Roberto sentou-se na cadeira à frente de Leon, seus ombros curvados em um gesto de resignação. O silêncio pesado entre eles era interrompido apenas pelo tique-taque distante do relógio de parede, marcando cada segundo de tensão crescente. Leon, com os olhos fixos no advogado, aguardava ansiosamente por qualquer informação que pudesse ajudar a limpar seu nome."Fale, Roberto," insistiu Leon, sua voz mais controlada do que ele se sentia por dentro. "Se você tem algo a dizer, agora é a hora."Roberto finalmente suspirou, os olhos sombrios revelando medo. "Eu fiz isso, Leon... porque eu não tinha escolha." Ele hesitou antes de continuar. "Estou envolvido com uma facção muito poderosa, uma organização criminosa que se infiltrou em diversas áreas de negócios e política. Eles me coagiram a usar a empresa Calderón para lavar o dinheiro deles, ameaçando minha família e minha vida."Leon cerrou os punhos, sua raiva latente evidente em sua expressão. "Por que não me
Os meses seguintes foram de adaptação e desafios para Ana. Desde que toda a história de Leon se tornou pública, seu nome ficou marcado como uma das principais testemunhas no escândalo. Cada vez que procurava um novo emprego, as portas se fechavam antes mesmo de ela ter a chance de falar. Ninguém queria contratar alguém envolvida em um caso tão conturbado, especialmente uma figura associada a um homem que agora era visto como criminoso.Ana sabia que não podia culpar os outros por hesitarem. Ela própria sentia o peso de tudo o que acontecera. Seus dias se tornaram uma rotina de enviar currículos e receber respostas negativas. Ela estava cansada, mas determinada a seguir em frente. Apesar de tudo, Ana era resiliente; ela sempre havia sido.----------------------------------O Apoio dos Amigos e um Novo ComeçoPreocupados com a situação de Ana, Carla e Lucas resolveram intervir. Eles sabiam que Rafael, agora no comando da empresa Calderón, poderia fazer algo para ajudar. Embora ambos est
Após a visita à penitenciária, Ana saiu com o coração pesado. Enquanto caminhava pelas ruas da cidade, a imagem de Leon, abatido e desesperançoso, não saía de sua cabeça. O homem que a sequestrara, que outrora a vira como um objeto de conquista, agora parecia uma sombra de si mesmo. Pela primeira vez, Ana não o viu como um adversário, mas como alguém quebrado, machucado pelas próprias escolhas e, talvez, por escolhas que ele nem sabia ter feito.Ela se sentia confusa. Parte dela queria esquecer completamente Leon, seguir em frente sem olhar para trás, mas outra parte, a parte que o conhecera melhor e que testemunhara suas tentativas de mudança, se sentia compelida a ajudá-lo. Seria isso compaixão ou apenas um eco de sentimentos não resolvidos?Ana entrou em um pequeno café, um local onde costumava se refugiar para pensar, e pediu um chá de camomila. Sentou-se em um canto isolado e olhou pela janela, vendo a vida seguir lá fora. Pessoas caminhavam, carros passavam, e o mundo parecia co
Ana olhava para o telefone, ainda refletindo sobre a ligação com Beatriz. Algo estava acontecendo, e tudo indicava que envolvia Leon. Ela hesitava em se aprofundar nesse enredo de problemas mais uma vez, mas sabia que o tempo de adiar decisões havia acabado. Respirou fundo e enviou uma mensagem a Beatriz, marcando um encontro para mais tarde no mesmo dia.Ao chegar ao café onde elas se encontrariam, Ana se sentia tensa. Não sabia exatamente o que esperar, mas pressentia que o que quer que Beatriz tivesse para dizer poderia mudar o rumo de tudo novamente. Quando entrou, viu Beatriz já sentada em um canto discreto, tomando um café com expressão séria.Beatriz acenou com a cabeça ao vê-la e esperou que Ana se acomodasse antes de começar a falar.— Ana, eu sei que você provavelmente está tentando se afastar de toda essa confusão. E eu não te culpo por isso. Leon… bem, ele fez muitas escolhas ruins, e você teve que lidar com as consequências disso. Mas as coisa
O restaurante reluzia com uma elegância opulenta. Lustres de cristal pendiam do teto alto, iluminando mesas impecavelmente dispostas com talheres de prata e taças de cristal. Era o tipo de lugar onde apenas os ricos e poderosos jantavam, e Ana Paula nunca se sentiu tão fora de lugar quanto ali, servindo bebidas para aqueles que não faziam ideia do que era viver com tão pouco.Ela ajeitou o avental enquanto caminhava com uma bandeja equilibrada sobre a mão. O cheiro dos pratos finos misturava-se ao perfume caro dos clientes, criando uma atmosfera que era ao mesmo tempo acolhedora e sufocante. "Mais uma noite," pensou ela, forçando um sorriso para esconder seu cansaço.Foi então que ela o viu. Sentado em uma mesa isolada, ele parecia à vontade, como se o restaurante fosse uma extensão de sua própria casa. Leon. Seu olhar esverdeado captou o dela por um instante, e Ana sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele era o tipo de homem que chamava atenção em qualquer lu
Cinco dias haviam se passado desde o incidente no La Belle Cuisine, e Ana Paula ainda tentava recuperar seu equilíbrio. Perder o emprego não foi fácil, e agora o peso de suas responsabilidades parecia cada vez mais sufocante. A cada dia, ela saía em busca de um novo trabalho, mas as respostas sempre eram as mesmas: "Estamos sem vagas no momento."Sua família era simples, e o dinheiro nunca sobrava. Ana morava com a mãe, Dona Maria, uma mulher bondosa e trabalhadora, que sempre fazia o possível para apoiar a filha. Sua mãe estava preocupada, mas também orgulhosa da força e determinação de Ana.— Não se preocupe, filha. Você vai conseguir — dizia Dona Maria sempre que Ana voltava para casa com o semblante cansado.Mas Ana também tinha alguém em quem se apoiar fora de casa: sua melhor amiga, Carla. Carla era o oposto de Ana em muitos aspectos, sempre otimista e extrovertida. Estava sempre lá para levantar o ânimo de Ana quando tudo parecia desmoronar.
O quarto luxuoso em que Ana estava não trazia nenhum consolo. A cama era grande, as cortinas de seda e as mobílias finas pareciam pertencer a outra vida, uma vida que não era a dela. Por um instante, tudo parecia um sonho confuso, mas a realidade logo voltou com força total.Ela tentou se levantar, mas suas pernas estavam fracas. Com esforço, chegou até a porta e tentou girar a maçaneta. Trancada. O desespero crescia em seu peito.— Socorro! — gritou, batendo com força na porta. — Alguém, me ajude!Minutos depois, a porta se abriu, mas em vez de encontrar ajuda, Ana se deparou com o olhar frio de Leon. Ele estava parado à porta, os braços cruzados e um sorriso suave nos lábios, como se tudo aquilo fosse apenas um jogo.— Ana Paula, por favor, acalme-se — disse ele, com uma voz surpreendentemente calma, mas cheia de uma autoridade perturbadora. — Ninguém vai machucar você aqui.— Me deixar aqui já é uma tortura! — ela gritou, avançando con
Os dias na mansão pareciam se arrastar para Ana. Cada manhã ela acordava sentindo-se presa em uma gaiola dourada. O quarto era luxuoso, o serviço era impecável, e mesmo assim, tudo aquilo a sufocava. Ela não conseguia compreender como Leon achava que riqueza e poder poderiam substituir sua liberdade.Ela tinha tentado escapar duas vezes. Na primeira, as portas e janelas estavam trancadas e bem vigiadas. Na segunda tentativa, os seguranças de Leon a interceptaram antes que ela chegasse ao portão principal. Desde então, ela não tentou mais, mas mantinha os olhos atentos, esperando pela oportunidade certa.Leon, por sua vez, continuava insistente. Ele a visitava todos os dias, sempre com o mesmo sorriso confiante. E a cada encontro, tentava conquistar Ana, ora com presentes luxuosos, ora com promessas de uma vida sem preocupações. Mas ela resistia.— Você sabe que não pode me manter aqui para sempre — Ana disse certa tarde, encarando-o com firmeza enquanto ele lhe oferecia uma joia. — Eu