Capítulo 1.1

Foi terminar seu jantar, sentou à mesa e começou a comer devagar, colocando outros pensamentos na cabeça e depois foi fazer a lista do que teria para o dia seguinte.

No topo da lista ela escreveu: " não esquecer de ligar para o russo"...

*********

Logo cedo Lúcia pulou da cama, organizou suas coisas, fez seu café-da-manhã e foi fazer uma faxina rápida na casa que estava precisando.

Durante a semana ela não tinha muito tempo para organizar seu cantinho pois trabalhava o dia todo e à noite ia para a universidade pública.

Gostaria de ter dinheiro sobrando para poder frequentar uma particular, assim não se atrasaria tanto com as muitas greves feitas por professores e funcionários da universidade.

Já estava atrasada um período, pois as greves a fizeram perder cinco meses de aulas e agora corriam para colocar tudo em dia e seguir o curso.

Precisava muito se formar, afinal não queria ser faxineira nem garçonete para o resto de sua vida.

Vivia sozinha desde os dezessete anos e já estava acostumada, mas queria melhorar sua vida, tinha medo de precisar de algo com urgência e não ter condições de pagar por isso.

O que recebia nas faxinas não dava para viver com folga e o salário de garçonete era baixo, dava apenas sobreviver.

Parou e olhou o relógio na parede de sua pequena cozinha e viu que já eram nove horas, quase o horário que combinara com o russo para ligar para seu hotel.

Ele estava hospedado em um hotel muito luxuoso na orla, perto de onde ela vivia, que também era perto da orla.

Pensou que isso era bom porque assim poderia ver o mar sempre que quisesse e agora aparecera este bônus extra no fim da tarde, foi melhor ainda.

_ Uma surpresa que o mar me trouxe.

Ela brincou com a situação, pensando em como ia quase todos os dias no mesmo local e ontem ao chegar ela o encontrou parado lá, onde ela sempre gosta de sentar.

Pegou o celular e ligou para o hotel, pedindo para passarem ao quarto de Aleck e aguardou, ansiosa, enquanto ouvia o tom de chamada.

_ Olá!

A voz dele do outro lado era ainda mais grave.

 "Será que ainda dormia e ela o acordou?"

 Pensando isso, apertou mais o fone e pediu desculpas se ainda era cedo e o tinha acordado, pensava que estava na hora marcada para ligar...

_ Já estou acordado há tempos. Só esperava você ligar, queria que ligasse logo.

Deu um sorriso, achando graça dela ter pensado nele e ligado logo na hora certa. Era pontual e cumpria com a promessa. Ele gostava disso.

_ Mesmo? Que bom. O que vai fazer hoje pela manhã? Irá à praia de novo?

_ Ainda não sei, esperava você me ligar e aí poder combinar algo. O que gostaria de fazer?

_ Bem, como você chegou ontem, creio que ainda não tenha visto nada por aqui na cidade. Que tal a gente dar uma volta e eu te mostro o que der?

_ Parece ótimo. Você está de carro?

Ela riu ao celular e respondeu:

_ Claro que não! Eu não tenho condições de ter um carro, mas gostaria de ter um.

_ Sendo assim, vou alugar um aqui na locadora em frente e depois passo para te pegar.

_ Certo. Mas prefiro encontrar você no mesmo local de ontem. Pode ser? Daqui a meia hora está bom?

_ Daqui a meia hora está ótimo.

Ele ria pensando que chegaria antes disso, pois estava com muita vontade de vê-la. 

_ Então tá, um xero pra você.

_ Um xero? O que é isso?

_ Ha,ha,ha ... Eu te digo e te mostro quando a gente se encontrar. Até daqui a pouco. 

_ Tchau Lúcia!

Desligou o fone, pensando em como ela era uma divertida novidade e que iria aproveitar ao máximo enquanto estivesse em sua companhia.

Assim, ao retornar teria mais coisas boas para lembrar-se do Brasil, ao invés de só bons negócios em dinheiro.

Correu e tomou um banho, trocou de roupa e foi logo à locadora e alugou um SUV esportivo, já que estava na praia, tinha que ser um carro assim, não sabia onde iriam e seria melhor já se precaver. Entrou e foi logo ao local combinado.

Ela estava chegando também e ele parou ao lado da pista de acesso ao mole de pedras e esperou por ela. Estava ainda mais bonita que na tarde anterior.

Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, com alguns fios soltos o que deixou seu rosto até mais jovem e delicado.

Eram castanhos claros, mas com mechas mais claras ainda. Estava com uma sandália baixa e ele viu que usava um anel no dedão direito e ao lado do pé subia uma pequena tatuagem de flores com um beija-flor em cima.

Nada disso ele pôde ver no primeiro encontro, mas hoje à luz do dia, ele poderia observar cada detalhe dela e até o momento, estava achando tudo muito bom...

Vestia uma micro-saia florida em tons de azul e uma blusa combinando. Estava muito bonita. Pensou em como seria puxar aquela saia tão minúscula e deixar revelar o que escondia...

_ Calma homem! - ele mesmo se repreendeu.

Sim, ele tinha que ir com calma porque muitas coisas ruins também haviam sido ditas por seus amigos, com relação aos costumes e às mulheres brasileiras.

Ainda assim, o calor aumentou em seu corpo e sabia que não era só por estar em um país tropical, sabia que tinha a ver com a bela garota que atravessava correndo a pista, indo em sua direção.

Saiu do carro para que ela o visse e esperou que chegasse perto dele.

Lúcia estava sorrindo e enquanto corria para atravessar a rua, já foi dando uma geral no homem à sua frente. Não estava preparada para a reação de seu corpo.

Foi como um choque na barriga, o estômago embrulhou na hora... Ele era mais bonito do que ela achava que era.

O carro era alto, mas ele era tão alto quanto. Estava de pé e se podia perceber seu modo altivo, de guerreiro, imponente. Estava bem vestido, até demais para um dia de sol na praia.

Vestia calça azul marinho, de corte impecável e uma camisa de mangas curtas muito bonita e se podia ver, cara também. O relógio que usava chamava a atenção. Era grande, muito bonito e também era caro com certeza.

Via-se que era um homem com bom gosto e dinheiro para isso.

Os cabelos dele chamaram sua atenção e ela sentiu vontade de enfiar as mãos por entre os fios, pensava que deveria ser macio e lembrou como ele cheirava bem... Nossa, o homem era maravilhoso, um deus, porém não grego, mas russo...

Chegando perto, viu que a camisa estava com botões abertos, deixando um pouco do peito dele à mostra.

"E que peito", pensou ela.

O homem tinha jeito de predador e ela pensou em como seria bom, deitar a cabeça naquele peito forte... Quando ele sorriu ela tentou falar sem demonstrar nervosismo nenhum e se admirou pois conseguiu parecer bem natural .

_ Oi. Bom dia!

Chegou bem perto dele e tocou seu braço. Sentia a mão formigar ao passar os dedos pelo braço forte. Era bom tocá-lo.

_ Olá. Bom dia para você também! - ele passou o dedo na ponta de seu nariz e sorriu _Vamos para onde? Você já tem ideia?

Na verdade ele pouco se importava, não estava interessado em turismo e sim na guia que agora estava ao seu lado.

_ Bem, acho que podemos começar aqui pelas praias mesmo, mas tem um problema...

_ Qual? - levantou a sobrancelha curioso.

_ Você não está de acordo com um dia de sol na praia. Não tem um short ou uma bermuda para poder se sentir mais confortável? Aqui faz muito calor e olha que ainda nem estamos no verão. Daqui a pouco você estará se sentindo desconfortável.

"Que linda"

Se preocupando com o bem-estar dele. Além de bela em físico, também tinha bom coração.

_ Posso arranjar isso logo. Mas tenho que retornar ao meu hotel para me trocar, você vem comigo?

Ele a puxou para o lado do carona e abriu a porta para que se sentasse, enquanto já ia colocando o cinto de segurança, sem nem mesmo esperar pela resposta.

_ Claro! Espero por você no carro enquanto se troca - ela se virou para ele quando entrou no carro e viu um sorriso leve em sua boca.

_ Não! No carro não, você vai comigo até meu quarto - e dizendo isso, retornou com o carro para o hotel.

Entraram no estacionamento do hotel, ele deu a volta e abriu a porta, dando a mão para que descesse do carro, que era alto. Fechou a porta e passou a mão por sua cintura, guiando-a para a entrada lateral.

Lúcia olhou enquanto ele a levava pelo hall de entrada e ninguém lhe perguntou nada, apenas lhe sorriram e acenaram com a cabeça.

_ Que coisa, esse hotel não deve ser muito bom - ela soltou o comentário.

_ E por que não?

Parou diante do elevador e apertou o botão. Quando o elevador chegou, ele a empurrou delicadamente para dentro, apertou o botão correspondente ao andar que estava e perguntou de novo por que não...

_ Ora, um hóspede entra no hotel com uma pessoa estranha e ninguém pergunta nada? E se eu fosse uma ladra ou até mesmo, uma prostituta? Isso é permitido aqui? Deveriam cuidar melhor das pessoas que estão aqui, ao menos fazer uma ficha, sei lá... Passamos tão rápido e ninguém questionou nada...

Ele riu com o jeito curioso dela falar e decidiu abrir o jogo com ela.

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