha família exposta, escolhi o mais fácil. Marcelo de certa forma me encurralava e ficou claro quando no meio da reunião, Jorge contou sobre minha mulher e o trabalho dela. Saber que usavam isso como m
LeonardoMeu retorno para São Paulo foi tranquilo. Dentro do carro a caminho da casa dos meus pais, Jéssica dormia com a cabeça encostada em meu ombro. O final de semana foi agradável e voltávamos para casa oficialmente noivos. Ela se mexe ao meu lado, abrindo os olhos assustada.— Meu Deus! Peguei no sono e não percebi — diz arrumando o cabelo preocupada.— Estamos próximos da casa dos meus pais. Avisei estarmos chegando, essa hora Valentina deve estar pulando de um lado pro outro nos aguardando.— Senhor Leonardo, a princesinha vai ficar feliz com a novidade.Fábio comenta o noivado e sorri para o meu motorista balançando a cabeça concordando. Jéssica tem o rosto vermelho de vergonha ao meu lado por ouvir isso.— Fico feliz pela felicidade do casal — Fábio diz e nós dois agradecemos. O carro logo entrou na mansão, ajudei Jéssica a descer e juntos de mãos dadas fomos recebidos por Mara.— Doutor, a pobre da Áurea teve um grande trabalho com a menina o dia inteiro.Acabamos desembarca
Jéssica— Não vou jantar enquanto o meu pai não chegar.Valentina repetia o mesmo e minha paciência estava por um triz. Hoje a menina resolveu se rebelar, reclamando que o pai já não dava atenção como antes. O trabalho andava ocupando o tempo dele com a família e eu já esperava por isso. Porém, como explicar isso para uma menina de 6 anos? Que o pai tinha obrigações, que estava trabalhando muito e que precisava entender que Leonardo agora iria focar na reeleição. Eu andava chateada com a ausência dele, contudo entendia que era a prioridade no momento.— Meu amor, não sabemos se ele vai chegar agora ou não. Então vamos comer, porque amanhã você precisa acordar cedo.— Então não vou comer. Eu quero o meu pai e pronto — Valentina responde com raiva na voz, levantado da cadeira emburrada.— Filha, volta aqui. Valentina me obedece e vem jantar.Passo a mão na cabeça, tentando me acalmar. Leonardo não sabia da rebeldia da filha, evitava contar para não trazer uma preocupação num momento em
JéssicaAcordei sozinha na cama. Vi a hora no relógio, ainda estava escuro e o silêncio dentro do quarto prova que eu estava sozinha. Aonde o Leonardo se meteu? Levanto-me da cama, visto meu robe e vou primeiro até o quarto da Valentina. Abro a porta com cuidado e a menina dorme tranquila. Se ele não estava aqui, com certeza se encontrava trancado dentro daquele escritório. Desço a escada devagar, para não fazer barulho. Ao chegar na sala, reparo que a porta de vidro que dá para a varanda está aberta e Leonardo parado em pé encostado na mureta. Ando até ele, tocando seu ombro. Ele se vira assustado quando me vê ao seu lado.— Insônia?Pergunto para ele que assentiu me trazendo para um abraço.— Não consegui dormir, então decidi ficar aqui na varanda um pouco — responde ao depositar um beijo em minha testa.— Leonardo, tem alguma coisa acontecendo que você não quer me contar? Você anda estranho, entendo que seu trabalho é muito complicado e que você já iniciou sua campanha de reeleição