Jessica—Mãezinha, quando eu vou poder visitar a sua tia?Valentina estava abraçada a mim no sofá da sala. Fernanda tratou de sair, logo depois que cheguei do hospital. Pediu desculpas, disse que não dava para ficar perdendo tempo trancada em casa, quando existiam muitas garotas com potencial para trabalhar. Minha amiga saiu um pouco depois das seis horas da tarde. Avisou que dormiria fora e fiquei sozinha com Valentina. Agora nós duas assistíamos ao desenho no canal fechado. Minha filha fez perguntas sobre minha tia, queria saber por que não a levei comigo ao hospital e se ela precisava continuar com o segredo por quanto tempo.—Não acho bom a senhorita visitar hospital. Então saiba que vai continuar aqui com sua tia Nanda quando eu precisar sair para resolver as coisas.Afirmo de forma que Valentina nem pense em discutir comigo.Conversaria com Fernanda sobre minha decisão de permanecer em São Paulo até quando desse. Na realidade até a morte da minha tia essa era a verdade. Teria qu
Jéssica Valentina demorou a pegar no sono. Leonardo contou histórias da época em que ele morava fora do Brasil. Explicou o trabalho que fez em um programa de médicos que atuavam em países pobres e minha filha ouvia tudo atentamente. Ela fazia perguntas, como ele se tornou governador e se amava o que fazia. Leonardo gostava de crianças, nunca me escondeu isso nas raras vezes em que ele conversava comigo. Eu ouvia tudo calada, sem deixar de fazer sinais para que Valentina não falasse algo que nos prejudicasse. 20 minutos depois ela enfim dormiu e nós dois saímos do quarto em silêncio. Fechei a porta e fui para a sala com ele. — Agora que a menina dormiu, é melhor você ir embora — digo enquanto caminho até a cozinha. Precisava de um chá para acalmar os nervos ou acabaria surtando com a presença daquele homem. Não é porque ele foi educado e gentil com a filha que ele não sabia que existia, que iria fraquejar e ficar toda, sorrisos para ele. Tirei a chaleira do armário, enchi de água e q
JéssicaValentina dormiu assim que entrei no quarto e a encontrei sentada na cama, tentando abrir os olhos. Em seu estado sonolento, a deitei na cama, embrulhei seu corpinho com a colcha e logo minha filha dormiu novamente. Tentava controlar o tremor em meu corpo. Se não fosse Valentina me chamar, eu teria me entregado na cozinha como a vadia que Leonardo pensava que eu era. Saí da cama, fechei a porta com cuidado e encontrei a sala vazia. — Ainda bem que ele já foi embora — falo sozinha, me encaminhando até a porta e fechando com atenção. Olhei pela janela a rua deserta. Ele havia realmente ido embora assim que entrei. Como pude me deixar levar no calor do momento?Como fui tão idiota de permitir que ele me tocasse de forma tão intima, me beijando, me tendo em seus braços outra vez?Fui para a cozinha, peguei um copo e enchi com água gelada. Assim o fogo que consumia meu corpo seria apagado. Uma única recaída foi suficiente para descobrir que ele tinha em suas mãos a hora que ele q
LeonardoUma semana se passou desde o meu encontro com Jéssica na casa da tia. Eu me joguei no trabalho para não ter que procurá-la novamente. Até dormir com a Larissa eu acabei dormindo. Tudo para não ceder ao desejo de ter aquela mulher na minha cama outra vez. Meus pais voltaram de viagem e hoje à noite eu iria jantar com os dois na mansão. Adiantei alguns trabalhos de amanhã e viajaria para o interior no final de semana.Participaria de uma reunião com o dono de uma construtora, que trabalharia nas obras de duas escolas técnicas que seriam construídas ainda esse ano. Minha promessa de campanha sobre escolas e hospitais, eu estava conseguindo manter e até o final do mandato eu teria construído praticamente tudo. Larissa me avisou que teria que ir embora, mas cedo eu fiquei trabalhando sozinho em meu gabinete. Minha mãe não sabia da volta da Jéssica e eu pretendia que ela continuasse sem saber. Andava correndo de problemas e preocupações. Trabalhei por mais trinta minutos até que ol
JessicaMeu retorno a São Paulo se mostrou diferente do que pensava quando estava no Rio de Janeiro. Eu visitava tia Maria praticamente todos os dias. Avisei minha antiga patroa que eu teria que abandonar o emprego ao menos por um tempo. O médico me disse numa das visitas que titia havia melhorado como num milagre. Porém, ela permaneceria sendo tratada no hospital. Sua doença não tinha cura, mas seus últimos dias seriam melhores do que se ela continuasse sozinha em uma cama hospitalar. Nanda precisou viajar três dias depois que chegamos e eu fiquei com Valentina sozinha. Pedro me visitou em uma noite e conheceu minha filha. Me fez tantas perguntas, me pressionou para saber a verdade sobre o pai da minha filha e eu me desviava de todas as perguntas. Vitória e Lucas também estiveram me visitando e acabamos nos entendendo, já que agora não éramos duas meninas e sim mulheres adultas. Vicky ficou impressionada com os cursos que fiz, com o diploma que obtive em estética e combinou como seri
Leonardo— Pronto, mocinha! Após limpar o machucado de Valentina, cubro com um curativo simples. O ferimento não foi grave, e a menina me contou que caiu no quintal de casa enquanto corria atrás do cachorro.— Fui atrás do Tomy e tropecei no chão. Ainda bem que minha mãe me trouxe até aqui e eu encontrei o senhor. Fiquei confuso ao ouvir a garota chamando Jéssica de mãe, então lembro do relatório que recebi onde dizia que Valentina era bastante apegada a ela.— Eu fico feliz que sua tia/mãe te trouxe e eu pude te rever novamente. Ajudei a menina a descer da maca e Jéssica se aproximou levando a menina para perto dela.— Meu amor, você ficou bem mesmo? Ela perguntou à sobrinha que respondeu que sim.— Obrigada, senhor! — Jéssica me agradece pegando a filha no colo enquanto Sofia assiste à cena entre nós três sem falar nada.— Espera! Eu falo antes que as duas saiam da sala.— Vou deixar as duas em casa. Assim essa mocinha não precisa andar e forçar o joelho machucado. Eu respondo e vej
JessicaPreparava o jantar enquanto Valentina assistia à novela infantil na sala. Depois que Leonardo foi embora, minha filha retornou me contando como estava feliz pelo encontro com o senhor que ela gostava. Sem disfarçar a alegria, contou como Leonardo foi legal na hora do curativo, que queria revê-lo. Expliquei que as coisas não funcionavam assim. Que ele era uma pessoa muito ocupada e não tinha tempo para perder com pessoas comuns como nós duas. Emburrada, avisou que tomaria banho e me pediu que colocasse um saco plástico em torno do seu joelho para não molhar o curativo. Depois do banho e de vestir seu pijama, ela foi assistir televisão e eu começar a preparar o jantar. Liguei para o celular da Fernanda e deu na caixa postal. Minha amiga deveria estar em alguma festa ou viajando para a praia. Antes de ir, me contou que se eu precisasse de algo que ligasse e que ela havia transferido um dinheiro para minha conta. Não prometia voltar antes do carnaval e eu provavelmente passaria o
JéssicaMeu trabalho no salão já estava tudo certo e eu atenderia às terças- quintas e sábados. Segunda e quarta apenas se eu quisesse ou se uma emergência surgisse. Contei para Vicky que fiz um curso de massoterapia e ela gostou da ideia de oferecer massagem relaxante para as mulheres. O curso era um dos requisitos que as garotas da agência faziam antes de começar a trabalhar. A dona dizia que era um bônus para os clientes na hora dos programas e acabei me aperfeiçoando depois que fiz o curso de estética. Eu pagaria 30% do que recebesse e poderia escolher acertar de 15 em 15 dias ou no final do mês. Ela perguntou como foi minha vida no Rio de Janeiro, se eu pretendia ficar morando em São Paulo por muito tempo ou não. Me esquivei de algumas perguntas, fui sincera em outras. Vicky se encantou pela minha filha e disse que se fosse melhor eu poderia deixar Valentina na casa dela se precisasse resolver algo. Claro se Fernanda não se incomodasse. Eu disse que estava tudo tranquilo, que mat