JéssicaO carro de aplicativo se aproximava da entrada do hospital em que minha tia se encontrava internada. As visitas estavam liberadas durante o dia inteiro e achei melhor ir antes do almoço. Depois de conversar e dizer com todas as letras que meu lugar não era mais em Estrela Guia, me despedi do Pedro, chamei um Uber e vim para o hospital. Paguei a corrida e agradeci ao motorista. Me encontrava na entrada e respirei fundo antes de entrar e pedir informação sobre o quarto que tia Maria ficava. No caminho liguei para Nanda que me disse que em casa Valentina já havia tomado café e agora assistia desenho na televisão. Ela compraria o almoço e perguntou se eu chegaria muito tarde. Avisei que era apenas o tempo de falar com tia Maria, ficar alguns minutos e voltar. Não queria me arriscar andando por aí, com medo de dar de cara com Leonardo novamente.Fui até a recepcionista e disse o nome completo da minha tia e meu grau de parentesco.—A paciente já aguardava a visita da senhorita — a
LeonardoFinal de domingo bastante produtivo. Acordei no horário de sempre, tomei o café e me tranquei no gabinete só saindo para almoçar e depois retornei. Entre papeis e assinaturas eu aguardava a resposta sobre a vida da Jessica no Rio de Janeiro. Vi a hora no relógio em meu pulso e era um pouco mais de seis da tarde. Joana e Regina saíram de folga assim que eu almocei. As duas mulheres intercalavam os finais de semana e como viram que eu trabalharia o dia inteiro em casa, me deixaram sozinho no palácio. Larissa não me mandou nem mensagem ou ligou para falar sobre a noite passada. Meus pais por vídeo- chamada me parabenizaram depois de assistir ao canal de notícias sobre política. Os comentários positivos sobre a inauguração da escola, me deixaram satisfeito e feliz ao mesmo tempo. Dei por encerrado meu trabalho. Fechei o notebook, guardei os papeis nas pastas e subi para o meu quarto. A residência oficial era enorme, com tantos quartos que no começo eu me perdia entre os corredore
Jessica—Mãezinha, quando eu vou poder visitar a sua tia?Valentina estava abraçada a mim no sofá da sala. Fernanda tratou de sair, logo depois que cheguei do hospital. Pediu desculpas, disse que não dava para ficar perdendo tempo trancada em casa, quando existiam muitas garotas com potencial para trabalhar. Minha amiga saiu um pouco depois das seis horas da tarde. Avisou que dormiria fora e fiquei sozinha com Valentina. Agora nós duas assistíamos ao desenho no canal fechado. Minha filha fez perguntas sobre minha tia, queria saber por que não a levei comigo ao hospital e se ela precisava continuar com o segredo por quanto tempo.—Não acho bom a senhorita visitar hospital. Então saiba que vai continuar aqui com sua tia Nanda quando eu precisar sair para resolver as coisas.Afirmo de forma que Valentina nem pense em discutir comigo.Conversaria com Fernanda sobre minha decisão de permanecer em São Paulo até quando desse. Na realidade até a morte da minha tia essa era a verdade. Teria qu
Jéssica Valentina demorou a pegar no sono. Leonardo contou histórias da época em que ele morava fora do Brasil. Explicou o trabalho que fez em um programa de médicos que atuavam em países pobres e minha filha ouvia tudo atentamente. Ela fazia perguntas, como ele se tornou governador e se amava o que fazia. Leonardo gostava de crianças, nunca me escondeu isso nas raras vezes em que ele conversava comigo. Eu ouvia tudo calada, sem deixar de fazer sinais para que Valentina não falasse algo que nos prejudicasse. 20 minutos depois ela enfim dormiu e nós dois saímos do quarto em silêncio. Fechei a porta e fui para a sala com ele. — Agora que a menina dormiu, é melhor você ir embora — digo enquanto caminho até a cozinha. Precisava de um chá para acalmar os nervos ou acabaria surtando com a presença daquele homem. Não é porque ele foi educado e gentil com a filha que ele não sabia que existia, que iria fraquejar e ficar toda, sorrisos para ele. Tirei a chaleira do armário, enchi de água e q
JéssicaValentina dormiu assim que entrei no quarto e a encontrei sentada na cama, tentando abrir os olhos. Em seu estado sonolento, a deitei na cama, embrulhei seu corpinho com a colcha e logo minha filha dormiu novamente. Tentava controlar o tremor em meu corpo. Se não fosse Valentina me chamar, eu teria me entregado na cozinha como a vadia que Leonardo pensava que eu era. Saí da cama, fechei a porta com cuidado e encontrei a sala vazia. — Ainda bem que ele já foi embora — falo sozinha, me encaminhando até a porta e fechando com atenção. Olhei pela janela a rua deserta. Ele havia realmente ido embora assim que entrei. Como pude me deixar levar no calor do momento?Como fui tão idiota de permitir que ele me tocasse de forma tão intima, me beijando, me tendo em seus braços outra vez?Fui para a cozinha, peguei um copo e enchi com água gelada. Assim o fogo que consumia meu corpo seria apagado. Uma única recaída foi suficiente para descobrir que ele tinha em suas mãos a hora que ele q
LeonardoUma semana se passou desde o meu encontro com Jéssica na casa da tia. Eu me joguei no trabalho para não ter que procurá-la novamente. Até dormir com a Larissa eu acabei dormindo. Tudo para não ceder ao desejo de ter aquela mulher na minha cama outra vez. Meus pais voltaram de viagem e hoje à noite eu iria jantar com os dois na mansão. Adiantei alguns trabalhos de amanhã e viajaria para o interior no final de semana.Participaria de uma reunião com o dono de uma construtora, que trabalharia nas obras de duas escolas técnicas que seriam construídas ainda esse ano. Minha promessa de campanha sobre escolas e hospitais, eu estava conseguindo manter e até o final do mandato eu teria construído praticamente tudo. Larissa me avisou que teria que ir embora, mas cedo eu fiquei trabalhando sozinho em meu gabinete. Minha mãe não sabia da volta da Jéssica e eu pretendia que ela continuasse sem saber. Andava correndo de problemas e preocupações. Trabalhei por mais trinta minutos até que ol
JessicaMeu retorno a São Paulo se mostrou diferente do que pensava quando estava no Rio de Janeiro. Eu visitava tia Maria praticamente todos os dias. Avisei minha antiga patroa que eu teria que abandonar o emprego ao menos por um tempo. O médico me disse numa das visitas que titia havia melhorado como num milagre. Porém, ela permaneceria sendo tratada no hospital. Sua doença não tinha cura, mas seus últimos dias seriam melhores do que se ela continuasse sozinha em uma cama hospitalar. Nanda precisou viajar três dias depois que chegamos e eu fiquei com Valentina sozinha. Pedro me visitou em uma noite e conheceu minha filha. Me fez tantas perguntas, me pressionou para saber a verdade sobre o pai da minha filha e eu me desviava de todas as perguntas. Vitória e Lucas também estiveram me visitando e acabamos nos entendendo, já que agora não éramos duas meninas e sim mulheres adultas. Vicky ficou impressionada com os cursos que fiz, com o diploma que obtive em estética e combinou como seri
Leonardo— Pronto, mocinha! Após limpar o machucado de Valentina, cubro com um curativo simples. O ferimento não foi grave, e a menina me contou que caiu no quintal de casa enquanto corria atrás do cachorro.— Fui atrás do Tomy e tropecei no chão. Ainda bem que minha mãe me trouxe até aqui e eu encontrei o senhor. Fiquei confuso ao ouvir a garota chamando Jéssica de mãe, então lembro do relatório que recebi onde dizia que Valentina era bastante apegada a ela.— Eu fico feliz que sua tia/mãe te trouxe e eu pude te rever novamente. Ajudei a menina a descer da maca e Jéssica se aproximou levando a menina para perto dela.— Meu amor, você ficou bem mesmo? Ela perguntou à sobrinha que respondeu que sim.— Obrigada, senhor! — Jéssica me agradece pegando a filha no colo enquanto Sofia assiste à cena entre nós três sem falar nada.— Espera! Eu falo antes que as duas saiam da sala.— Vou deixar as duas em casa. Assim essa mocinha não precisa andar e forçar o joelho machucado. Eu respondo e vej