Clara
Já faz uma semana desde que vivi aquele pesadelo e às vezes acho que ainda estou nele. Não sai mais do apartamento do Bernardo, pois sempre sinto que tem alguém me vigiando, então prefiro trabalhar de casa até me sentir melhor.
Não voltei mais ao meu apartamento e o Be me fez prometer que ficaria com ele, mas não me sinto segura aqui, não quero mais estar aqui, preciso achar o meu lugar.
Faço carinho na Atena que não desgruda mais de mim e continuo o meu trabalho, tenho muitos contratos para organizar. Depois que Cassandra foi embora, não encontrei ninguém capaz de substituí-la, ela é muito competente.
Olho no relógio e percebo que já passou da hora do almoço, penso em fazer algo para comer quando vejo a porta abrindo-se e Bernardo adentrando em casa.
— Oi. - Cumprimen
BernardoSinto-me extasiado quando finalizado a minha vídeo conferência, estava falando com meu sócio, ele me garantiu que abrir uma filial aqui no Brasil será rentável. Converso com Henri e convido para a sociedade, ele aceita de prontidão, também não quer ficar responsável pelo império dos pais dele.Não que seja algo ruim, mas ter algo criado e conquistado por nós é muito mais prazeroso. Levanto-me e vou até a janela, encaro-a como se não fosse mais voltar ali, abro-a um pouco e sento-me novamente para analisar alguns contratos.Pego algumas caixas no armário e organizo em ordem alfabética alguns dos contratos recentes, coloco-os em caixas novas para que não misturem com os antigos, em seguida faço algumas ligações e aguardo ansioso a resposta do meu amigo sobre o que solicitei que ele
Bernardo Resolvo aproveitar essa noite, afinal nos libertamos e poderemos enfim ficar juntos. Olho no relógio e vejo que são quase 18 horas, percebo que é o dia de mudar algumas coisas. — Oi amor. - Digo abraçando-a por traz enquanto ela guarda algumas coisas no nosso quarto. — Oi querido. Até parece que já está com saudade. - Brinca e começamos a rir. — Estou sempre com saudade. Que tal sair hoje à noite? - Indago e vejo o sorriso crescer em seus lábios, viro-a de frente para mim e a beijo calorosamente. — Mas eu não terminei de organizar as coisas. - Diz e eu acaricio seu rosto. — Terminaremos juntos amanhã. Hoje quero aproveitar essa noite com você, que tal tomar um banho comigo e depois saímos. - Proponho e seu olhar denuncia sua excitação. — Quer me levar onde? - Questiona e eu aproveito que está empolgada. — É uma surpresa. Vamos, para o banho. - Digo e a levo comigo.
Clara— Meninas estava incrível a exposição. - Elogia Cassandra, chegou até a dizer que sentia falta de São Paulo.— Eu sinceramente, amei demais, estava sentindo falta de sair só com mulheres. - Confidencia Lessa e começamos a rir.— Concordo com as duas, foi incrível. - Digo quando descemos do elevador, vamos tranquilamente em direção à porta do meu apartamento com Bernardo.Pego a chave na bolsa enquanto conversamos animadas, elas ficam atrás mim para que abra a porta, giro uma, duas vezes e finalmente a destranco.Quando a porta se abre não consigo entrar de imediato, fico observando a casa como se fosse à primeira vez. A luz ambiente impede que eu veja tudo com claridade, fico parada durante mais um tempo e entro quando sinto as mãos de minhas amigas me empurrando.Os meu
ClaraNão estava sendo difícil como eu havia pensado. Agora olhando para o lugar onde o meu pai havia desfalecido, tendo certeza de que ele não voltaria mais, sentia-me aliviada.— Vai levar isto aqui? - Indaga Cassandra fazendo-me despertar.— Acho que não, talvez eu venha buscar depois. - Afirmo e vou em direção ao quarto.— Qual sua prioridade? - Questiona pegando algumas caixas.— Os meus livros. - Informo sorrindo.— Ok. Então vamos começar. - Diz e sorrimos.No final conseguimos encher três caixas com os meus livros, pego a minha arma e coloco entre eles, não sei quando irei precisar.Organizamos e limpamos o restante da casa, depois sentamos no sofá para descansar.— Eu não imaginava que a minha vida mudaria tanto. - Confesso e vejo minha amiga sorrir.—
ClaraSinto todo o meu corpo doer, e não sei há quanto tempo estou nessa posição. Minhas lágrimas parecem ter secado, mas ainda tenho vontade de chorar. Experimento essa dor tão grande como se o meu corpo tivesse diminuindo e por algum motivo ela tenha saído para brincar comigo.Tudo parece triste, tudo faz eu me sentir desolada. Abro os olhos e vejo que Atena está comigo na sala, ela ficou deitada no tapete imagino que esteja cuidando de mim. Mexo o meu braço lentamente com intenção de tirar o cabelo do meu rosto, penso em desistir quando a dor persiste, mas me forço para se levantar. Sento-me no sofá e fico olhando para a televisão, mesmo estando desligada parece que se sente mais feliz do que eu.A dor dentro de mim está tão grande que sinto como se não pudesse respirar e quando percebo começo a respirar
ClaraRespiro fundo e deixo que o vento atinja cada vez mais o meu rosto, estou sentada no parque enquanto Atena explora um pouco mais o local à nossa volta, fico encantada com a quantidade de pessoas que vejo se exercitarem de manhã, se não fosse pela nova integrante da família eu não estaria aqui.Olho no relógio e noto que já passa um pouco das 6 horas e 30 minutos, chamo minha companheira e voltamos para casa. Corremos devagar no percurso de volta, uma vez que, ninguém está me perseguindo não sinto necessidade de ser mais rápida do que isso.É uma sensação diferente agora, uma percepção nova, o desespero que eu sentia agora não passa de uma lembrança e por alguns minutos imagino que as coisas estão voltando ao normal. Posso respirar agora, como a muito não respirava, não sinto mais q
ClaraOs blocos estão pesados, mas eu não me importo. Sinto-me feliz por poder ajudá-lo, por me sentir útil. Estou com 11 anos e estávamos construindo nossa casa no interior, é o lugar onde o sol escolheu para morar, pois ele não dá uma trégua, eu e o Pedro fazemos muito esforço junto com os meus pais e alguns amigos deles. Posso dizer que só carregar os blocos é muita ajuda, sinto o suor escorrer pelo meu rosto e a forma como faz o meu corpo escorregar me faz querer tomar um banho, mas não posso ir, prometi que não pararia até que eles parassem. Coloco os blocos próximo aos amigos dos meus pais e vou buscar mais, se disser que são muitos mentirei, mas quatro é o máximo para mim. Enquanto pego os blocos, Pedro está ajudando a mexer
ClaraNós ficamos em silêncio cada um perdido em seus pensamentos tentando encontrar o conforto ideal dentro dos olhos um do outro. Após alguns minutos saio de frente da porta permitindo que ele entre, escuto sua respiração acelerar conforme se aproxima cada vez mais de mim, sei que se sente como eu.Fecho a porta e vamos para o meu quarto ambos sem ter dito nem ao menos uma palavra, sento-me na cama e faço um gesto para que ele se aproxime e vejo-o obedecer sem reclamar.Agora sentado em minha frente me encara por mais alguns minutos, quando o silêncio torna-se perturbador ele acaricia o meu rosto fazendo com que eu respire de uma maneira tão calma que a muito não fazia.Seguro sua mão assim que ele começa a afastá-la e o puxo ainda mais para perto de mim, olho em seus olhos tentando saber o que está sentindo e fico fel