Capítulo 2.2

Quando voltou estava um arraso. Vestia um jeans que marcava bem suas pernas grandes e fortes, com camisa de algodão preta, por fora da calça e alguns botões abertos, sapatos finos e estava muito, muito sexy.

Com certeza era um homem de chamar atenção.

Ele estava devastador, assim relaxado, sorrindo e ela estava definitivamente caída por ele. Em tão pouco tempo sentia como se ele fosse a pessoa mais interessante e importante que chegara a sua vida.

_ Vamos, assim eu já conheço sua casa.

Beijou o topo da cabeça dela e pegou sua mão. Saíram do hotel como dois namorados, rindo e de mãos dadas.

Lúcia não notou, mas Aleck, como bom observador, não perdeu o olhar profundo que o rapaz da recepção lhe deu outra vez. Tinha que falar com ela sobre ele, já que era seu vizinho e trabalhava para ele.

Seria melhor saber algo mais, não gostou da primeira apresentação e menos agora desse olhar lascivo que dera para sua companhia.

_ Vem, assim você já vai ver como não tenho nada de interessante em minha vida, daí deixo você decidir depois, como me pediu. Sou bem simples, nada comparado ao que você deve estar acostumado.

_ Você tira conclusões muito rápidas - olhou o pequeno ambiente com várias casinhas onde parou o carro. Desceu e deu a volta, abrindo a porta para ela sair _ Onde mora o rapaz que trabalha em meu hotel? - perguntou curioso.

_ Aqui ao meu lado. Eu moro nesta azul clarinha e ele aqui ao lado, na verde. Por quê?

_ Porque não gostei do modo como ele falou com você logo cedo. Vocês já tiveram algo? - esperava que ela dissesse que não ou teria que dar um jeito no tal e colocá-lo para trabalhar em outro hotel que não este.

"Estou com ciúmes? Mas já?"

Ele se admirou de seu pensamento, mas quem sabe seria mesmo ciúme...

Ela riu muito, olhando o rosto dele e achando graça do modo como fez a pergunta.

_ Nunca tivemos nada, apesar de me dizerem que ele gosta de mim há muito tempo, mas eu nunca passei mais do que momentos falando com ele. Tanto que nem sabia que trabalhava lá. Acho que nunca fui muito educada com ele. Já me convidou para sair algumas vezes, mas como eu sempre negava acho que acabou desistindo.

_ E o que sabe mais sobre ele? - ainda não estava satisfeito com o pouco que ela lhe disse sobre o tal João.

_ Não muito mesmo, nem tenho tempo para isso.

Foi abrindo a porta e deixou aberta para que ele a seguisse.

Dentro era muito agradável, apesar de tudo simples, pois ela não tinha condições de comprar coisas caras. O item mais caro que possuía era um notebook e mesmo assim porque precisava para os estudos, de resto era tudo muito feminino e delicado, mas nada de chamar atenção, como ela mesma dissera antes.

_ Vê? É aqui que eu me escondo, como dizem minhas amigas da universidade.

_ Se esconde?

_ Sim - ela riu _ Elas dizem isso porque nunca saio com ninguém, me enfio aqui e só estudo e só saio quando tenho algo para fazer ou para ir trabalhar, fora isso no máximo me sento para ler algum livro aí fora, na varandinha da frente e pronto, nem mesmo vejo tv. Só quando for algo importante, porque tempo para perder vendo bobagens eu não tenho - saiu da salinha e foi ao único quarto da casa _ Volto já, prometo que não demoro.

Enquanto ela se arrumava, ele andou pela pequena casa, observando o que fosse possível para aprender mais sobre a garota que estava interessando além do limite e que também parecia ter um interesse sincero nele.

Ao menos tinha certeza de que ela era verdadeira com ele ou do contrário não iria ser tão aberta em falar sobre suas condições financeiras baixas logo de início.

Qualquer homem fugiria disso pois acharia que ela queria algo em troca. Mas Lúcia não parecia ser dessas, ela estava bem á vontade para falar e se mostrar para ele, com verdade.

_ Podemos ir agora?

Ela entrou de novo na sala e estava linda, parecendo muito mais jovem em uma calça jeans escura com uma blusa de alcinhas toda colorida, na cintura um cinto bem moderno, cheio de detalhes e no pescoço várias gargantilhas douradas, uma mais comprida que a outra.

Os cabelos presos em um rabo de cavalo mais arrumado e com detalhes de florzinhas presas ao lado. Estava encantadora, uma "Lolita" brasileira... Intimamente ele riu de seu pensamento e achou que ele seria o lobo mau dela...

Foram a um restaurante novo que ficava em frente a uma boate muito badalada na cidade e decidiram esperar por lá, conversando sobre suas vidas, enquanto chegava o horário da boate abrir e eles poderiam esticar a noite com um pouco de dança.

Falaram sobre a vida dele na Rússia, os interesses dele no Brasil, toda a fortuna acumulada por ele durante os anos e o que ele esperava dali em diante.

Ela lhe contou sobre sua vida, seus estudos, sua infância em um orfanato da cidade, quando perdeu seus pais aos cinco anos de idade e não tinha mais parentes, da vida lá, até sair com dezessete anos e ter que se virar sozinha com o pouco que aprendeu da vida lá dentro, sem nenhuma ajuda, a não ser o único emprego que lhe arranjaram, que foi o de faxineira em uma escola.

O emprego de garçonete conseguiu sozinha, para poder ajudar a pagar os livros da universidade que eram caros mesmo sendo pública. Mas não poderia estudar sem livros ou xerocando cada nova matéria que os professores passassem aos alunos.

_ Então você vive sozinha desde que saiu? - ele não acreditava na força dela, em se manter virgem, sozinha e sem dinheiro _ A maioria das mulheres teria arrumado um namorado pagante ou um marido qualquer, desde que a tirasse do sufoco. Admiro você Lúcia, por não se deixar levar como a maioria - ele passou a mão em seu rosto, fazendo um carinho na bochecha e depois puxou sua mão e deu um beijo na palma _ Agora está ainda mais linda para mim - olhava sério para ela com olhos profundos, cheios de sentimentos e pela situação que viveu _ Deve ter sido difícil pra você!

_ Sim, foi muito difícil, especialmente quando tive que sair do orfanato. Foi ruim morar sozinha e eu não morava onde estou hoje. Mas eu consegui me distanciar de algumas coisas, fugi de outras e persisti nas que importavam mesmo e acho que por enquanto estou conseguindo não afundar, mas ainda quero mais...

_ Isso é bom. Sempre se deve almejar mais na vida.

Ele a ajudou a se levantar e foram em direção a boate, do outro lado da rua que estava aberta há mais de uma hora e eles não perceberam até verem a agitação das pessoas chegando com seus carros e o burburinho na entrada.

Aleck comprou as entradas e foram para a fila. Passou os braços de forma possessiva por sobre os ombros dela e a colocou em sua frente.

"Ela é minha".

Pensava ele enquanto iam andando para a entrada.

Lá dentro tocava música eletrônica e as pessoas se empurravam enquanto dançavam como loucas.

O som nem se fala, era total loucura e ele não estava acostumado com tanto barulho, mas se ela gostava então estava bom para ele. O que queria agora, mais que conhecer os costumes e pontos turísticos, era ficar com ela, conhecer a fundo sobre sua vida.

Tinha seus funcionários para lhe passarem as informações que necessitava e já sabia de muita coisa quando comprou o hotel, não fazia nenhum negócio que não lhe resultasse em lucro, muito lucro.

Porém, com Lúcia dependia de observações. Ela era amigável, educada, suave, sincera e com certeza iria descobrir muito mais qualidades no decorrer do tempo. Se o esforço que tinha que fazer era ficar um pouco surdo para ter o prazer da companhia dela, estava tudo bem.

_ Nossa, nunca pensei que fosse tão alto - gritava ao lado dele para ser ouvida _ Acho que você não está gostando, está? - preocupou-se com ele _ Vamos só conhecer um pouquinho e depois poderemos ir embora se você não gosta.

_ Não, está tudo bem, não se preocupe, vamos aproveitar. Quer dançar? - ele puxou sua mão e foi em direção a pista.

Começou a mexer devagar puxando-a pela cintura e os dois dançaram no ritmo da música, mas colados, sem se importar com as outras pessoas que olhavam para os dois.

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