—Tudo acertado, amigo. Ethnee já tem uma nova acompanhante. – O conde levantou os olhos dos papéis que lia para dar atenção ao seu secretário. – Mandarei uma carruagem buscá-la amanhã.
—Perfeito. Obrigado, Jesus.
—Precisa comunicar à sua mãe...
Connor fez uma expressão hilária de desgosto e largou novamente os papéis.
—Tem razão.
—Vou m****r um criado chamá-la.
—Não precisa. Irei até lá.
—E eu, vou me esconder.
Jesus fez o possível para esconder seu espanto diante da atitude de seu patrão, já que, como dissera à governanta, ele raramente deixava a biblioteca. Durante o dia, pelo menos.
Lorde Hallen riu e saiu para o corredor, rumo ao salão rosa, onde certamente encontraria a mãe.
A condessa de Hallen lia uma revista de moda em sua poltrona, próxima à janela, quando o filho entrou.
—Boa tarde, mãe.
—Ah, Hallen. – A revista não se mexeu um centímetro – Posso saber a que milagre devo sua visita?
Connor já estava habituado ao mau humor constante da mãe, mas esperava uma recepção melhor, já que passava tanto tempo isolado.
—Não quero atrapalhar, minha mãe. Apenas vim lhe comunicar que contratei uma nova acompanhante para Ethnee.
—Ah! – A condessa jamais conseguira, e nem pretendera, esconder o desagrado que sentia a tudo o que se referia a sua única neta. – E quem é ela?
—Ártemis Templeton.
—Eu deveria conhecê-la? – perguntou a condessa, entediada. – Deve ser muito boa, já que o fez sair de seu esconderijo pela primeira vez em dois anos!
Ah, mamãe! Se a senhora soubesse! - pensou o conde.
—Ela trabalhava para a família do barão Stratkery até há alguns meses. O barão veio ver-me, antes de se mudarem para Kent e falou muito bem dessa moça. – A mãe nada disse e ele prosseguiu – Fiquei impressionado e resolvi contratá-la.
—Que seja, então.
Connor forçou-se a ignorar o comentário e sorrir, pois Ethnee entrava na sala.
—Tio Connor! – Ela caminhou em sua direção desviando dos móveis, quase sem precisar da ajuda da austera bengala, que o tio usara quando quebrara a perna, e o abraçou pelo pescoço. – Que bom que está aqui fora! Mal pude acreditar quando Jesus me disse que estava fora da biblioteca. Senti tanto a sua falta!
—Eu sei, querida, e peço desculpas. Contratei outra pessoa para lhe fazer companhia, borboleta, o que acha?
—Não é outra velha senhora rabugenta, é? – perguntou a menina de dez anos, enquanto o tio a colocava sobre seus joelhos.
—Não, minha querida. Miss Templeton é jovem e muito alegre. Vai gostar dela.
A menina deu de ombros e sorriu.
—Se o senhor diz, tio, eu acredito. Quando ela vem?
—Amanhã mesmo. E eu tenho certeza de que você vai estar linda para recebê-la, não vai?
—Ah, não! Cócegas não! – A menina gritou em meio a risadas quando o tio começou a fazer-lhe cócegas e os dois acabaram no chão atapetado, rindo alto.
—Francamente, Hallen! – exclamou a condessa ao sair da sala.
Connor observou os movimentos delicados da sobrinha, enquanto ela sentava-se no chão e ajeitava as saias do pequeno e delicado vestido azul. Seu coração enchia-se de amor ao contemplá-la. Um amor tão profundo que ele imaginava não poder sentir por mais ninguém senão pela filha de sua querida irmã Annabel. Annabel... Um nome, uma lembrança que estava constantemente em seus pensamentos fazendo-o lembrar-se de que por culpa dele, Ethnee jamais voltaria a receber o amor e o carinho da mãe.
As lágrimas amargas do ressentimento subiram-lhe aos olhos novamente. A culpa e a razão haviam se digladiado por dias em sua mente, para que, no fim, ele compreendesse e aceitasse que fora ele, e ninguém mais, o culpado pela morte de duas das pessoas que ele mais amava. Quase inconscientemente, o conde de Hallen havia se distanciado de tudo o que lhe dava alegria. Amigos, festas, família, felicidade? Ele não se julgava mais digno de nenhuma dessas coisas. Vivia apenas para seu trabalho e apenas porque este servia a um bem maior do que ele mesmo.
Mas se quisesse ser honesto, tinha de admitir que não fora só a culpa que o fizera retrair-se. Ele podia ver em cada olhar a pena, o ressentimento...a acusação muda. Cada comentário supostamente confortador era como uma agulha entrando em seu corpo. Ele não suportaria isso! Ele daria as costas ao mundo antes que o mundo o fizesse primeiro.
Sem dizer nada, Connor levantou-se e saiu da sala, deixando Ethnee sozinha.
A carruagem atravessou os portões da mansão exatamente às oito horas.
Amie aceitou a mão que o lacaio lhe oferecia e desceu. Então, ela estacou e arregalou os olhos. Nunca, em toda a sua vida, vira mansão igual. Quatro enormes janelas em arco ladeavam a majestosa porta de carvalho. A fachada branca estava quase que totalmente tomada por trepadeiras de um verde exuberante e o átrio central dividia a casa de três andares em duas grandes alas, com janelas que brilhavam ao sol, em toda a sua extensão.
A mansão St. James Hall não era opulenta e ostensiva, como ela esperava, era... magnífica!
Um barulho de ferro contra madeira chamou-lhe a atenção e ela baixou os olhos da grandiosa fachada e viu que a porta principal se abria.
—Seja bem vinda, miss Templeton! – Uma senhora de aparência bondosa e eficiente vinha saudá-la. – Sou Hanna Fitzwaring, a governanta de St. James Hall.
—Obrigada Sra. Fitzwaring é um prazer estar aqui!
A governanta era uma mulher já idosa, mas elegante e de postura impecável. Usava uma blusa de algodão branco com vários botões que subiam até o pescoço; um laço de cetim perolado, enfeitado por um camafeu. As mangas eram compridas e bufantes até os cotovelos. Uma saia preta e reta completava o uniforme. Na cintura, tilintava um lindíssimo chatelaine de prata de onde pendia um volumoso molho de chaves, bem como vários pequenos utensílios.
—George, leve a bagagem de miss Templeton até o quarto destinado a ela, por favor. – E virando-se para Amie, completou – Venha querida, milorde a espera na biblioteca.
Ao passar pela porta principal da mansão, Amie parou para contemplar o pé direito altíssimo do hall, de onde pendia um gigantesco lustre de cristal e o chão decorado com círculos concêntricos de mármores de Carrara e Rosso. Uma escada majestosa, também de mármore, erguia-se do piso, dividindo-se em duas, uma para cada ala da mansão. A parede ao fundo era decorada com afrescos renascentistas.
No primeiro andar, havia um corredor, à direita e um à esquerda, pelo qual a Sra. Fitzwaring a conduziu, parando em frente a uma porta dupla de carvalho entalhado. Segundos depois de desaparecer por ela, a governanta voltou e disse que Amie podia entrar. Novamente, ela parou à entrada, para admirar o aposento bem iluminado.
—Seja bem vinda, miss Templeton.
—Obrigada, milorde – disse, aproximando-se e curvando-se em uma reverência perfeita. Enquanto caminhava para perto do pequeno grupo de pessoas, Amie permitiu-se analisar seu novo patrão.
O queixo era forte e anguloso, a boca sensual, o nariz era aristocrático e os olhos grandes e castanhos, protegidos por cílios espessos. A pele estava pálida, como se não saísse ao sol há muito tempo, mas formava um contraste interessante com o cabelo negro penteado para trás.
—Miss Templeton, esta é a condessa, minha mãe.
Ele indicava uma senhora, sentada em uma das poltronas, que a cumprimentou apenas com um levantar de sobrancelhas.
—E está é Ethnee, minha sobrinha.
Amie encarou o conde, num pedido mudo, ao que ele respondeu com um aceno afirmativo de cabeça. Ela, então, ajoelhou-se na frente da menina e pegou as delicadas mãos nas suas, mas quando percebeu o olhar vago e o sorriso hesitante, quase não pôde conter uma exclamação de choque. A criança era cega! Forçando-se a falar, Amie apertou as mãos da garota e disse:
—Olá, milady. Muito prazer em conhecê-la.
—O prazer é meu, miss Templeton. Seja bem vinda à nossa casa.
—Obrigada.
Amie levantou-se e se colocou ao lado da menina.
—Miss Templeton, sua função será a de cuidar e ensinar minha sobrinha. Ela será responsabilidade sua e espero que a senhorita entenda no que isso implica.
—Perfeitamente, milorde.
—Fará suas refeições à mesa, – O conde ignorou o muxoxo de reprovação da mãe e continuou – e seus aposentos são contíguos aos de Ethnee. Terá folgas às quintas-feiras e o salário será o dobro de sua última colocação. Alguma objeção?
—De forma alguma, Vossa Graça.
—Ótimo. Qualquer coisa que precisar, basta procurar a Sra. Fitzwaring.
—Como quiser, milorde.
—Muito bem.
A expressão severa do conde foi substituída por um sorriso de alívio e... gratidão?! Amie achou aquilo um tanto estranho. Ele deu as costas a elas, para sentar-se em sua escrivaninha e Amie percebeu que ele mantinha os cabelos escuros longos e presos por uma espécie de prendedor triangular com desenhos de um nó céltico em prata. Estranhamente fora de moda, mas combinava com ele.
— Ethnee, querida, por que você não vai mostrar a miss Templeton o quarto dela e o seu?
—Está bem, tio Connor.
A menina deu um beijo no rosto do tio, pegou Amie pela mão e, logo em seguida, as duas sumiam pela porta da biblioteca.
—Jovem encantadora! – comentou – Será ótima companhia para Ethnee.
—Se você acha, Hallen... – A condessa conteve um bocejo e desculpou-se para sair.
Seria possível? Enquanto caminhava pelos corredores, de mãos dadas com Ethnee, Amie pensava no conde. Ele era exatamente como ela se lembrava. Forte e bonito. Tinha uma presença magnética e voz poderosa, mas mesmo assim, gentil. Desde aquela noite, tão distante no tempo, pensava nele. Em seu salvador, seu paladino vestido de preto e ligeiramente ébrio.
—É aqui, miss Templeton. Esta é a porta do meu quarto. A sua é a próxima, à esquerda, mas temos uma porta de comunicação lá dentro.
Amie estava novamente impressionada. A menina não possuía um quarto, mas sim, um luxuoso conjunto de cômodos; só o quarto de dormir era do tamanho da sala de estar da família Stratkery!
Havia uma antessala, o quarto de dormir e um quarto de vestir. Este se comunicava com o seu, onde havia também um quarto de dormir e uma antessala. Entrando por uma outra porta no quarto de vestir, Amie encontrou uma luxuosa e moderna sala de banho. Era um espaço enorme. Uma lareira de mármore tomava toda a parede lateral e, na frente desta, a enorme banheira acomodava-se majestosa, sobre seus quatro pés de bronze. Havia também sofás confortáveis e um toucador com diversos vidros e potes. O piso era do mesmo mármore branco e azul da banheira e da lareira, mas aparecia apenas onde não havia nenhum dos diversos tapetes orientais. Um grande lustre pendia do teto e uma janela em arco iluminava o cômodo durante o dia.
—Seu quarto é lindo, lady Ethnee!
—Obrigada, miss Templeton! Gosto muito dele. Vê aquela poltrona rosa perto da janela? Era ali que tio Connor se sentava para me contar histórias.
—Seu tio com certeza a ama muito!
—Sim, e eu gosto muito dele também! A senhorita vai começar as aulas hoje mesmo, miss Templeton?
A menina parecia ignorar o fato de não enxergar, pois se movia pelo quarto com total segurança.
—Em primeiro lugar, esqueça isso de senhorita. Chame-me de Amie.
— Este é seu primeiro nome? – questionou.
—Não, meu nome é Ártemis, minha mãe me chamava de Amie.
—Ártemis... Já ouvi este nome. – Ethnee franzia o cenho enquanto pensava. – Mas é claro! A estátua no jardim! – exclamou animada.
—Estátua, chérie? – Amie ficou curiosa.
—Sim, há uma estátua no jardim de uma mulher que meu tio disse tratar-se da deusa Ártemis.
—Entendi...
—Gostaria de vê-la?
—Claro! Se você quiser me mostrar.
—Vai gostar, é linda... Pelo que me lembro.
Novamente Ethnee pegou Amie pela mão e as duas saíram para os jardins.
Que linda mulher era aquela! Sentado à sua escrivaninha, com uma enorme pilha de papéis esquecida sobre o tampo polido, Connor Saint James, o conde de Hallen, não conseguia parar de pensar na mulher que contratara para cuidar de sua sobrinha e que, estranhamente, parecera-lhe familiar.Não pudera ver-lhe os cabelos, pois ela usava uma touca de linho branco, mas o rosto era harmonioso, lembrava um coração. A pele era de um branco perolado e os olhos eram da cor do crepúsculo. Ele jamais vira beleza igual em sua vida! Mas os olhos... Vinha sonhando com olhos como os dela há muito tempo... Com efeito! Não era nisso que deveria estar pensando! Coisas mais urgentes mereciam sua atenção. Connor franziu as sobrancelhas, tentando concentrar-se em coisas mais importantes.—No que está pensando, meu amigo?—Para ser franco, Jesus, na governanta.—Ela &eacu
No relógio do hall soaram as doze badaladas da meia-noite e Amie revirou-se novamente na cama.Não conseguia conciliar o sono, e, como de costume, ficar na cama não adiantaria nada.Resolveu então, ir até a biblioteca de lorde Hallen e procurar um livro que a fizesse dormir, ou, pelo menos, ajudasse a passar o tempo. Apertando bem o penhoar de tecido fino em torno do corpo, desceu as escadas, empunhando um pesado castiçal. Seria uma invasão, ela sabia, mas se ele não ficasse sabendo...Não parecia haver luz dentro do aposento. Ela entrou, agradecendo à Sra. Fitzwaring pelo ótimo trabalho na conservação das dobradiças.As prateleiras de livros ocupavam todas as paredes, exceto onde estavam as janelas em arco, que conferiam uma luminosidade agradável à biblioteca durante o dia. Uma grande lareira de mármore azul e branco dominava o ambiente
O brilhante sol da manhã terminou por despertar Connor do que ele julgava sua melhor noite de sono em anos.—Ah! Finalmente acordou!A voz do amigo e secretário soou por trás do cortinado quando o conde se espreguiçou ruidosamente na cama.—Jesus? Que horas são?Abrindo as cortinas, Connor viu o amigo confortavelmente instalado em uma das poltronas escuras. Pilhas de papéis espalhavam-se pelo chão e em seu colo.—Passa das onze, milorde. Sua mãe deve estar feliz esta manhã! Está agindo como o nobre que é! – zombou o enorme rapaz de pele escura.— Cale a boca, Jesus! Nem você vai me tirar do sério esta manhã!—Você nunca está tão feliz assim logo que acorda. A que se deve esse fabuloso estado de espírito?—À Ártemis! – disse o conde simplesmente.
Mais tarde, naquela mesma noite, a Sra. Fitzwaring foi visitar a convalescente, trazendo-lhe uma bandeja com chá e bolo.—Boa noite, miss Templeton. Sente-se melhor?—Oh, sim! Muito melhor, obrigada.—Que bom. Fiquei preocupada quando desmaiou na cozinha.—Eu peço desculpas. Acho que causei a maior confusão lá em baixo. O conde foi muito gentil e atencioso durante toda a tarde.—Milorde sempre foi assim. Preocupava-se com todos, desde pequeno.—A senhora está aqui há muito tempo, não é, Sra. Fitzwaring?—Sim. Quarenta e cinco dos meus sessenta anos foram dedicados à família St. James.—Quarenta e cinco?! Mon Dieu! É uma vida inteira!—De fato. Mas foi uma vida muito feliz. Minha mãe era a governanta antes de mim. Eu comecei como ajudante de cozinha aos quinze anos.&mda
Na manhã seguinte, após o passeio, enquanto Ethnee descansava em seu quarto, Amie desceu até a biblioteca, bateu e não obtendo resposta, entrou. Como sempre fazia, parou à entrada, contemplando o lindo ambiente.Onde, por Deus, ela iria encontrar um livro de lendas chinesas?- pensou ela, ao parar ao pé de uma enorme estante de madeira escura, forrada de livros, do chão ao teto.Levou alguns minutos para entender o método de organização do conde, mas assim que o fez, deduziu que os livros que procurava deviam estar no piso superior da biblioteca.Seus passos na antiga escada de metal ressoavam como acusações aos seus ouvidos. Estava invadindo a privacidade de seu patrão! Outra vez. Imediatamente as lembranças do beijo trocado no sofá invadiram os pensamentos de Amie.—Oh Dieu! – gemeu.Em seguida, tratou de exp
A caleche rodava pela rua movimentada, o sol estava a pino. Amie afagava os cabelos de Ethnee, que se aninhara em seu colo, enquanto observava o movimento da rua.—Ethnee, ma chérie, você se importaria em responder-me uma pergunta?—Claro que não, Amie, pode falar.—Seu tio me parece ser muito triste. Por quê? Eu entendo que ele sofra pela perda de seus pais, mas este sofrimento já deveria ter arrefecido.Houve um longo silêncio antes que a menina finalmente respondesse.—Tio Connor se culpa pela morte de meus pais.—Imaginei que fosse isso, mas por quê? Seus pais não morreram em um acidente de carruagem?—Sim, foi isso o que aconteceu.—Continuo não entendendo. Era ele quem conduzia o veículo?—Não. Quero dizer, não sei. Não me lembro de quase nada daquela noite... – Ethne
Connor ouviu o barulho de passos apressados no hall e abriu a porta da biblioteca.—Vai sair assim tão cedo, miss Templeton? – disse, aproximando-se.A voz agradavelmente forte roubou por completo a atenção de Amie, que errou o laço que dava na fita de seu chapéu.—Bom dia, milorde! Sim, vou sair. Hoje é quinta-feira, vou visitar alguns amigos e tenho uma porção de coisas a resolver no orfanato.Ela ainda estava atrapalhada com a fita de cetim sob o queixo. Então, com um sorriso travesso, ele se aproximou e afastou-lhe as mãos.—Deixe-me ajudá-la com isso, sim?As mãos dele estavam frias. No entanto, onde quer que elas tocassem, a pele de Amie parecia pegar fogo. Ela sentiu o rubor tingir sua face, o que alargou o sorriso do conde, formando as duas covinhas no rosto bonito, que davam ao lorde um quê de garoto traquina.&md
Um ruído noturno qualquer acordou Amie, que se assustou ao perceber que estava em sua própria cama. Como fora parar ali? Sentou-se e apoiou o queixo nos joelhos. Lembrava-se de Connor, parado à porta do quarto, magnífico como sempre... E do beijo que haviam trocado. Lembrou-se também da conversa amistosa que haviam tido. E, é claro, ela se intrometera em sua vida novamente.O conde era um homem como poucos. Nunca antes Amie conhecera alguém assim, aristocrata, burguês ou plebeu. E ela podia afirmar isso com toda a convicção: já provara sua fatia da nobreza e não a achara tão apetitosa assim. Mas seu patrão, Connor St. James, o conde de Hallen, nada tinha em comum com os opulentos cavalheiros da Corte. Era gentil, bondoso, inteligente e algumas vezes, até alegre, quando o fantasma daquele acidente parecia deixá-lo.Amie passou pela porta de comunica&ccedi