EvaDepois que terminamos o nosso café da manhã, troquei-me e segui para casa. Ao passar pela porta, escutei a voz do meu pai vir do escritório. Aproximei-me e, através de uma fresta, vi que ele estava só e falava empolgado ao telefone. Afastei-me e segui em direção à escada, até que ele explodiu em uma gargalhada estrondosa e maquiavélica. Aquilo chamou a minha atenção.“O que lhe faz tão feliz?”Aproximei-me novamente.— Queria muito poder ver a cara daquele imbecil. Ele deve estar louco a essa hora, já deve estar sabendo que perdeu o quarto melhor cliente — gargalhou novamente.Aquele assunto me intrigou. De quem ele e a outra pessoa do outro lado da linha falavam?— Infelizmente ele ainda está metido com a minha filha — falou com frustração.— Ai, meu Deus! — sussurrei para mim mesma, afastando-me da porta.É claro! Ele estava falando do Luke. O meu pai era o causador do seu problema. Era por culpa dele que estava perdendo clientes. Claramente um traidor. Sabe-se lá há quanto temp
LukeA campainha tocou e eu caminhei até o interfone para atender. Para minha surpresa, era Amber quem estava lá fora. Não atendi. Apenas abri o portão e deixei que ela entrasse. Abri a porta da frente e esperei por ela. Ela estacionou o carro em frente à entrada e desceu. A sua aparência estava dez vezes melhor do que a última vez que a vi. Séria, ela caminhou até mim.— Oi, Luke. Não sabia se me deixaria entrar.Dei passagem para que ela entrasse na casa. Amber passou por mim e caminhou até a sala de estar.— Tudo exatamente igual à última vez que estive aqui. — Sorriu.— Onde você estava? Tem noção do quanto me preocupei com você esta semana? Por que não me atendeu? — questionei irritado.— Eu precisava de tempo para pensar. — Sentou-se.— E então? Você fez o aborto? — No fundo, esperava que não.— Você já contou a ela que fizemos um filho não desejado? — perguntou, encarando uma foto minha com Eva, sobre a mesa de centro.— Não. — Sentei-me no sofá diante dela.— Imaginei que não
Eva Saí da prova do vestido e deixei Melanie no Marlon's Pop para se encontrar com o seu romance do verão. Segui caminho para casa, onde pegaria algumas roupas e iria à casa do Luke. Sentia que ele precisava de mim. Ao entrar, encontrei o meu pai deixando o escritório. Ele nem sequer me olhou, falava alto ao telefone. Pouco entendi sobre a conversa.A porta do escritório estava aberta. Aproximei-me e vi o bendito pen drive cromado conectado ao laptop sobre a mesa de mogno. Andei para onde havia visto o meu pai ir. Ele estava na cozinha mexendo em papéis dentro da sua pasta, sobre o balcão de mármore branco. Ele ainda falava ao telefone e parecia um pouco mais irritado.Voltei para o escritório e entrei rapidamente. Eu sabia que, na gaveta à esquerda da mesa, havia um velho pen drive que a minha mãe usava no seu antigo carro. Mais do que depressa, conectei-o na terceira entrada USB para copiar todos os arquivos. Ao abrir o dispositivo do meu pai, havia três pastas com nomes de pessoas
EvaAssumi a estrada e dirigi com destino ao Sanatório Católico Saint Andrew. Quando saí da avenida entrando na estrada de cascalho, ele se deu conta de onde estávamos indo. Luke engoliu em seco e corrigiu a sua postura, ficando tenso.Eu sabia exatamente do que ele precisava naquele momento. Precisava conversar com alguém que não fosse eu. Precisava tirar o peso que carregava no peito sobre estar perdendo o negócio de família. Mas isso seria difícil, Luke não tinha confidentes além de mim. Então, pensei que ver alguém especial poderia lhe fazer bem e trazer um pouco de paz. Ele precisava do seu pai, mesmo que Anthony não se lembrasse de quem era.Durante o caminho, não disse nada. Quando estacionei o carro no vasto estacionamento, em frente a velha mansão sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, ele suspirou fundo. Pigarreando, assumiu a sua postura firme e desceu. De mãos dadas, seguimos para dentro da casa.— Sr. McAlson... Quanto tempo não o vejo aqui — disse uma freira ao se aprox
EvaMais tarde, naquele mesmo dia, após o jantar, Luke se sentou diante da TV. Terminei de colocar os pratos e os copos na lava-louças, e caminhei até ele. Parada à porta, escorada ao batente, observei-o. Havia chegado a hora de contá-lo sobre o pen drive. Respirando fundo, encorajei-me e fui buscar o seu laptop. Encontrei-o sobre a mesa de centro da sala de estar. No caminho, apanhei a minha bolsa sobre a mesa de jantar.— Luke...Olhou-me.— Há quanto tempo os problemas na empresa estão acontecendo?— Por que quer saber?— Você pode me responder?Sentei-me ao seu lado, no sofá.— Há uns seis meses. Começou gradualmente. Um contrato por mês, que depois viraram dois e assim sucessivamente.— Foi um dos motivos para ter se envolvido com a Amber? — perguntei sem ter a coragem de olhá-lo.— Sim. — Suspirou frustrado. — MacMotors é uma das nossas três maiores empresas. Fiquei um tanto apavorado quando cheguei a perder cinco clientes em um mês. Três deles foram para a Donson. Mal sabia eu
EvaApós o banho, saí do quarto e desci à procura do Luke. Chamei-o, mas ele não respondeu. Ao entrar na sala de TV, encontrei o laptop em mil pedaços pelo chão.— Luke! — gritei por ele, com o coração apertado no peito. — Luke!Saí andando pela casa e vasculhando todos os cômodos, procurando-o. Mas não o encontrei em canto nenhum.— Que merda você foi fazer, Luke?Peguei o meu celular e liguei para ele, mas não atendeu. A ligação foi direcionada para a caixa de mensagem.— Luke, por favor... Volta para casa. Espero que não esteja fazendo o que estou pensando. Eu imploro!Algo me dizia onde encontrá-lo. Peguei a minha bolsa, a chave do carro e saí. Dirigi em alta velocidade até a minha casa. Ao entrar na rua, avistei o seu carro estacionado próximo ao meio-fio. Desci e corri até a porta entreaberta.A cena que desenrolava à minha frente era assustadora. Luke e o meu pai rolavam pelo chão, tentando matar um ao outro. Socos eram distribuídos por toda parte. O meu pai tinha o seu rosto e
EvaPassavam das nove da manhã e eu ainda estava deitada na cama. Ninguém havia vindo me perturbar e eu agradecia silenciosamente por isso. Luke não tinha mandado mensagem ou ligado. Eu estava em um misto de opiniões sobre isso. Um lado estava preocupado, queria saber dele e o porquê ainda não tinha entrado em contato. O outro, apenas me dizia: “ainda bem que não apareceu”. No fundo, sabia que precisava de mais um tempo.Eu estava magoada. Se pudesse, voltaria no tempo e jamais teria entrado naquele lago. Jamais teria deixado ele se aproximar tanto. Ou até mesmo teria me proibido de amá-lo. A pessoa que mais prezava e que achei conhecer tão bem, agora estava se tornando um estranho autodestrutivo. Tudo estava uma confusão dentro da minha cabeça e no meu coração.— Eva?! — Escutei Mandy chamar, do outro lado da porta. — Está acordada?Respirei fundo. A paz havia acabado de ir embora.— Estou.— Tem uma mulher lá embaixo. Ela diz querer falar com você e ser urgente. O que digo?— Mulher
LukeEva olhou-me novamente. Nunca havia visto tamanha tristeza nos seus olhos. Em mim só havia pavor de perdê-la.— Desculpe. Mas não estou sabendo lidar com isso. Talvez, um dia, sejamos amigos novamente. Mas agora preciso que fique longe de mim. Não posso ficar com alguém que me esconde coisas tão sérias.Não podia acreditar naquelas palavras.“Deus, como dói!”O desespero fez do meu corpo seu abrigo. Parecia estar ficando oco naquele momento.— E por favor... não pense que estou indo porque terá um filho com a Amber. Isso jamais seria problema para nós dois!Sem dizer mais nenhuma palavra, ela saiu deixando-me para trás. Senti-me à beira de um surto nervoso. Eu havia acabado de desgraçar a minha vida. Estúpido!***Primeiro dia...Por favor, eu imploro... Vamos conversar.Essas horas sem nos falarmos está me deixando louco!Luke09:45 a.m.Mensagem visualizada, mas não respondida. Aquilo me matava por dentro.Segundo dia...Eva... Amor...Fale comigo!Vou enlouquecer.Luke04:34