Após a visita à penitenciária, Ana saiu com o coração pesado. Enquanto caminhava pelas ruas da cidade, a imagem de Leon, abatido e desesperançoso, não saía de sua cabeça. O homem que a sequestrara, que outrora a vira como um objeto de conquista, agora parecia uma sombra de si mesmo. Pela primeira vez, Ana não o viu como um adversário, mas como alguém quebrado, machucado pelas próprias escolhas e, talvez, por escolhas que ele nem sabia ter feito.Ela se sentia confusa. Parte dela queria esquecer completamente Leon, seguir em frente sem olhar para trás, mas outra parte, a parte que o conhecera melhor e que testemunhara suas tentativas de mudança, se sentia compelida a ajudá-lo. Seria isso compaixão ou apenas um eco de sentimentos não resolvidos?Ana entrou em um pequeno café, um local onde costumava se refugiar para pensar, e pediu um chá de camomila. Sentou-se em um canto isolado e olhou pela janela, vendo a vida seguir lá fora. Pessoas caminhavam, carros passavam, e o mundo parecia co
Ana olhava para o telefone, ainda refletindo sobre a ligação com Beatriz. Algo estava acontecendo, e tudo indicava que envolvia Leon. Ela hesitava em se aprofundar nesse enredo de problemas mais uma vez, mas sabia que o tempo de adiar decisões havia acabado. Respirou fundo e enviou uma mensagem a Beatriz, marcando um encontro para mais tarde no mesmo dia.Ao chegar ao café onde elas se encontrariam, Ana se sentia tensa. Não sabia exatamente o que esperar, mas pressentia que o que quer que Beatriz tivesse para dizer poderia mudar o rumo de tudo novamente. Quando entrou, viu Beatriz já sentada em um canto discreto, tomando um café com expressão séria.Beatriz acenou com a cabeça ao vê-la e esperou que Ana se acomodasse antes de começar a falar.— Ana, eu sei que você provavelmente está tentando se afastar de toda essa confusão. E eu não te culpo por isso. Leon… bem, ele fez muitas escolhas ruins, e você teve que lidar com as consequências disso. Mas as coisa
O restaurante reluzia com uma elegância opulenta. Lustres de cristal pendiam do teto alto, iluminando mesas impecavelmente dispostas com talheres de prata e taças de cristal. Era o tipo de lugar onde apenas os ricos e poderosos jantavam, e Ana Paula nunca se sentiu tão fora de lugar quanto ali, servindo bebidas para aqueles que não faziam ideia do que era viver com tão pouco.Ela ajeitou o avental enquanto caminhava com uma bandeja equilibrada sobre a mão. O cheiro dos pratos finos misturava-se ao perfume caro dos clientes, criando uma atmosfera que era ao mesmo tempo acolhedora e sufocante. "Mais uma noite," pensou ela, forçando um sorriso para esconder seu cansaço.Foi então que ela o viu. Sentado em uma mesa isolada, ele parecia à vontade, como se o restaurante fosse uma extensão de sua própria casa. Leon. Seu olhar esverdeado captou o dela por um instante, e Ana sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele era o tipo de homem que chamava atenção em qualquer lu
Cinco dias haviam se passado desde o incidente no La Belle Cuisine, e Ana Paula ainda tentava recuperar seu equilíbrio. Perder o emprego não foi fácil, e agora o peso de suas responsabilidades parecia cada vez mais sufocante. A cada dia, ela saía em busca de um novo trabalho, mas as respostas sempre eram as mesmas: "Estamos sem vagas no momento."Sua família era simples, e o dinheiro nunca sobrava. Ana morava com a mãe, Dona Maria, uma mulher bondosa e trabalhadora, que sempre fazia o possível para apoiar a filha. Sua mãe estava preocupada, mas também orgulhosa da força e determinação de Ana.— Não se preocupe, filha. Você vai conseguir — dizia Dona Maria sempre que Ana voltava para casa com o semblante cansado.Mas Ana também tinha alguém em quem se apoiar fora de casa: sua melhor amiga, Carla. Carla era o oposto de Ana em muitos aspectos, sempre otimista e extrovertida. Estava sempre lá para levantar o ânimo de Ana quando tudo parecia desmoronar.
O quarto luxuoso em que Ana estava não trazia nenhum consolo. A cama era grande, as cortinas de seda e as mobílias finas pareciam pertencer a outra vida, uma vida que não era a dela. Por um instante, tudo parecia um sonho confuso, mas a realidade logo voltou com força total.Ela tentou se levantar, mas suas pernas estavam fracas. Com esforço, chegou até a porta e tentou girar a maçaneta. Trancada. O desespero crescia em seu peito.— Socorro! — gritou, batendo com força na porta. — Alguém, me ajude!Minutos depois, a porta se abriu, mas em vez de encontrar ajuda, Ana se deparou com o olhar frio de Leon. Ele estava parado à porta, os braços cruzados e um sorriso suave nos lábios, como se tudo aquilo fosse apenas um jogo.— Ana Paula, por favor, acalme-se — disse ele, com uma voz surpreendentemente calma, mas cheia de uma autoridade perturbadora. — Ninguém vai machucar você aqui.— Me deixar aqui já é uma tortura! — ela gritou, avançando con
Os dias na mansão pareciam se arrastar para Ana. Cada manhã ela acordava sentindo-se presa em uma gaiola dourada. O quarto era luxuoso, o serviço era impecável, e mesmo assim, tudo aquilo a sufocava. Ela não conseguia compreender como Leon achava que riqueza e poder poderiam substituir sua liberdade.Ela tinha tentado escapar duas vezes. Na primeira, as portas e janelas estavam trancadas e bem vigiadas. Na segunda tentativa, os seguranças de Leon a interceptaram antes que ela chegasse ao portão principal. Desde então, ela não tentou mais, mas mantinha os olhos atentos, esperando pela oportunidade certa.Leon, por sua vez, continuava insistente. Ele a visitava todos os dias, sempre com o mesmo sorriso confiante. E a cada encontro, tentava conquistar Ana, ora com presentes luxuosos, ora com promessas de uma vida sem preocupações. Mas ela resistia.— Você sabe que não pode me manter aqui para sempre — Ana disse certa tarde, encarando-o com firmeza enquanto ele lhe oferecia uma joia. — Eu
Os dias que se seguiram à última discussão entre Leon e Ana foram tensos. Ele ainda era o mesmo Leon, dominador e confiante, mas agora suas atenções eram divididas. Ele não parava de ver outras mulheres, algo que Ana não deixou de notar, mesmo estando presa naquela mansão. Ela não conseguia entender como alguém que dizia querer conquistá-la ainda se envolvia com outras. Isso a irritava profundamente, mesmo que ela soubesse que não deveria se importar.As mulheres que Leon visitava ficavam completamente encantadas por ele, chegando ao ponto de procurá-lo em suas empresas e criar situações constrangedoras. Era algo quase cômico para Ana, observar de longe essas mulheres disputando a atenção de Leon. Mas, ao mesmo tempo, era um lembrete constante do tipo de homem com quem ela estava lidando.Certa tarde, enquanto caminhava pelo vasto jardim da mansão, Ana tropeçou em uma pedra solta e caiu de forma desajeitada. A dor foi imediata, um corte profundo em seu joelho fez o sangue começar a es
No escritório da mansão, Leon estava sentado atrás de sua mesa de mogno, observando Ana com um olhar sério. Um contrato repousava entre eles, cada palavra cuidadosamente elaborada para garantir que ela não poderia escapar tão facilmente de seu acordo.— Este contrato é simples — disse Leon, apontando para o documento. — Você se compromete a fingir ser minha namorada em eventos da empresa e para minha família. Em troca, terá mais liberdade, conforme acordamos.Ana leu o contrato com atenção. Suas mãos estavam trêmulas, mas ela não deixaria que Leon percebesse seu nervosismo. Cada cláusula parecia amarrá-la mais e mais àquele jogo de poder. No entanto, uma em especial chamou sua atenção.— E esta cláusula? — Ana perguntou, franzindo a testa. — Multa altíssima caso eu descumpra o acordo?Leon sorriu friamente.— Sim. Se você quebrar o contrato, terá que pagar uma multa significativa. Quero garantir que você leve isso a sério, Ana.Ela cruzou os braços, tentando não demonstrar o quanto aq