Tuca
O pior já passou, não é? Penso enquanto aguado os homens retornarem da tal conversa.
Em algum momento pego o celular para ligar para Val e saber como as coisas estão. Desde que Mirela decidiu acabar de vez com essa sua fixação declarada pelo seu ex, ela ficou um pouco para baixo. E como estava bem perto do seu aniversário, decidimos animá-la um pouco fazendo aquilo que ela mais gosta nesse mundo…
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E foi aí que Gustavo entrou nessa brincadeira oferecendo-nos a sua boate para uma comemoração surpresa para ela. Eu só precisei unir o útil ao agradável. Ou seja, além de comemorar também o apresentarei como meu namorado para todos os meus amigos.
Dá até um curto-circuito pensar nele assim.
O problema é fazer a turma entender isso já que o Senhor Lúcifer partiu o meu cora&cced
TucaDo lado de fora é possível sentir a batida da música alta que vem lá de dentro da Moom e aquela fila costumeira na calçada, especialmente hoje não está lá. Assim que sai do carro, Gustavo abre a porta para mim, cruzando os seus dedos nos meus para em seguida caminharmos para a entrada. Lembrar da última vez que estive nesse lugar me causa um certo frenesi, mas também me faz rir. Logo que ele abre as portas me dá passagem e na sequência somos cobertos pelas luzes coloridas que correm para todos os lados do grande salão. E mesmo sendo uma surpresa de aniversário, parece que toda a Seattle está aqui dentro.— Tuca? — Val me chama, acenando para mim do outro lado do salão e imediatamente puxo na sua direção. — Até que enfim você chegou! — A garota ralha um tanto animada, me abraçando no ato. — Oi, Gustavo! — Minha amiga cantarola, deixando um beijo comportado no seu rosto. Contudo, antes que ele consiga responder ao seu comentário, a voz Javier soa bem atrás
GustavoNa noite do jantar na mansão Peterson...A mansão Peterson era o último lugar que eu queria estar agora. Olhar para a sua fachada através dos vidros transparentes do meu carro me traz lembranças dolorosas de uma vida fria e vazia, de descaso e abandono. Com certeza a única coisa que me fará sorrir nesse lugar serão os empregados que me trataram como se eu fosse um pedacinho de suas famílias.Respiro fundo quando o automóvel estaciona em frente as portas largas de madeiras bem alinhas e a Senhora Flora surge abrindo um sorriso trêmulo, provavelmente ela deve estar nervosa ou ansiosa com a minha chegada. Contudo, não tenho a menor vontade de sair do meu lugar. Entretanto, a mão morna de Vitória pausa sobre a minha e me disperso dos meus pensamentos doloridos, para fitar os seus olhos brilhantes e sorridentes.— Pronto? — Ela inquire docemente.Meneio a cabeça em resposta.— Não, mas não tenho como fugir disso, certo?—
Tuca— Ora vamos, Tuca se acalme, filha! — Mamãe pede quando percebe que eu não consigo ficar parada em um canto.— Não dá, mamãe, logo eles vão chegar! — sibilo em um misto de nervosa e ansiosa. Contudo, a campainha começa a tocar e o meu pobre coração dá um salto mortal dentro do meu peito. — Não! — rosno quando Karen dá alguns passos na direção da porta. — Não se atreva a abrir!— Mas…— Deixe que eu mesma faço.Respiro fundo e dou alguns passos na direção da entrada da casa. Entretanto, não abro a porta imediatamente, apenas solto algumas respirações altas para tentar não parecer tão agitada.E pensar que com o meu ex não foi assim. O Gustavo tem um Q que mexe comigo. Algo que me agita e que às vezes me faz sentir como uma garotinha inexperiente. Que coisa ridícula! A campainha me desperta e logo eu giro a maçaneta, porém, me sinto confusa e bem decepcionada também, quando encontro o traste do meu ex em pé na minha frente, olhando-me com
TucaAlguns meses depois…A marcha nupcial anuncia a minha entrada triunfal na nave da igreja. Juro que dessa vez neguei-me a sonhar com esse momento. Sim, foi pura covardia e isso foge muito ao meu estilo, mas eu fugi de mim mesma e permiti que todos me ajudassem com seus palpites e emoções muito bem-vindos. Portanto, entrar em uma igreja tão grande e estupidamente lotada com sua ornamentação grandiosamente luxuosa me deixou extremamente satisfeita e caminhar pelo longo tapete vermelho me fez sentir plena.— Você está maravilhosa, Tuca! — Val sibila sem emitir som, me fazendo abrir um sorriso nervoso. Contudo, suspiro contida e olho para frente, para o altar o meu noivo me espera ansioso.Céus, ele está tão lindo!— Nervosa? — Papai pergunta do meu lado e me forço a ampliar o meu sorriso.— Nervosismo é o meu nome do meio agora.Ele sorri em resposta.— Imagino que sim. Sabe, eu… nunca te falei, mas você me dá orgulho
… Eu te prometo ser fiel, te amar todos os dias da minha vida, ser o seu melhor amigo e seu amante…Lindo, não é?Eu sonhei com esse dia por meses. Cada pedacinho de tule branco, cada laço de fita de seda e cada pétala de rosa. Uma igreja linda, majestosa e lotada, com todos os meus amigos presentes sorrindo de felicidade por mim, e assistindo a esse momento único em minha vida. No entanto, como eu disse que sonhei, não quer dizer que esse meu sonho se realizou, pois nesse exato momento estou em pé no espaldar da porta de uma sacristia assistindo o homem da minha vida lendo os seus votos de casamento para outra mulher, enquanto ela sorrir amplamente para ele.Ah não, eu não paguei por esse casamento, eu não sou tão idiota assim.O fato é que a mulher naquele altar e eu estávamos fazendo isso ao mesmo tempo e para um único noivo. E como cheguei até aqui? É uma longa história e uma história que eu faço questão de apagar dos meus pensamentos.… Eu vos declaro marido e mulher, já pode bei
TucaAo longo da minha vida adulta eu fui uma boa menina. Me formei nas melhores faculdades, obedeci os meus pais, arrumei um bom emprego e também um bom namorado. Na verdade, eu conheci o Alec em uma rave e lembro-me que tinha muitas cores, muita gente dançando enlouquecida, e perto demais umas das outras. E cara, tinha muita bebida naquele lugar também. Como sempre, eu estava curtindo com os meus amigos Javier, Mirela e Val, pois somos inseparáveis desde sempre.Quer dizer, não exatamente desde sempre.Depois que Alec entrou na minha vida fui me afastando dos meus aos poucos. Não era exatamente uma exigência do meu ex, mas vivíamos tão grudados um no outro que não sobrava tempo entre o meu trabalho e o nosso namoro para os amigos. Enfim, Alec chegou no nosso meio como quem não queria nada, se enturmou e foi ficando. Naquela noite trocamos alguns olhares e depois do terceiro copo já estávamos nos pegando. Depois disso, não conseguimos evitar as enxurradas de mensagens e de telefonema
Tuca— Achei uma mesa lá atrás para nós! — Mirela grita do início da fila.— Para que uma mesa, gente? Vamos beber, dançar, gritar feito loucas, e depois que estivermos completamente bêbadas caçaremos homens. Uhuuuuuuu! — Val grita de volta, erguendo um braço para o alto e se remexe nos fazendo rir.Caçar homens eu não sei. Suponho que a minha borboleta suicida ainda não está preparada para esse tipo de evento, mas de uma coisa eu sei, eu quero beber todas até me esquecer que sou gente. Penso igualmente animada. Portanto, decidimos ir direto para o balcão do bar mesmo e como os meus amigos da onça haviam previsto depois que todos ficaram ligeiramente bêbados, saíram pela multidão de corpos suados a caça de uma nova presa para ser devorada.E viva o sexo grupal!— Boa noite, senhorita! — Desperto com o barman que coloca um tipo de coquetel com álcool dividido em três cores diferentes, e bem no topo dele tem uma deliciosa rodela de laranja com casca e tudo. Tiro os meus olhos da bela ob
TucaCaraca, eu estava pra lá de bêbada e mesmo assim não consegui dormir com aquele maldito som estralado de beijos melados, e sabe Deus mais o que. Por fim, adormeci no sofá da sala e sonhei o resto da madruga com o meu ex, vê se pode?Isso só pode ser uma sessão de sadomasoquismo.Sério, eu prefiro fazer amizade com essa maldita dor de cabeça que está me matando, diga-se de passagem, do que sonhar com aquele cafajeste! Lembrar que aquele infeliz me fez gastar horrores no casamento dos meus sonhos é quase um suicídio. O tempo todo ele estava envolvido com duas mulheres e a burra aqui nem percebeu nada. Até um envelope anônimo surgir em cima da minha mesa no meu escritório. Juro que vi tudo vermelho na minha frente quando descobri o que havia lá dentro e no mesmo instante peguei a minha bolsa e o envelope, saí da minha sala e entrei no meu carro. Dirigi direto para a empresa onde ele trabalhava e fiz das tripas coração para ser um doce com ele.Alec não perdia por esperar!Assim que