O silêncio no quarto era denso. Beatriz tentava se concentrar em qualquer coisa que não fosse a presença avassaladora de Davi. Ele, por sua vez, parecia à vontade, sentado na poltrona com um copo de uísque nas mãos, observando-a.
— Você está fugindo de mim, Beatriz. — Ele afirmou, sem rodeios.
Ela ergueu o olhar, surpresa com a franqueza. — Estou apenas sendo profissional.
Davi soltou uma risada baixa, descrente. — Profissional? E se eu disser que desejo mais do que isso? — Ele se levantou, aproximando-se lentamente.
O coração de Beatriz disparou. Ela queria responder, dizer que aquilo era loucura, mas sua voz falhou. A tensão entre eles era palpável, e quando Davi parou a poucos centímetros dela, seus sentidos foram tomados pelo perfume amadeirado e pelo calor que emanava de seu corpo.
— Se disser que pare, eu paro. — Sua voz era rouca, carregada de promessa.
Beatriz sentiu a respiração acelerar. Sua mente gritava para fugir, mas seu corpo não obedecia. A razão dizia uma coisa, mas o desejo queima dentro dela como uma chama incontrolável.
E então, num momento de rendição, seus lábios se encontraram. O toque era suave no início, como se testassem os limites um do outro, mas logo a paixão tomou conta. As mãos de Davi deslizaram para a cintura dela, puxando-a para mais perto.
Beatriz sabia que cruzava uma linha perigosa, mas no instante em que se entregou àquele beijo, percebeu que talvez já fosse tarde demais para voltar atrás.
Beatriz acordou sentindo o calor do sol atravessar a cortina do hotel. Seu corpo ainda estava colado ao de Davi, que dormia tranquilamente ao seu lado. Sua mente se encheu de dúvidas e culpa. O que havia feito? Como enfrentaria o dia seguinte no trabalho depois daquela noite intensa?
Ela se levantou devagar, tentando não acordá-lo, e vestiu-se rapidamente. Precisava de um tempo para pensar, para colocar suas emoções em ordem antes de encará-lo novamente.
Quando desceu para o café da manhã, já havia se passados alguns minutos, ela decidiu andar para espairecer, assim que entrou no local para tomar seu café da manha encontrou Davi já sentado à mesa, olhando-a com um sorriso sugestivo.
— Fugindo de mim tão cedo? — Ele perguntou, segurando a xícara de café.
Beatriz respirou fundo. — Precisamos conversar sobre o que aconteceu.
Davi inclinou-se para frente, seu olhar fixo no dela. — Eu concordo. Mas primeiro, coma alguma coisa. Você vai precisar de energia para lidar comigo.
Ela revirou os olhos, mas não pôde conter um pequeno sorriso. Sabia que a batalha entre razão e desejo estava apenas começando.
Os dias seguintes foram um teste de resistência para Beatriz. Trabalhar ao lado de Davi sem deixar transparecer o que aconteceu entre eles era quase impossível. Ele, no entanto, parecia se divertir com a situação, lançando olhares e comentários provocativos a cada oportunidade.
Em uma reunião importante, Davi fez questão de elogiar o profissionalismo de Beatriz na frente dos investidores, mas quando passaram pelo corredor, ele sussurrou:
— Eu poderia elogiar outras habilidades suas, mas prefiro manter isso entre nós.
Beatriz sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Queria confrontá-lo, mas parte dela gostava do jogo que estavam jogando. A única dúvida que restava era: até onde estavam dispostos a ir antes que tudo saísse do controle?
A tensão no escritório era palpável. Depois da noite que passaram juntos e dos jogos de provocação que se seguiram, Beatriz sentia que sua relação com Davi estava se tornando cada vez mais perigosa.
Naquela manhã, enquanto organizava os relatórios para a reunião com os acionistas, ela sentiu a presença dele antes mesmo de levantar o olhar. Davi se aproximou devagar, seu perfume amadeirado preenchendo o ar ao redor.
— Beatriz, preciso de você na minha sala após a reunião. — Sua voz era firme, mas seu olhar dizia muito mais.
Ela assentiu, tentando ignorar a aceleração de seu coração. Sabia que aquele encontro não seria apenas sobre trabalho.
A reunião passou em um borrão de gráficos e projeções financeiras. Beatriz fez seu trabalho impecavelmente, como sempre, mas sua mente estava dividida.
Quando finalmente entrou na sala do CEO, encontrou Davi encostado à mesa, os braços cruzados, um olhar que mesclava seriedade e desejo.
— Precisamos estabelecer limites, Beatriz. — Ele começou, sem rodeios.
Ela cruzou os braços, erguendo o queixo. — Concordo. Mas acho que é você quem precisa respeitá-los.
Davi sorriu de lado, aproximando-se. — O problema é que, quando estou perto de você, não consigo respeitar nada.
A confissão pegou Beatriz desprevenida. Antes que pudesse responder, ele continuou:
— Sei que você tem receios, e eu também. Mas negar o que sentimos não está funcionando. O que sugere que façamos?
Beatriz respirou fundo. Estava se envolvendo em algo que poderia comprometer sua carreira, mas seu coração já havia feito a escolha antes mesmo de sua mente processar as consequências. Tendo isso em mente, ela decidiu:
— Vamos devagar. E manter isso entre nós. — Ela sussurrou.
Davi assentiu, mas seu olhar intenso mostrava que aquilo seria um desafio
Manter o relacionamento profissional enquanto escondiam sua atração avassaladora provou ser mais difícil do que imaginavam. Pequenos toques acidentais, olhares prolongados e encontros furtivos tornaram-se parte de sua rotina diária.Uma noite, depois que a maioria dos funcionários já havia saído, Davi a chamou em sua sala para revisar um contrato. Beatriz tentou se concentrar no documento à sua frente, mas sentiu quando ele se aproximou, sua respiração roçando sua nuca.— Você faz ideia do que está fazendo comigo? — A voz dele era um sussurro carregado de desejo.Ela fechou os olhos por um segundo, lutando contra a vontade de se virar e acabar com aquela distância.— Estamos no escritório, Davi. — Tentou manter a firmeza na voz.— Eu sei. E é exatamente isso que torna tudo ainda mais intenso. — Ele deslizou os dedos pela lateral do braço dela, causando arrepios.Beatriz virou-se para encará-lo, o desejo refletido em seus olhos. A razão dizia para se afastar, mas sua vontade gritava pa
Nos dias seguintes, Beatriz decidiu investigar por conta própria. Usando sua rede de contatos, ela descobriu que o homem das fotos era Ricardo Vasconcelos, um empresário conhecido por suas transações ilícitas.Quando confrontou Davi sobre isso, ele hesitou antes de admitir: Ricardo era um antigo sócio de sua família, envolvido em um acordo sigiloso que poderia destruir sua reputação se viesse à tona.— Eu não queria te envolver nisso, Beatriz. Mas agora que sabe, preciso que confie em mim. — Davi pediu, seus olhos carregados de emoção.Beatriz respirou fundo. Estava dividida entre o medo e o desejo de protegê-lo.A tensão entre eles atingiu seu ápice. Naquela noite, após uma discussão acalorada no escritório, Davi segurou Beatriz pelos braços, seus olhos queimando com intensidade.— Você me deixa louco, Beatriz. — Sua voz era rouca.Antes que ela pudesse responder, seus lábios se encontraram em um beijo feroz, carregado de desejo reprimido. Beatriz soube naquele momento que, independe
Após o confronto, Beatriz sabia que não poderia mais apenas reagir aos acontecimentos. Ela precisava agir.Em uma noite silenciosa, decidiu buscar respostas por conta própria. Acessou arquivos antigos da empresa, analisou contratos suspeitos e, finalmente, encontrou algo que chamou sua atenção: uma transação milionária entre a Bernardes Corporation e uma empresa offshore associada a Ricardo Vasconcelos.Antes que pudesse pensar no que fazer com aquela informação, seu telefone vibrou novamente. Outra mensagem anônima."Agora você viu demais. Cuidado com quem confia."O ar ficou pesado ao seu redor. A ameaça agora era direta.No dia seguinte, Davi notou sua inquietação e a puxou para uma sala reservada.— O que foi dessa vez? — Ele perguntou, visivelmente preocupado.Beatriz hesitou, mas mostrou a tela do celular para ele.Davi fechou os olhos por um instante antes de murmurar:— Isso está indo longe demais.— Então me diga a verdade! Eu preciso saber com o que estou lidando. — Ela insi
Na manhã seguinte, Beatriz acordou com a luz suave do sol entrando pela janela. Olhou ao redor, lembrando-se de que estava no refúgio de Davi. Ele não estava ao seu lado, e a ausência dele a fez se sentir inquieta.Levantou-se e encontrou Davi na cozinha, com uma xícara de café na mão e um laptop aberto na mesa.— Dormiu bem? — Ele perguntou sem tirar os olhos da tela.— O melhor que pude, considerando tudo. — Ela se aproximou, espiando a tela. Ele estava analisando documentos e transações.Davi virou o laptop em sua direção.— Descobri algo. Esse é o contrato da transação suspeita. Se olharmos os detalhes, há cláusulas inconsistentes que mostram que alguém tentou falsificar minha assinatura.Beatriz arqueou as sobrancelhas.— E se conseguirmos provar que a assinatura foi forjada?Davi sorriu, e pela primeira vez ela viu algo diferente nele: esperança.— Exatamente. Mas precisamos agir rápido. Ricardo não vai parar por aqui. Ele já percebeu que você está do meu lado, e isso te torna u
Davi dirigia a toda velocidade, os faróis cortando a escuridão da estrada deserta. Beatriz sentia a adrenalina pulsando em seu corpo, seus dedos apertando o cinto de segurança como se fosse sua única âncora na realidade.— Precisamos de um plano — ela disse, tentando controlar o tremor na voz.— Primeiro, precisamos garantir que você esteja segura — Davi respondeu, sem desviar os olhos da estrada. — Vou levá-la a um lugar onde ninguém possa encontrá-la.— E você? — Beatriz virou-se para ele, seu coração apertando ao ver a tensão em seu rosto.Davi hesitou por um instante.— Eu vou resolver isso. Ricardo não pode sair impune.— Não me peça para ficar de fora disso — ela insistiu, seu olhar firme. — Estou com você, Davi.O silêncio preencheu o carro, e quando ele finalmente olhou para ela, havia algo profundo e indomável em seus olhos.— Você realmente quer isso? — sua voz era baixa, carregada de emoção contida.Beatriz assentiu.— Até o fim.O esconderijo era uma casa afastada, cercada
postes enferrujados. Ele sabia que era uma armadilha, mas não tinha escolha.Com a arma em punho, ele caminhou com passos firmes, mantendo-se atento a qualquer movimento. Ao se aproximar da entrada do galpão, ouviu um grito abafado. Beatriz.O sangue de Davi ferveu. Ele chutou a porta, disparando um tiro para o alto. Os capangas de Ricardo se viraram surpresos, mas Davi foi mais rápido. Com tiros certeiros, acertou dois deles antes que pudessem reagir.Ricardo segurava Beatriz pelo braço, uma faca pressionada contra sua pele.— Solte-a, Ricardo! — Davi rosnou, apontando a arma para ele.Ricardo riu, apertando ainda mais a lâmina contra Beatriz.— Você realmente acha que vai sair vivo daqui? — ele zombou. — Eu sempre estive um passo à sua frente, Bernardes.Beatriz olhou para Davi com olhos suplicantes. Ela sabia que qualquer movimento errado poderia ser fatal.Então, em um movimento calculado, Beatriz cravou seu salto no pé de Ricardo, fazendo-o gritar de dor e soltar a faca por um se
Os dias que se seguiram foram uma montanha-russa de emoções para Beatriz. Mesmo com Ricardo Vasconcelos atrás das grades e os negócios da Bernardes Corporation se estabilizando, ela não conseguia se livrar da sensação de que algo ainda estava errado. Pequenos detalhes nos relatórios financeiros pareciam inconsistentes, e quanto mais ela analisava os documentos, mais suspeitas surgiam.Davi notou sua inquietação e a chamou para conversar em seu novo escritório.— O que foi? — ele perguntou, puxando-a para sentar ao seu lado no sofá de couro.Beatriz mordeu o lábio, hesitante. — Eu não sei se está realmente acabado, Davi. Encontrei registros de transferências suspeitas. Pequenos valores, mas com padrão similar ao esquema que Ricardo tentou armar contra você.Davi franziu a testa, pegando o tablet que ela lhe entregava. Analisou os dados por alguns minutos antes de soltar um suspiro pesado.— Isso não foi obra de Ricardo. Alguém dentro da empresa ainda está jogando contra mim.Beatriz se
Beatriz sentia que a tormenta que haviam enfrentado finalmente tinha chegado ao fim. Ricardo Vasconcelos estava preso, os capangas haviam sido desmantelados e a Bernardes Corporation estava livre da corrupção. Mas algo dentro dela gritava que a paz era apenas ilusória.Nos últimos dias, um incômodo sentimento de estar sendo observada a acompanhava. No escritório, em casa, até mesmo no restaurante onde costumava almoçar. Pequenos detalhes lhe chamavam atenção: um carro preto estacionado sempre na mesma rua, um homem de capuz que parecia estar em todos os lugares por onde passava.Ela tentou ignorar, convencendo-se de que era apenas resquício do trauma recente, mas não conseguiu.Certa noite, ao sair do trabalho, Beatriz decidiu testar sua intuição. Pegou um caminho diferente, atravessando um beco e cortando por ruas menos movimentadas. Seu coração acelerou quando percebeu que, a três carros de distância, o mesmo veículo preto ainda a seguia.Ela parou de repente na calçada, fingindo ol