Tuca
Caraca, eu estava pra lá de bêbada e mesmo assim não consegui dormir com aquele maldito som estralado de beijos melados, e sabe Deus mais o que. Por fim, adormeci no sofá da sala e sonhei o resto da madruga com o meu ex, vê se pode?
Isso só pode ser uma sessão de sadomasoquismo.
Sério, eu prefiro fazer amizade com essa m*****a dor de cabeça que está me matando, diga-se de passagem, do que sonhar com aquele cafajeste! Lembrar que aquele infeliz me fez gastar horrores no casamento dos meus sonhos é quase um suicídio. O tempo todo ele estava envolvido com duas mulheres e a burra aqui nem percebeu nada. Até um envelope anônimo surgir em cima da minha mesa no meu escritório. Juro que vi tudo vermelho na minha frente quando descobri o que havia lá dentro e no mesmo instante peguei a minha bolsa e o envelope, saí da minha sala e entrei no meu carro. Dirigi direto para a empresa onde ele trabalhava e fiz das tripas coração para ser um doce com ele.
Alec não perdia por esperar!
Assim que me viu, o safado sorriu lindamente para mim e automaticamente o agarrei pelo pescoço... de uma forma carinhosa, claro. Contudo, a minha vontade era de esganar o desgraçado ali mesmo, mas, vou contar um segredinho para vocês. Eu sou vingativa, do tipo que ama torturas e foi exatamente isso que programei para o grande amor da minha vida. Saímos da Stars'Books direto para a prova de bolos da nossa maravilhosa futura recepção de casamento e pedi para pôr na mesa pelo menos cinco bolos de diferentes sabores, e depois disso exigi que a atendente nos deixasse a sós. A princípio a coitada fez aquela cara do tipo…
Que porra é essa? Mas, assim que ela saiu tive o cuidado de fechar a porta com chave e de guardá-la entro dos meus peitos. Alec me olhou confuso, forçou um sorriso amarelo e depois engoliu em seco.
— Amor, o que está acontecendo?
Gente, eu vibrei com o tom nervoso da sua voz, porém, sorri linda e maravilhosa para ele.
— Por que pensa que está acontecendo alguma coisa, querido? — indaguei com doçura e caminhei na sua direção. É claro que o covarde tentou se afastar, mas olhei bem dentro dos seus olhos e ordenei com a sutileza de uma leoa. — Senta-se aí!
— Tuca, você está me assustando!
— Só se sente, Alec ou eu mesma o farei se sentar! — Ele me olhou por alguns segundos e obedeceu igual a um cãozinho com o rabo entre as pernas. Fui para o seu lado da mesa, cortei uma fatia generosa do bolo de chocolate com uma cobertura trufada de brigadeiro e com a ajuda de um garfo peguei um pedaço bem grande. — Abre a boquinha, coração! — Ele respirou fundo, mas a abriu e eu enfiei o bolo lá dentro.
— Porra, Tuca! Ficou maluca, mulher?! — Alec berrou exasperado.
— Fiquei! — berrei de volta com um tom seco. Ele tentou se levantar, mas o empurrei de volta na cadeira e pus o meu salto altíssimo bem no meio das suas pernas.
O homem estremeceu de nervoso.
— Caralho, o que deu em você?!
— Abre a porra da boca, Alec! — ordenei, dessa vez pegando uma colher larga de inox e a enchi com a massa recheada do bolo.
— Eu não quero mais!
— Alec, abre a porra da boca! — Ele me encarou nervoso e obedeceu.
Cara, eu empanturrei na boca do dito cujo com três colheradas seguidas. Ele respirou com dificuldade e tentou mastigar o excesso de massa, porém, não conseguia. Então abri o maldito envelope e joguei as fotos em cima da mesa. Várias imagens dele em alguns encontros com July Médici, a filha do presidente da StarBooks, e o infeliz empalideceu, se engasgando com o bolo.
— Eu... eu posso explicar... tudo isso, querida! — gaguejou com dificuldade.
Querida, é o escambal! Rosnei mentalmente possessa.
— É claro que você pode, eu só não sei como você vai me fazer entender que enquanto dizia que me amava, comia a vadia da filha do seu chefe! — Tornei a berrar, passando as mãos com raiva sobre o tampo da mesa e peguei todos aqueles papéis para jogar na cara do traidor.
— Querida, vamos sair daqui para conversar, eu prometo que tudo ficará bem! — sibilou uma súplica. No entanto, fiz um não com a cabeça em resposta.
— Você só sai daqui depois que comer todos esses bolos e vai me contar direitinho desde quando você e aquela branquela dos infernos estão me traindo!
— A caso enlouqueceu, aqui tem pelo menos uns cinco quilos de bolo! — rosnou desesperado.
Abri um sorriso malévolo para o seu comentário.
— Ah, tem sim e não se preocupe, se você conseguiu me comer e ainda chupar os ossos daquela vadia, conseguirá comer tudo isso também.
— Tuca, eu não vou…
— Você vai sim! Ou você come, ou te capo aqui mesmo! — gritei, segurando firme a espátula suja de bolo.
Alec arregalou um par de olhos assustados para o meu surto. Gente, juro que na hora me divertir muito. Naquele dia o imbecil comeu tanto bolo que tenho certeza de que no dia do seu casamento ele não podia nem olhar para aquela beleza monumental, que era o bolo de três andares da sua recepção matrimonial.
O pior foi ter que lidar com a realidade depois disso. Saber que Alec estava me traindo a mais de um ano com a tal July foi o ponto final definitivo de um relacionamento de dois anos. A fúria que me tomou na hora foi tão grande que parei do seu lado, enfiei a mão naqueles bolos, enchi com a massa e enfiei tudo dentro da sua boca, mesmo ele ameaçando vomitar tudo em cima de mim a qualquer momento. E só após pôr toda a minha raiva para fora me afastei ofegante, lavei as minhas mãos na pia de inox e olhei para o homem completamente verde, se contorcendo do outro lado da sofisticada mesa de vidro, e saí dali de cabeça erguida, andando com elegância e determinada a seguir em frente.
E foi exatamente isso que fiz.
…
— Alguém anotou a placa da porra do caminhão que me atropelou? — Javier grunhe, se sentando no sofá, usando apenas uma cueca samba cação.
— Minha nossa, acho que preciso de uma insulina. A minha taxa de açúcar deve estar abaixo de zero. — Mirela resmunga, entrando na sala e se deixa cair ao lado do nosso amigo.
— Alguém viu a Val? — pergunto.
Eles se olham e depois dão de ombros.
— Deve estar no banheiro, eu ouvi a água caindo quando passei pelo corredor. — Mirela fala, levando as mãos para os olhos.
— Aham! — digo me deixando cair no tapete felpudo perto dos sofás da sala.
Eu estou acabada!
TucaSer solteira não é algo tão difícil de se levar. É praticamente como andar de bicicleta, você nunca se esquece o gostinho da liberdade e para obter sucesso, e não ficar pelos cantos remoendo o passado de uma companhia que não te pertence mais, existem algumas regrinhas básicas que você precisa pôr em prática em sua nova vida de solteiro. E a principal delas, e que não devemos descartar de maneira alguma é voltar para sua badalada vida nas redes sociais, e resgatar aqueles contatinhos que ficaram esquecidos na sua agenda.Olho para o espelho e mexo o meu corpo de uma forma graciosa, vestindo apenas um biquíni com um decote tipo cabresto e uma tanga com nós laterais. Solto os meus cabelos, ponho um elegante chapéu de abas largas na cabeça, um par de óculos escuros e enfim, aponto a câmera do celular para o alto onde a minha imagem surge exibindo a enorme porta dupla da majestosa varanda com a vista de uma bela praia exótica bem atrás de mim. Abro um sorriso extravagante e clico. Na
TucaMinutos depois, sinto a minha pele esquentar consideravelmente e resolvo passar um pouco de protetor solar. Portanto, sento-me em cima da toalha no exato momento que um rapaz traz uma bandeja com as nossas bebidas. Abro a minha bolsa e pego o creme para espalhar no meu corpo, erguendo os meus olhos para apreciar a vista. Foi quando o vi dá um salto na areia e bater com força na bola que atravessou a rede estendida na sua frente e bateu com violência no campo do adversário. De quem estou falando? De um certo Ken moreno, o tal que fugiu do mundo dos brinquedos.E que brinquedo, Deus do céu, a Barbie realmente sabe o que é viver.Suspiro e seguro o meu copo de vodca com limão e gelo que estava do meu lado e bebo um gole considerável. Santo Deus, nunca façam a merda que acabei de fazer. A porra da vodca desceu queimando tudo dentro da minha garganta e automaticamente os meus olhos se encheram d`água e eu puxei a respiração, tentando sobreviver a esse quase afogamento alcoólico.— Ei
TucaOk, eu não estava preparada para voltar a minha vida rotineira tão cedo, pois cada passo que darei de hoje em diante no meu trabalho para o meu apartamento me trará lembranças gostosas, que automaticamente se tornarão dolorosas. E, então percebi que tirar o dito cujo do meu sistema não será algo tão fácil assim. Deveras, tive que cancelar dois dias das minhas maravilhosas férias no Havaí, por causa de uma oportunidade única de crescer dentro de uma empresa de propaganda, onde oitenta por cento dos seus funcionários são homens.Então já viu, né? Assumir as contas da Stand Peterson é o mesmo que tirar na sorte grande. Isso é praticamente nascer com a bunda virada para o sol e após passar anos torrando-a ali, ela finalmente saiu da sua órbita e se virou para a lua.Essa é a minha chance de ouro!Penso quando ponho os meus pés no primeiro batente da escadaria do avião e sorrio para o céu nebuloso de Seattle. Levo a minha mão para o chapéu que o vento frio insiste em querer levá-lo pa
Tuca— Você bem podia ter escolhido uma saia mais folgada, Tuca! — resmungo baixinho, enquanto caminho pelo longo corredor, tentando andar o mais rápido possível dentro de uma saia-lápis apertada e sinto o meu corpo esquentar, e consequentemente começo a transpirar também. — Era só o que me faltava! — ralho, parando de frente para a porta, porém, antes de abri-la ajeito alguns fios dos meus cabelos atrás da minha orelha, seco levemente a minha testa com o auxílio de um lenço de papel e respiro fundo.Assim que adentro a ampla e bem iluminada sala, ouço os sons das vozes masculinas que conversavam animadamente e forço um sorriso para não parecer nervosa.— Bom dia! — cantarolo, anunciando a minha presença e consequentemente atraindo a atenção do meu chefe, que está sentado de frente para a porta.— Olha ela ai! — O Senhor Marreiro fala um tanto saudoso, se levantando para me receber com um forte aperto de mão.— Desculpe o meu pequeno atraso, sabe como é, chegar de viagem tarde da noite
TucaTanto a Sidney quanto a Solange são muito grudadas em mim. Nós temos um tipo de cumplicidade de dá inveja em qualquer grupo de trabalho, até porque como já mencionei, somos a minoria aqui dentro. Contudo, depois desse vexame colossal terei que fazer um sério pedido de desculpas para a garota.— Chega de jogar conversa fora, Fofinha. Ou você vem, ou a reunião está encerrada! — Desperto com o rosnado de Peterson.Oi?Desde quando ele dá as ordens por aqui? Penso em rebater e mostrar-lhe quem manda nessa porra toda, mas ao invés disso fecho a pasta, pego a minha bolsa, ajeito rapidamente no meu ombro e saio feito Marvin, o ET da turma do Perna Longa.— Dá esperar ôh, seu mal-educado? — ralho o olhando segui na minha frente com seus passos largos e elegantes.Ele para em frente ao elevador para apertar o botão e eu o alcanço quando as portas se abrem. Ele abaixa o seu olhar, fixando-o direto na minha saia, depois entra no elevador e se encosta na parede camurçada. Eu entro logo depois
TucaEntrar na Insights Advertising de cabeça erguida e sobre os meus saltos altos nunca foi tão prazeroso quanto hoje. Enquanto caminho com passos firmes e elegantes vários olhares masculinos estão sobre mim, e não pense que é por causa do meu decote profundo na altura dos meus seios, ou pela elegante calça boca de sino que desenha sem vulgarizar a minha bunda arredonda, nem algo do tipo. Eles estão esperando a minha queda, a minha primeira falha com algo tão importante como a conta das empresas Peterson. Mas eu sou do tipo arrochada que adora um bom desafio, ainda mais quando o prêmio desse desafio me trará outras contas como essa, e consequentemente me levará para o topo.A primeira mulher a alcançar o topo aqui na Insights. Sentiram o gostinho da vitória? Eu senti, pois não tenho a menor dúvida de que conseguirei alcançar a maior pontuação desse mercado.— Vamos animar, garotada! — cantarolo bem animada para a minha equipe que já me aguarda na sala de reuniões. — Temos muito trab
Tuca— Olá, Richard! — digo cordialmente, me aproximando do colega de trabalho.— Vitória! — Ele me responde com um tom seco, esvaziando a sua xícara e vai até a pia onde a deixa o objeto.O que dizer do comportamento do meu colega de trabalho? Competitividade é tudo.Provavelmente ele ainda não aceitou o fato de ter perdido a conta para mim. Entretanto, tento me aproximar amigavelmente outra vez, mas ele me dá as costas e sai da copa. Respiro fundo e me concentro em terminar o meu café.***Ainda estava escuro quando o meu despertador rasgou um triiiiiim que quase me matou do coração e puta da vida joguei o objeto para fora do cômodo, o fazendo parar com o som estridente imediatamente.Preciso pôr um lembrete de comprar um despertador mais sofisticado. Penso saindo da cama e sentindo o meu corpo se arrepiar no mesmo instante por conta do frio do início de manhã. Sério, nem a minha avó usa um desses hoje em dia.Olho pela janela de vidro do meu quarto e suspiro desanimada para o pé d'
TucaFoi tudo que ele disse de uma maneira sôfrega e se arrastado pelo banco até ficar quase deitado lá. Rapidamente me livro do cinto e me viro para olhá-lo lá embaixo.— O Javier se casou, pronto, falei! — Mirela desembucha do meu lado e eu o encaro perplexa.— O QUÊ? — Um grito exasperado passa pela minha garganta.Sim, eu gritei.Como assim o Javier se casou, com quem, como e onde? — Como porra isso aconteceu? — questiono perplexa e pausadamente.— Você sabe, ele bebeu todas, saiu da festa com uma garota e… voltou para o hotel casado.Faço um O com a boca.— Cacete, e a noiva? — Seguro uma boa gargalhada.— Sabe aquele filme, Se Beber Não Case? — Val gargalha alto dentro do carro. — Foi quase aquilo. Estávamos tomando café na sala quando os dois começaram a gritar dentro do quarto. Nós corremos para socorrer a vítima e adivinha? — Mais gargalhadas e dessa vez das três mulheres. — A garota estava toda assanhada com uma maquiagem toda borrada e usando apenas uma calcinha branca f