Manter o relacionamento profissional enquanto escondiam sua atração avassaladora provou ser mais difícil do que imaginavam. Pequenos toques acidentais, olhares prolongados e encontros furtivos tornaram-se parte de sua rotina diária.
Uma noite, depois que a maioria dos funcionários já havia saído, Davi a chamou em sua sala para revisar um contrato. Beatriz tentou se concentrar no documento à sua frente, mas sentiu quando ele se aproximou, sua respiração roçando sua nuca.
— Você faz ideia do que está fazendo comigo? — A voz dele era um sussurro carregado de desejo.
Ela fechou os olhos por um segundo, lutando contra a vontade de se virar e acabar com aquela distância.
— Estamos no escritório, Davi. — Tentou manter a firmeza na voz.
— Eu sei. E é exatamente isso que torna tudo ainda mais intenso. — Ele deslizou os dedos pela lateral do braço dela, causando arrepios.
Beatriz virou-se para encará-lo, o desejo refletido em seus olhos. A razão dizia para se afastar, mas sua vontade gritava para permanecer ali.
— Se continuarmos com isso, vai chegar um momento em que não conseguiremos mais esconder. — Ela alertou.
Davi segurou seu queixo suavemente, obrigando-a a manter o olhar nele. — Então que se dane o segredo. Eu quero você, Beatriz. E não vou parar até ter tudo de você.
Ela sentiu seu mundo balançar. Estava pronta para pagar o preço de ceder ao que sentia por ele?
Enquanto tentava encontrar uma resposta, os lábios dele tocaram os seus novamente, selando um destino que ambos já sabiam ser inevitável.
Os dias seguintes foram um jogo perigoso. Olhares trocados durante reuniões, toques furtivos nos corredores e mensagens enigmáticas depois do expediente. Mas Beatriz sabia que uma hora ou outra, aquilo fugiria de seu controle.
Davi a surpreendeu ao convidá-la para um jantar em um restaurante discreto. Apesar do receio, ela aceitou.
Sentada à mesa, ela se esforçava para não parecer vulnerável. Davi, por outro lado, parecia confortável, como se estivesse exatamente onde queria estar.
— Achei que você recusaria o convite. — Ele comentou, servindo vinho para os dois.
Beatriz ergueu uma sobrancelha. — Você não me deixou muitas opções.
Davi riu baixinho, inclinando-se para mais perto. — Eu sempre consigo o que quero, Beatriz.
Ela engoliu em seco. Sentia que aquele jantar não era apenas uma cortesia. Era um teste. Um que ela sabia que poderia falhar.
Antes que pudesse responder, seu telefone vibrou. Uma mensagem anônima apareceu na tela.
"Cuidado com ele. Você não sabe onde está se metendo."
Beatriz sentiu um frio na espinha. Olhou para Davi, que a observava atentamente. Algo estava errado. Muito errado.
A mensagem não saía da cabeça de Beatriz. Quem poderia estar tentando alertá-la? E por quê? Decidida a não demonstrar sua inquietação, ela desligou o celular e forçou um sorriso para Davi.
— Algum problema? — Ele perguntou, observando-a com atenção.
— Nada demais. Apenas uma notificação sem importância. — Mentiu.
Davi estreitou os olhos, mas não insistiu. O jantar prosseguiu, mas Beatriz mal conseguia saborear a comida. Seu instinto gritava que algo estava errado.
No dia seguinte, ao chegar ao escritório, encontrou um envelope pardo sobre sua mesa. Sem remetente. Com o coração acelerado, ela o abriu e encontrou algumas fotos. Em todas, Davi aparecia com um homem desconhecido, em reuniões discretas, como se estivessem fechando um acordo secreto.
Beatriz sentiu um nó na garganta. Quem era aquele homem? E por que alguém queria que ela soubesse disso?
Davi entrou na sala naquele momento, seu olhar imediatamente pousando no envelope aberto sobre a mesa de Beatriz. Ele franziu a testa ao ver as fotos.
— Onde conseguiu isso? — Sua voz era baixa, mas carregada de tensão.
Beatriz hesitou. Poderia confiar nele? O instinto lhe dizia para confrontá-lo, mas outra parte dela temia o que poderia descobrir.
— Elas estavam aqui quando cheguei. Quem é esse homem, Davi?
Ele pegou as fotos, examinando-as com expressão sombria. Após um longo silêncio, suspirou e encarou Beatriz.
— Isso não é algo que eu possa te contar agora. Mas prometo que não tem nada a ver com você. Confie em mim.
Beatriz sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Não era isso que ela queria ouvir.
— Confiança precisa de transparência, Davi. E, neste momento, eu não sei se posso confiar em você.
Ele a observou por alguns segundos, então se aproximou lentamente.
— Eu entendo seus receios. Mas saiba de uma coisa: eu nunca faria nada para te machucar. Se você quiser se afastar agora, eu vou entender. — Sua voz era firme, mas havia algo mais ali. Uma vulnerabilidade que ela nunca tinha visto antes.
Beatriz engoliu em seco. Seu coração e sua razão estavam em guerra.
— Eu não sei o que fazer. — Admitiu, sua voz quase um sussurro.
Davi segurou sua mão com delicadeza.
— Então me deixe provar que você pode confiar em mim.
Beatriz sabia que estava entrando em um jogo perigoso. Mas já era tarde demais para voltar atrás.
Nos dias seguintes, Beatriz decidiu investigar por conta própria. Usando sua rede de contatos, ela descobriu que o homem das fotos era Ricardo Vasconcelos, um empresário conhecido por suas transações ilícitas.Quando confrontou Davi sobre isso, ele hesitou antes de admitir: Ricardo era um antigo sócio de sua família, envolvido em um acordo sigiloso que poderia destruir sua reputação se viesse à tona.— Eu não queria te envolver nisso, Beatriz. Mas agora que sabe, preciso que confie em mim. — Davi pediu, seus olhos carregados de emoção.Beatriz respirou fundo. Estava dividida entre o medo e o desejo de protegê-lo.A tensão entre eles atingiu seu ápice. Naquela noite, após uma discussão acalorada no escritório, Davi segurou Beatriz pelos braços, seus olhos queimando com intensidade.— Você me deixa louco, Beatriz. — Sua voz era rouca.Antes que ela pudesse responder, seus lábios se encontraram em um beijo feroz, carregado de desejo reprimido. Beatriz soube naquele momento que, independe
Após o confronto, Beatriz sabia que não poderia mais apenas reagir aos acontecimentos. Ela precisava agir.Em uma noite silenciosa, decidiu buscar respostas por conta própria. Acessou arquivos antigos da empresa, analisou contratos suspeitos e, finalmente, encontrou algo que chamou sua atenção: uma transação milionária entre a Bernardes Corporation e uma empresa offshore associada a Ricardo Vasconcelos.Antes que pudesse pensar no que fazer com aquela informação, seu telefone vibrou novamente. Outra mensagem anônima."Agora você viu demais. Cuidado com quem confia."O ar ficou pesado ao seu redor. A ameaça agora era direta.No dia seguinte, Davi notou sua inquietação e a puxou para uma sala reservada.— O que foi dessa vez? — Ele perguntou, visivelmente preocupado.Beatriz hesitou, mas mostrou a tela do celular para ele.Davi fechou os olhos por um instante antes de murmurar:— Isso está indo longe demais.— Então me diga a verdade! Eu preciso saber com o que estou lidando. — Ela insi
Na manhã seguinte, Beatriz acordou com a luz suave do sol entrando pela janela. Olhou ao redor, lembrando-se de que estava no refúgio de Davi. Ele não estava ao seu lado, e a ausência dele a fez se sentir inquieta.Levantou-se e encontrou Davi na cozinha, com uma xícara de café na mão e um laptop aberto na mesa.— Dormiu bem? — Ele perguntou sem tirar os olhos da tela.— O melhor que pude, considerando tudo. — Ela se aproximou, espiando a tela. Ele estava analisando documentos e transações.Davi virou o laptop em sua direção.— Descobri algo. Esse é o contrato da transação suspeita. Se olharmos os detalhes, há cláusulas inconsistentes que mostram que alguém tentou falsificar minha assinatura.Beatriz arqueou as sobrancelhas.— E se conseguirmos provar que a assinatura foi forjada?Davi sorriu, e pela primeira vez ela viu algo diferente nele: esperança.— Exatamente. Mas precisamos agir rápido. Ricardo não vai parar por aqui. Ele já percebeu que você está do meu lado, e isso te torna u
Davi dirigia a toda velocidade, os faróis cortando a escuridão da estrada deserta. Beatriz sentia a adrenalina pulsando em seu corpo, seus dedos apertando o cinto de segurança como se fosse sua única âncora na realidade.— Precisamos de um plano — ela disse, tentando controlar o tremor na voz.— Primeiro, precisamos garantir que você esteja segura — Davi respondeu, sem desviar os olhos da estrada. — Vou levá-la a um lugar onde ninguém possa encontrá-la.— E você? — Beatriz virou-se para ele, seu coração apertando ao ver a tensão em seu rosto.Davi hesitou por um instante.— Eu vou resolver isso. Ricardo não pode sair impune.— Não me peça para ficar de fora disso — ela insistiu, seu olhar firme. — Estou com você, Davi.O silêncio preencheu o carro, e quando ele finalmente olhou para ela, havia algo profundo e indomável em seus olhos.— Você realmente quer isso? — sua voz era baixa, carregada de emoção contida.Beatriz assentiu.— Até o fim.O esconderijo era uma casa afastada, cercada
postes enferrujados. Ele sabia que era uma armadilha, mas não tinha escolha.Com a arma em punho, ele caminhou com passos firmes, mantendo-se atento a qualquer movimento. Ao se aproximar da entrada do galpão, ouviu um grito abafado. Beatriz.O sangue de Davi ferveu. Ele chutou a porta, disparando um tiro para o alto. Os capangas de Ricardo se viraram surpresos, mas Davi foi mais rápido. Com tiros certeiros, acertou dois deles antes que pudessem reagir.Ricardo segurava Beatriz pelo braço, uma faca pressionada contra sua pele.— Solte-a, Ricardo! — Davi rosnou, apontando a arma para ele.Ricardo riu, apertando ainda mais a lâmina contra Beatriz.— Você realmente acha que vai sair vivo daqui? — ele zombou. — Eu sempre estive um passo à sua frente, Bernardes.Beatriz olhou para Davi com olhos suplicantes. Ela sabia que qualquer movimento errado poderia ser fatal.Então, em um movimento calculado, Beatriz cravou seu salto no pé de Ricardo, fazendo-o gritar de dor e soltar a faca por um se
Os dias que se seguiram foram uma montanha-russa de emoções para Beatriz. Mesmo com Ricardo Vasconcelos atrás das grades e os negócios da Bernardes Corporation se estabilizando, ela não conseguia se livrar da sensação de que algo ainda estava errado. Pequenos detalhes nos relatórios financeiros pareciam inconsistentes, e quanto mais ela analisava os documentos, mais suspeitas surgiam.Davi notou sua inquietação e a chamou para conversar em seu novo escritório.— O que foi? — ele perguntou, puxando-a para sentar ao seu lado no sofá de couro.Beatriz mordeu o lábio, hesitante. — Eu não sei se está realmente acabado, Davi. Encontrei registros de transferências suspeitas. Pequenos valores, mas com padrão similar ao esquema que Ricardo tentou armar contra você.Davi franziu a testa, pegando o tablet que ela lhe entregava. Analisou os dados por alguns minutos antes de soltar um suspiro pesado.— Isso não foi obra de Ricardo. Alguém dentro da empresa ainda está jogando contra mim.Beatriz se
Beatriz sentia que a tormenta que haviam enfrentado finalmente tinha chegado ao fim. Ricardo Vasconcelos estava preso, os capangas haviam sido desmantelados e a Bernardes Corporation estava livre da corrupção. Mas algo dentro dela gritava que a paz era apenas ilusória.Nos últimos dias, um incômodo sentimento de estar sendo observada a acompanhava. No escritório, em casa, até mesmo no restaurante onde costumava almoçar. Pequenos detalhes lhe chamavam atenção: um carro preto estacionado sempre na mesma rua, um homem de capuz que parecia estar em todos os lugares por onde passava.Ela tentou ignorar, convencendo-se de que era apenas resquício do trauma recente, mas não conseguiu.Certa noite, ao sair do trabalho, Beatriz decidiu testar sua intuição. Pegou um caminho diferente, atravessando um beco e cortando por ruas menos movimentadas. Seu coração acelerou quando percebeu que, a três carros de distância, o mesmo veículo preto ainda a seguia.Ela parou de repente na calçada, fingindo ol
Na mesma noite, um pacote foi deixado na porta do apartamento de Beatriz. Dentro, havia um celular descartável. Antes que ela pudesse reagir, ele tocou.— Beatriz Bernardes? — a voz do outro lado era fria e calculada. — Você está se metendo onde não deve.Beatriz sentiu o corpo gelar.— Quem é você?Uma risada baixa ecoou pela linha.— Pergunte a Davi sobre Matteo Salvatore. Mas pergunte se ele realmente quer que você saiba a verdade.A ligação foi encerrada antes que Beatriz pudesse responder. Seu coração batia descompassado enquanto ela olhava para o celular em suas mãos.Davi não estava contando tudo. E agora, ela sabia disso.Beatriz olhava para o celular descartável em suas mãos, sentindo o peso da ligação. Matteo Salvatore. Aquele nome pulsava em sua mente como um alerta vermelho. Ela precisava de respostas. E só uma pessoa poderia dá-las.Sem perder tempo, pegou sua bolsa e saiu apressada em direção ao apartamento de Davi. Seu coração martelava a cada degrau que subia. Quando e