Jéssica— Não vou jantar enquanto o meu pai não chegar.Valentina repetia o mesmo e minha paciência estava por um triz. Hoje a menina resolveu se rebelar, reclamando que o pai já não dava atenção como antes. O trabalho andava ocupando o tempo dele com a família e eu já esperava por isso. Porém, como explicar isso para uma menina de 6 anos? Que o pai tinha obrigações, que estava trabalhando muito e que precisava entender que Leonardo agora iria focar na reeleição. Eu andava chateada com a ausência dele, contudo entendia que era a prioridade no momento.— Meu amor, não sabemos se ele vai chegar agora ou não. Então vamos comer, porque amanhã você precisa acordar cedo.— Então não vou comer. Eu quero o meu pai e pronto — Valentina responde com raiva na voz, levantado da cadeira emburrada.— Filha, volta aqui. Valentina me obedece e vem jantar.Passo a mão na cabeça, tentando me acalmar. Leonardo não sabia da rebeldia da filha, evitava contar para não trazer uma preocupação num momento em
JéssicaAcordei sozinha na cama. Vi a hora no relógio, ainda estava escuro e o silêncio dentro do quarto prova que eu estava sozinha. Aonde o Leonardo se meteu? Levanto-me da cama, visto meu robe e vou primeiro até o quarto da Valentina. Abro a porta com cuidado e a menina dorme tranquila. Se ele não estava aqui, com certeza se encontrava trancado dentro daquele escritório. Desço a escada devagar, para não fazer barulho. Ao chegar na sala, reparo que a porta de vidro que dá para a varanda está aberta e Leonardo parado em pé encostado na mureta. Ando até ele, tocando seu ombro. Ele se vira assustado quando me vê ao seu lado.— Insônia?Pergunto para ele que assentiu me trazendo para um abraço.— Não consegui dormir, então decidi ficar aqui na varanda um pouco — responde ao depositar um beijo em minha testa.— Leonardo, tem alguma coisa acontecendo que você não quer me contar? Você anda estranho, entendo que seu trabalho é muito complicado e que você já iniciou sua campanha de reeleição
Leonardo— Leonardo, sua presença na inauguração foi vista com bons olhos por empresários e aliados.Larissa me avisa, enquanto guardava os documentos e desligo meu notebook.Encerramos o dia de trabalho, após a festa de inauguração um jantar foi servido para os convidados e terminava a noite assinando alguns documentos que Larissa me passou. Trabalhava na ante- sala do meu quarto no hotel. Desde a hora que cheguei na cidade, não tive tempo de ligar para Jéssica e falar com minha mulher e filha. Uma simples inauguração de última hora acabou se tornando uma pré-campanha para minha reeleição.— Larissa, embarcamos para São Paulo logo após o café da manhã? Perguntei ao verificar o horário no relógio.— Sim! Antes do almoço, quando chegarmos à capital, nos encontraremos diretamente com os investidores para discutir o novo shopping que começará a ser construído no próximo ano. Eles querem introduzir um novo modelo de shopping center, incluindo um hotel e um supermercado.Larissa me explic
Leonardo10 minutos se passaram e nada da Jéssica sair do banheiro. Ela estava chateada e com razão. Juntei os cadernos e revistas, colocando em cima da mesa no quarto e caminhei até a porta do banheiro. Bati na porta duas vezes, sem obter resposta abri entrando no banheiro, encontrando-a de pé na frente do espelho molhando o rosto. Com certeza para disfarçar os olhos vermelhos.— Já estava saindo do banheiro por isso não respondi.Me diz fechando a torneira, pegando a toalha de mão para enxugar o rosto. Abraço-a por trás, fazendo um carinho na barriga dela por cima do tecido da camisa.— Não quero que fique com raiva de mim por hoje — digo afastando para o lado o cabelo solto, depositando um beijo em sua nuca.— Eu não estou com raiva de você Leonardo. Entendo tudo eu já cansei de explicar, agora eu não sei qual desculpa dou para Valentina sempre que pergunta por você.Respondeu se afastando do meu abraço, saindo do banheiro. Passo a mão no rosto para manter a calma e resolver essa q
LeonardoOlhava para o relógio, tentando disfarçar a ansiedade na frente das outras pessoas. Hoje era o dia da apresentação do Dia das Mães na escola da Valentina. Prometi que chegaria cedo, porém um encontro não marcado com o grupo estrangeiro que construiria o shopping em São Paulo estava aqui agora. Larissa repassava o projeto que se fosse para a frente seria muito bem-sucedido no Estado. Claro que uma construção desse porte aumentaria a economia do Estado e contaria pontos positivos para a minha reeleição.— Senhor Governador, a área escolhida para o projeto fica numa boa localização e pelos nossos cálculos conseguimos entregar o empreendimento em no máximo dois anos e meio. Temos mais dois parceiros que pretendem investir no negócio e como avisei para sua assessora, é praticamente certo que vamos gerar bastante emprego formal e informal com o shopping.Pierre um dos sócios me dizia e eu ouvia com atenção, mesmo com o pensamento na apresentação da minha filha. Por um segundo me se
JéssicaRespirava aliviada com Leonardo sentado ao meu lado. Agora, sim, poderia aproveitar a apresentação sem me preocupar com o que falar para Valentina. A menina ficou nervosa, até mesmo pensou em desistir de cantar. A homenagem era para as mães, porém Valentina queria mesmo era a presença do pai. Conversaria com Leonardo em casa hoje. Avisaria que o aniversário da filha seria no próximo mês e que ele já avisasse aquela Larissa da data. Por duas vezes a encontrei em casa, quando fui levar algum documento importante para ele. Notei bem a forma que me olhava, com desdém e de quem se sentia superior a mim. Nunca quis perguntar sobre a relação dos dois, para não ter que ouvir algo que me desagradasse. Leonardo apertou minha mão, virei meu olhar para ele que sorriu para mim. Toco sua bochecha com carinho, mesmo chateada não queria estragar a apresentação. A professora começa a falar sobre o dia das mães, agradecendo a presença de todos e claro citando o governador presente no lugar. As
JéssicaO sábado passou com Leonardo e Valentina brincando na piscina, enquanto eu organizava os ajustes finais do aniversário. A decoradora, veio até a casa no final do dia, para conversar com Leonardo. Aproveitamos que ele se encontrava de folga, para acertar os detalhes finais. Valentina escolheu o tema da princesa Merida. O vestido seria confeccionado por uma costureira que Áurea me indicou. A mulher ficou emocionada por saber que iria costurar o vestido do aniversário de 7 anos da filha do governador do Estado.À noite, acabei sendo convencida por Valentina a comer hambúrguer e fizemos o pedido do lanche para o jantar. Agora seguimos para o haras do amigo do Leonardo. Seu Ricardo amou a ideia de passar o dia em família. Soraia avisou que não participaria, agradeci aos céus por isso. O Haras não era tão longe e Valentina desandou a perguntar se poderia passear no cavalinho. Leonardo claro que respondeu que faria tudo que a filha quisesse.— Amor, será que seu pai já chegou no hara
JéssicaSeu Ricardo e eu observamos Leonardo e Valentina com o pônei. Minha filha conseguiu convencer o pai a andar com o cavalinho, como a menina chamava o animal. Meu sogro, ao meu lado, ria da forma desajeitada que o filho tentava conduzir o animal. Quem encontrasse o todo-poderoso governador naquele momento, ficaria surpreso em ver como Leonardo era um pai perfeito. Almoçamos do lado de fora, em meio ao verde e para tomar um pouco de ar puro. Seu Ricardo ficou conversando comigo, sobre a inauguração de um novo prédio. Me confidenciou que esperava um dia Leonardo assumindo todos os negócios da família. Que se não fosse o filho atuando como governador do Estado, ele se aposentaria assim que me casasse com Leonardo.— Jéssica, a cerimônia de casamento vai acontecer na mansão mesmo? Seu Ricardo pergunta e respondo que sim. Mesmo que ainda faltasse um pouco mais de três meses, minha prioridade no momento era o aniversário da minha filha.— Decidimos juntos, porque assim conseguimos um