Era uma manhã de céu nublado quando Ana chegou à sede da ONG Esperança Viva, carregando consigo uma mala pequena. Estava prestes a embarcar em uma viagem de negócios para o exterior, e desta vez, não era apenas uma viagem comum. Seria uma oportunidade decisiva para fortalecer a ONG e finalmente se desvincular das empresas Calderón, sem que Rafael ou Lucas percebessem. No entanto, o que tornava a viagem ainda mais delicada era o fato de que Lucas e Carla também estariam presentes. Lucas, agora gestor das empresas Calderón, estava à frente das negociações internacionais, e Carla, como braço direito de Rafael, tinha sido incluída para representar o setor de comunicação. Apesar do desconforto de trabalhar tão próximo a eles, Ana sabia que não podia desperdiçar essa chance. Ana revisou mentalmente seus planos enquanto esperava por Carla e Lucas no hall da empresa. Além de fechar parcerias com investidores estrangeiros, ela precisava ser extremamente cuidados
Quatro anos se passaram desde o julgamento de Leon e sua condenação a seis anos de prisão. Durante esse tempo, a vida de todos os envolvidos passou por mudanças drásticas. Ana, que havia se tornado uma figura de destaque no cenário social por seu trabalho na ONG Esperança Viva, continuava a enfrentar os desafios diários com determinação e inteligência. Ela mantinha uma distância segura de Lucas e Rafael, que ainda exerciam influência no mundo empresarial. Entretanto, Ana nunca deixou de ajudar a mãe de Leon, Dona Elvira, que via em Ana uma figura de apoio e carinho, alguém em quem podia confiar plenamente.Leon, por outro lado, cumpria sua sentença em silêncio. Ele sabia que, embora inocente das acusações relacionadas ao sequestro, sua vida anterior havia facilitado sua queda. Sua maior preocupação durante todo esse tempo era Ana. Mesmo sem poder vê-la com frequência, ele recebia notícias através de Beatriz, sua fiel amiga que o visitava frequentemente. Beatriz, aliás, havia iniciado
Os últimos meses tinham sido um turbilhão de emoções e decisões na vida de Ana. A ONG Esperança Viva finalmente estava caminhando de maneira independente, sem mais qualquer vínculo com as empresas Calderón. O trabalho árduo para desvincular a imagem da fundação da empresa de Rafael tinha dado resultados, e agora a ONG estava preparada para crescer em outras direções. No entanto, Ana sabia que, para expandir ainda mais, ela teria que ir além das fronteiras de seu país.Durante esse período, Ana recebeu uma proposta irrecusável: levar o modelo da ONG para fora do país e criar uma rede internacional de apoio. A oportunidade era enorme e se alinha perfeitamente com seus ideais de ajudar o máximo de pessoas possível. No entanto, para aceitar esse desafio, ela precisaria morar fora por um tempo indefinido. Era uma decisão difícil, mas Ana sabia que era o caminho certo, tanto para sua carreira quanto para seu crescimento pessoal. Havia algo em seu coração que a impulsionava para essa nova et
Leon estava determinado. Desde a manhã em que acordou e encontrou a cama vazia, ele sabia que precisava lutar por Ana, por tudo o que haviam construído e, acima de tudo, pelo amor que ele sentia por ela. No entanto, a busca por Ana tinha se mostrado muito mais difícil do que ele imaginava.Logo após o desaparecimento dela, Leon procurou Carla, a melhor amiga de Ana, e seus pais. Todos eles, porém, mantinham-se em silêncio. Ele sabia que Carla devia saber onde Ana estava, mas ela, por respeito à amiga, não poderia contar. Por mais que ele insistisse, a resposta de Carla era sempre a mesma.— Leon, você sabe que eu não posso te dizer nada. Tudo o que posso falar é que ela já embarcou e está bem. Ela me pediu para não contar mais nada.Leon, impaciente, apertou as têmporas e respirou fundo. Ele sabia que estava lutando contra uma muralha, mas não podia evitar. A ideia de Ana estar em algum lugar do mundo sem ele, sem notícias, era insuportável.— Carla, eu preciso encontrá-la. Você sabe
Ana olhava pela janela do avião enquanto ele pousava em solo brasileiro. Seu coração estava apertado, ansioso, mas também cheio de expectativas. Depois de cinco longos anos, ela finalmente estava de volta ao Brasil, trazendo consigo não apenas seu filho, Lucca, mas também Jonas, o amigo que tinha sido um verdadeiro parceiro e figura paterna para o menino. Ao seu lado, Lucca, com seus grandes olhos curiosos, observava tudo com interesse. Ele tinha quatro anos e meio, e essa era sua primeira vez em seu país de origem. Para Lucca, tudo era novo e emocionante, e a presença de Jonas ao seu lado fazia com que o garoto se sentisse seguro, mesmo em um ambiente desconhecido. Jonas, com seu jeito sempre calmo e protetor, sorriu para Ana. — Vai ficar tudo bem — disse ele, como se pudesse sentir a ansiedade que ela estava tentando disfarçar. — Você fez a escolha certa em voltar. Ana assentiu, mas por dentro, uma mistura de emoções a consumia. Estava de volta para ver sua família, seus a
Ana se ajeitou no pequeno sofá do quarto de hotel, observando Lucca brincar com seus carrinhos no chão. O quarto estava aconchegante, mas não era o lugar em que ela queria permanecer por muito tempo. Depois de cinco anos longe do Brasil, Ana ainda não tinha encontrado a coragem necessária para enfrentar seu passado. Seu retorno, no entanto, não poderia ser evitado para sempre, especialmente com o casamento de Beatriz se aproximando.— Mamãe, quando vamos ver a Tia Carla de novo? — perguntou Lucca, com seus olhos brilhando de curiosidade.Ana sorriu. Carla havia se tornado mais que uma amiga para Lucca, ela era uma tia babona, sempre mimando o menino desde o momento em que o conheceu. A relação entre eles cresceu rapidamente, o que trazia um conforto para Ana.— Acho que podemos encontrá-la amanhã, meu amor. Temos que escolher as roupas para o casamento da Tia Bia, lembra? — Ana acariciou os cabelos de Lucca, tentando esconder a ansiedade que sentia.Na verdade, o que mais a afligia er
Nos dias que se seguiram após o encontro inesperado no shopping, Ana estava mais cautelosa do que nunca. Lucca mencionara casualmente o homem com quem esbarrara, mas Ana sabia, no fundo, que aquele homem era Leon. E, mesmo sem perguntar mais detalhes, sentiu que sua antiga vida estava prestes a colidir com a nova realidade que havia construído para si e para seu filho.Ela sabia que não podia evitar Leon para sempre, mas a ideia de enfrentá-lo agora, após tanto tempo e com tantas revelações guardadas, a aterrorizava. A única coisa que a mantinha calma era o casamento de Beatriz, e a necessidade de manter as aparências até lá. Até então, Ana decidiu focar no momento presente e no que estava por vir.Naquela manhã, Ana acordou cedo. O sol entrava pelas cortinas do quarto de hotel, iluminando suavemente o rosto adormecido de Lucca. Ela ficou observando-o por alguns instantes, com um misto de amor e preocupação. A decisão de voltar ao Brasil tinha sido tomada em prol d
O grande dia havia finalmente chegado. Beatriz estava radiante, e tudo ao redor parecia conspirar para que o casamento fosse perfeito. O sol brilhava no céu sem nuvens, o vento soprava levemente e as flores do jardim onde a cerimônia seria realizada exalavam um perfume suave. Ana respirou fundo enquanto observava o movimento ao seu redor. Havia uma atmosfera mágica, mas ao mesmo tempo, ela sentia uma inquietação no fundo de seu coração. Sabia que, naquele dia, o destino a colocaria frente a frente com Leon.Vestindo o elegante vestido esmeralda que havia comprado, Ana estava deslumbrante. Seus cabelos estavam levemente ondulados, caindo em cascata sobre seus ombros, e o tom vibrante do vestido realçava a intensidade de seus olhos. Ao lado de Jonas, que também estava impecável em um terno cinza, e com Lucca, sorridente e ansioso, Ana tentava focar no momento, mas seu pensamento voltava, repetidas vezes, para o que aquele dia reservava.— Você está linda — Jonas disse, com um sorriso en