Após o confronto, Beatriz sabia que não poderia mais apenas reagir aos acontecimentos. Ela precisava agir.
Em uma noite silenciosa, decidiu buscar respostas por conta própria. Acessou arquivos antigos da empresa, analisou contratos suspeitos e, finalmente, encontrou algo que chamou sua atenção: uma transação milionária entre a Bernardes Corporation e uma empresa offshore associada a Ricardo Vasconcelos.
Antes que pudesse pensar no que fazer com aquela informação, seu telefone vibrou novamente. Outra mensagem anônima.
"Agora você viu demais. Cuidado com quem confia."
O ar ficou pesado ao seu redor. A ameaça agora era direta.
No dia seguinte, Davi notou sua inquietação e a puxou para uma sala reservada.
— O que foi dessa vez? — Ele perguntou, visivelmente preocupado.
Beatriz hesitou, mas mostrou a tela do celular para ele.
Davi fechou os olhos por um instante antes de murmurar:
— Isso está indo longe demais.
— Então me diga a verdade! Eu preciso saber com o que estou lidando. — Ela insistiu.
Ele passou a mão pelos cabelos, respirando fundo.
— Tudo bem. Mas se eu te contar, você precisa prometer que não vai fugir.
Beatriz prendeu a respiração. Sua vida estava prestes a mudar para sempre.
Davi olhou nos olhos de Beatriz, seu rosto sério. Ele hesitou por um momento antes de se aproximar, sua voz baixa, quase um sussurro.
— Ricardo Vasconcelos não é apenas um investidor obscuro. Ele tem ligações com o submundo do crime. E há anos tenta me envolver nos negócios sujos dele.
Beatriz sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
— E essa transação? O que significa? — Ela perguntou, segurando o fôlego.
— É uma armadilha. Eles querem me incriminar. E agora, você está no meio disso. — Davi fechou os olhos por um instante, a frustração evidente.
— O que podemos fazer? — Ela perguntou, sentindo um misto de medo e adrenalina.
Davi pegou o celular e digitou algo rapidamente.
— Vamos sair daqui. Precisamos de um plano antes que seja tarde demais.
Sem tempo para hesitações, Beatriz pegou sua bolsa e seguiu Davi até o elevador, seu coração disparado. Estava prestes a mergulhar em um jogo muito maior do que imaginava. E, dessa vez, não havia volta.
Beatriz e Davi saíram do prédio da Bernardes Corporation sob o olhar atento de câmeras e funcionários curiosos. Dentro do carro blindado, o silêncio entre eles era denso. O motor roncava baixo enquanto seguiam rumo a um destino desconhecido para ela.
— Para onde estamos indo? — Beatriz perguntou, sua voz embargada pela tensão acumulada.
Davi olhou para ela rapidamente antes de voltar a atenção à estrada.
— Um lugar seguro. Confie em mim.
Ela queria confiar, mas tudo que vinha descobrindo tornava isso difícil. A cada minuto ao lado dele, sua vida se tornava mais complicada. E agora, envolvida com um homem que tinha inimigos perigosos, ela não sabia se poderia sair ilesa dessa situação.
Quando chegaram a uma casa afastada, cercada por árvores e protegida por um grande portão de ferro, Beatriz engoliu em seco. Davi saiu do carro e abriu a porta para ela.
— Entre. Precisamos conversar sem interrupções.
Ela hesitou por um momento antes de segui-lo para dentro. O interior da casa era moderno, mas austero. Poucos móveis, poucas cores. Parecia um refúgio preparado para alguém que esperava por perigo a qualquer momento.
Davi serviu uma taça de vinho para ela e pegou um copo de uísque para si. Sentaram-se frente a frente, e Beatriz foi a primeira a quebrar o silêncio.
— Você disse que Ricardo Vasconcelos quer te incriminar. Mas por quê? O que ele ganha com isso?
Davi suspirou, passando a mão pelos cabelos.
— Poder. Controle. Meu pai fez negócios com ele no passado, mas nunca entrou completamente no jogo sujo. Quando meu pai morreu, Ricardo tentou me convencer a continuar esses "acordos", mas eu me recusei. Desde então, ele tem tentado minar minha credibilidade, fazendo parecer que eu sou corrupto.
Beatriz absorveu a informação, sua mente girando com as possibilidades.
— Então essa transação que encontrei...
— Foi manipulada para parecer que eu estou envolvido. Mas é uma armadilha. E agora, você sabe demais.
Ela apertou a taça de vinho entre os dedos. Seu instinto dizia que deveria fugir, mas algo dentro dela gritava para ficar. Para ajudá-lo.
— O que vamos fazer? — ela perguntou, finalmente aceitando que já estava envolvida demais para recuar
Na manhã seguinte, Beatriz acordou com a luz suave do sol entrando pela janela. Olhou ao redor, lembrando-se de que estava no refúgio de Davi. Ele não estava ao seu lado, e a ausência dele a fez se sentir inquieta.Levantou-se e encontrou Davi na cozinha, com uma xícara de café na mão e um laptop aberto na mesa.— Dormiu bem? — Ele perguntou sem tirar os olhos da tela.— O melhor que pude, considerando tudo. — Ela se aproximou, espiando a tela. Ele estava analisando documentos e transações.Davi virou o laptop em sua direção.— Descobri algo. Esse é o contrato da transação suspeita. Se olharmos os detalhes, há cláusulas inconsistentes que mostram que alguém tentou falsificar minha assinatura.Beatriz arqueou as sobrancelhas.— E se conseguirmos provar que a assinatura foi forjada?Davi sorriu, e pela primeira vez ela viu algo diferente nele: esperança.— Exatamente. Mas precisamos agir rápido. Ricardo não vai parar por aqui. Ele já percebeu que você está do meu lado, e isso te torna u
Davi dirigia a toda velocidade, os faróis cortando a escuridão da estrada deserta. Beatriz sentia a adrenalina pulsando em seu corpo, seus dedos apertando o cinto de segurança como se fosse sua única âncora na realidade.— Precisamos de um plano — ela disse, tentando controlar o tremor na voz.— Primeiro, precisamos garantir que você esteja segura — Davi respondeu, sem desviar os olhos da estrada. — Vou levá-la a um lugar onde ninguém possa encontrá-la.— E você? — Beatriz virou-se para ele, seu coração apertando ao ver a tensão em seu rosto.Davi hesitou por um instante.— Eu vou resolver isso. Ricardo não pode sair impune.— Não me peça para ficar de fora disso — ela insistiu, seu olhar firme. — Estou com você, Davi.O silêncio preencheu o carro, e quando ele finalmente olhou para ela, havia algo profundo e indomável em seus olhos.— Você realmente quer isso? — sua voz era baixa, carregada de emoção contida.Beatriz assentiu.— Até o fim.O esconderijo era uma casa afastada, cercada
postes enferrujados. Ele sabia que era uma armadilha, mas não tinha escolha.Com a arma em punho, ele caminhou com passos firmes, mantendo-se atento a qualquer movimento. Ao se aproximar da entrada do galpão, ouviu um grito abafado. Beatriz.O sangue de Davi ferveu. Ele chutou a porta, disparando um tiro para o alto. Os capangas de Ricardo se viraram surpresos, mas Davi foi mais rápido. Com tiros certeiros, acertou dois deles antes que pudessem reagir.Ricardo segurava Beatriz pelo braço, uma faca pressionada contra sua pele.— Solte-a, Ricardo! — Davi rosnou, apontando a arma para ele.Ricardo riu, apertando ainda mais a lâmina contra Beatriz.— Você realmente acha que vai sair vivo daqui? — ele zombou. — Eu sempre estive um passo à sua frente, Bernardes.Beatriz olhou para Davi com olhos suplicantes. Ela sabia que qualquer movimento errado poderia ser fatal.Então, em um movimento calculado, Beatriz cravou seu salto no pé de Ricardo, fazendo-o gritar de dor e soltar a faca por um se
Os dias que se seguiram foram uma montanha-russa de emoções para Beatriz. Mesmo com Ricardo Vasconcelos atrás das grades e os negócios da Bernardes Corporation se estabilizando, ela não conseguia se livrar da sensação de que algo ainda estava errado. Pequenos detalhes nos relatórios financeiros pareciam inconsistentes, e quanto mais ela analisava os documentos, mais suspeitas surgiam.Davi notou sua inquietação e a chamou para conversar em seu novo escritório.— O que foi? — ele perguntou, puxando-a para sentar ao seu lado no sofá de couro.Beatriz mordeu o lábio, hesitante. — Eu não sei se está realmente acabado, Davi. Encontrei registros de transferências suspeitas. Pequenos valores, mas com padrão similar ao esquema que Ricardo tentou armar contra você.Davi franziu a testa, pegando o tablet que ela lhe entregava. Analisou os dados por alguns minutos antes de soltar um suspiro pesado.— Isso não foi obra de Ricardo. Alguém dentro da empresa ainda está jogando contra mim.Beatriz se
Beatriz sentia que a tormenta que haviam enfrentado finalmente tinha chegado ao fim. Ricardo Vasconcelos estava preso, os capangas haviam sido desmantelados e a Bernardes Corporation estava livre da corrupção. Mas algo dentro dela gritava que a paz era apenas ilusória.Nos últimos dias, um incômodo sentimento de estar sendo observada a acompanhava. No escritório, em casa, até mesmo no restaurante onde costumava almoçar. Pequenos detalhes lhe chamavam atenção: um carro preto estacionado sempre na mesma rua, um homem de capuz que parecia estar em todos os lugares por onde passava.Ela tentou ignorar, convencendo-se de que era apenas resquício do trauma recente, mas não conseguiu.Certa noite, ao sair do trabalho, Beatriz decidiu testar sua intuição. Pegou um caminho diferente, atravessando um beco e cortando por ruas menos movimentadas. Seu coração acelerou quando percebeu que, a três carros de distância, o mesmo veículo preto ainda a seguia.Ela parou de repente na calçada, fingindo ol
Na mesma noite, um pacote foi deixado na porta do apartamento de Beatriz. Dentro, havia um celular descartável. Antes que ela pudesse reagir, ele tocou.— Beatriz Bernardes? — a voz do outro lado era fria e calculada. — Você está se metendo onde não deve.Beatriz sentiu o corpo gelar.— Quem é você?Uma risada baixa ecoou pela linha.— Pergunte a Davi sobre Matteo Salvatore. Mas pergunte se ele realmente quer que você saiba a verdade.A ligação foi encerrada antes que Beatriz pudesse responder. Seu coração batia descompassado enquanto ela olhava para o celular em suas mãos.Davi não estava contando tudo. E agora, ela sabia disso.Beatriz olhava para o celular descartável em suas mãos, sentindo o peso da ligação. Matteo Salvatore. Aquele nome pulsava em sua mente como um alerta vermelho. Ela precisava de respostas. E só uma pessoa poderia dá-las.Sem perder tempo, pegou sua bolsa e saiu apressada em direção ao apartamento de Davi. Seu coração martelava a cada degrau que subia. Quando e
A noite estava silenciosa demais. Beatriz e Davi estavam em um galpão abandonado, esperando a chegada de Matteo. O plano era simples: oferecer a ele um falso acordo e forçá-lo a mostrar sua verdadeira face.Quando os carros pretos finalmente apareceram, Beatriz sentiu o estômago se revirar. Matteo desceu de um deles, acompanhado por homens armados. Seu olhar frio encontrou o de Davi.— Você realmente achou que poderia me enganar, Bernardes? — Matteo sorriu, mas seus olhos eram calculistas. — Você está lidando com alguém muito acima do seu nível.Davi cruzou os braços.— Todo homem comete erros, Salvatore. E o seu foi me subestimar.Matteo riu baixo, mas sua expressão mudou quando um clique ecoou pelo galpão. Beatriz, que estava ao lado de Davi, ergueu um gravador.— Cada palavra sua foi registrada. — Ela sorriu. — E enviada diretamente para a polícia.Os olhos de Matteo se estreitaram. Ele fez um sinal discreto, e seus homens sacaram as armas.— Isso foi um erro, senhorita Beatriz.An
O tempo passou, e Beatriz agora era mãe de um lindo menininho, Miguel. Com seus olhos castanhos profundos e um sorriso travesso, ele era a imagem perfeita do pai.A vida no vilarejo era simples, mas feliz. Beatriz havia construído uma rotina tranquila, trabalhando remotamente para empresas e mantendo sua independência. No entanto, apesar da paz que encontrou, nunca deixou de pensar em Davi.Até que, em uma tarde chuvosa, tudo mudou.Beatriz estava na pequena livraria da cidade quando sentiu um arrepio na espinha. Ao virar-se, encontrou um par de olhos intensos fixos nela. Davi.O tempo parecia ter parado. Ele estava ali, em carne e osso, mais maduro, com uma expressão que misturava surpresa, dor e algo mais profundo: saudade.— Eu finalmente te encontrei. — Sua voz era rouca, carregada de emoção.Beatriz sentiu o coração disparar. Miguel, ao seu lado, olhou para Davi com curiosidade, sem entender a conexão que acabava de ser feita.— Mamãe, quem é ele? — A voz inocente de Miguel preen