LukeEntrei na minha sala, peguei a chave do carro, meu celular e saí rumo à casa dos Wangoria. Ao estacionar em frente à residência, desci e corri de encontro a porta, tocando desesperadamente a campainha. Mandy a abriu e o alívio era visível no seu rosto ao me ver. Passei por ela e subi a escada a cada dois degraus. Enfiei a chave na fechadura e girei a maçaneta. Eva estava sentada na cama, abraçada as pernas e com os olhos irritados e molhados de tanto chorar.— Borboleta... — disse com tamanho pesar em vê-la daquele jeito, tão triste e fragilizada.— Luke... — Levantou-se da cama e correu ao meu encontro.Agarrei-a nos meus braços e a apertei forte. Ela se aninhou a mim.— Meu Deus... Você está bem, amor? — perguntei preocupado.— Talvez a gente nunca devesse ter contado. Ou, ao menos, esperado eu ter ido para Boston.— Não, amor. Quem sabe teria sido pior?! — Olhei-a. — Isso vai acabar. Eu prometo. Vamos ter paz agora.— Como sabe?— Apenas sei. — Peguei o seu celular no bolso da
EvaNa manhã seguinte, saí cedo de casa para passar o dia com Melanie e Ellen. Tínhamos uma lista interminável de coisas para fazer antes de irmos cada uma para a sua universidade. Estávamos na praça de alimentação do shopping, comendo e fazendo planos para o próximo verão, quando Ellen e eu fôssemos visitar Melanie na França.— E aí, gatinhas... — disse Harlow, capitão do time de basquete. — Qual é a boa? Por que andam sumidas?— Oi, Harlow! — cumprimentamos em uníssono.— Estamos só de bobeira curtindo o verão, e você? — falou Ellen.— Vim trazer a minha mãe para fazer compras. O que vão fazer amanhã à noite? Ficaram sabendo da festa no lago que o Michael está organizando?— Festa no lago Sweet Water? Estou dentro! — disse Melanie com empolgação.— Não fiquei sabendo de nada, mas também estou dentro — afirmou Ellen.— E você, Srta. Wangoria? Não vem? Vai ser demais! Será a última festa no lago antes de todo mundo se dissipar por aí, fazendo faculdade.— Eu não estou muito a fim. Já
LukeA secretária se retirou nos deixando a sós. Amber ficou parada, encarando-me nervosa. A sua aparência estava péssima, apesar de estar bem-vestida e de salto alto. Abaixo dos olhos, tinham enormes bolsas que denunciavam noites não dormidas. O semblante caído mostrava o triste e ácido momento que ela estava vivendo. Tive pena dela e me senti culpado por aquilo. Não tinha certeza, mas imaginava que era eu o responsável por deixá-la naquele estado.— O que lhe traz aqui, Amber?— Preciso falar com você! — Engoliu o seu choro, que começava a brotar nos olhos amendoados.— Por que não se senta? — Indiquei o sofá com a mão.Ela caminhou até a pequena sala de estar no meio do meu escritório e depositou a sua bolsa sobre uma poltrona, mas ficando de pé entre os estofados.— Estou bem assim.— Então... O que quer conversar?— Luke... Não sei como dizer isso, mas... — interrompeu fechando os olhos e respirando fundo.Amber empalideceu e deu um passo para trás em falso. Caminhei até ela apres
Eva A semana se foi e Luke estava sempre ocupado demais para me ver. Quando estive no seu escritório, na tarde anterior, ele se recusou a me ver alegando ser impossível abandonar a reunião. Compreendi que havia algo muito mais errado.Nas ligações, ele tentava disfarçar para parecer ser o mesmo, mas eu o conhecia bem demais e sabia que não era ele e sim uma versão sua que me escondia alguma coisa. Aquilo doía.“Será que ele se arrependeu de nós? Se deu conta de que não era o que realmente queria e agora tenta se afastar?”Não tinha resposta para minhas dúvidas.— Eva... Terra chamando Eva! — Dedos foram estalados à minha frente.— Desculpe, Ellen.— Nossa... Você estava em outro planeta — riu. — O que te aflige, garota? Luke e o seu afastamento repentino?— Algo está errado, eu sinto!— Olha só... Por que você não pergunta para ele o que está rolando?— Eu já perguntei.— E...— Ele diz que está tudo bem.— Escroto! — bufou revirando os olhos. — Quer saber... Eu acho devemos ir à fes
EvaEllen e Melanie saíram correndo para pegar mais cerveja. A música foi desligada e, de repente, um rapaz apanhou um violão e começou a cantar a canção Kiss me, do Ed Sheeran, formando uma roda de pessoas à sua volta. Eu adorava aquela música, então comecei a cantar baixinho.— Vem. Vamos dançar. — William ofereceu-me a sua mão, levantando-se.— O quê? Por quê?— Porque eu também gosto dessa música e quero dançar com você. Vem. É só uma dança.— Mas é uma música lenta.Ele riu.— Mas o que isso tem a ver? Venha, Eva! — insistiu agarrando a minha mão e puxando-me, colocando de pé.As suas mãos seguraram firmes a minha cintura e eu passei os meus braços por seu pescoço. Juntos, mas não colados, dançamos. Era estranho como o meu corpo estava reagindo a ele e os seus toques. Senti raiva de mim mesma por estar sentindo aquilo. Eu tinha um namorado e o amava muito. Por que diabos sentia aquelas coisas? Carência? Falta de sexo? Eu não sabia. A música foi chegando ao fim e o rosto de Willia
EvaDepois que terminamos o nosso café da manhã, troquei-me e segui para casa. Ao passar pela porta, escutei a voz do meu pai vir do escritório. Aproximei-me e, através de uma fresta, vi que ele estava só e falava empolgado ao telefone. Afastei-me e segui em direção à escada, até que ele explodiu em uma gargalhada estrondosa e maquiavélica. Aquilo chamou a minha atenção.“O que lhe faz tão feliz?”Aproximei-me novamente.— Queria muito poder ver a cara daquele imbecil. Ele deve estar louco a essa hora, já deve estar sabendo que perdeu o quarto melhor cliente — gargalhou novamente.Aquele assunto me intrigou. De quem ele e a outra pessoa do outro lado da linha falavam?— Infelizmente ele ainda está metido com a minha filha — falou com frustração.— Ai, meu Deus! — sussurrei para mim mesma, afastando-me da porta.É claro! Ele estava falando do Luke. O meu pai era o causador do seu problema. Era por culpa dele que estava perdendo clientes. Claramente um traidor. Sabe-se lá há quanto temp
LukeA campainha tocou e eu caminhei até o interfone para atender. Para minha surpresa, era Amber quem estava lá fora. Não atendi. Apenas abri o portão e deixei que ela entrasse. Abri a porta da frente e esperei por ela. Ela estacionou o carro em frente à entrada e desceu. A sua aparência estava dez vezes melhor do que a última vez que a vi. Séria, ela caminhou até mim.— Oi, Luke. Não sabia se me deixaria entrar.Dei passagem para que ela entrasse na casa. Amber passou por mim e caminhou até a sala de estar.— Tudo exatamente igual à última vez que estive aqui. — Sorriu.— Onde você estava? Tem noção do quanto me preocupei com você esta semana? Por que não me atendeu? — questionei irritado.— Eu precisava de tempo para pensar. — Sentou-se.— E então? Você fez o aborto? — No fundo, esperava que não.— Você já contou a ela que fizemos um filho não desejado? — perguntou, encarando uma foto minha com Eva, sobre a mesa de centro.— Não. — Sentei-me no sofá diante dela.— Imaginei que não
Eva Saí da prova do vestido e deixei Melanie no Marlon's Pop para se encontrar com o seu romance do verão. Segui caminho para casa, onde pegaria algumas roupas e iria à casa do Luke. Sentia que ele precisava de mim. Ao entrar, encontrei o meu pai deixando o escritório. Ele nem sequer me olhou, falava alto ao telefone. Pouco entendi sobre a conversa.A porta do escritório estava aberta. Aproximei-me e vi o bendito pen drive cromado conectado ao laptop sobre a mesa de mogno. Andei para onde havia visto o meu pai ir. Ele estava na cozinha mexendo em papéis dentro da sua pasta, sobre o balcão de mármore branco. Ele ainda falava ao telefone e parecia um pouco mais irritado.Voltei para o escritório e entrei rapidamente. Eu sabia que, na gaveta à esquerda da mesa, havia um velho pen drive que a minha mãe usava no seu antigo carro. Mais do que depressa, conectei-o na terceira entrada USB para copiar todos os arquivos. Ao abrir o dispositivo do meu pai, havia três pastas com nomes de pessoas