Depois de sair do hospital, Mariana chegou à casa de Matheus um pouco antes do horário do almoço, sentindo o peso de tudo que estava acontecendo e as incertezas que a cercavam. Foi recebida por Anitta, que abriu a porta com um sorriso caloroso.— Oi, Mariana! — cumprimentou Anitta, dando espaço para ela entrar.— Obrigada, Anitta, por ter ficado com a dona Elisa pela manhã. Precisei resolver algumas coisas no hospital — respondeu Mariana, com um leve sorriso.Anitta lançou um olhar divertido enquanto se organizava.— Ah, e só um lembrete: não esquece do meu aniversário amanhã, hein? — brincou ela, em um tom leve.— Claro que não! — disse Mariana, rindo. — Vamos comemorar juntas.Anitta sorriu satisfeita e, após um breve bate-papo, Mariana seguiu para a rotina de cuidados com dona Elisa. O restante do dia transcorreu de forma tranquila, e, por um momento, ela conseguiu se desligar dos problemas recentes enquanto cuidava da paciente.Quando o relógio marcava cerca de sete horas, Mariana
Após a visita inesperada de Gisele naquela manhã, Mariana passou o dia lutando para processar as duras palavras da mãe de Gabriel. Tentando afastar a ansiedade, saiu no final da tarde para comprar um presente de aniversário para Anitta. Escolheu um item especial, na esperança de que um gesto de carinho pudesse ao menos preencher o vazio e a confusão que sentia.Ao entrar na Boate Lux, foi recebida pelo pulsar da música, pelas luzes vibrantes, e pela movimentação constante de pessoas dançando e rindo. O ambiente trouxe-lhe um alívio temporário, permitindo-a escapar, por um momento, da tensão dos últimos dias.Assim que avistou Anitta e Matheus próximos à entrada, seus amigos a receberam com abraços e sorrisos calorosos. O cheiro suave de perfume misturado com o leve aroma da bebida a envolveu.— Até que enfim, Mari! — Anitta exclamou, com o sorriso radiante de sempre, enquanto a segurava pelos ombros. — Achei que fosse dar o cano!— Perder seu aniversário? Nem pensar! — Mariana respond
Os últimos dias passaram como um borrão para Mariana, enquanto tentava se adaptar à sua nova rotina. Naquela manhã, ao tomar café, recebeu uma ligação do hospital, pedindo que comparecesse às 14h para mais esclarecimentos sobre o incidente na cirurgia. Um leve desconforto percorreu sua espinha, mas decidiu ir, determinada a esclarecer tudo.Quando chegou ao hospital, foi conduzida a uma sala reservada. Ao entrar, paralisou ao ver Gisele Alencar esperando-a sozinha. Um alarme soou em sua mente, mas Mariana respirou fundo e manteve a compostura.— Sente-se, Mariana — ordenou Gisele, indicando a cadeira à sua frente.Mariana se sentou, mas permaneceu alerta. A frieza no olhar de Gisele e o ambiente sombrio da sala deixavam claro que aquela não seria uma conversa comum.— Vou ser direta — começou Gisele, a voz fria e calculista. — Pedi que viesse até aqui para resolver o que é melhor para todos nós. Vamos realizar seu aborto.Um choque atravessou o corpo de Mariana. Ela recuou instintivam
Enquanto Gabriel dirigia, o silêncio no carro era quase palpável. Mariana, ainda um pouco tonta, observava as ruas passarem em um borrão, tentando processar tudo o que acabara de acontecer. O gesto de Gabriel de levá-la para o apartamento dele, longe da influência da mãe, trazia uma sensação de segurança inesperada, mas também levantava dúvidas sobre o que aquilo realmente significava para ele.Ao chegarem, Gabriel abriu a porta do apartamento e a ajudou a se sentar no sofá. Em seguida, foi até a cozinha, voltou com um copo d'água e o entregou a ela, quebrando o silêncio tenso com uma pergunta carregada de sentimentos:— Por que você não me contou? — A voz dele saiu firme, mas baixa, como se tentasse manter o controle. Mas o tom, que parecia quase uma súplica, carregava também uma ponta de indignação.Mariana o olhou, sentindo um peso no peito. Ele merecia uma explicação, mas as palavras pareciam presas na garganta. Depois de um momento, finalmente balbuciou:— Gabriel… eu... não sabi
O amanhecer entrava pelas janelas, preenchendo a sala com uma luz pálida e fria. Mariana havia passado a noite em claro, o celular ao lado, a mente em um turbilhão enquanto tentava processar tudo o que vira. Vencida pelo cansaço e pela angústia, acabara adormecendo no sofá, o rosto marcado pela exaustão e pelas lágrimas.O som da porta sendo destrancada a despertou lentamente. Ainda grogue, abriu os olhos e viu Gabriel entrar, cambaleando. A expressão dele era abatida, e o cheiro de álcool o denunciava: ele havia bebido muito.— Gabriel? — murmurou, a voz carregada de incredulidade e surpresa ao vê-lo naquele estado.Ele parou, a expressão confusa enquanto tentava focar o olhar nela. O rosto estava cansado, e ele demorou a processar a presença de Mariana ali.— Ah… você ainda está aqui, Mariana… — disse ele, as palavras arrastadas, a voz carregada de cansaço e algo mais profundo que ele tentava esconder.Mariana se endireitou no sofá, sentindo a indignação e a mágoa crescerem enquanto
A luz da tarde se infiltrava pelas cortinas do quarto, despertando Gabriel aos poucos. Sentia a cabeça pesada e o gosto amargo da noite anterior, mas foi o silêncio da casa que realmente o incomodou. Ao abrir os olhos, percebeu que o apartamento estava vazio, e a ausência de Mariana pesava mais do que qualquer coisa.Ele se levantou lentamente, tentando dissipar o torpor que sentia, mas a sensação de que as coisas estavam se desmoronando era mais forte. Ao chegar à sala e confirmar que ela não estava lá, o peito apertou. Sem perder mais tempo, decidiu tomar um banho rápido e ir até a casa dela. Sabia que era o momento de resolver tudo, sem mais adiamentos ou desculpas.Algum tempo depois, estacionou em frente ao prédio de Mariana e subiu, sem ao menos parar para organizar os pensamentos. Quando ela abriu a porta, ele a observou por um instante, com o peso da noite passada ainda estampado em seu rosto.— Precisamos conversar — ele disse, sem rodeios, enquanto ela o olhava com uma expre
Gabriel observava Mariana enquanto ela terminava de organizar a sala. Ela parecia tranquila, mas ele sabia que a sugestão dela de “algo melhor que café” ainda pairava no ar. Ele se aproximou, cruzando os braços e a encarando com um sorriso discreto. — Mariana — chamou ele, chamando sua atenção. Ela virou o rosto, curiosa, com um leve sorriso. — O que foi? — perguntou, descontraída. — Estive pensando… — começou ele, com o tom leve, mas firme. — Você mencionou algo sobre comemorarmos de forma mais especial. Que tal hoje à noite? Um jantar, só nós dois. Mariana piscou, surpresa. Por um momento, parecia que ele havia se apropriado da ideia dela, mas isso só a fez sorrir ainda mais. — Então resolveu aceitar minha sugestão, doutor? — brincou, cruzando os braços com uma expressão divertida. Gabriel riu, balançando a cabeça. — Vou dar o crédito a você, claro. Mas, sim, achei que seria uma boa ideia. Então, está dentro? Ela fingiu pensar, mas o brilho nos olhos entregava sua r
O carro parou com um solavanco final, as rodas finalmente firmes no chão. Tudo ficou em silêncio, exceto pelo som de metal rangendo, vidro quebrado e o leve chiado do motor ainda funcionando. O cheiro de gasolina e borracha queimada invadiu o ar, misturando-se com o gosto metálico de sangue na boca de Gabriel.Por um momento, tudo pareceu congelado. Gabriel piscou algumas vezes, tentando clarear a visão turva. O mundo ao seu redor parecia girar, e cada respiração era um esforço doloroso. A dor no ombro esquerdo irradiava pelo braço, e havia uma sensação quente e pegajosa na lateral de sua cabeça. Ele não precisava de um espelho para saber que estava sangrando.Um gemido fraco o tirou do torpor. Ele virou lentamente a cabeça, ignorando o estalo no pescoço, e viu Mariana ao lado. O coração de Gabriel parou por um instante ao notar o sangue escorrendo pela testa dela. A cabeça dela estava inclinada para frente, os cabelos cobrindo parte do rosto.— Mariana… — chamou ele, a voz rouca e ch