Genevieve
— Porque está tão pensativa? — o psicólogo me analisava esperando a resposta.
— Eu não sei... Eu só tenho um pressentimento, algo está para acontecer — olhei para a janela vendo as nuvens e o azul do céu.
Eu estava tranquila, sua sala me deixava tranquila, não era um branco morto, tinha um certo estilo mesmo que neutro. Não é primeira vez que estou aqui, o senhor de cabelos grisalhos que tem um ar de vovozão me confortava, mas é claro que me confortava, era meu psiquiatra, meu ouvinte, desde que... descobri que tinha uma irmã a mais, comecei a vir, e tem sido muito melhor do que os remédios que tenho tomado.
— Um pressentimento bom ou ruim??? — voltou a escrever no seu caderninho.
— Ruim, muito ruim... — dessa vez fixei meus olhos no chão, preocupada.
Desde que acordei, um sentimento de medo me rondava, como, se algo estivesse por vir, e
Genevieve — Eu não sei, ela só ia entregar uns documentos em Las Vegas, ela saiu e eu fui para aula — respondi pela décima vez. — Obrigado, fique calma, em breve encontraremos sua irmã. Foi isso que eles disseram, palavras de conforto, mas eu não precisava disso, precisava da minha irmã. Já faz vinte e quatro horas desde que encontraram o carro da minha irmã capotado do lado da rodovia explodido, já interrogaram meu pai, Julie e minha mãe. Nem sei por que razão ela foi chamada. Nem para mãe ela serve. Entrei no quarto da Beatrice ao ouvir os miados do Belo, ele andava zanzando perdido como se tivesse procurando sua dona. — Também sinto a falta dela — me agachei e fiz carinho no Belo que não fugiu, só, recebeu o carinho — mas eu te juro, eu vou encontrá-la. Minha vontade era procurar pistas, qualquer coisa, eles disseram que iam manter contato, mas
Beatrice Abri os olhos sonolenta, tentei me mover, mas as cordas me impediam, eu estava sentada numa cadeira de madeira velha que só para deixar claro, desconfortável, e as cordas estavam passadas pelos meus braços e cintura, lutei, lutei e no fim, não consegui. Droga!! Fica calma Beatrice, precisa confiar nos seus avisos, Genevieve tem que entendê-los, ela é a única que pode me tirar daqui. — Tom? — arregalei os olhos ao ver Tom amarrado não tão distante a mim. — Te pegaram também? — ele deu um sorriso fraco. — Parece que sim — retribui com um olhar singelo — não se preocupe, vamos sair daqui. — Não adianta, já tentei fugir daqui, tem muitos seguranças. — Confia em mim — pedi quase num sussurro — não estou preparada para morrer, então nós vamos sair daqui, em breve. — Olha se a vadiazinha não acordou!
Genevieve Dois dias. Fazem dois dias que minha irmã sumiu, parece que Tom também sumiu e o policiais acham que os dois sequestros tem alguma relação, papai está desesperado, todos estamos. Eu não sei mais o que fazer. Vasculhei no meu quarto porque pensei que talvez ela tivesse deixado algo para mim, mas não tinha nada. Meu pai foi falar com os seus próprios detetives, visto que nem ele acha que os policiais vão encontrar algo, e já que papai vai sair, aproveitei para chamar a Julie e os outros, para procurar por alguma coisa que talvez ela tivesse deixado na casa. Julie, Allison e Chad estão na sala e Roan, Simon e Zack estão na garagem, eu estou no meu quarto, algo deve estar me escapando. Alguma coisa, mas não tinha nada, nada no meu quarto. — Genevieve — chamou Zack com os olhos tristes, ele estava encostado no batente da porta, desanimado — não enc
Beatrice Eu realmente nunca pensei como seria a minha morte, lembro de uma vez que Julie me perguntou do que eu tinha medo, eu não soube responder na hora, mas agora que penso, tenho medo da morte, de como vou morrer, entre faca e pistola, eu prefiro pistola, certeira e eficaz, mas a minha situação é diferente e eu só tenho duas opções e infelizmente nenhuma delas envolve pistola, primeira: vou morrer de fome e sede, segunda: vou morrer de hipotermia. Bem... já faz um tempo que ingeri comida, não faço ideia a quanto tempo estou aqui, mas sinto minha boca ressecada e minha barriga está fazendo barulhos ensurdecedores, talvez esteja a um ou dois dias, a minha segunda opção me parece fazer mais efeito, visto que já não sinto os meus dedos, se a minha temperatura corporal continuar baixando dessa maneira é bem provável que eu não passe de hoje. Meu fim vai ser numa sala gelada, onde eu vou morrer de hi
Beatrice O resto de tempo que estive no hospital avisei para enfermeira que não queria receber visitas, estava com vontade de ficar sozinha, e eu fiquei, pelo menos até à de receber alta visto que eu não tinha realmente nada quebrado, mas eu tinha muitos hematomas, ele me recomendou remédios e pomadas para dores e meu pai ficou encarregue de comprá-los, só que como papai ficou afastado do seu cargo esses dias, o trabalho acumulou. — Tem certeza que vai ficar bem sozinha? não me agrada a ideia de você ficar aqui — falou incerto. — Pai, Beatrice e Julie vão estar aqui, Julie até convidou a Agnes, uma garota da ONG para vir dormir aqui, eu vou ficar bem, vamos fazer uma noite de garotas, além do mais tem vários seguranças, envolta da casa — dei um abraço o reconfortando. Papai tinha que viajar para uma reunião super hiper mega importante, obviamente eu não ia impedi-lo de ir, e
Beatrice Foi realmente emocionante pegar o canudo e apertar na mão do nosso diretor, papai nem um minuto largou a câmera. Tudo foi exatamente como planejado, o orador fez um discurso chato, recebi o diploma e por fim mas não menos importante, a coisa mais esperada, pelo menos por mim: Jogar o capelo para o alto onde todos se misturam enquanto nós gritamos e festejamos animados, confetes e serpentinas começaram a cair do alto e eu abracei minha irmã e Julie. Formadas!! Procurei entre as pessoas e vi Zack abraçado a Allison, lá estava Roan, Simon e a Kapiranha, sorri fraco ao ver a cena, como eu queria que fosse eu a abraçá-lo e desejá-lo felicidades e tudo mais, mas não era eu, era Kassandra. Ao cair da noite os pais e responsáveis foram embora para que a gente pudesse aproveitar a festa, eu fiquei me achando quando os alunos babavam no meu vestido. Sou linda mesmo!! — Uau, qu
Beatrice— Prontinho, viu?! Nem doeu — acariciei o cãozinho — não dê chocolate para ele, faz mal.A menininha assentiu, pegou seu cãozinho e saiu animada.— Já vai, senhora Parker? — perguntou Agnes.— Vou sim e pare de me chamar pelo sobrenome, sou sua chefe, mas não precisamos de formalidade e tenho um compromisso, fecha para mim, tabom? — ela assentiu.Sai andando até o meu carro e olhei novamente para minha clínica veterinária, nunca me canso de olhar para esse lugar lembrando que foi com o suor do meu dinheiro que o consegui e as mesadas do meu pai que por anos eu guardei. Esperta nem um pouco!!Parei para comprar uma rosa e logo depois caminhei até a lápide da bisa, depositei a rosa e observei a foto da bisa um pouco mai
BeatriceMais uma manhã de sol e aulas ameaçava o meu sono.Depois de um banho quente para me acordar de vez, entrei no meu quarto apenas para pegar minha mochila e meu celular, mas parece que não existe uma só manhã em que eu não possa tomar o meu café da manhã em paz. Parece que o destino adora me atentar, assim que ele me vê com pouca paciência, ele diz:hoje é um dia perfeito pra atentar Beatrice Connor. Foquei no meu celular bem na mão da minha irmã, a quem eu queria enganar?! Isso não se trata do destino e sim da minha irmã, já devia ter calculado, deveria deixar meu celular onde mãos pegajosas como as dela nem chegassem perto.