Tuca
— Achei uma mesa lá atrás para nós! — Mirela grita do início da fila.
— Para que uma mesa, gente? Vamos beber, dançar, gritar feito loucas, e depois que estivermos completamente bêbadas caçaremos homens. Uhuuuuuuu! — Val grita de volta, erguendo um braço para o alto e se remexe nos fazendo rir.
Caçar homens eu não sei. Suponho que a minha borboleta suicida ainda não está preparada para esse tipo de evento, mas de uma coisa eu sei, eu quero beber todas até me esquecer que sou gente. Penso igualmente animada. Portanto, decidimos ir direto para o balcão do bar mesmo e como os meus amigos da onça haviam previsto depois que todos ficaram ligeiramente bêbados, saíram pela multidão de corpos suados a caça de uma nova presa para ser devorada.
E viva o sexo grupal!
— Boa noite, senhorita! — Desperto com o barman que coloca um tipo de coquetel com álcool dividido em três cores diferentes, e bem no topo dele tem uma deliciosa rodela de laranja com casca e tudo. Tiro os meus olhos da bela obra de arte e encaro o rapaz de pele morena, e careca, que usa umas argolas douradas penduradas nas orelhas, esbanjando um belo peitoral e abdômen com alguns gominhos banhados em uma espécie de óleo perfumado. Contudo, o contesto.
— Desculpe, mas eu não pedi isso!
— Ah não, foi aquele moço quem pagou a bebida para a senhorita.
Ele explica, apontando para um cara sentado do outro lado do balcão com uma cara até bonitinha, mas bem ordinária, sabe? E o mesmo abriu um sorriso de lado para mim, e ergueu o seu copo em um brinde mudo. Confesso que não consegui evitar de lançar um certo charme quando levei o canudinho para a minha boca e suguei o resquício da minha bebida. Depois, me levantei do banco alto, ajeitei a minha saia longa que tem uma enorme fenda que revela boa parte da minha coxa direita. Ergui o meu busto em um top tomara que caia de estampa colorida e depois joguei os meus cabelos ondulados para trás. Segurei a bebida nova e com um suspiro baixo fui para o outro lado do balcão caminhando com firmeza em cima dos meus saltos altos, embora a minha cabeça já esteja quase girando em noventa graus.
Você deve estar se perguntando:
“Saltos altos em plena praia do Havaí?”
Saltos altos na praia sim, meu amor, a final quem é rainha nunca perde a sua majestade.
— Boa noite, Fofinha! — Ele diz assim que me aproximo.
E, puta que pariu, fofinha não, caralho!
Grito por dentro, forçando um sorriso para o homem que devo admitir, ao me aproximar dele pude perceber que se tratava de uma bela espécie masculina. Deliberadamente os meus olhos passearam pela calça branca folgada, dobrada até uma parte da sua canela e por cima dela uma camisa branca com os botões abertos até a metade revelava alguns pelos lisos no seu peitoral e as mangas estão arregaçadas até a metade dos seus antebraços. O perfume adocicado que vem dele é de pirar a cabeça de qualquer mulher, mas vamos e convenhamos, mulheres desse mundão de Deus, eu não posso fraquejar.
— Eu vim devolver a sua bebida.
Fui até educada, não fui? Confessem que estou de parabéns?
Sorrio satisfeita para mim mesma, porém, o tal carinha olhou para o copo estendido na sua frente e depois para mim, erguendo as perfeitas sobrancelhas negras e se levantou, chegando um pouco mais perto de mim.
— Não gosta de coquetéis? Eu posso pedir outra bebida pra você.
— Na verdade, a minha mãe me ensinou desde cedo que eu não devo aceitar coisas de estranhos — rebato cheia de ironia, mas o infeliz simplesmente sorrir de uma forma divertida.
— Ok Fofinha, você está certa. Então vamos resolver esse problema agora mesmo, eu me chamo Gustavo e você é a… — Ele me estende a sua mão, aguardando que eu diga o meu nome. Entretanto, audaciosa me aproximo ainda mais do homem extremamente alto e confesso que até sedutor, e levo a minha boca bem perto do seu ouvido.
— Prazer, eu sou a louca que vai derramar essa bebida na sua camisa e… Fofinha, é o caralho! — sussurro, segurando o meu temperamento explosivo e me afasto, abrindo um sorriso sacana, e quando me afasto encontro o seu olhar completamente espantado. Não tive demora e aproveitei os seus segundos estarrecidos para jogar a bebida na sua roupa.
— Eita porra! — Ele ralha, despertando do seu estado de torpor e olha para a camisa machada com as três cores da bebida. Ergo as minhas sobrancelhas de modo desafiador quando volta a me encarar e sorrio.
— Tenha uma excelente madrugada, Senhor Gustavo, e... foi um prazer conhecê-lo! — falo, dando-lhe as costas, tentando não tropeçar nos meus próprios pés, e caminho sem olhar para trás, mantendo o meu olhar no horizonte. Então percebo que o céu já começa a clarear.
Está na hora de voltar para o hotel, Tuca. Digo para mim mesma.
Então, só para não deixar sombras de dúvidas aqui. Eu sou gordinha sim, melhor dizendo eu sou é gostosa mesmo! E não, eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito por causa disso. Os quilinhos a mais distribuídos com perfeição por todo o meu corpo não dá a liberdade de me apelidarem de fofinha e para os desavisados eu odeio essa palavra!
Porra, eu não sou um travesseiro, nem uma almofada para ser chamada de fofinha! Então se não quiserem ouvir um desaforo da minha parte é melhor saber usar bem as palavras perto de mim.
***
— Hum, hum! Ai, nossa!
Tem coisa pior do que beber todas e no dia seguinte acordar com a cabeça explodindo, e um gosto horrível de pneu queimado no seu paladar? Ah, eu digo com toda certeza que tem sim. A pior coisa depois disso é entrar em um quarto de hotel locado para quatro pessoas e encontrar o banheiro fechado de chave, quando você está com a bexiga estourando. E tudo porque uma de minhas amigas está lá dentro com um carinha qualquer. É claro que eu não aguentei e corri para fazer xixi atrás de uma roseira que não parava de espetar a minha bunda e para estragar o resto da minha noite, entrei no quarto e encontrei a Val no maior amasso com uma garota.
TucaCaraca, eu estava pra lá de bêbada e mesmo assim não consegui dormir com aquele maldito som estralado de beijos melados, e sabe Deus mais o que. Por fim, adormeci no sofá da sala e sonhei o resto da madruga com o meu ex, vê se pode?Isso só pode ser uma sessão de sadomasoquismo.Sério, eu prefiro fazer amizade com essa maldita dor de cabeça que está me matando, diga-se de passagem, do que sonhar com aquele cafajeste! Lembrar que aquele infeliz me fez gastar horrores no casamento dos meus sonhos é quase um suicídio. O tempo todo ele estava envolvido com duas mulheres e a burra aqui nem percebeu nada. Até um envelope anônimo surgir em cima da minha mesa no meu escritório. Juro que vi tudo vermelho na minha frente quando descobri o que havia lá dentro e no mesmo instante peguei a minha bolsa e o envelope, saí da minha sala e entrei no meu carro. Dirigi direto para a empresa onde ele trabalhava e fiz das tripas coração para ser um doce com ele.Alec não perdia por esperar!Assim que
TucaSer solteira não é algo tão difícil de se levar. É praticamente como andar de bicicleta, você nunca se esquece o gostinho da liberdade e para obter sucesso, e não ficar pelos cantos remoendo o passado de uma companhia que não te pertence mais, existem algumas regrinhas básicas que você precisa pôr em prática em sua nova vida de solteiro. E a principal delas, e que não devemos descartar de maneira alguma é voltar para sua badalada vida nas redes sociais, e resgatar aqueles contatinhos que ficaram esquecidos na sua agenda.Olho para o espelho e mexo o meu corpo de uma forma graciosa, vestindo apenas um biquíni com um decote tipo cabresto e uma tanga com nós laterais. Solto os meus cabelos, ponho um elegante chapéu de abas largas na cabeça, um par de óculos escuros e enfim, aponto a câmera do celular para o alto onde a minha imagem surge exibindo a enorme porta dupla da majestosa varanda com a vista de uma bela praia exótica bem atrás de mim. Abro um sorriso extravagante e clico. Na
TucaMinutos depois, sinto a minha pele esquentar consideravelmente e resolvo passar um pouco de protetor solar. Portanto, sento-me em cima da toalha no exato momento que um rapaz traz uma bandeja com as nossas bebidas. Abro a minha bolsa e pego o creme para espalhar no meu corpo, erguendo os meus olhos para apreciar a vista. Foi quando o vi dá um salto na areia e bater com força na bola que atravessou a rede estendida na sua frente e bateu com violência no campo do adversário. De quem estou falando? De um certo Ken moreno, o tal que fugiu do mundo dos brinquedos.E que brinquedo, Deus do céu, a Barbie realmente sabe o que é viver.Suspiro e seguro o meu copo de vodca com limão e gelo que estava do meu lado e bebo um gole considerável. Santo Deus, nunca façam a merda que acabei de fazer. A porra da vodca desceu queimando tudo dentro da minha garganta e automaticamente os meus olhos se encheram d`água e eu puxei a respiração, tentando sobreviver a esse quase afogamento alcoólico.— Ei
TucaOk, eu não estava preparada para voltar a minha vida rotineira tão cedo, pois cada passo que darei de hoje em diante no meu trabalho para o meu apartamento me trará lembranças gostosas, que automaticamente se tornarão dolorosas. E, então percebi que tirar o dito cujo do meu sistema não será algo tão fácil assim. Deveras, tive que cancelar dois dias das minhas maravilhosas férias no Havaí, por causa de uma oportunidade única de crescer dentro de uma empresa de propaganda, onde oitenta por cento dos seus funcionários são homens.Então já viu, né? Assumir as contas da Stand Peterson é o mesmo que tirar na sorte grande. Isso é praticamente nascer com a bunda virada para o sol e após passar anos torrando-a ali, ela finalmente saiu da sua órbita e se virou para a lua.Essa é a minha chance de ouro!Penso quando ponho os meus pés no primeiro batente da escadaria do avião e sorrio para o céu nebuloso de Seattle. Levo a minha mão para o chapéu que o vento frio insiste em querer levá-lo pa
Tuca— Você bem podia ter escolhido uma saia mais folgada, Tuca! — resmungo baixinho, enquanto caminho pelo longo corredor, tentando andar o mais rápido possível dentro de uma saia-lápis apertada e sinto o meu corpo esquentar, e consequentemente começo a transpirar também. — Era só o que me faltava! — ralho, parando de frente para a porta, porém, antes de abri-la ajeito alguns fios dos meus cabelos atrás da minha orelha, seco levemente a minha testa com o auxílio de um lenço de papel e respiro fundo.Assim que adentro a ampla e bem iluminada sala, ouço os sons das vozes masculinas que conversavam animadamente e forço um sorriso para não parecer nervosa.— Bom dia! — cantarolo, anunciando a minha presença e consequentemente atraindo a atenção do meu chefe, que está sentado de frente para a porta.— Olha ela ai! — O Senhor Marreiro fala um tanto saudoso, se levantando para me receber com um forte aperto de mão.— Desculpe o meu pequeno atraso, sabe como é, chegar de viagem tarde da noite
TucaTanto a Sidney quanto a Solange são muito grudadas em mim. Nós temos um tipo de cumplicidade de dá inveja em qualquer grupo de trabalho, até porque como já mencionei, somos a minoria aqui dentro. Contudo, depois desse vexame colossal terei que fazer um sério pedido de desculpas para a garota.— Chega de jogar conversa fora, Fofinha. Ou você vem, ou a reunião está encerrada! — Desperto com o rosnado de Peterson.Oi?Desde quando ele dá as ordens por aqui? Penso em rebater e mostrar-lhe quem manda nessa porra toda, mas ao invés disso fecho a pasta, pego a minha bolsa, ajeito rapidamente no meu ombro e saio feito Marvin, o ET da turma do Perna Longa.— Dá esperar ôh, seu mal-educado? — ralho o olhando segui na minha frente com seus passos largos e elegantes.Ele para em frente ao elevador para apertar o botão e eu o alcanço quando as portas se abrem. Ele abaixa o seu olhar, fixando-o direto na minha saia, depois entra no elevador e se encosta na parede camurçada. Eu entro logo depois
TucaEntrar na Insights Advertising de cabeça erguida e sobre os meus saltos altos nunca foi tão prazeroso quanto hoje. Enquanto caminho com passos firmes e elegantes vários olhares masculinos estão sobre mim, e não pense que é por causa do meu decote profundo na altura dos meus seios, ou pela elegante calça boca de sino que desenha sem vulgarizar a minha bunda arredonda, nem algo do tipo. Eles estão esperando a minha queda, a minha primeira falha com algo tão importante como a conta das empresas Peterson. Mas eu sou do tipo arrochada que adora um bom desafio, ainda mais quando o prêmio desse desafio me trará outras contas como essa, e consequentemente me levará para o topo.A primeira mulher a alcançar o topo aqui na Insights. Sentiram o gostinho da vitória? Eu senti, pois não tenho a menor dúvida de que conseguirei alcançar a maior pontuação desse mercado.— Vamos animar, garotada! — cantarolo bem animada para a minha equipe que já me aguarda na sala de reuniões. — Temos muito trab
Tuca— Olá, Richard! — digo cordialmente, me aproximando do colega de trabalho.— Vitória! — Ele me responde com um tom seco, esvaziando a sua xícara e vai até a pia onde a deixa o objeto.O que dizer do comportamento do meu colega de trabalho? Competitividade é tudo.Provavelmente ele ainda não aceitou o fato de ter perdido a conta para mim. Entretanto, tento me aproximar amigavelmente outra vez, mas ele me dá as costas e sai da copa. Respiro fundo e me concentro em terminar o meu café.***Ainda estava escuro quando o meu despertador rasgou um triiiiiim que quase me matou do coração e puta da vida joguei o objeto para fora do cômodo, o fazendo parar com o som estridente imediatamente.Preciso pôr um lembrete de comprar um despertador mais sofisticado. Penso saindo da cama e sentindo o meu corpo se arrepiar no mesmo instante por conta do frio do início de manhã. Sério, nem a minha avó usa um desses hoje em dia.Olho pela janela de vidro do meu quarto e suspiro desanimada para o pé d'