Beatrice
A minha primeira aula da tarde era biologia, eu até tentei prestar atenção, mas não dava, só de olhar para o quadro me dava náuseas, se bem era bem brega ver todo o dia o professor usando chinelo e roupas informais, como se ele tivesse num resort, não, nem num resort ele estaria com essa breguice, hoje ele usava uma camisa laranja cheia de coqueiros, calções e pra completar chinelos. Queria eu entender de onde veio esse estilo de quinta, se ele acha que é bonito, ele não deve ter senso.
— Senhorita Connor, já que estava prestando muita atenção em nossa aula, então pode responder à pergunta — falou o professor olhando para mim o que demonstrava que ele estava falando comigo.
— Eu nunca disse que estava prestando atenção, acha mesmo que se estivesse eu estaria com essa cara de sono? — apontei para a minha cara, só faltou sair fumo pela ventas de tanto que ele estava irritado — já sei, diretoria, queria mesmo falar com o diretor, ou então chamaria a polícia por te acusar de ofensa contra a moda — peguei minha mochila pronta pra sair da sala.
— Na verdade, eu quero que fique depois da aula, e de acordo com o novo regulamento, não existe mais código de vestimenta — falou com um sorriso vitorioso, sorriso esse muito suspeito.
— Bem, eu supus que aquilo era apenas para os alunos, mas quem precisa de senso de moda não é mesmo? — a turma riu ao som do meu deboche e o professor anotou no papel provavelmente falaria com o diretor.
Quando o toque soou, esperei todos saírem para também me levantar, fui em direção à sua mesa esperando ele falar.
— Senhorita Connor, suas notas não estão lá muito boas — avisou olhando em seus papéis — se continuar assim é provável que fique aqui por mais um ano, você não tem feito os trabalhos em grupo, como espera passar?
A essa pergunta eu não tinha resposta, eu não fazia ideia... eu não tinha rumo, Chloe ia casar com alguém rico, Brianna provavelmente viraria uma jornalista com o dom que ela tem em se meter na vida dos outros e a minha irmã ia seguir os passos da minha mãe como modelo, bem... eu não me via fazendo isso, definitivamente não, então qual era exatamente o meu destino?
— Senhorita Connor apesar de não gostar de mim, eu não desejo o mal a ninguém, não quero que perca um ano, ou vai querer ser a mais velha do seu grupo porque foi fútil e repetiu de ano? — perguntou e eu apenas me mantive em silêncio — sei que é difícil, mas decidi pedir a um de nossos melhores alunos para ser seu tutor.
— Tutor? — repeti a palavra pasma.
Não acredito que vou ter que passar a vergonha chegando em casa com um nerd para me ajudar. Se minha irmã antes não tinha motivos para fazer piadas, agora ela vai ter, tenho certeza que ela vai rir e contar pra escola inteira. Minha vida ia passar de merda para inferno e eu vou ser ridicularizada, deixarei de ser popular pra ser uma perdedora qualquer e meu posto como rainha vai ser passado adiante. Está fora de questão eu perder meu posto.
— Obrigada, mas posso estudar por conta própria, não preciso de um aluno de sua confiança pra me ajudar — sai sem nem ouvir seus protestos.
[...]
As arquibancadas estavam quase vazias, as nerds se perdiam pela biblioteca, as góticas gostavam da sala de aula então quase ninguém vinha pra cá.
Fui em direção às arquibancadas onde sabia que Brianna e Cloe estariam lá secando os jogadores de Lacrosse, era aqui onde as patricinhas mimadas se encontravam. Vamos combinar que era o lugar perfeito para garotas como nós.
— E aí? O que o professor queria? — perguntou Brianna. Curiosa como sempre.
— Me dar uma bronca — falei me sentando também.
— Mas se era só isso, porque ele não te mandou pra sala do diretor? — especulou Brianna, eu estava ficando cansada daquele interrogatório.
— Aí meu Deus, olha só, Bryan está jogando tão bem — contou enquanto tinha seus olhos grudados no belo garoto de cabelos curtos e olhos azuis.
Aquilo fez com que o interrogatório cessasse, mas eu sabia que Brianna não deixaria só por isso, sua curiosidade era sufocante. Os meus olhos percorreram por todo o campo procurando o meu namorado, foi então que o vi na linha de frente, ele era o capitão do time de Lacrosse. Obviamente. Eu nunca namoraria um lesado nem que fosse o último homem na face da Terra.
— Tom, está jogando muito bem hoje — elogiou Brianna.
— É, ele está — respondi desanimada.
Tom era o típico garoto atlético por qual todas as garotas suspiravam, era capitão do time de Lacrosse, popular, presunçoso, egocêntrico e tinha tudo aos seus pés. Eu não sei bem porque comecei a namorar ele, talvez porque no começo eu não tinha que dar muita satisfação, nós queríamos apenas uma transa, não havia sentimentos, é claro que tinha aquela coisa de não transar com outro, apesar de não gostar de Tom dessa maneira. Eu não chegava a ser tão vadia a ponto de trai-lo.
Nesses últimos dias, Tom tem se mostrado meio estranho, sei lá, ele queria saber onde eu estava, ou com quem eu estava. No começo a gente só ficava, mas aí as pessoas começaram a achar que a gente namorava, então colou. Tom estava se apegando a mim e isso era tudo que eu não queria, ele já estava até fazendo planos para o futuro, casamento, filhos, coisa de gente apaixonada, não penso em ter filhos, fala sério! Não teria a coragem de estragar esse corpinho lindo que eu tenho só pra ter alguém a quem chamar de "filho", não mesmo, obrigada!
O apito do treinador suou e me fez despertar dos meus devaneios sinalizando que o treino havia acabado. Eu me levantei para me trocar, agora teríamos treino para líderes de torcida, estamos numa competição cerrada entre o meu grupo e o grupo da minha irmã, só poderia haver um grupo para representar os jogos, então iria haver uma competição. Era isso ou juntarmos os dois grupos, e fala serio!! Definitivamente não estou me vendo no mesmo grupo que a minha irmã é a líder? Quem seria a líder? Eu obviamente, mas eu bem sei que Genevieve não aceitaria, mas acho que isso não tem muito haver com a dança, acho que isso é mais uma competição em apenas entre nós duas.
— Os uniformes novos chegaram!! — falou Chloe com uma caixa nas mãos.
— É isso aí — por fim dei o meu primeiro sorriso animado no dia — Chloe coloca os uniformes naquela salinha que o treinador não vai se importar.
— Mas nós não vamos usar? — perguntou confusa.
— Só no dia da competição.
Todas assentiram fazendo o que eu mandei. O treino havia começado e todas já estávamos se alongando no campo, já eu como uma boa líder verificava se todas faziam tudo da maneira correta.
— Chloe prende esse cabelo direito — berrei porque mais uma vez seu rabo-de-cavalo estava torto — Fox, eu já não te disse que deveria alongar em casa todos os dias? — me aproximei dela.
— Hoje não deu, me desculpa.
— As suas desculpas por acaso vão servir quando nós perdermos por sua causa? — usei um tom sarcástico — acho que não, então acho bom começar a alongar senão você e o seu traseiro sairão do grupo entendeu? — questionei e ela assentiu com a cabeça.
Não vou mentir, eu era um pouco perfeccionista, queria que tudo saísse perfeito, eu não suportaria ouvir nenhumas das piadinhas da minha irmã se alguma das minhas líderes de torcida em plena competição caíssem por falta de alongamento, ou seja o que fosse, todas tinham que estar mais que preparadas, era tudo ou nada, senão todo esse trabalho árduo, alongamentos, treinos não valeriam de nada, todas perderíamos e eu e meu orgulho iria pro chão, é exatamente por isso que nós não vamos perder.
— Trice — chamou Brianna apontando para as arquibancadas.
Olhei para o mesmo lugar e logo vi do que se tratava.
— O que o esquisitão tatuado está fazendo aqui? — perguntou Chloe que também havia reparado.
— Sei lá — respondi olhando para o mesmo.
Parker estava escrevendo algo num papel sentado nas arquibancadas, não sei bem porque, mas senti uma grande vontade de saber o que ele escrevia com tanta concentração, também queria saber o que ele fazia aqui, mas não era próxima para fazer tais perguntas, ainda assim era estranho, Zack Parker nunca vinha pra cá, ele não era atleta ou coisa do tipo, mas olha que ele tinha braços fortes e um tanquinho digno de um prêmio, sei disso porque uma vez na aula de educação física ele foi jogar no time sem camisa e caralho, todas as garotas (sem exceções das nerds) ficaram secando ele, eu claro não perdi o show, só por alguns segundos e eu tive que parar de seca-lo, porque meu namorado estava me encarando como se dissesse: é sério que está secando esse cara bem na minha frente?!
— Ele deve estar escrevendo um poema sobre rejeição — brincou Chloe logo depois abrindo uma larga gargalhada e sendo seguida pela de Brianna — ouvi que na verdade os pais o abandonaram.
— E você vai escrever um longo poema do porque devemos vencer, colocando todas as minhas qualidades como líder — sorri de lado para a mesma que me olhou horrorizada.
— Então vamos começar — todos formaram uma linha reta me ouvindo atentamente — hoje nós vamos repassar nosso número para a competição, e eu quero todas concentradas, Brianna coloca a música.
Assim que a música se ouviu, todas começaram a fazer os passos, mas aquilo não estava nem de perto bom, Fox deixou de acompanhar passos com precisão no meio da música, Chloe se perdeu e parecia ate que havia se esquecido o que era direita e esquerda e outras três mal faziam a elevação sem quase cair, aquilo de todo estava um caos e pra me irritar, Parker não parava de me encarar, geralmente nunca me incomodo com alguém me observando, mas com ele foi extremamente irritante.
— Que porra foi essa? — cruzei os braços sem entender a descoordenação de todo o número.
— Estamos cansadas Trice, temos treinado muito — uma garota abriu a boca e todas a olharam de olhos arregalados.
Ninguém de fato nunca questionou meus métodos de treino, o que chegava a ser um desaforo, eu estava pegando bem leve para uma competição dessas.
— Qual é o seu nome? — perguntei para a garota petulante.
— Naya.
— Eu totalmente concordo com você Naya — concordei tocando seu ombro — é por isso — olhei pra todas novamente — que depois de tanto trabalho árduo vão ter um pequeno incentivo.
Todas voltaram a respirar sem medo e eu ri internamente pela maneira que acharam que tudo ia ficar bem como se eu acatasse comentários alheios.
— Caso a gente perder na competição, todas vão ganhar um bônus de limpar todos os banheiros dessa escola, primeiro e segundo andar, então podem agradecer a vossa amiga petulante pelo vosso bônus.
Todas olharam friamente para Naya enquanto eu sorri triunfante, regra numero um de ser uma líder, caso alguém te questione faça com que todos a odeiem e ninguém a seguirá.
— Agora que as dúvidas foram finalmente esclarecidas, mais uma vez, e dessa vez, concentração — mandei e todas se colocaram em posições.
[...]
— Minhas pernas estão me matando — reclamou Chloe enquanto saíamos da escola.
— É claro que isso não vai te impedir de dançar na festa da Julie — disse Brianna com um sorriso sarcástico.
— Já me viu saindo de uma festa sem antes me embebedar e dançar até cair? — a voz de Chloe saiu mais animada — fala sério, as festas da Julie são as melhores.
— Você vai não é, Trice? — perguntou Chloe a mim.
— Eu nunca perco uma festa da Julie — disse rindo — a gente se vê lá meninas.
Me afastei das duas ao ver Parker andando para dentro da escola.
— Parker — chamei antes que ele entrasse e ele veio até mim — eu não sei porque achou que tinha o direito de nos ver treinando, mas eu quero que isso nunca mais se repita, você está disturbando o treino — coloquei a mão na cintura de modo imponente.
— Elas dançaram bem hoje, aposto que se deve á líder esse mérito todo — zombou ao sair andando e eu bufei irritada.
Ele praticamente não ouviu uma palavra do que eu disse, ele zombou como se não soubesse quem eu era. Zack Parker, você acabou de entrar para a minha lista dos desaforados.
BeatriceEu tinha apenas três horas para estar pronta, então me apressei para tomar um banho para tirar o suor, aproveitei para lavar os meus cabelos castanhos escuros que se estendiam pelas minhas costas de tão grande. Ao terminar o meu banho, fui até o meu closet e procurei peça por peça o vestido perfeito, optei por um lindo vestido tubinho preto com brilhantes, era de alçinhas, ia até o meio da coxa e para dar o toque final, coloquei um salto nude combinando com uma bolsinha da mesma cor. Fiz uma maquiagem leve, passei também um babyliss deixando cachos definidos para no final me olhar no espelho, eu realmente estava uma gata, pronta pra arrasar na pista e encher a cara de bebida pra esquecer do fato da minha semana não ter sido tão boa.Tudo isso feito em duas horas e meia, havia me arrumado
BeatriceAcordei cheia de dor de cabeça e quando enfim abri os olhos, me vi num quarto desconhecido, era luxuoso e neutro, não tinha nada que me ajudasse a saber de quem era, então presumi que fosse um quarto de hóspedes, olhei por baixo das cobertas olhando se ainda tinha algo cobrindo minhas partes íntimas, vai que eu dei a louca ontem e fiz algo que depois eu vá me arrepender, felizmente ainda estava com a minha lingerie, tentei reviver as minhas memórias de ontem, mas a noite passada parecia um branco, o único resultado foi mais dor de cabeça, então desisti de tentar me lembrar me concentrando no agora.Em cima da mesa de cabeceira tinha um copo de água com um remédio, presumi que aquilo era pra minha dor de cabeça ent&a
Beatrice— Antes de começar tenho que dizer apenas uma coisa — exigi e ele maneou a cabeça confirmando — na escola você nem ousa falar comigo.— Nem o tencionava fazer — colocou as mãos no bolso relaxado.— Vamos estudar no meu quarto — subi as escadas meio a contragosto.Comecei a procurar dentre as minhas estantes os livros, e assim que os encontrei, coloquei na mesa e me sentei na cadeira, esperando o Sr. Esquisito, eu ainda vou ter uma conversa com o diretor.— E então? Por onde começamos?— Matemática — q
BeatriceSentei no sofá apesar de conhecer cada ponto do perímetro, o Diretor Miles se encontrava na sua cadeira olhando pra mim como se já até soubesse do que eu vinha falar.— Tutor?! Sério Diretor Miles, pensei que fossemos amigos — usei meu tom magoado.— É por isso mesmo que eu decidi, fomos a concelho, a maioria das suas notas estão abaixo da media e por causa das suas criticas irremediáveis quase foi reprovada por indisciplina, atrasos, e notas más ao longo do ano.— Não me lembro de ter criticado ninguém — me fiz de desentendida.— E sua prof
Teste surpresa?!Esse professor queria mesmo ferrar com a minha vida, e depois ainda diz que não queria me ver ficando pra trás, mas se ele não queria porque então ele estava passando a merda de um teste surpresa, era pra fuder com o meu psicológico, só pode. Talvez eu tivesse sorte o suficiente dequem sabe as matérias que estudei ontem com o Parker, fossem cair hoje no teste, assim quem sabe a minha nota do teste não fosse de todo um "0" bem redondo.Sentei na cadeira quase roendo as unhas, eu disse quase, definitivamente eu não ia estragar minhas unhas por causa de um teste. O professor colocou a folha na minha frente e comecei a ler calmamente. Dizendo Parker num momento desses precisamos manter a calma, então respirei bem&
BeatriceEra agora que eu me fodia, era agora que meu pai iria me dar um olhar decepcionado, minha mãe me mandava pra um colégio interno na Suécia e meu pai não podia fazer nada. Aquela merda de teste surpreso iria ser entregue AGORA. Eu estava uma pilha de nervos e mesmo tendo proibido o esquisitão de falar comigo em lugar público, ele me dava aquele olhar sutil e tranquilizador como se estivesse certo de que tudo iria ficar bem.Mas quem me garantia?! Aquele professor só queria me ferrar!!— Bom alunos, gostaria de dizer que fiquei muito triste com algumas notas dessa turma, espero que para a próxima melhorem.Babaca, precisava dizer isso s&oacu
Beatrice— Feliz dia das mães, mamãe!! — felicitou Genevieve ao ver minha mãe entrando na sala de jantar para tomar o café da manhã.— Obrigada, filha — agradeceu aconchegando suafilha número umem seus braços.Eu apenas revirei os olhos. Hoje pra minhafelicidadeera o dia das mães, então já dá pra imaginar como o meu dia ia ser. Decidi procurar o meu pai, ele geralmente estava na cozinha comendo Waffles escondido da minha mãe. Dona Ashley Connor não aprovava comer tanto no café da manhã.— Oi pai — abracei ao vê-lo.
BeatriceA feira estava mesmo acabando, o céu já tinha uma cor meio alaranjada mostrando que em breve a noite chegaria e as pessoas aos poucos foram indo embora, os que participavam do comitê de organização começaram a desmontar as tendas e a limpar.— Essa feira do dia das mães foi épica — proferiu minha irmã animada pelo dia ter sido tal como ela queria.Um dia inteira de puta felicidade, enquanto eu chorava pelos cantos sendo atormentada pelo Zack.— Com certeza, filha — mamãe abraçou a mesma me causando vontades de vomitar.Apenas comecei a andar, hoje eu nã