Beatrice
Mais uma manhã de sol e aulas ameaçava o meu sono.
Depois de um banho quente para me acordar de vez, entrei no meu quarto apenas para pegar minha mochila e meu celular, mas parece que não existe uma só manhã em que eu não possa tomar o meu café da manhã em paz. Parece que o destino adora me atentar, assim que ele me vê com pouca paciência, ele diz: hoje é um dia perfeito pra atentar Beatrice Connor. Foquei no meu celular bem na mão da minha irmã, a quem eu queria enganar?! Isso não se trata do destino e sim da minha irmã, já devia ter calculado, deveria deixar meu celular onde mãos pegajosas como as dela nem chegassem perto.
— Genevieve, para de brincadeira e devolve meu celular — berrei irritada, ela apenas me deu um sorriso irônico. Ai como eu odiava seu ironismo.
— Vejamos o que temos aqui — Genevieve começou deslizando o dedo pela tela do meu celular — oww, brigando com o namorado?! — perguntou com aquela voz sarcástica.
Travei meu maxilar com raiva. Porquê? O que eu fiz de tão errado para ter a pior irmã gêmea do mundo? Irmãs gêmeas supostamente deveriam ter aquela ligação, deveriam se amar, mas para mim era diferente, porque se me deixassem trancada com ela em uma sala, no mínimo eu estrangulava ela. Tá exagerei, quando estou com raiva não consigo segurar meus pensamentos, mas ela simplesmente me tira do sério, só por ser ela.
Nota mental: colocar senha mais elaborada, mas nem tão elaborada para eu não me esquecer.
— Genevieve eu já to perdendo a paciência, me devolve essa porra de celular — tentei contar até dez, mas nem isso aliviou a minha vontade de bater na minha própria irmã.
— Aí que sem graça — fez uma cara entediada — ta aqui a porra do seu celular — jogou em mim e como eu sou péssima de reflexos, o celular caiu no chão, a tela estava toda quebrada, tentei ligar, mas apenas apareceu uma tela branca que logo depois apagou. Sabia que depois de ter batido bem na quina ele não teria mais vida.
Olhei para a minha irmã com aquele olhar, acho que se eu pudesse matar com apenas um olhar, minha irmã já estaria enterrada a sete palmos do chão. eu nunca entendi o fato dela sempre ser assim, mas o fato é que ela havia quebrado meu celular e ela ia pagar. Ela saiu correndo e eu fui logo atrás dela no meu salto quinze, devo confessar que ela tinha mais habilidades correndo com salto, mas obviamente esse pensamento nunca sairia da minha cabeça.
— Volta aqui sua... — parei de falar ao me lembrar que estava em ambiente familiar e meus pais estavam logo ali.
Seria pedir muito não ter uma irmã? mas acho que se fosse assim, era eu que não teria nascido, pois apesar de termos minutos de diferença, ela ainda é a mais velha e eu sou a caçula apesar de nunca ter me facilitado ser a mais nova diante da maneira que minha mãe me tratava.
— Café da manhã — alertou o meu pai — se não se apressarem vão se atrasar.
Eu bem que perderia o primeiro tempo só pra matá-la, valeria a pena, mas eu sei que se fizesse isso, meu pais me deserdavam, mais propriamente a minha mãe. Respirei fundo tentando inutilmente controlar a minha raiva e sentei para tomar o café da manhã. Apesar de estar com raiva eu realmente tinha que me acalmar, esse estresse todo não fazia bem pra minha pele.
— Então... pai eu preciso de um celular novo — disse o olhando pidona.
— Mas onde está o seu celular? — papai arqueou a sobrancelha sem entender.
— A minha querida irmã quebrou — sentiram a ironia? Esse ponto era onde eu queria chega.
Vamos lá Genevieve, lida com essa agora!
— Muito bem, eu ainda hoje levo para sua escola — avisou e eu fiquei esperando ele falar algo a mais.
Não acredito que ela quebra o meu celular e não leva um castigo, se fosse eu, minha mãe já estava descascando na minha cabeça. Era querer demais que a castigassem por um celular partido?! Tudo bem que minha mãe não tinha apego a bens materiais como tecnologia e se eu quero um celular o financeiro da nossa família cobria sem problemas, mas ela faria pela Genevieve.
— É só isso? E a Genevieve? Vocês não vão castigá-la? — indaguei e ainda ouvi a mesma rir baixinho.
— Eu e sua mãe vamos pensar num castigo, não se preocupe — falou papai e eu apenas revirei os olhos. Bem sabia que não iria acontecer muita coisa, mamãe sabia dar o seu jeito para "amenizar" o lado de Genevieve.
— Nós não vamos castigar Genevieve porque ela quebrou um celular, é apenas um celular — se pronunciou a minha mãe por fim. Apresento-vos a guardiã protetora de Genevieve. Minha mãe.
— Não é apenas um celular, a minha vida estava nele, tenho a certeza que se fosse o celular de Genevieve você estaria me dando um castigo pra além da bronca — me levantei exaltada.
— O que está querendo insinuar? — indagou como se não soubesse do que eu estava falando.
Eu sou uma boa concorrente para o Oscar de atriz mas minha mãe chegaria lá facilmente, diria até que eu não era páreo para ela numa competição de melhor atriz, ela ganhava de primeira, ou meu pai era covarde demais pra me defender, eu sei lá, só sei que pra minha mãe eu era a ovelinha negra da família.
— Eu não vou ficar falando o que é óbvio — berrei e ela se levantou.
— Olha o tom!! - repreendeu a mesma.
Calma Beatrice, é sua mãe, lembra? A mulher que te deu à luz, falou meu sub, mas eu só queria m****r o meu sub pra puta que pariu. Eu estava farta, isso tudo me irritava. Desde que me entendendo por gente, mamãe sempre protegeu Genevieve, eu era mais apegada ao meu pai apesar de às vezes acha-lo um covarde por não agir.
— Vamos acalmar os ânimos ok? Todos estamos muito exaltados — papai tentou apartar a briga. Como sempre.
— Pra mim já deu, já vou indo — peguei a minha mochila — saí ignorando os gritos enfurecidos da minha mãe.
O que é um dia normal na família Connor sem um drama familiar logo pela manhã?! Será que em algum outro mundo paralelo eu sou feliz? Suspirei frustada. Creio que não.
[...]
Geralmente a protagonista de uma história é aquela menina que senta na primeira fileira, a garota tímida e nerd que conhece o típico bad boy, bem... parece que às vezes o típico é entediante, se bem que a minha vida não é muito diferente, apesar de que há partes do meu dia em que eu posso brilhar, a maioria acontece na escola. A questão era: eu com certeza não era a nerd que fugia para a biblioteca ou os hippies que pregavam paz na entrada da escola, ou as góticas que viviam mascando chiclete com aquela cara de nojo, o meu grupo era o outro, eu era aquela garota que todos da escola odiavam, era aquela típica garota líder de torcida que num filme eu seria a vilã, a garota pela qual todos tinham repulsa só de ouvir o nome.
Os dias na escola definitivamente não eram monótonos, havia sempre quem humilhar e rebaixar caso eu estivesse de mau-humor, como era o caso desse dia, mas hoje simplesmente eu não tinha ideias do que aprontar, já havia causado tantas que já se tornava difícil encontrar uma ideia original, na verdade eu já estava achando bem entediante a vida escolar acho que no fundo eu queria algo mais emocionante do que apenas humilhar.
Andar nos corredores da escola sem me olharem era impossível, Beatrice Connor, a popular do meio que todos dão atenção como se importassem, mas na realidade só querem mais popularidade e como não conseguem por si só, tentam-na obter através de amizade, coitados! Se eu quero poder eu simplesmente arranco não fico tentando pegar um pouco, mas tudo bem, afinal, eles estavam que estavam me usando, mas eu apenas deixei que me "usassem", eu sempre soube que precisava de súbditos, eles são os meus súbditos, dai eu sempre ter deixado.
— Você não vai acreditar, amiga — Chloe enganchou o seu braço no meu — um jogador de lacrosse gatinho me convidou para sair, da pra acreditar?
— Totalmente — disse meio entediada.
A vida de Chloe chegava a ser irritante de tantos namorados que ela já teve, desde que conheci a mãe dela entendi aonde ela queria chegar, Chloe seguia fielmente as pisadas da minha investindo no seu futuro sempre procurando um cara de família com um bom financeiro e sobrenome, tem até uma certa inteligência esse plano, mas convinha ter um plano B, caso esse desse errado.
— O que foi? Você e Tom brigaram de novo? — perguntou me irritando um pouco por entrarmos nesse assunto.
— Não, claro que não — neguei não querendo aprofundar no assunto.
— Isso pra mim é falta de transa — opinou Brianna ao meu lado.
A duas riram e eu apenas dei um sorriso forçado.
— Olha lá — apontou Brianna para a entrada do corredor.
E lá estava uma classe que eu nunca falava, eu tinha repugnância dos garotos como ele, eu não diria ser um bad boy, ele era tipo o garoto a qual todos tinham medo de se aproximar, tinha um estilo meio gótico, mas não tinha cara de nojo, não era bad boy porque não tinha essa mania de ficar com uma garota por dia, pra mim ele é nerd apesar de ser um lobo solitário, quem se aproximava e o irritava apanhava e com as garotas era curto e grosso, se recusava a interagir com outros.
Não vou negar que era um pedaço de mau caminho, era lindo. Tinha pele branca, rosto quadrado, olhos verdes, seus cabelos eram pretos e médios um tanto encaracolado, e pelo que dava pra perceber, ele tinha muitas tatuagens que se estendiam pelos braços. Se não fosse tão fechado poderia ser rodeado de "amigos".
— Qual é a dele? — perguntei sem muita vontade de desviar os olhos dos seus braços fortes.
— Zack Parker? Dizem que ele ainda é virgem — comentou Chloe também vidrada em seu corpo digno de um Deus grego.
Chloe não era exatamente inteligente, por isso de certa forma ela sempre foi um ótimo peão no meu jogo, mas é bem estressante aguentar as respostas sem nexos dela.
— Que nada!! Ele ficou assim desde que perdeu a sua família — contou Brianna enquanto pegava seus livros no armário, era a única que não estava interessada.
Brianna era pior que site de fofoca, era curiosa até demais, ela tem a vida das pessoas na palma da sua mão, principalmente quando se tratava da nossa escola.
— Bem que eu queria me perder em algum lugar com ele, não seria de todo mal — Chloe fez a uma cara de apaixonada.
— No mínimo receberia um pé na bunda — disse Brianna rindo da cara de Chloe.
— Ah, cala a boca — bufou Chloe irritada por estragar os seus sonhos.
Há essa hora, o refeitório estava totalmente cheio, todos separados em grupos o que, na verdade era bem típico. Claro que minha irmã se sentava na mesma mesa que eu, infelizmente ela pertencia ao mesmo grupo que eu, apesar de sermos distintas nos dávamos muito bem sendo o centro das atenções, o problema aqui era que só havia espaço para uma, dai a troca de olhares de guerra entre mim e ela.
— Oi maninha — disse ela meio irônica.
— Vai se fuder — disse sem vontade de começar uma nova briga. Era cansativo e o meu rosto já tinha tido estresse que chegue por uma semana.
— Papi pediu pra você ir lá pra frente da escola, ele te trouxe o novo celular — avisou e eu apenas sai andando — que mau humor — ainda ouvi ela dizer enquanto eu saía.
Fiquei parada em frente à porta da escola por pelo menos dez minutos e quando enfim avistei o carro do meu pai, eu fui em sua direção, peguei o celular e agradeci voltando pra escola. Ao passar pelos corredores olhando para o meu novo celular, alguém esbarrou em mim e naquele momento meu auto controle foi pelos ares.
— Desculpe — falou uma nerd com uma voz meio baixa, com trancinhas nos seus cabelos dourados, seus livros haviam todos caídos no chão, mas não me importei, estava só preocupada do meu novo celular ir ao chão.
— Se meu celular tivesse caído, você pode ter a certeza que você teria problemas — avisei já vendo sua cara sem graça cheia de medo.
Sai andando até uma sala que quase ninguém entrava, eu realmente não estava com vontade de ouvir a voz da minha irmã, ou da Chloe, queria aproveitar meu pouco tempo de intervalo pra configurar meu celular e já pensando num plano mirabolante para ferrar minha irmã.
BeatriceA minha primeira aula da tarde era biologia, eu até tentei prestar atenção, mas não dava, só de olhar para o quadro me dava náuseas, se bem era bem brega ver todo o dia o professor usando chinelo e roupas informais, como se ele tivesse num resort, não, nem num resort ele estaria com essa breguice, hoje ele usava uma camisa laranja cheia de coqueiros, calções e pra completar chinelos. Queria eu entender de onde veio esse estilo de quinta, se ele acha que é bonito, ele não deve ter senso.— Senhorita Connor, já que estava prestando muita atenção em nossa aula, então pode responder à pergunta — falou o professor olhando para mim o que demonstrava que ele estava falando comigo.
BeatriceEu tinha apenas três horas para estar pronta, então me apressei para tomar um banho para tirar o suor, aproveitei para lavar os meus cabelos castanhos escuros que se estendiam pelas minhas costas de tão grande. Ao terminar o meu banho, fui até o meu closet e procurei peça por peça o vestido perfeito, optei por um lindo vestido tubinho preto com brilhantes, era de alçinhas, ia até o meio da coxa e para dar o toque final, coloquei um salto nude combinando com uma bolsinha da mesma cor. Fiz uma maquiagem leve, passei também um babyliss deixando cachos definidos para no final me olhar no espelho, eu realmente estava uma gata, pronta pra arrasar na pista e encher a cara de bebida pra esquecer do fato da minha semana não ter sido tão boa.Tudo isso feito em duas horas e meia, havia me arrumado
BeatriceAcordei cheia de dor de cabeça e quando enfim abri os olhos, me vi num quarto desconhecido, era luxuoso e neutro, não tinha nada que me ajudasse a saber de quem era, então presumi que fosse um quarto de hóspedes, olhei por baixo das cobertas olhando se ainda tinha algo cobrindo minhas partes íntimas, vai que eu dei a louca ontem e fiz algo que depois eu vá me arrepender, felizmente ainda estava com a minha lingerie, tentei reviver as minhas memórias de ontem, mas a noite passada parecia um branco, o único resultado foi mais dor de cabeça, então desisti de tentar me lembrar me concentrando no agora.Em cima da mesa de cabeceira tinha um copo de água com um remédio, presumi que aquilo era pra minha dor de cabeça ent&a
Beatrice— Antes de começar tenho que dizer apenas uma coisa — exigi e ele maneou a cabeça confirmando — na escola você nem ousa falar comigo.— Nem o tencionava fazer — colocou as mãos no bolso relaxado.— Vamos estudar no meu quarto — subi as escadas meio a contragosto.Comecei a procurar dentre as minhas estantes os livros, e assim que os encontrei, coloquei na mesa e me sentei na cadeira, esperando o Sr. Esquisito, eu ainda vou ter uma conversa com o diretor.— E então? Por onde começamos?— Matemática — q
BeatriceSentei no sofá apesar de conhecer cada ponto do perímetro, o Diretor Miles se encontrava na sua cadeira olhando pra mim como se já até soubesse do que eu vinha falar.— Tutor?! Sério Diretor Miles, pensei que fossemos amigos — usei meu tom magoado.— É por isso mesmo que eu decidi, fomos a concelho, a maioria das suas notas estão abaixo da media e por causa das suas criticas irremediáveis quase foi reprovada por indisciplina, atrasos, e notas más ao longo do ano.— Não me lembro de ter criticado ninguém — me fiz de desentendida.— E sua prof
Teste surpresa?!Esse professor queria mesmo ferrar com a minha vida, e depois ainda diz que não queria me ver ficando pra trás, mas se ele não queria porque então ele estava passando a merda de um teste surpresa, era pra fuder com o meu psicológico, só pode. Talvez eu tivesse sorte o suficiente dequem sabe as matérias que estudei ontem com o Parker, fossem cair hoje no teste, assim quem sabe a minha nota do teste não fosse de todo um "0" bem redondo.Sentei na cadeira quase roendo as unhas, eu disse quase, definitivamente eu não ia estragar minhas unhas por causa de um teste. O professor colocou a folha na minha frente e comecei a ler calmamente. Dizendo Parker num momento desses precisamos manter a calma, então respirei bem&
BeatriceEra agora que eu me fodia, era agora que meu pai iria me dar um olhar decepcionado, minha mãe me mandava pra um colégio interno na Suécia e meu pai não podia fazer nada. Aquela merda de teste surpreso iria ser entregue AGORA. Eu estava uma pilha de nervos e mesmo tendo proibido o esquisitão de falar comigo em lugar público, ele me dava aquele olhar sutil e tranquilizador como se estivesse certo de que tudo iria ficar bem.Mas quem me garantia?! Aquele professor só queria me ferrar!!— Bom alunos, gostaria de dizer que fiquei muito triste com algumas notas dessa turma, espero que para a próxima melhorem.Babaca, precisava dizer isso s&oacu
Beatrice— Feliz dia das mães, mamãe!! — felicitou Genevieve ao ver minha mãe entrando na sala de jantar para tomar o café da manhã.— Obrigada, filha — agradeceu aconchegando suafilha número umem seus braços.Eu apenas revirei os olhos. Hoje pra minhafelicidadeera o dia das mães, então já dá pra imaginar como o meu dia ia ser. Decidi procurar o meu pai, ele geralmente estava na cozinha comendo Waffles escondido da minha mãe. Dona Ashley Connor não aprovava comer tanto no café da manhã.— Oi pai — abracei ao vê-lo.