Capítulo 12

Depois de algumas semanas calmas, alegres e com muito carinho entre os dois, voaram de volta á casa de Nádia para Mia e Lúcia iniciarem as compras para o projeto do quarto do bebê. Aleck estava grudado com ela e até mesmo se tornara mais cuidadoso na hora de fazerem amor, com medo de machucar a ela ou ao bebê, mesmo que ainda fosse muito cedo.

Nem mesmo a barriga tinha aparecido, apenas um leve aumento no ventre, nem mesmo impedia que Lúcia usasse roupas coladas ao corpo.

_ Meus filhos queridos, que bom que chegaram, estava com saudades - Nádia fez questão de abrir a porta para eles, beijou Aleck e depois antes mesmo de beijar Lúcia, alisou sua barriga com carinho.

_ E meu netinho, está bem?

_ Sim mama, ele ou ela está bem. Estou cuidando muito bem de minha amada e de meu futuro herdeiro. Não se preocupe com nada, só com a data para segurar seu neto nos braços.

Já decorria uma semana que estavam hospedados e quase diariamente as três saiam para fazer compras. Lúcia aproveitou e fez novas consultas com o médico e tudo corria muito bem com a gestação. Marcou um exame para saber se poderiam já descobrir o sexo do bebê.

Estavam todos alegres e excitados com a correria para organizar tudo para a chegada do neném. Até os empregados já mimavam Lúcia com tudo o que ela precisava.

_ Quando será o exame Lúcia?

_ Amanhã a tarde Mia, creio que não poderei ir com você pegar as amostras do papel de parede na loja, o horário é quase o mesmo que você marcou com o representante da loja - estavam sentadas na biblioteca, lendo sobre decoração infantil.

_ Tudo bem, faremos assim, eu te deixo no consultório e sigo para a loja para pegar as amostras e se for o caso, já faço os pedidos o quanto antes, assim adiantamos essa parte e na volta você me espera e eu te apanho. Pode ser?

_ Para mim está ótimo.

Aleck entrou e perguntou o que falavam. Deu beijo em Mia e sentou ao lado de Lúcia no sofá.

_ Se quiserem eu as levo. Tenho alguns assuntos para resolver e poderemos depois sair juntos. Mas não vou perder seu exame amor, quero saber se vou ter um garotão ou uma bonequinha.

_ Que bom, eu queria mesmo que você fosse.

_ Não perderia isso por nada, muito menos por negócios. Então estamos combinados, eu deixo Mia antes na loja e depois vamos juntos ver nosso filho fazer sua primeira apresentação.

No dia seguinte após deixar Mia na loja para os acertos, seguiram para o consultório. Aleck estava mais ansioso que a própria Lúcia. Ela ria da ansiedade dele.

_ Calma amor, em breve saberemos. É rápido.

_ Eu sei, mas estou me sentindo uma criança que vai ganhar um presente. Quero saber logo - segurou as mãos dela e beijou a ponta dos dedos _ Não pensei que fosse ficar assim, estou muito feliz minha pequena.

Nesse momento o médico entrou e conversou com eles durante o exame. Logo puderam ver na tela os movimentos da criança. Ele congelou a imagem e mandou imprimir para eles uma cópia do que estava na tela.

_ Bem Aleck, creio que você é papai de um menino. Olhe aqui a prova _ e apontou para um ponto na tela, rindo.

_ Nossa, isso merece mais que uma comemoração e você está já convidado Dimitre. Eu sabia que seria um menino.

_ Sabia nada. Você estava nervoso - era muito engraçada a cara dele ao olhar para a tela.

_ Estou ainda, agora acho que mais, é muita responsabilidade _ alisou os cabelos escuros.

_ Um menino só nosso... Graças a você minha linda.

_ Não, graças a nós dois.

Saíram abraçados da clínica e foram buscar Mia na loja.

_ E então, o que me dizem? Falem logo estou ansiosa por saber _ já estava metida entre os dois, sentada no banco de trás enquanto Aleck guiava com um sorriso enorme na cara.

_ Olhe você mesma _ Lúcia lhe entregou o exame, sorrindo para a cunhada _ Titia.

Mia abriu e leu, depois deu uma olhada na foto impressa. Soltou um gritinho de alegria.

_ Uau... Um menino, eu vou ser tia de um malʹchik . Parabéns irmão! E obrigada irmã, mama vai ficar maravilhada com isso.

*******

     A noite transcorreu animada. Nádia estava tão feliz que até aceitou sair para jantarem fora, coisa que pouco fazia, pois não gostava de sair a noite. Mas a novidade merecia um jantar diferente e todos estavam radiantes.

Aleck não soltava Lúcia por nada, nem que fosse apenas pela mão, ela estava sempre presa a ele. Distribuía beijos para as três.

O restaurante estava lotado mas ainda assim conseguiram uma excelente mesa, ao lado de um pequeno jardim, no andar superior. A vista era linda, a comida excelente e as risadas se seguiam uma atrás da outra. Estava tudo excelente, até a hora de irem embora...

Uma garoa fina caía e a temperatura começara a baixar mais. Aleck pediu que ficassem na entrada enquanto ia ao estacionamento buscar o carro. Ficaram conversando sobre cores para roupas do bebê e ouviram uma voz bem atrás de Mia...

_ Ora, vejam só que alegria do trio - Irina estava chegando ao restaurante e vira quando eles saíram e aproveitou a ausência de Aleck _ Então era esse o golpe, uma barriga. Bem típico de gente pouco inteligente e que só pode agarrar um marido rico assim, abrindo as pernas.

_ Irina, que linguajar vulgar o seu e em público - Mia gritou com a prima _ Por favor, não se rebaixe mais e não envergonhe sua família.

_ Que família? Então não sabe que seu irmão fez questão de me isolar e que até meus pais ficaram sabendo dos fatos, contados na versão dele é claro, e agora quase não nos falamos mais?

_ Você procurou por isso Irina. Por favor, continue seu caminho, Aleck foi apenas pegar o carro e não vai gostar de te ver aqui com a gente - Nádia segurou no braço de Lúcia e a puxou para a ponta da calçada _ Siga sua vida minha criança, não queremos problemas, ainda mais agora que seremos abençoados com uma criança.

Irina sentiu o ódio aumentar e foi atrás das duas, seguida de perto por Mia.

_ Será que ela está mesmo grávida? Quem garante que não é uma barriga falsa, nem se dá para ver bem.

Jogando a bolsa de lado, apressou o passo e com as duas mãos empurrou Lúcia pelas costas, fazendo com que ela desequilibrasse e caísse na calçada de joelhos.

A queda não foi maior porque estava de braço dado com Nádia, mas esta também não esperava por isso e não pode segurar melhor Lúcia.

_ Sua louca... - gritou Mia e a puxou pelos cabelos antes que fizesse algo mais contra a cunhada.

_ O que se passa aqui? - a voz de raiva de Aleck se fez ouvir entre o barulho de muitas pessoas que presenciaram a cena e os carros que passavam na rua. Olhou para Lúcia caída na calçada, a levantou nos braços e com toda raiva que podia sentir no momento, falou com ódio para Irina:  _ Agora você foi longe demais sua louca. Vou cuidar de minha mulher e depois acerto com você, mas você não perde por esperar Irina, isso não vai ficar assim - saiu levando Lúcia nos braços e a colocou no carro.

_ Vamos mãe. Mia entre logo no carro, deixe essa louca aí mesmo, eu sei bem onde a encontrar depois - as duas entraram e ele seguiu para clínica.

_ Você está bem amor? - olhou preocupado para ela que segurava a barriga.

_ Não me sinto bem, está doendo aqui... - colocou a mão sobre a barriga onde estava mais evidente _ Também meus joelhos doem.

_ Vamos para a clínica rápido meu filho, melhor fazer um exame para saber se está tudo bem com o bebê e depois veremos seus joelhos, creio que machucou muito, eu não pude segurar seu braço Lúcia, me perdoe querida, não esperava isso... - Nádia estava desolada.

_ Não se preocupe mãe, entendemos isso, foi de repente, aquela mulher precisa de ajuda médica, não sabe perder - disse Mia.

_ Pior que isso. Ela nunca me teve e não sabe me perder, é louca total _ acelerou o carro e já estavam quase chegando quando Lúcia se contraiu e apertou a barriga mais.

_ Ai... Está doendo muito agora Aleck - colocou a mão sobre a perna dele e fechou os dedos.

_ Aguenta amor, já chegamos. Vamos entrar logo.

Aleck entrou apressado com Lúcia nos braços. Logo vieram enfermeiras e a levaram rápido para a sala de exames.

_ Aguardem aqui, por favor, logo venho falar com vocês - o médico seguiu rápido para atender a Lúcia.

Aleck só pensava no que faria se perdessem o bebê agora, tão recente... Tudo recente aliás; o casamento, a gravidez e agora isso. Realmente era muito para uma pessoa como ela suportar.

Aguardou pelo que parecia ser uma eternidade, andando de um lado para outro, nervoso. Mia e sua mãe estavam sentadas, observando caladas. Não se podia falar muito sobre aquilo, elas percebiam o quanto ele estava nervoso.

Olharam todos ao mesmo tempo enquanto o médico se aproximava deles.

_ E então?

_ Fiquem calmos, o pior passou. Ela está medicada e no momento dorme por efeito dos remédios, estava muito nervosa. Fiz alguns exames e tanto ela quanto a criança estão bem. Apesar de ser um período muito fácil de perder a criança, devido o pouco tempo de gestação e também pela queda, eles estão bem. Aconselho que passe a noite aqui e amanhã pela manhã o senhor poderá levar sua esposa.

_ Posso vê-la agora?

_ Sim, mas ela está dormindo.

_ Obrigado - foi apressado para o apartamento onde a colocaram, entrou sem fazer barulho e fechou a porta. Lúcia estava com soro preso á mão. Deu a volta e puxou uma cadeira para sentar ao seu lado, pegou sua mão entre as suas, baixou a cabeça e chorou baixinho...

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