Na manhã seguinte, Mariana acordou cedo, o sol já brilhando intensamente pela janela do seu apartamento. Após uma rápida refeição, ela se arrumou, tentando deixar de lado as memórias da noite anterior. O trabalho a esperava, e ela precisava estar focada.Chegando ao hospital, Mariana respirou fundo, sentindo a familiaridade do ambiente. Os corredores movimentados, o cheiro de desinfetante e o som distante das máquinas estavam sempre lá, criando uma sensação de conforto em meio ao caos. Mas, naquele dia, havia uma tensão no ar que ela não conseguia ignorar.Mariana ajustou a máscara e se posicionou na sala de cirurgia, revisando rapidamente a lista de materiais. Gabriel entrou logo em seguida, dando uma olhada geral na equipe e cumprimentou Mariana com um breve aceno.— Tudo pronto por aqui, Mariana? — perguntou ele, em um tom firme, mas cortês.— Sim, doutor Gabriel. Conferi o equipamento e os materiais. Podemos começar assim que o senhor estiver pronto. — respondeu Mariana, com profi
No plantão, Mariana chegou ao hospital tentando manter o foco no trabalho, apesar da nuvem de incerteza e da tensão que pesava sobre ela desde o incidente na cirurgia. Contudo, logo ao entrar, foi chamada ao escritório da administração. A expressão séria do chefe e da representante do RH fez um calafrio percorrer sua espinha. — Mariana, devido ao incidente ocorrido na cirurgia do plantão anterior, a administração decidiu suspendê-la enquanto conduzimos uma investigação completa — informou o chefe, com um tom formal e inexpressivo. Mariana arregalou os olhos, surpresa e sem entender completamente. A palavra “suspensa” ecoou em sua mente como um golpe, fazendo seu coração disparar. — Suspensa? Mas… eu revisei a contagem das gazes. Fiz tudo corretamente, eu… — tentou argumentar, sentindo a voz vacilar, mas foi interrompida pela representante do RH. — Esta é uma medida preventiva, Mariana — disse a mulher, fria. — Precisamos assegurar que a situação seja apurada sem interferências.
O toque suave do celular despertou Mariana, que abriu os olhos devagar, sentindo o peso das incertezas que a acompanhavam há dias. Os últimos acontecimentos pareciam ter deixado uma marca profunda, e o silêncio entre ela e Gabriel só aumentava sua angústia.Ao pegar o telefone, viu uma mensagem dele: “Mariana, está tudo bem? Vi que você tentou me ligar, estava ocupado aqui. Fico preocupado.”Ela leu a mensagem várias vezes, sentindo uma mistura de surpresa e confusão. Gabriel parecia preocupado, mas uma conversa ainda parecia uma barreira distante. Mariana suspirou e, hesitante, colocou o celular de lado. Precisava manter o foco.Depois de se arrumar, seguiu para o hospital, decidida a fazer sua primeira consulta pré-natal. Precisava esclarecer sua situação e estava pronta para o apoio da amiga na obstetrícia, embora cada passo pelo corredor trouxesse a lembrança do afastamento e dos olhares de curiosidade dos colegas.Ao dobrar uma esquina, deparou-se com Alice, que a observou com um
Depois de sair do hospital, Mariana chegou à casa de Matheus um pouco antes do horário do almoço, sentindo o peso de tudo que estava acontecendo e as incertezas que a cercavam. Foi recebida por Anitta, que abriu a porta com um sorriso caloroso.— Oi, Mariana! — cumprimentou Anitta, dando espaço para ela entrar.— Obrigada, Anitta, por ter ficado com a dona Elisa pela manhã. Precisei resolver algumas coisas no hospital — respondeu Mariana, com um leve sorriso.Anitta lançou um olhar divertido enquanto se organizava.— Ah, e só um lembrete: não esquece do meu aniversário amanhã, hein? — brincou ela, em um tom leve.— Claro que não! — disse Mariana, rindo. — Vamos comemorar juntas.Anitta sorriu satisfeita e, após um breve bate-papo, Mariana seguiu para a rotina de cuidados com dona Elisa. O restante do dia transcorreu de forma tranquila, e, por um momento, ela conseguiu se desligar dos problemas recentes enquanto cuidava da paciente.Quando o relógio marcava cerca de sete horas, Mariana
Após a visita inesperada de Gisele naquela manhã, Mariana passou o dia lutando para processar as duras palavras da mãe de Gabriel. Tentando afastar a ansiedade, saiu no final da tarde para comprar um presente de aniversário para Anitta. Escolheu um item especial, na esperança de que um gesto de carinho pudesse ao menos preencher o vazio e a confusão que sentia.Ao entrar na Boate Lux, foi recebida pelo pulsar da música, pelas luzes vibrantes, e pela movimentação constante de pessoas dançando e rindo. O ambiente trouxe-lhe um alívio temporário, permitindo-a escapar, por um momento, da tensão dos últimos dias.Assim que avistou Anitta e Matheus próximos à entrada, seus amigos a receberam com abraços e sorrisos calorosos. O cheiro suave de perfume misturado com o leve aroma da bebida a envolveu.— Até que enfim, Mari! — Anitta exclamou, com o sorriso radiante de sempre, enquanto a segurava pelos ombros. — Achei que fosse dar o cano!— Perder seu aniversário? Nem pensar! — Mariana respond
Os últimos dias passaram como um borrão para Mariana, enquanto tentava se adaptar à sua nova rotina. Naquela manhã, ao tomar café, recebeu uma ligação do hospital, pedindo que comparecesse às 14h para mais esclarecimentos sobre o incidente na cirurgia. Um leve desconforto percorreu sua espinha, mas decidiu ir, determinada a esclarecer tudo.Quando chegou ao hospital, foi conduzida a uma sala reservada. Ao entrar, paralisou ao ver Gisele Alencar esperando-a sozinha. Um alarme soou em sua mente, mas Mariana respirou fundo e manteve a compostura.— Sente-se, Mariana — ordenou Gisele, indicando a cadeira à sua frente.Mariana se sentou, mas permaneceu alerta. A frieza no olhar de Gisele e o ambiente sombrio da sala deixavam claro que aquela não seria uma conversa comum.— Vou ser direta — começou Gisele, a voz fria e calculista. — Pedi que viesse até aqui para resolver o que é melhor para todos nós. Vamos realizar seu aborto.Um choque atravessou o corpo de Mariana. Ela recuou instintivam
Enquanto Gabriel dirigia, o silêncio no carro era quase palpável. Mariana, ainda um pouco tonta, observava as ruas passarem em um borrão, tentando processar tudo o que acabara de acontecer. O gesto de Gabriel de levá-la para o apartamento dele, longe da influência da mãe, trazia uma sensação de segurança inesperada, mas também levantava dúvidas sobre o que aquilo realmente significava para ele.Ao chegarem, Gabriel abriu a porta do apartamento e a ajudou a se sentar no sofá. Em seguida, foi até a cozinha, voltou com um copo d'água e o entregou a ela, quebrando o silêncio tenso com uma pergunta carregada de sentimentos:— Por que você não me contou? — A voz dele saiu firme, mas baixa, como se tentasse manter o controle. Mas o tom, que parecia quase uma súplica, carregava também uma ponta de indignação.Mariana o olhou, sentindo um peso no peito. Ele merecia uma explicação, mas as palavras pareciam presas na garganta. Depois de um momento, finalmente balbuciou:— Gabriel… eu... não sabi
O amanhecer entrava pelas janelas, preenchendo a sala com uma luz pálida e fria. Mariana havia passado a noite em claro, o celular ao lado, a mente em um turbilhão enquanto tentava processar tudo o que vira. Vencida pelo cansaço e pela angústia, acabara adormecendo no sofá, o rosto marcado pela exaustão e pelas lágrimas.O som da porta sendo destrancada a despertou lentamente. Ainda grogue, abriu os olhos e viu Gabriel entrar, cambaleando. A expressão dele era abatida, e o cheiro de álcool o denunciava: ele havia bebido muito.— Gabriel? — murmurou, a voz carregada de incredulidade e surpresa ao vê-lo naquele estado.Ele parou, a expressão confusa enquanto tentava focar o olhar nela. O rosto estava cansado, e ele demorou a processar a presença de Mariana ali.— Ah… você ainda está aqui, Mariana… — disse ele, as palavras arrastadas, a voz carregada de cansaço e algo mais profundo que ele tentava esconder.Mariana se endireitou no sofá, sentindo a indignação e a mágoa crescerem enquanto