Eva A semana se foi e Luke estava sempre ocupado demais para me ver. Quando estive no seu escritório, na tarde anterior, ele se recusou a me ver alegando ser impossível abandonar a reunião. Compreendi que havia algo muito mais errado.Nas ligações, ele tentava disfarçar para parecer ser o mesmo, mas eu o conhecia bem demais e sabia que não era ele e sim uma versão sua que me escondia alguma coisa. Aquilo doía.“Será que ele se arrependeu de nós? Se deu conta de que não era o que realmente queria e agora tenta se afastar?”Não tinha resposta para minhas dúvidas.— Eva... Terra chamando Eva! — Dedos foram estalados à minha frente.— Desculpe, Ellen.— Nossa... Você estava em outro planeta — riu. — O que te aflige, garota? Luke e o seu afastamento repentino?— Algo está errado, eu sinto!— Olha só... Por que você não pergunta para ele o que está rolando?— Eu já perguntei.— E...— Ele diz que está tudo bem.— Escroto! — bufou revirando os olhos. — Quer saber... Eu acho devemos ir à fes
EvaEllen e Melanie saíram correndo para pegar mais cerveja. A música foi desligada e, de repente, um rapaz apanhou um violão e começou a cantar a canção Kiss me, do Ed Sheeran, formando uma roda de pessoas à sua volta. Eu adorava aquela música, então comecei a cantar baixinho.— Vem. Vamos dançar. — William ofereceu-me a sua mão, levantando-se.— O quê? Por quê?— Porque eu também gosto dessa música e quero dançar com você. Vem. É só uma dança.— Mas é uma música lenta.Ele riu.— Mas o que isso tem a ver? Venha, Eva! — insistiu agarrando a minha mão e puxando-me, colocando de pé.As suas mãos seguraram firmes a minha cintura e eu passei os meus braços por seu pescoço. Juntos, mas não colados, dançamos. Era estranho como o meu corpo estava reagindo a ele e os seus toques. Senti raiva de mim mesma por estar sentindo aquilo. Eu tinha um namorado e o amava muito. Por que diabos sentia aquelas coisas? Carência? Falta de sexo? Eu não sabia. A música foi chegando ao fim e o rosto de Willia
EvaDepois que terminamos o nosso café da manhã, troquei-me e segui para casa. Ao passar pela porta, escutei a voz do meu pai vir do escritório. Aproximei-me e, através de uma fresta, vi que ele estava só e falava empolgado ao telefone. Afastei-me e segui em direção à escada, até que ele explodiu em uma gargalhada estrondosa e maquiavélica. Aquilo chamou a minha atenção.“O que lhe faz tão feliz?”Aproximei-me novamente.— Queria muito poder ver a cara daquele imbecil. Ele deve estar louco a essa hora, já deve estar sabendo que perdeu o quarto melhor cliente — gargalhou novamente.Aquele assunto me intrigou. De quem ele e a outra pessoa do outro lado da linha falavam?— Infelizmente ele ainda está metido com a minha filha — falou com frustração.— Ai, meu Deus! — sussurrei para mim mesma, afastando-me da porta.É claro! Ele estava falando do Luke. O meu pai era o causador do seu problema. Era por culpa dele que estava perdendo clientes. Claramente um traidor. Sabe-se lá há quanto temp
LukeA campainha tocou e eu caminhei até o interfone para atender. Para minha surpresa, era Amber quem estava lá fora. Não atendi. Apenas abri o portão e deixei que ela entrasse. Abri a porta da frente e esperei por ela. Ela estacionou o carro em frente à entrada e desceu. A sua aparência estava dez vezes melhor do que a última vez que a vi. Séria, ela caminhou até mim.— Oi, Luke. Não sabia se me deixaria entrar.Dei passagem para que ela entrasse na casa. Amber passou por mim e caminhou até a sala de estar.— Tudo exatamente igual à última vez que estive aqui. — Sorriu.— Onde você estava? Tem noção do quanto me preocupei com você esta semana? Por que não me atendeu? — questionei irritado.— Eu precisava de tempo para pensar. — Sentou-se.— E então? Você fez o aborto? — No fundo, esperava que não.— Você já contou a ela que fizemos um filho não desejado? — perguntou, encarando uma foto minha com Eva, sobre a mesa de centro.— Não. — Sentei-me no sofá diante dela.— Imaginei que não
Eva Saí da prova do vestido e deixei Melanie no Marlon's Pop para se encontrar com o seu romance do verão. Segui caminho para casa, onde pegaria algumas roupas e iria à casa do Luke. Sentia que ele precisava de mim. Ao entrar, encontrei o meu pai deixando o escritório. Ele nem sequer me olhou, falava alto ao telefone. Pouco entendi sobre a conversa.A porta do escritório estava aberta. Aproximei-me e vi o bendito pen drive cromado conectado ao laptop sobre a mesa de mogno. Andei para onde havia visto o meu pai ir. Ele estava na cozinha mexendo em papéis dentro da sua pasta, sobre o balcão de mármore branco. Ele ainda falava ao telefone e parecia um pouco mais irritado.Voltei para o escritório e entrei rapidamente. Eu sabia que, na gaveta à esquerda da mesa, havia um velho pen drive que a minha mãe usava no seu antigo carro. Mais do que depressa, conectei-o na terceira entrada USB para copiar todos os arquivos. Ao abrir o dispositivo do meu pai, havia três pastas com nomes de pessoas
EvaAssumi a estrada e dirigi com destino ao Sanatório Católico Saint Andrew. Quando saí da avenida entrando na estrada de cascalho, ele se deu conta de onde estávamos indo. Luke engoliu em seco e corrigiu a sua postura, ficando tenso.Eu sabia exatamente do que ele precisava naquele momento. Precisava conversar com alguém que não fosse eu. Precisava tirar o peso que carregava no peito sobre estar perdendo o negócio de família. Mas isso seria difícil, Luke não tinha confidentes além de mim. Então, pensei que ver alguém especial poderia lhe fazer bem e trazer um pouco de paz. Ele precisava do seu pai, mesmo que Anthony não se lembrasse de quem era.Durante o caminho, não disse nada. Quando estacionei o carro no vasto estacionamento, em frente a velha mansão sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, ele suspirou fundo. Pigarreando, assumiu a sua postura firme e desceu. De mãos dadas, seguimos para dentro da casa.— Sr. McAlson... Quanto tempo não o vejo aqui — disse uma freira ao se aprox
EvaMais tarde, naquele mesmo dia, após o jantar, Luke se sentou diante da TV. Terminei de colocar os pratos e os copos na lava-louças, e caminhei até ele. Parada à porta, escorada ao batente, observei-o. Havia chegado a hora de contá-lo sobre o pen drive. Respirando fundo, encorajei-me e fui buscar o seu laptop. Encontrei-o sobre a mesa de centro da sala de estar. No caminho, apanhei a minha bolsa sobre a mesa de jantar.— Luke...Olhou-me.— Há quanto tempo os problemas na empresa estão acontecendo?— Por que quer saber?— Você pode me responder?Sentei-me ao seu lado, no sofá.— Há uns seis meses. Começou gradualmente. Um contrato por mês, que depois viraram dois e assim sucessivamente.— Foi um dos motivos para ter se envolvido com a Amber? — perguntei sem ter a coragem de olhá-lo.— Sim. — Suspirou frustrado. — MacMotors é uma das nossas três maiores empresas. Fiquei um tanto apavorado quando cheguei a perder cinco clientes em um mês. Três deles foram para a Donson. Mal sabia eu
EvaApós o banho, saí do quarto e desci à procura do Luke. Chamei-o, mas ele não respondeu. Ao entrar na sala de TV, encontrei o laptop em mil pedaços pelo chão.— Luke! — gritei por ele, com o coração apertado no peito. — Luke!Saí andando pela casa e vasculhando todos os cômodos, procurando-o. Mas não o encontrei em canto nenhum.— Que merda você foi fazer, Luke?Peguei o meu celular e liguei para ele, mas não atendeu. A ligação foi direcionada para a caixa de mensagem.— Luke, por favor... Volta para casa. Espero que não esteja fazendo o que estou pensando. Eu imploro!Algo me dizia onde encontrá-lo. Peguei a minha bolsa, a chave do carro e saí. Dirigi em alta velocidade até a minha casa. Ao entrar na rua, avistei o seu carro estacionado próximo ao meio-fio. Desci e corri até a porta entreaberta.A cena que desenrolava à minha frente era assustadora. Luke e o meu pai rolavam pelo chão, tentando matar um ao outro. Socos eram distribuídos por toda parte. O meu pai tinha o seu rosto e