Após a visita inesperada de Gisele naquela manhã, Mariana passou o dia lutando para processar as duras palavras da mãe de Gabriel. Tentando afastar a ansiedade, saiu no final da tarde para comprar um presente de aniversário para Anitta. Escolheu um item especial, na esperança de que um gesto de carinho pudesse ao menos preencher o vazio e a confusão que sentia.Ao entrar na Boate Lux, foi recebida pelo pulsar da música, pelas luzes vibrantes, e pela movimentação constante de pessoas dançando e rindo. O ambiente trouxe-lhe um alívio temporário, permitindo-a escapar, por um momento, da tensão dos últimos dias.Assim que avistou Anitta e Matheus próximos à entrada, seus amigos a receberam com abraços e sorrisos calorosos. O cheiro suave de perfume misturado com o leve aroma da bebida a envolveu.— Até que enfim, Mari! — Anitta exclamou, com o sorriso radiante de sempre, enquanto a segurava pelos ombros. — Achei que fosse dar o cano!— Perder seu aniversário? Nem pensar! — Mariana respond
Os últimos dias passaram como um borrão para Mariana, enquanto tentava se adaptar à sua nova rotina. Naquela manhã, ao tomar café, recebeu uma ligação do hospital, pedindo que comparecesse às 14h para mais esclarecimentos sobre o incidente na cirurgia. Um leve desconforto percorreu sua espinha, mas decidiu ir, determinada a esclarecer tudo.Quando chegou ao hospital, foi conduzida a uma sala reservada. Ao entrar, paralisou ao ver Gisele Alencar esperando-a sozinha. Um alarme soou em sua mente, mas Mariana respirou fundo e manteve a compostura.— Sente-se, Mariana — ordenou Gisele, indicando a cadeira à sua frente.Mariana se sentou, mas permaneceu alerta. A frieza no olhar de Gisele e o ambiente sombrio da sala deixavam claro que aquela não seria uma conversa comum.— Vou ser direta — começou Gisele, a voz fria e calculista. — Pedi que viesse até aqui para resolver o que é melhor para todos nós. Vamos realizar seu aborto.Um choque atravessou o corpo de Mariana. Ela recuou instintivam
Enquanto Gabriel dirigia, o silêncio no carro era quase palpável. Mariana, ainda um pouco tonta, observava as ruas passarem em um borrão, tentando processar tudo o que acabara de acontecer. O gesto de Gabriel de levá-la para o apartamento dele, longe da influência da mãe, trazia uma sensação de segurança inesperada, mas também levantava dúvidas sobre o que aquilo realmente significava para ele.Ao chegarem, Gabriel abriu a porta do apartamento e a ajudou a se sentar no sofá. Em seguida, foi até a cozinha, voltou com um copo d'água e o entregou a ela, quebrando o silêncio tenso com uma pergunta carregada de sentimentos:— Por que você não me contou? — A voz dele saiu firme, mas baixa, como se tentasse manter o controle. Mas o tom, que parecia quase uma súplica, carregava também uma ponta de indignação.Mariana o olhou, sentindo um peso no peito. Ele merecia uma explicação, mas as palavras pareciam presas na garganta. Depois de um momento, finalmente balbuciou:— Gabriel… eu... não sabi
O amanhecer entrava pelas janelas, preenchendo a sala com uma luz pálida e fria. Mariana havia passado a noite em claro, o celular ao lado, a mente em um turbilhão enquanto tentava processar tudo o que vira. Vencida pelo cansaço e pela angústia, acabara adormecendo no sofá, o rosto marcado pela exaustão e pelas lágrimas.O som da porta sendo destrancada a despertou lentamente. Ainda grogue, abriu os olhos e viu Gabriel entrar, cambaleando. A expressão dele era abatida, e o cheiro de álcool o denunciava: ele havia bebido muito.— Gabriel? — murmurou, a voz carregada de incredulidade e surpresa ao vê-lo naquele estado.Ele parou, a expressão confusa enquanto tentava focar o olhar nela. O rosto estava cansado, e ele demorou a processar a presença de Mariana ali.— Ah… você ainda está aqui, Mariana… — disse ele, as palavras arrastadas, a voz carregada de cansaço e algo mais profundo que ele tentava esconder.Mariana se endireitou no sofá, sentindo a indignação e a mágoa crescerem enquanto
A luz da tarde se infiltrava pelas cortinas do quarto, despertando Gabriel aos poucos. Sentia a cabeça pesada e o gosto amargo da noite anterior, mas foi o silêncio da casa que realmente o incomodou. Ao abrir os olhos, percebeu que o apartamento estava vazio, e a ausência de Mariana pesava mais do que qualquer coisa.Ele se levantou lentamente, tentando dissipar o torpor que sentia, mas a sensação de que as coisas estavam se desmoronando era mais forte. Ao chegar à sala e confirmar que ela não estava lá, o peito apertou. Sem perder mais tempo, decidiu tomar um banho rápido e ir até a casa dela. Sabia que era o momento de resolver tudo, sem mais adiamentos ou desculpas.Algum tempo depois, estacionou em frente ao prédio de Mariana e subiu, sem ao menos parar para organizar os pensamentos. Quando ela abriu a porta, ele a observou por um instante, com o peso da noite passada ainda estampado em seu rosto.— Precisamos conversar — ele disse, sem rodeios, enquanto ela o olhava com uma expre
O hospital seguia seu ritmo frenético. Mariana atravessava o corredor com uma pilha de prontuários. Atrás dela, duas enfermeiras trocavam olhares rápidos e cochichavam.— Já soube da história? — murmurou uma, os olhos fixos em Mariana.— Não me diga que é verdade, ele traiu ela realmente — respondeu a outra, disfarçando a curiosidade. — Com a Dra. Cibele da pediatria?Mariana manteve o ritmo firme, as mãos apertando os prontuários com mais força do que o necessário. A mandíbula estava tensa. Ao longe, avistou o Dr. Gabriel Alencar, que passou apressado, lançando um breve olhar em sua direção antes de seguir adiante.As risadas abafadas das enfermeiras ficaram para trás, mas o clima parecia mais pesado a cada passo. Lucas. O nome dele ainda ecoava em sua mente, especialmente desde que soubera da traição com Cibele. As fofocas sobre eles corriam pelo hospital, mas Mariana não deixava transparecer o quanto aquilo a afetava.Ela entrou na sala de prontuários, os movimentos automáticos e e
O carro deslizava pelas ruas silenciosas. Mariana olhava pela janela, observando as luzes da cidade passando rapidamente. O brilho da noite não conseguia acalmar a turbulência que sentia por dentro. Gabriel dirigia com a mesma calma e controle de sempre, as mãos firmes no volante, sem perder o foco. Ele era Dr. Alencar, o médico conhecido por sua frieza e precisão, mas agora estavam indo para um lugar que ela nem sabia ao certo onde era. Seu estômago revirava de ansiedade. O que estou fazendo aqui? A pergunta ecoava em sua mente, mas a resposta parecia distante. Algo nele a atraía, algo além do simples mistério. — Pra onde estamos indo? — perguntou, quebrando o silêncio. Gabriel lançou um rápido olhar para ela, um sorriso leve surgindo em seus lábios. — Para um lugar onde possamos conversar sem interrupções. O silêncio voltou, mas Mariana não conseguia se acalmar. Ela estava exausta das últimas semanas. As fofocas, o estresse, a traição de Lucas ainda pairando em sua mente, mis
Mariana acordou cedo, o corpo ainda pesado do dia anterior. A noite com Gabriel já era passado. Sem arrependimentos, apenas uma sensação de desconforto por saber que as coisas entre eles ficaram sem resolução. Sua prioridade, no entanto, era a reunião com Matheus Vilela, o CEO que estava procurando uma cuidadora para sua mãe. Vestida de forma simples, mas adequada, Mariana se preparou para o compromisso. O trabalho extra parecia a solução para os problemas financeiros que se acumulavam. Chegou ao prédio de Matheus focada: precisava daquele dinheiro. Ao entrar na sala de reuniões, foi surpreendida ao ver Gabriel, distraído com o celular, sentado no canto da sala. Ele mal levantou os olhos quando ela entrou. Mariana tentou ignorar o desconforto e se concentrar. — Mariana, obrigado por vir. — Matheus sorriu ao cumprimentá-la. Ele era jovem, com uma postura confiante e traços fortes. Havia algo nele que chamava atenção, um controle natural sobre as situações. — Como sabe, estou